Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
quinta, 28 março 2019 21:30

A Indústria e a Integridade Criativa

Os termos Artista e Criação podem ser muito relativos se tivermos em linha de conta todas as necessidades de uma Indústria absolutamente focada na massificação e na componente financeira em detrimento da liberdade artística. Até onde a nossa liberdade criativa se pode sobrepor à realidade quando temos que ter em linha de conta que nada mais do que uma simples opinião muitas vezes pode ser escrutinada até à exaustão, muitas vezes por pseudo-críticos que percebem tanto da nossa Arte de fazer música como eu percebo de cirurgias cardíacas. Infelizmente sou obrigado a chegar à conclusão que como Artistas a nossa liberdade criativa vai até onde a Indústria precisa, é ela que dita as regras, as necessidades e as tendências. 

Posto isto, pergunto eu de uma forma muito directa, o que percebe a Indústria de criatividade, sensibilidade ou originalidade? Serei obrigado a dizer absolutamente nada. Há muitos anos os Artistas ditavam as tendências com a sua criatividade, livre de segundas intenções e absolutamente pura do ponto de vista dos resultados. Não havia redes sociais, não havia estudos de mercado, ou se gostava ou não. Paralelamente a esta maneira de colocar a Arte, temos hoje em dia uma realidade onde o Criativo é literalmente encostado à parede. Alguém acha que o mercado precisa disto, existe um nicho para determinado tipo de "produto" e é isso que se procura. E quem quer fazer uma carreira guia-se pelas directrizes impostas. Torna-se absolutamente banal um qualquer compositor afirmar que tem a fórmula mágica, fórmula essa que lhe foi demonstrada por uma realidade comum e que poderá ou não ser seguida, correndo nós o risco de sermos considerados "infiéis" se optarmos por fugir ao rebanho e apresentamos algo que seja considerado fora do padrão porque todos nos devemos reger. 

É evidente que existem sempre fugas à tirania industrial, o que graças às mesmas redes sociais, que tanto aniquilam os verdadeiros criativos, curiosamente acabam por ajudar a furar a hierarquização implementada, fazendo com que mesmo sem termos os padrões ditos consensuais conseguimos chegar ao "paraíso". É evidente que dada a globalização das artes, os diferentes serão sempre meros influenciadores de minorias, se bem que por vezes uma minoria pode dar lugar a um culto que nenhuma máquina industrial oleada ou organizada consegue combater. Ao longo dos anos temos tido os mais variados exemplos de "rebeldes" que acabaram por encostar às cordas a promiscuidade negocial de um mercado absolutamente agarrado a um pagamento de favores e troca de identidades por desvios mais fáceis para os objectivos pretendidos, ganhando respeito das entidades ditas especialistas, não de uma forma natural mas porque também estas perceberam que a equação não tem que ser exata. O que seria de nós se um dia alguém tivesse chegado perto dos Beatles e lhes tivesse dito que estavam errados na sua visão, porque comercialmente não iria resultar? 

E como estes teria centenas de exemplos para vos dar, nos mais variados sectores da Arte. A personalidade Artística acaba por ser o nosso único trunfo perante uma realidade em absoluta decadência e tentativa de monopolização da criação, o que me parece absolutamente desprovido de qualquer sentido de lógica. Quem cria deve ser livre física e espiritualmente para conseguir transportar de dentro de si cá para fora uma forma de comunicação que cada um de nós, como seres humanos, temos para oferecer de uma maneira muito singular. Cada um de nós é especial, seja a pintar um quadro, a escrever um poema ou a compor uma música. Hoje em dia tudo gira à volta da imagem, de quem tem mais seguidores, quem influencia mais, quem choca mais. Na minha opinião, a liberdade criativa é o maior dom que nos foi conferido e se alguém nos está a tentar retirar isso, devemos cerrar os punhos e lutar com todas as nossas forças para que jamais esse objectivo seja alcançado. 

Como Artista sou muito pouco flexível naquilo que é a minha identidade criativa, admito. Tenho a perfeita noção que pago a minha fatura por isso, mas tenho a certeza que estou a contribuir para a defesa de todos aqueles que no futuro sejam também essencialmente focados na criação e no transmitir vibrações e sensações únicas uns para os outros, que no final das contas é a principal função de quem tem a responsabilidade e o dom de poder oferecer algo para a posteridade. O importante não é o agora, mas sim o que deixamos para o futuro. A presunção de pensarmos que somos os mais importantes só porque estamos no nosso tempo acaba por ser actualmente o maior pecado da sociedade criativa em geral.
 
Carlos Vargas
Publicado em Carlos Vargas
sexta, 17 junho 2022 09:58

Circle Of Life

Longe de mim pensar que após uma longa pandemia, que forçosamente parou a minha atividade, iria prolongar a já bastante e sofrida "pausa".
E assim foi, estávamos no início do segundo trimestre de 2021 quando tive a melhor notícia da minha vida, não que ia retomar a atividade (algo que muito ansiava), mas sim que ia ser mãe. Algo que confesso, até muito recentemente não estava nos planos, mas como tenho referido, foi das coisas boas que a pandemia trouxe!

Óbvio que tive que atrasar os planos do regresso, numa altura em que as notícias da abertura dos espaços noturnos e eventos começavam a surgir. Foi um reformular automático e muito natural e o foco principal ficou naturalmente na maternidade.

Do "brainstorm" para o regresso surgiu a temática "Circle Of Life", ou seja o Círculo da Vida. Foi um tema que surgiu de forma muito espontânea e a meu ver não podia ter sido melhor. Consegui fazer um tipo de fusão com o facto de ser mãe e a tour de regresso, que de seguida preparamos. Posso dizer que juntei o melhor dos dois mundos e de certa forma, fazer também, uma referência ao que de melhor a vida tem.

Muito naturalmente também foi todo o processo que se seguiu, onde passei muito tempo em estúdio, dando origem a temas lançados recentemente como "Safemoon", "Indication", "Where We Are", "Elevate" remix e outras mais que vão sair durante este ano, posso adiantar em primeira mão que uma irá-se intitular "Circle Of Life"!

Depois da temática surgiu o passo seguinte, projetar a "Circle Of Life" Tour, que vai ter lugar até ao final do presente ano (2022), e vai passar por alguns dos meus clubs e eventos preferidos.

E para o arranque, nada melhor que um dos clubs mais épicos, "antigos" e respeitados de Portugal, a Pedra do Couto. O evento teve lugar no passado sábado 7 de maio e foi fantástico! Adorei e foi sem dúvida muito bom estar finalmente de regresso a fazer o que mais gosto e rodeada de toda a energia positiva que se sentiu nessa noite.

Posteriormente, vou passar por todo o território nacional e ilhas, assim como os Estados Unidos da América, Luxemburgo e Suíça já confirmados também. Com esta tour pretendo assinalar o ano mais importante da minha vida a nível pessoal em paralelo com a minha carreira como artista.

Posto isto, posso dizer que estou a viver uma experiência tão boa que nunca pensei que fosse possível sentir algo tão forte. É sem dúvida muito gratificante sentir todo o apoio que tenho recebido nesta fase, sentir um amor inexplicável e regressar às cabines e ver ainda mais carinho à minha volta! 

Estou de regresso e preparada para espalhar toda esta boa "vibe" contagiante a todos os que me acompanharem!

A vida é feita de ciclos, cabe-nos fazer deles o melhor possível.
 
Publicado em Miss Sheila
terça, 16 fevereiro 2021 12:07

Noite AC e DC

Que noite tínhamos Antes do Covid (AC) e que noite teremos Depois do Covid (DC)? O tempo é péssimo para a memória e a maioria já se recusa a lembrar que a noite AC já era uma pálida imagem de outros tempos áureos, como a inesquecível década de 90 que tantas saudades deixou. O privilégio que foi viver esses tempos. 

Contudo não deixo de reconhecer que talvez a noite já não fosse apetecível para mim, para muitos da minha geração e anteriores, mas que preenchesse os requisitos das gerações mais jovens, acredito que a música que nos fere os ouvidos, a nós mais gimbras, faz as delícias de quem hoje salta para a pista aos primeiros acordes de um "Despacito". 

Mas a grande incógnita reside no DC, com as portas das discotecas encerradas há um ano, a fazer no dia 8 de Março, que noite nos espera quando for dada ordem de soltura? Numa entrevista a um histórico da noite do Porto, li que o mesmo dava um prazo de 4 anos até que a noite estivesse maturada para ser consumida, em resposta, nos grupos da noite numa rede social, outros empresários mostravam-se mais otimistas, havendo alguns que acreditam mesmo, que abertas as portas, não haverá distanciamento social que resista. 

A verdade é que nos países onde a noite se iluminou e ganhou vida, as quebras foram significativas DC em comparação com o AC, razão da falta de confiança por parte dos consumidores, da incapacidade financeira e, na minha modéstia mas sábia opinião, a mudança de hábitos. 

Hoje temos uma sociedade com hábitos diferentes, janta-se mais cedo, dorme-se mais cedo e acorda-se mais cedo, mesmo confinados. Os hotéis servem refeições, nos restaurantes as iguarias acompanham-se som de um DJ que convida a bater o pé e os bares servem duchesses e galões de manhã à noite, para recuperar a tesouraria, e no formato 24/7 assume pistas de dança iluminadas por luzes dinâmicas, de qualidade duvidosa, adquiridas nos chineses. 

E quando abrirem as discotecas? Ainda haverão forças para mais uma voltinha no carrossel ou já estaremos esgotados e com as carteiras cansadas? Propus, ao autarca máximo da capital, reciclarmos os horários ou limitarmos a pressão acústica para que, os utentes da noite, não ficassem retidos em espaços de restauração ou em bares onde o nível de DBs deveria dissuadir à dança. 

A ver vamos, desde já, navegamos à vista em embarcações de esperança que tudo volte à normalidade. Igual não será, esperemos que seja melhor. 
A Gerência.
 
Zé Gouveia
Publicado em Zé Gouveia
segunda, 10 maio 2021 18:05

Cultura Remota e Monetização

Após todo este período de pandemia, confinamentos e o impacto negativo que sabemos ter afetado o mercado da electrónica em Portugal e no mundo, com os clubs e eventos em "standby" decidi fazer uma retrospectiva e a minha opinião para o futuro, relativamente às opções adoptadas pela maioria do mercado de forma a subsistir e promover os projectos.

Todo o mercado teve de se adaptar ao inesperado, fosse para conseguir liquidez ou para manter o "hype". Fazer uma revisão ao plano de negócio como as redes sociais, press kit, biografia, conteúdo vídeo e audio, programas de rádio e claro, todo o trabalho de estúdio foi das primeiras atitudes que a meu ver deveriam ser tomadas. Com o tempo livre extra, foi uma excelente altura para parar e analisar tudo isto e decidir o que mudar ou acrescentar.

Recentemente abordei a questão "A conexão que falta", onde fiz uma relação entre os eventos “stream” e a ligação com o publico. Com esta questão segue-se outra muito relevante e imprescindível é a sua abordagem, a questão da monetização (o processo de converter algo em dinheiro).

Os live streams foram e são óptimos para promoção de identidades, locais, conteúdo, etc. A meu ver é algo que se vai manter no futuro, ainda mais tendo em conta que já era algo que vinha a crescer. 
Contudo, falha aqui um aspeto muito importante para a subsistência de qualquer indivíduo, a forma de "financial income" para pagar as contas e investimentos.

Na minha opinião, algumas das formas para monetizar ao máximo (possível) passam por:

- Live Streams, é possível monetizar com os streams, seja através das estrelas no Facebook, os subscritores e donations no Twitch e Youtube ou mesmo através de bilhetes adquiridos previamente em plataformas para essas mesmas atuações em exclusivo num website privado.

- Streaming, quando tens música ou conteúdos em plataformas como Spotify, Youtube, Youtube Music, Apple Music, Deezer, etc., esses conteúdos devem ser monetizados. Há um benefício gerado a partir de direitos de autor para a reprodução e esse pagamento é feito ao compositor por cada uma das suas músicas ouvidas na respetiva plataforma de streaming. Mais abaixo um exemplo de algumas cotações de streaming interativo:
 

 

- Merchandising, é uma estratégia muito utilizada, através de vestuário, acessórios, autocolantes, etc. Aqui a finalidade é a monetização em paralelo com a publicidade no "e-comerce", resumidamente é um conjunto de técnicas para dar visibilidade ou promover um produto ou serviço a potenciais clientes de forma assertiva num meio publicitário diferente do habitual.
 
- Patrocínios, é fundamental ter parcerias e apoios com marcas, não só pela liquidez mas também por visibilidade, reconhecimento e redução de custos.
 
- Cursos e Masterclasses, este período tem sido ótimo para todos os que querem adquirir algum conhecimento extra com alguns dos melhores nomes do mercado, o tempo livre gerado pela pandemia levou a que houvesse também mais tempo para o desenvolvimento de Masterclasses e Cursos, sendo estes extremamente personalizados até ao mais pequeno pormenor desejado. Estes aparecem nos mais variados formatos: Djing, Produção, Masterização, Management, Agenciamento entre muitos outros.
 
Estas são algumas ideias que cada um pode adaptar mediante as suas necessidades e capacidades de monetização. São também opções a considerar numa carreira, seja no presente ou no futuro.

Para acabar é importante referir que a principal receita da maioria dos artistas de electrónica é proveniente das atuações ao vivo (Concert Tickets), por isso, abram os clubs e realizem os eventos, todos temos que monetizar!
 
Publicado em Miss Sheila
quinta, 03 outubro 2013 19:19

From a paradise called Portugal...

 
Enquanto escrevo estas linhas, entra pela janela, através dos pinheiros que circundam a minha casa, uns belos raios de Sol. Está um fantástico dia de Outono, e parece-me indicado para o assunto que desta vez irei abordar na minha crónica.
Falta a banda sonora, e tal como o título sugere, terá que ser portuguesa. Olho para a prateleira dos CDs e... voilá! "Kaos Totally Mix" de 1995 salta à vista. Nem mais... Play!
 
"Kaos Totally Mix" misturado por DJ Vibe é uma obra de culto da música electrónica nacional. Lançado em 1995, representa o esplendor máximo do que foram os tempos de ouro da música de dança em Portugal. É recheado de temas emblemáticos e condimentado por uma mistura/técnica impressionante, quase mágica de um senhor chamado António Pereira, DJ Vibe. 
 
Pois é sobre estes anos de ouro que quero falar… 
Por meados dos anos 90, no mundo da música de dança, Portugal era considerado um 'paraíso'. Artistas como Underground Sound Of Lisbon (DJ Vibe e Rui da Silva), Urban Dreams (Alex Santos), The Ozone, DJ Jiggy, Kult Of krameria, J. Daniel, DJ Tó Ricciardi, L.L. Project (Luis Leite), A. Paul, DJ ZÉ-Mig-L e tantos outros, davam vida e mostravam que tínhamos um som próprio, único e característico que representava Portugal. Éramos respeitados e acima de tudo, tocados por esse mundo fora. Nesse capítulo, é importante referenciar um nome que proporcionou esse estatuto a este pequeno país. António Cunha!
 
Fundador da empresa Kaos (que a par da edição discográfica, era também empresa de eventos), juntamente com Rui Da Silva e DJ Vibe, foi um incansável lutador, não só na divulgação de talentos, mas também como impulsionador da cena de dança num país que pouco ou nada conhecia dessa vertente. "Raves" míticas, discos míticos, anos de ouro que para sempre estarão associados a este senhor que infelizmente já partiu, e deixou saudades - muitas - de tempos que parece que nos distanciamos a passos largos. Um bem-haja a António Cunha, que descanse em Paz.
 

Sempre fomos talentosos neste aspecto, e dizer que fomos mais na altura, pois as "vitórias" foram maiores, é errado, a diferença está na união que existia, vontade, e um remar numa só direcção.

Distanciamo-nos a passos largos - sim. Pois a realidade dos dias de hoje é bem diferente. E não falo da sonoridade, porque essa, sendo ela de cariz electrónico, é lógico que sofre mudanças, mutações, evoluções. Não é o som actual que estou a pôr em causa, ponho sim, a diferença de atitude, o empenho geral e acima de tudo o que não existe nos dias de hoje, a UNIÃO ARTÍSTICA! Essa força, que faz a força. 
 
Sempre fomos talentosos neste aspecto, e dizer que fomos mais na altura, pois as "vitórias" foram maiores, é errado, a diferença está na união que existia, vontade, e um remar numa só direcção. 
 
A força foi tal, que nas discotecas, como foi citado várias vezes na comunicação social especializada, "(...) tornou-se 'in' dançar um disco de música dança nacional(...)". E era verdade, existia esse orgulho na música de dança portuguesa, esse orgulho em saber que aquela música era nacional e era boa. Patriotismo na música de dança, sim, eu experimentei esse tempo. E que tempo...
 
Hoje estamos distantes do que é nosso, pouco queremos saber, pouco nos preocupamos. E aí, a culpa não é só dos artistas, da pouca união e pouca vontade de seguir um caminho único, visando o sucesso geral e não o propósito de ser o número 1. A culpa é também das rádios e televisão que pouco ou nada apostam em artistas nacionais, que pouco ou nada se preocupam em fazer para termos de deixar de importar e começar a exportar, que é o que lá fora se preocupam em fazer.
 
Hoje a rádio é um jogo de interesses, comandada por algumas empresas de agenciamento que querem vender 'peixe graúdo' internacional e que 'prostituem' artistas nacionais «a torto e a direito» e que só vêm euros. Que saudades tenho daquele dia em 1994, à hora de almoço, dentro da carrinha de trabalho do meu pai, ouvi na Rádio Comercial Underground Sound Of Lisbon - So Get Up... É verdade. Saudades...
 
A união faz a força, e nós poderíamos ser muito mais fortes, até porque já o fomos, mas temos uma mentalidade egocêntrica, queremos ser os maiores 'do nosso bairro'. A nossa geração actual da música de dança, em comparação com a dos 90, faz lembrar as duas últimas gerações da Selecção Nacional de Futebol... A nova tem mais recursos, eles têm mais estilo, são mais bonitos (Ok, alguns), mas a outra, jogava bem mais, tinha um rumo e nenhum queria ser o número 1 - eram unidos!
 
Outros tempos que saudosamente recordamos, portugueses que deixaram o seu nome na história, que muitas vezes não são respeitados nem recordados da maneira que deviam. Portugueses que queriam mais para o seu pobre país, que mesmo atravessando ao longo dos anos as dificuldades que conhecemos, sempre foi de sacrifício para que bens maiores se elevassem, e na história da nossa música de dança, esse "Paradise Called Portugal", teve o seu apogeu nos anos 90. Para quem os viveu, vai rever-se nestas minhas palavras, quem não os viveu, que reflicta, e que comecemos todos de uma vez por todas a remar para um futuro melhor.
 
Saudações musicais.
So Get Up!!!
 
Publicado em Massivedrum
Todos falavam da iminência de uma nova crise, no final de 2019 era prognóstico que no ano seguinte era certo que uma crise económica nos iria bater à porta. Ninguém ligou, qual 1.º prémio do Euromilhões, que todos pensam que só sai aos outros, a crise veio por forma de uma pandemia que nos confinou todos em casa, que desacelerou a economia a velocidades perto do ralenti, fechou quase todos setores de atividade, foi democrática e ninguém estava preparado.

A noite foi das primeiras a fechar portas, mesmo antes do governo decretar o seu encerramento, já muitos cancelavam eventos e outros fechavam mesmo portas. Foi a primeira a fechar e, apesar dos esforços dos empresários desta indústria, parece estar a ficar para o fim sem data marcada para abrir portas. 

E que noite podemos nós encontrar? Como serão as discotecas e os bares adaptados a esta nova realidade? Tenho pensado muito neste assunto e não se admirem se aquilo que irei agora escrever seja diferente do que já tenha escrito no passado, mas a realidade é que, em virtude das informações e desinformações que tenho recebido, ao longo deste tempo de pandemia, tenho tido um comportamento quase bipolar e muitas vezes prefiro reduzir-me ao silêncio.

A pergunta é simples, é possível, com todas as restrições abrir uma discoteca ou um bar? Sem dúvida, todos os espaços podem abrir e, acima de tudo, têm o direito de abrir, coloquem todas as restrições, imponham as regras, exequíveis claro, mas permitam que cada empresário tome a decisão de abrir ou não, se pode e tem condições para abrir ou não, porque os seus clientes, os utentes da noite também têm o direito de escolher se vão ou não comparecer na noite. 

A palavra de ordem é "bom-senso", por parte de todos, os empresários e os utentes. Porque a realidade é esta: ou nos portamos bem ou, à imagem do ocorrido da Febre Espanhola, uma segunda vaga será catastrófico, por isso "juizinho". 

Tudo é possível, com peso e medida. Todos de máscara na noite? Será possível projetar uma noite onde todos estarão de máscara? Com certeza, até digo mais, pode ser muito divertido, com a certeza que a pista de dança saberá bem melhor. Covid-vos a dançar... Boa noite!
 
Zé Gouveia
Publicado em Zé Gouveia
domingo, 05 novembro 2017 21:31

A noite de novo em prime time

Mas qual Urban Beach? O problema não é de hoje nem de ontem. Foi, é e será sempre, apenas e só o "K"!
 
Começo por esclarecer, que discordo totalmente e considero inadmissíveis alguns dos actos que vi por parte de alguma da segurança da casa mas, também estou longe de conhecer toda a verdade pois, garantidamente que tudo isto aconteceu fruto de muita coisa.
 
Infelizmente, a noite não é segura e não o é por uma razão simples. À volta de quem sai tranquilamente para se divertir, existe quem saia apenas e só para arranjar problemas, quem saia para roubar, quem saia para alimentar grupos de conflito e tudo, sem a polícia se encontrar nas redondezas; é mais fácil e menos complicado estar em operações Stop na caça à multa! Mas, manda quem pode, obedece quem é esperto e também os polícias acabam embrulhados num problema que não é deles.
 
Ao longo de duas vidas, provavelmente somados, pelo menos sessenta anos bem intensos, apenas registei um problema com a segurança e esse, foi prontamente resolvido pela dita segurança no local e no mesmo dia. Para ser respeitado, é preciso respeitar e essa, é a regra de ouro que cada vez alimenta menos gente que por aí anda.
 
Há bons e maus profissionais, sejam eles seguranças, empresários, barmans, djs ou outros, tal como, existem bons e maus clientes e até, clientes que servem para um mas, não servem para outro espaço. Não raras vezes, tudo isto, é bizarramente conotado com racismo ou sectarismo mas, meus caros, no Palácio de Belém apenas dorme o Presidente e quem ele bem entende e para usufruir da Assembleia da República, é preciso fazer parte da corja reinante ou então, só passando pela revista e de Cartão de Cidadão na mão. Não somos todos portugueses? Não deveríamos todos poder ir à cantina da AR?
 
O "K" por desde sempre ter definido padrões, regras, ideias e formas, por nunca se ter escondido de assumir pretender ser, ter e fazer o melhor, sempre seleccionou e isso, naturalmente que foi provocando e continua a provocar uma profunda dor de corno a quem não está dentro dos padrões por eles definidos. É traumático, imagino que seja mas, é a tal democracia a funcionar. Ou não? Serei eu obrigado a abrir o meu investimento a quem não quero? Não me parece!
 

Ao contrário do que a maioria pensa, a segurança não é gratuita, custa muito dinheiro a uma casa (...)

 
Nos últimos anos, não raras vezes vi situações em que, sem um segurança é impossível uma rapariga chegar ao seu carro sem ser importunada e como polícia não há, lá vão sendo enviados os seguranças da casa. Estaladões no meio da rua a miúdos já vi muitos e sempre, por grupos de animais, que por um telemóvel é capaz de tudo.
 
Ao contrário do que a maioria pensa, a segurança não é gratuita, custa muito dinheiro a uma casa, é mais uma área delicada a controlar... tem que se lhe diga! Porém, sem ela, garantidamente que cada discoteca seria uma selva, onde imperaria a lei das matilhas mais fortes e nada mais.
 
No dia em que nos deparamos com esta triste história à porta do tal "Urban Beach", em Coimbra, dois selvagens em pleno dia desfazem um bom samaritano de forma bastante mais barbara em plena rua. Fecharam os MacDonalds do país? Abriram Telejornais com eles, foram para o Facebook vociferar? Algum Ministro veio teorizar? Claro que não, a história é o Urban, a azia é o "K" e foi por isso, que tudo o que é paineleiro tudo fez para se meter no assunto. O Urban tem 38 queixas? E quantas tem o Metropolitano? É só tentar perceber a proporcionalidade, não esquecendo, que nos Urban's bebe-se álcool e é por norma, onde o João se atira à Clara que é namorada do Manuel... e repito, não há polícia!
 
Com e sem geringonças, todos meteram a foice em seara alheia mas, alguém se preocupou com a verdade, com as razões, com o que se passa noite a noite país fora! Todos falam do que não sabem e isso, é triste e caricato.
 
O Urban é mau? Come criancinhas? É provável que sim mas, é a casa que os mais novos preferem na cidade de Lisboa. Será, que é por ali chegarem e serem muito mal tratadas? Será esta, uma geração masoquista? Duvido!
 
Este é um problema de polícia, quem abusou, certamente será julgado e condenado dentro das razões que existirem para isso já que isto não é um caso de lesados do BES. Os ditos seguranças estão devidamente detidos, os dois "doutores" de Coimbra, à solta! Dois pesos e duas medidas.
 
Para ser franco, a quase totalidade dos comentários metem-me nojo, sinto neles de imediato repulsa, por neles rever traumas privados de muita gente que, em bicos de pés, aproveita para ladrar em regime de vingança pacóvia. É o que temos! 
 

Depois dos resultados da irresponsabilidade do Estado nos incêndios deste ano, a irresponsabilidade da falta de polícias à porta dos espaços nocturnos mantém-se vinte anos depois.

 
Lentamente, da melhor noite da Europa em 1994 para a catástrofe que se vê hoje passaram apenas vinte e tal anos e houve, quem previsse este desfecho, ele aí está.
 
Quanto à famosa PSG, terá certamente bons e maus profissionais, terá mais ou menos culpas no cartório e penso, pelas medidas agora tomadas no Urban Beach que metade dos bares do Bairro Alto irá também fechar ou talvez não, pois por aí, continua tudo a levar bom tratamento, não têm K!
 
Depois dos resultados da irresponsabilidade do Estado nos incêndios deste ano, a irresponsabilidade da falta de polícias à porta dos espaços nocturnos mantém-se vinte anos depois. Será assim tão difícil perceber, que hoje, sair de uma discoteca sem um segurança às 5 da manhã é um risco de alto calibre por culpa dos políticos que temos que apenas souberam legislar para o pagamento de direitos, direitos conexos e sei lá que mais direitos!
 
Mais uma vez, o "K" está na dança e pelo que vejo, não faltam idiotas a opinar e certamente que a grande maioria movida por outros interesses ou traumas.
 
Este, para mim, é apenas e só mais um caso de polícia. Tudo o resto que tenho lido, é apenas e só de lamentar.
 
Miguel Barreto
Publicado em Nightlife
quarta, 05 junho 2019 21:55

Miss Sheila - 20 Anos de Música

Para a minha primeira crónica de 2019, o tema selecionado é imprescindivelmente o meu 20.º aniversário de carreira e o meu percurso no mundo da música, desde o dia "zero", até aos dias de hoje.

20 anos, parece que foi ontem, no entanto muito tempo se passou desde o dia em que fiz a minha primeira atuação profissional ao vivo. "20", não é o número exacto e correspondente à minha ligação com a musica electrónica, mais concretamente com o "House e Techno". Comecei bem antes de 1999, a experiência das primeiras "raves", o meu cargo na Bimotor DJ com as encomendas internacionais de vinyl para Portugal, os eventos no Rocks, a Kaos Records, a Supersonic... tudo isto e muito mais faz parte da minha introdução ao "mundo" que hoje chamo "meu", e um importante pilar naquilo que hoje sou.

Resumir a minha carreira não é de todo tarefa fácil. 
Sempre tive uma imensa paixão pela música. Nasci em Sasolburg (Africa de Sul), depois vivi em Nova York, até que conheci o maravilhoso país que é Portugal, onde passei a residir.

Iniciei bem cedo a minha experiência com a música no geral, já nos Estados Unidos, com as aulas de piano, flauta e bateria. Sempre senti que eu e a musica éramos mais que meros "conhecidos", havia algo que me fazia sentir bem e em harmonia, sempre que ouvia um tema com que me identificasse. Naturalmente, senti a necessidade de partilhar esses sentimentos. Daí surgiram as primeiras experiências com a arte do "DJing", isto já em Portugal, no bar do qual era proprietária em conjunto com o meu irmão. Malibu Bar, era na Praia De Esmoriz e foi onde tive a oportunidade de dar início e desenvolver a minha paixão pela electrónica. Na altura, Esmoriz era prova-velmente uma das cidades onde residiam mais DJs. A forma como falávamos acerca dos temas mais recentes, do panorama no geral, contribuiu bastante para aquilo que sou hoje e para todo o "background" que ganhei.

Considero que tenho uma carreira solida e sinto-me imensamente grata por isso. Contudo, o processo de gestão de uma carreira para que tudo prevaleça de forma relevante e consistente não é de todo fácil, tema que já abordei de uma forma mais concreta na minha Crónica de Opinião: "A Máquina atrás do artista".

Fazendo uma retrospectiva, passei por varias gerações. Inicialmente onde apenas existia o "vinyl",  aquelas malas pesadas e os "White Labe" exclusivos, posteriormente o início da "Era Digital", onde surgiram os primeiros "CDjs", mais atualmente os DJ Softwares. Todo este processo de evolução no que diz respeito às ferramentas para actuação fez-me ganhar bastante experiência, que se reflete nos dias de hoje, sempre que saio para trabalhar.
 
A música também mudou bastante, felizmente a música boa nunca vai acabar, isto é algo certo, mas é normal que existam mudanças, devido às influências (culturais, sociais, políticas) ou mesmo ao material de estúdio, que em paralelo ao de performance ao vivo, também foi alvo de um grande "upgrade" ao longos dos tempos.

A música também mudou bastante, felizmente a música boa nunca vai acabar, isto é algo certo, mas é normal que existam mudanças, devido às influências (culturais, sociais, políticas) ou mesmo ao material de estúdio, que em paralelo ao de performance ao vivo, também foi alvo de um grande "upgrade" ao longos dos tempos.


Resumidamente, o facto de no início não ser tudo tão simplificado, fez com que eu e os artistas da minha geração tivéssemos que nos esforçar um pouco mais para que o produto final fosse o mais perfeito possível.

A nível do trabalho de estúdio e produção, como já referi inicialmente, também houve um grande desenvolvimento, seja a nível do Hardware, Software ou mesmo a forma como a informação é partilhada.

Editei o meu primeiro disco em 2001, pela conceituada "Tango" em parceira com o Joeski. Desde aí fui desenvolvendo as técnicas de forma intensa e editando originais e remisturas um pouco pelos quatro cantos do mundo, Digital Waves, Kaos, Magna (Portugal), Fresh Form, Datagroove (Espanha), Moderate (Itália), Fatal (Holanda), Na-nowave (Japão), Tango (EUA), Hypno (Reino Unido) e mais recentemente pela conceitua-da e restrita Natura Viva onde apenas figuram os melhores do mundo. 

De salientar também que em 2014 realizei um dos meus sonhos, abrir uma editora. A minha Digital Waves está também de parabéns em 2019 com os seus já 5 anos de existência. Estou a preparar desde Janeiro alguns temas, que vão sair até ao final do ano juntamente com tudo o que está projectado entre mim e a minha agência para esta temática.

Para finalizar, durante todo este percurso tive o prazer de conhecer pessoas fantásticas e conhecer outros países e culturas, como foi mais concretamente o caso de Nova Iorque, Ibiza, Geneva, Luanda, Cidade do Sal, Luxemburgo, Rotterdam, Bruxelas, Funchal, Lyon, Hartford, Sevilha, Vigo, Neuchatêl, Friburgo, Amsterdão, entre muitas ou-tras fantásticas cidades do mundo, como Portugal, obviamente! 

Assim sendo e de forma a celebrar este marco na minha carreira, do qual não podia estar mais grata por cada minuto, decidi retribuir todo o apoio e carinho que recebi ao longo dos anos, com a temática "20 Years of Music", que irá originar dois grandes eventos no final do ano. Um a Norte e outro a Sul. Mais novidades estão planeadas para sair, por isso fiquem atentos, este ano festejamos juntos.
 
Publicado em Miss Sheila
quinta, 07 abril 2016 14:37

Trabalhar com a música electrónica

Neste primeiro artigo de opinião de 2016, resolvi escrever sobre a "Pedra Filosofal" do novo Milénio - A Musica Electrónica. 
 
Tudo começou com o aparecimento dos DJs aos grandes palcos mundiais, com a especulação criada pelos Países Nórdicos da Europa e com o Marketing agressivo da indústria musical virada para o mercado electrónico. 
De um momento para o outro, os DJs eram as novas estrelas mundiais e tudo o que era "miúdo" quis ser DJ. Todos aqueles que não sabiam fazer mais nada, viram na profissão de DJ uma alternativa para fazerem alguma coisa, encher os bolsos e ter notoriedade e reconhecimento (pelo menos nas suas cabeças). 
O facilitismo em ser DJ era (é) tanto, que tudo o que era gente neste País foi DJ. Ias a um reality show e no dia a seguir eras DJ. Aparecias na TV, viravas DJ. Eras RP? Porque não ser DJ? Etc, etc. 
 
Rapidamente apareceram em Portugal a partir de 2009/2010 uns largos MILHARES de DJs mas tal como apareceram, também desapareceram e perceberam que afinal a "galinha dos ovos de ouro" não era o que parecia. 
Pelo caminho, muitos deles sonharam que, devido ao facilitismo, havia outros negócios que os fariam enriquecer com a música electrónica. Foram os anos em que toda a gente era produtor musical e abriram centenas de editoras discográficas. Ia tudo enriquecer com a venda da música mas, mais uma vez, não resultou...
 
Os Portugueses sempre foram "casmurros" e não desistem facilmente. Toda a gente tinha de conseguir enriquecer com a música electrónica. Mas como? 
Foi a altura dos agentes/agências de artistas. Tudo era agente artístico neste país. Ganhavam-se comissões de cachets de 40 euros só para poderem dizer que eram agentes ou que estavam no meio... Rapidamente viram que também não era este o caminho e chegámos aos últimos anos e à nova "descoberta" de como enriquecer com esta indústria - PRODUTOR DE EVENTOS. 
Hoje em dia está na moda ser Produtor de Eventos. Se é verdade que há muitos que se dão bem, a ganância deixa de lado a larga maioria de quem quer entrar neste meio. Se um evento corre bem, querem logo fazer outro no dia a seguir (dá sempre mau resultado). Se correu bem a primeira vez e as escolhas artísticas, dia, local, equipa de trabalho, etc. foi bem escolhida, no evento a seguir já dão tudo como garantido e o prejuízo é a única garantia que conseguem ter. 
 
Tudo isto é "Ser Português". Somos (ou tentamos) ser sempre mais espertos que os outros num país com 10 milhões de habitantes, uma mentalidade retrógrada quando comparada com países como a Holanda ou Alemanha, onde temos um mercado interno muito curto, com pouca expressão mundial na música electrónica mas onde tentamos furar como podemos. 
 
Os primeiros parágrafos deste texto deram-te a impressão de uma crítica rude da minha parte. 
A ideia foi essa mas o objectivo era outro. 
 
AINDA BEM que somos assim. Que apareçam DJs, RPs, Produtores de música, Produtores de eventos, Discográficas e tudo o que esteja ligado a esta indústria da musica electrónica. É o próprio mercado que irá encarregar-se de fazer uma triagem entre o "bom e o mau", quem fica e quem sai, quem vence e quem sai derrotado.    
O que realmente é mau é não haver "sangue novo", ideias novas, investimentos diversificados e que haja pessoas a errar. Os erros são sempre aprendizagem e em Portugal temos aprendido muito. 
 

Quem trabalha ou quer trabalhar neste meio, tem de perceber que a própria música electrónica está em constante mudança (…)

 
Um novo ciclo da música electrónica está a entrar. Os "nichos" estão a voltar a ser mainstream e os gostos do público já não são o que alguns diziam que era impingido pelas rádios e TV. O público escolhe o que quer e ninguém impinge nada nos dias que correm. A diversidade de comunicação e o fácil acesso à informação, não permite condicionalismos extremos seja a quem for. 
 
Agarrem no Ipod ou na "cloud" de um miúdo da Preparatória ou do Secundário e vejam o que ele lá tem para ouvir... Tem música que "Parte-me o pescoço" e a seguir um "hardcore" que me parte a cabeça, seguido do Justin Bieber, alternando com Hip Hop do Sam The Kid, Xeg e Dillaz e a seguir remata com Trap e acaba com Hardwell ou uma faixa do Anselmo Ralph, enquanto tem um set de Carl Cox que ouve todos os dias a caminho da escola. 
 
Quem trabalha ou quer trabalhar neste meio, tem de perceber que a própria música electrónica está em constante mudança e que já não é apenas aquela sonoridade a 4 tempos, compassada e com uns Kicks, Drops e uns Claps. É necessária uma adaptação aos novos tempos e por isso é que entrar gente nova no mercado é sempre essencial para esta indústria sobreviver. 
 
Que venha mais gente para este mercado e quem olhar para ti como concorrência ou falar mal de ti, é sinal que estás a fazer as coisas bem feitas. Precisamos de mais gente com ideias novas e vontade de trabalhar para elevar a fasquia da indústria musical portuguesa e é o próprio mercado que irá definir se és válido ou não para permanecer no meio.   
 
Ricardo Silva
Publicado em Ricardo Silva
quarta, 22 fevereiro 2017 22:02

Preparação e pesquisa de músicas

 

Assunto muito discutido. A pesquisa de músicas torna-se a cada dia, o ponto crucial para o DJ profissional. Assim sendo, uma pesquisa mais apurada acaba aumentando a qualidade do desempenho do DJ e, ainda por cima, pode fazer a diferença entre o sucesso ou não de um gig.
 
Outra virtude da pesquisa é a possibilidade de clarear os caminhos do set e distanciá-lo o máximo possível daquele lugar comum, onde se encontram as faixas sob as categorias patrocinadas ou as famosas “Top 10”, “Top 100”, etc. 
 
Categorias essas que, em grande parte, estão em evidência, pois (como o próprio nome diz) foram financiadas de alguma maneira. Ou seja, para se destacar, o profissional deve se acostumar com a corrida incessante em busca de novidades que, pratiquem a coexistência entre o gênero que mais o retrata e a surpresa de tocar uma faixa pouco conhecida ou até mesmo exclusiva.
 
A introdução desta crónica sugere a não banalização da profissão de DJ, já que grande parte das pessoas (clientes) que frequentam as festas e clubes não tem nenhum tipo de conhecimentos.
 
Nada mais injusto, uma vez que a função principal do DJ é a de levar a boa música, a cultura e as sensações transmitidas pelo seu set.
 
Seguindo para a parte que realmente interessa... A pesquisa.
 
É de conhecimento geral que grande parte da matéria-prima do DJ, a música, encontra-se na internet. Seja lançamento, seja uma track de um ano atrás ou aquele clássico que marcou a década de 80, a probabilidade de se encontrar tal conteúdo em formato digital supera os 95%. 
 

(...) a probabilidade de se encontrar tal conteúdo em formato digital supera os 95%.

 
Sendo assim, pode-se levantar a grande questão: Como ser diferenciado em um nicho de mercado competitivo em que, mais da metade dos interessados são incluídos digitalmente e possuem os mesmos recursos?
 
Na minha opinião a resposta para tal pergunta é simples e direta: DEDICAÇÃO
 
Quanto maior a dedicação, maior será a chance de aumentar o grau de temas novos nas suas music lists.
 
Algumas Dicas
O levantamento dos artistas que mais agradam o ouvido do DJ é um bom primeiro passo. 
 
Frequentar a página do produtor, estar sempre atento ao seu trabalho e segui-lo em redes sociais é uma vertente interessante, pois faz com que os lançamentos dessas pessoas cheguem mais rapidamente até o pesquisador mais assíduo. O objetivo aqui é simplesmente vigiar de perto os lançamentos, produções e remixes dos que o DJ considerar como melhores produtores.
 
Seguindo a questão acima, duas hipoteses interessantes. A primeira será a pesquisa sobre um registo musical. Esse registo reúne músicas que tenham algo em comum, então se um lançamento do produtor de preferência daquele DJ o agradou naquele momento, há uma ampla facilidade de ele apreciar os lançamentos adicionais e demais produtores daquele mesmo registo musical, ampliando, assim, a rede de produtores que o artista seguia até então.
 

Procurar discos nas lojas espalhadas pelo país (já muito poucas) é uma alternativa palpável e confiável.

 
A segunda hipótese é o aumento da notoriedade de um recurso interessante que alguns sites oferecem, conhecido como “quem comprou esta faixa, também comprou…”, isto significa que podemos comprar e encontrar a mesma música e mais as apontadas, isto é, a avaliação dessas outras faixas tornou-se iminente, uma vez que dois artistas de, aparentemente, mesmo gosto musical, se encontraram.
 
Pode não ser de conhecimento geral, mas existem lançamentos de faixas exclusivas em vinil, o que pode tornar um set extremamente distintivo com relação aos demais, uma vez que nem todos os DJs são entusiastas dos 12’’. Contudo, o profissional pode – e deve – adquirir o vinil e utilizar-se das técnicas digitais atuais para converter a faixa e conseguir exibi-la ao público de maneira digital, mesmo entendendo-se que essa técnica pode decrescer a qualidade com que a música foi gravada.
 
Mantendo a abordagem tecnologica, porém distanciando um pouco da originalidade, atualmente existem aplicativos que têm por objetivo identificar músicas. Daí, se o DJ escutar um trecho de uma track, basta habilitar esses softwares para obter um retorno do produtor e nome da mesma. Muito se contesta a respeito de aplicações como essas, porém poderá ser mais um meio de pesquisa. Exemplo: Shazam
 
Por fim, conclui-se que o DJ deve estar a par de toda e qualquer mídia social existente. Sites como o Facebook, MixCloud, SoundCloud, entre outros, devem ser visitados constantemente, pois neles podem aparecer sons novos, ímpares e que encaixem no repertório do artista.
 
Abandonando a era digital, ainda existem opções para os DJs.
 
Procurar discos nas lojas espalhadas pelo país (já muito poucas) é uma alternativa palpável e confiável também. A obtenção de raridades nestes locais é completamente exequível e, vale frisar novamente.
 
O trabalho exigirá dedicação!
 
Publicado em Divenitto
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