Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
É o melhor amigo de Hardwell e nos últimos tempos tem demonstrado da melhor maneira o seu talento na área da música eletrónica. O Portal 100% DJ teve a oportunidade de entrevistar Dannic, durante a sua estadia em Vilamoura, onde atuou na discoteca Bliss na mesma noite. As suas atuações em Portugal, os fãs nacionais, a relação com Hardwell e as novidades sobre sua carreira foram alguns dos pormenores desvendados à única plataforma em Portugal “365 Dias ao Ritmo da Noite” numa imperdível entrevista.
 
 
Quais foram os teus melhores momentos em Portugal?
Estive cá poucas vezes. Uma delas num festival fantástico (RFM SOMNII – O Melhor Sunset de Sempre), penso que estavam 40 mil pessoas na praia e foi, definitivamente, um dos pontos altos deste ano. E claro, o primeiro espetáculo que fiz aqui, no I Am Hardwell (Lisboa) que foi muito bom também.
 
Quem gostavas que fosse o número 1 do Top 100 da DJ Mag?
Hardwell, sem dúvida. Teve um ano fantástico, com um novo álbum e tudo.
 

Já tenho vários talentos que estou a apoiar e agora para a minha editora quero dar-lhes destaque.

 
Conheces algum DJ português?
Sim, claro! Kura, é um grande amigo meu. Mas também há novos talentos, cujos nomes não me recordo agora. É bom ver cada vez mais novos produtores vindos de Portugal.
 
Que novidades podes desvendar acerca do futuro da tua carreira?
Vou lançar muitas músicas, tenho muitos temas a sair. No Tomorrowland reproduzi alguns ID’s e estive em estúdio com pessoas interessantes para novas colaborações como Makko, Sick Individuals... Tenho também duas novas músicas a solo e criei agora a minha própria editora, que vai ser muito interessante.
 

 
Vais apostar em novos talentos para a tua nova editora?
Já tenho vários talentos que estou a apoiar e agora para a minha editora quero dar-lhes destaque. Apesar de ter a ‘Dannic Selection’ na Revelead Recordings, eu quero ter a minha própria plataforma para poder ajudar os novos talentos.
 
Como descreves o público português?
Muito amigo, carinhoso e super educado em cada música que reproduzes. São pessoas muito boas, gosto muito.
 
Como é trabalhar com Harwell, o teu melhor amigo?
É o meu melhor amigo, por isso para mim é uma coisa normal. Nós conhecemo-nos à 11 anos, penso eu, antes dele ter sucesso e já fizemos quase tudo juntos. Estive em estúdio com ele desde o início, quando a Revealed Recordings nasceu e quando fiz uma das minhas primeiras músicas. É muito bom ter um amigo que faz a mesma coisa que eu. Para nós é como se fosse um passatempo porque amamos aquilo que fazemos. É a melhor sensação do mundo.
 
Há algum segredo por detrás do sucesso holandês na música eletrónica?
É uma boa pergunta. Primeiro que tudo, há 20 anos atrás, o que a electronic dance music é agora, nós tínhamos isso na Holanda, mas com mais techno. Sendo assim, penso que é uma vantagem pois temos muitos DJs na Holanda, que é um país pequeno e todos se entre ajudam. Os holandeses adoram ajudar-se uns aos outros, tal como podem ver no futebol. Tiesto, Hardwell, Dyro e muitos outros já me ajudaram e isso faz com que sejamos uma grande família e que fiquemos no topo.
 
Que mensagem queres deixar para os leitores do Portal 100% DJ?
Primeiro que tudo, obrigado (em português) por todo o apoio. É fantástico ver como as pessoas reagem às minhas faixas e aos meus DJ sets. Os meus fãs portugueses são uns dos melhores, desde o início, por isso muito obrigado.
 
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Com o setor paralisado devido à pandemia de Covid19, um grupo de profissionais da área do entretenimento decidiu reunir-se e criar, desta feita, a Associação Portuguesa do Entretenimento. Com objetivos claros, este novo movimento associativo pretende representar profissionais a custo zero e já tem iniciativas pensadas para serem desenvolvidas a curto prazo.  Nesta entrevista exclusiva ao Portal 100% DJ, falámos com Ricardo Silva, representante e Presidente da Associação, onde nos explicou a quem se destina a APENT e alguns dos projetos pensados, em particular de apoio aos DJs e produtores de música eletrónica.
 
O que é a APENT e a quem se destina?
A APENT - Associação Portuguesa do Entretenimento é uma Associação sem fins lucrativos, criada para representar todo o setor profissional do entretenimento. Desde músicos, DJs, empresas e profissionais do audiovisual, performers, agentes culturais, artísticos e turísticos, produtores e organizadores de eventos, etc. Não pretendemos deixar ninguém de fora, no entanto, excluímos áreas como o teatro, cinema e televisão visto serem áreas com especificidades diferentes das que levaram à criação desta Associação.
 
Quais foram as motivações que levaram à criação da Associação? 
Todos nós falamos dos problemas, dificuldades, falta de representatividade do setor e ausência de soluções durante muito tempo e apesar de haver várias Associações ou Movimentos, são todos demasiado específicos, com pouca representatividade associativa ou com interesses adjacentes a pequenos grupos profissionais. Devido a esta situação pandémica que atravessamos e devido a tudo o que mencionei, seria a altura certa para a constituição de uma Associação onde não houvesse qualquer outro interesse (daí a ser sem fins lucrativos) que não seja o de dotar os profissionais do setor - os associados - de meios que possam fazer face às dificuldades imediatas que a pandemia trouxe e podermos falar a uma só voz com o Governo, instituições e organizações que tutelam ou têm influência no papel fundamental que desempenhamos para o país e para os portugueses. 
 
Quem são as pessoas que compõem a Direção da Associação? 
Não é segredo nenhum e será do conhecimento de todos. Somos mais de uma dezena de profissionais do setor, desde músicos, agentes, produtores e organizadores de eventos, brand managers, etc., e não pretendemos nenhum protagonismo. A Associação é e será dos associados e todos com os mesmos direitos e deveres. Os sócios fundadores são apenas um grupo que tomou a iniciativa porque alguém a precisava de ter. Não somos diferentes de nenhum associado. Entramos com um espírito de missão, dando o nosso contributo que tem sido extremamente exigente e será numa fase inicial devido a tudo o que envolve a criação de uma associação, capacitá-la de uma estrutura física, logística e com capacidade financeira para ser sustentável, sendo a mesma sem fins lucrativos, sem capitais próprios e regida pelas regras, legislação e fiscalização do associativismo. Estatutariamente e para se poder constituir uma Associação, alguém teria de avançar. Foi este grupo que teve iniciativa e disponibilidade, mas após o primeiro mandato somos obrigados pelas regras do associativismo a efetuar eleições e seguir a legislação própria. Além disso duvido que algum dos órgãos sociais pretenda continuar porque o trabalho que estamos e iremos ter, condiciona a nova vida pessoal e profissional. Estamos todos aqui com espírito de missão e esperamos que depois do nosso primeiro passo, haja outros que o continuem em prol de todos nós.
 
Não havendo investimento e sendo sem fins lucrativos, como estão a pensar gerir a Associação? 
É essa a pergunta chave e seguramente um dos motivos para nunca ter surgido uma Associação com estas características. De momento, são os órgãos sociais que estão a custear todas as despesas e obviamente sem qualquer tipo de retorno ou apoio porque a Associação não tem verbas. As verbas de qualquer Associação resultam da quotização dos sócios que ficará suspensa até o sector ter retomado a atividade normal, dos apoios que eventualmente possam surgir por parte das entidades públicas, de donativos e de projetos e atividades próprias que possam executar. Como referi, é esta equipa que está a custear, contribuir e irá trabalhar para que possamos ajudar e deixar um legado para todos os associados do sector. 
 
Já há projetos e iniciativas pensadas? 
Sim, inúmeras. Apesar da constituição da Associação só aparecer agora, este é um trabalho que tem meses e já temos inúmeras iniciativas pensadas, programadas e imenso trabalho feito, além de parcerias, contactos, protocolos e benefícios programados para todos os associados.
 

Para os DJs e produtores de música eletrónica, além dos benefícios gerais, está a ser desenvolvido um projeto que irá trazer um incremento direto nos seus rendimentos (...)

 
Pode revelar alguns? 
Serão todos revelados com a transparência que uma Associação é obrigada a ter. Algumas revelações que posso deixar, visto estarem concluídas ou em fase de conclusão,w, tais como seguros de vida e acidentes de trabalho que são obrigatórios para exercer a atividade, através de descontos ou atribuição direta, apoios sociais porque ninguém irá passar fome numa fase em que não tem rendimentos ou viu reduzida a sua atividade, disponibilidade direta de inúmeros produtos ou serviços com descontos ou diretamente, apoio em projetos próprios onde a Associação ajuda os associados a desenvolver ou criar, acesso a instalações culturais ou da própria sede que pretendemos seja um espaço multiusos aberto para todos aqueles que o queiram usar e muitos outros que estamos a preparar e iremos dando conta à medida que vamos tendo desenvolvimentos. Volto a referir que a Associação é dos associados e só faz sentido se estiver sempre disponível e acessível aos profissionais do setor. Inclusive qualquer iniciativa, projeto ou ideias que os associados tenham ou pretendam realizar em nome da Associação e em prol do setor, haverá total disponibilidade e abertura para poderem realizar ou contribuir no que entenderem. 
 
Especificamente para os DJs há alguma coisa pensada? 
Para os DJs e produtores de música eletrónica, além dos benefícios gerais, está a ser desenvolvido um projeto que irá trazer um incremento direto nos seus rendimentos e que a seu tempo será revelado. O setor abrange várias áreas com especificidades diferentes e queremos trazer para discussão o que os profissionais de cada área pretendem para que todos juntos possamos encontrar soluções, sendo que um dos problemas principais está relacionado com a ausência de legislação sobre a profissão. Um dos pontos que teremos todos de discutir será o de encontrar uma forma de que apenas os DJs possam executar o serviço que lhes compete e não qualquer pessoa com um software ou hardware que o faça ilegalmente. Com isto não estou a falar de se criar pagamentos de licenças, "inventar" carteiras profissionais ou um novo imposto em cima do que os DJs já fazem através das suas contribuições ou dos pagamentos que quem os contrata já faz nos seus espaços ou eventos que realiza, mas sim algo similar ao que existe noutros países onde a profissão de DJ é reconhecida como qualquer outra. Será um dos imensos assuntos a debater e terá de ser com o contributo dos associados, porque serão eles a decidir qual o melhor caminho e a Associação apenas fará o que os associados pretendem porque é deles a Associação. 
 
Quando é que haverá mais informações e como se podem inscrever na Associação? 
Estamos neste momento em fase final da constituição da Associação (já autorizada) e temos mais uns dias para concluir alguns processos pendentes com o Ministério da Cultura que é quem tutela o setor e por inerência a Associação e os seus associados. As inscrições já se encontram abertas no site www.apent.pt (sem joia ou pagamento de quotas) para os novos associados, sendo que temos já cerca de 5 mil associados que vão "migrar" de outras associações.  A melhor forma de estarem a par de todas as novidades é seguirem a nossa página de Facebook onde iremos atualizando as informações. Aproveito, desde já, para agradecer ao Portal 100% DJ pelo apoio que tem dado na promoção e divulgação desta área especifica do nosso sector. 
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Com um percurso musical de 20 anos, Massivedrum é detentor de uma das mais sólidas carreiras a nível nacional no que à música de dança eletrónica diz respeito. O seu tempo divide-se entre o DJing e a produção musical, entre remixes e originais que tem a possibilidade de os lançar nas suas duas editoras. O seu mais recente tema chama-se “Hero” e conta com a colaboração com uma das maiores vozes da house music: Shawnee Taylor. Com várias presenças no estrangeiro, não só em clubs como também em grandes festivais, é um nome que figura constantemente nas playlists de rádios e DJs de todo o planeta, elevando desta feita o seu estatuto profissional.

Em entrevista exclusiva ao Portal 100% DJ, Massivedrum fala na primeira pessoa sobre a sua carreira, as faixas produzidas, opina sobre o cenário atual da música eletrónica e revela pormenores interessantes dos próximos trabalhos que tem na manga.

 

Existe algum segredo para deter uma carreira sólida com quase 20 anos?
Eu penso que existe e tem vários nomes. Trabalho árduo, sacrifícios, dedicação, mas também uma característica muito importante: amar incondicionalmente o que se faz e ser fiel à sua arte e identidade. 
 
Quais as principais mudanças que marcaram estes teus últimos anos de carreira?
Penso que os meus últimos anos de carreira foram marcados pela mudança de um Massivedrum adolescente para um mais adulto. Mudei muito musicalmente. Passei a preocupar-me muito mais com a musicalidade das minhas produções do que há uns anos atrás, em que pensava única e exclusivamente na pista. Hoje em dia penso muito mais no que a faixa pode provocar no íntimo das pessoas, na sua longevidade e acima de tudo, na sua musicalidade. Acho que é algo que acontece com o tempo, com naturalidade.  
 
Quais são as três melhores palavras que a definem?
Trabalho, sacrifício e dedicação.
 

Passei a preocupar-me muito mais com a musicalidade das minhas produções do que há uns anos atrás (…)

 
Qual foi a música que mais prazer te deu a produzir e porquê?
É uma questão um pouco ingrata. Tenho várias. Costumo destacar a “Fingerprint”, porque foi uma faixa produzida para exteriorizar alguns fantasmas e sentimentos negativos que assolaram a minha vida na altura. Foi uma época que tive bastantes problemas e dificuldades e foi naquela faixa que me refugiei. É um exato espelho do meu estado de espírito na altura. Foi um grito de revolta. Depois, existe o remix que fiz para os Kentphonik, “Hiya Kaya”, que recordo-me que 90% das pessoas a quem disse que iria fazer o remix oficial, me aconselharam a não fazê-lo. Bem, segui o meu instinto e em conjunto com o DJ Fernando fizemos o que ficou ao ouvido de todos. Deu-me bastante prazer. Este ano, a faixa em conjunto com a Shawnee Taylor passou a fazer parte deste lote. Era um sonho antigo. Encheu-me o coração!
 
O teu novo tema “Hero” tem a participação de uma das maiores vozes da house music, Shawnee Taylor. Como surgiu esta colaboração?
Bem, eu passo a semana em estúdio, ora a produzir remixes, ora a produzir originais. Esta colaboração surgiu de um instrumental que tinha, e tanto eu como o meu agente achámos que poderia agradar à Shawnee. O contato foi feito, ela pediu para ouvir e o resultado está à vista. Foi algo muito natural. Para mim não muito, pois senti-me um miúdo com cinco anos a quem dão doces! 
 
Alguns dos temas cantados por Shawnee Taylor, como “Live Your Life” ou “Devontion”, influenciaram esta tua nova produção?
Não, pois como respondi antes, o instrumental já existia. Produzi porque o senti naquela altura assim. Não tinha um propósito, poderia até ter sido aproveitado para um remix. Mas, eu e o meu agente sentimos algo nele e como a Shawnee era um desejo antigo, avançou-se dessa maneira.
 
 
Já remisturaste temas para grandes nomes como Bob Sinclar, Axwell ou Chus & Ceballos. Há algum segredo ou uma regra a ser respeitada quando se faz um remix para um artista?
Eu por norma não sigo. Há duas maneiras de editar remixes. Ou o artista te contrata para o fazeres ou fazes e envias para o artista. Existem sim, diferenças entre estes dois casos. No primeiro, o artista contrata-te porque a tua sonoridade no momento agrada-lhe e ele quer um remix teu dentro desse estilo. No segundo caso, fazes algo que sentes, mesmo sendo diferente do que te carateriza e envias para o artista. Se ele gostar, edita. Felizmente tem-me corrido bem nos dois casos.
 
Em 2013 escreveste na crónica "From a Paradise Called Portugal", para o Portal 100% DJ, que a crítica especializada dizia que era 'in' ouvir um disco de dança nacional. Achas que no futuro vamos dançar ao som de um disco de dança português com orgulho?
Quero acreditar que sim. Foram realmente tempos que deixam saudades. A união artística era fantástica e conseguiu-se mesmo isso. Quando entrava uma faixa nacional, era a loucura, um orgulho. Acredito que isso será possível de novo, mas muito terá de mudar no panorama musical nacional. Há um longo caminho ainda a percorrer.
 
Quem consideras a grande revelação da música eletrónica nacional e internacional?
Se olharmos para os nomes fortes da dance scene nacional, já nenhum é revelação. Não sei quem é ou será, a grande revelação, mas quem for, será numa altura complicada. A nível internacional, apareceram muito bons artistas neste último ano, mas por norma não gosto de destacar ninguém, pois o que para mim interessa é a música num todo. Destacar alguém num estilo pode negligenciar outro alguém num estilo diferente. Para mim, distinções nesta arte, que é tão vasta, são um pouco injustas.
 
No teu entender existe união e respeito na música eletrónica em Portugal? O que mudarias?
Tenho uma frase muito simples para esse assunto: Menos queixas, mais trabalho. Mais respeito, mais valores morais. Se tudo isto existisse, a união, o respeito e a valorização global apareceriam naturalmente. É um assunto delicado porque em Portugal, a própria indústria não é saudável, está corrompida e quando assim é, só os artistas não chegam para a mudar. 
 
Atualmente és tutor de duas editoras. O que te levou à criação das mesmas?
Foi algo que acho que é natural num DJ/Produtor. Havia muita música minha que eu não conseguia editar. Assim, criei uma label minha, a NewLight Records. Acabava por poder editar o que me apetecesse e era algo que podia servir para expandir o meu nome. Na altura não esperava que viesse a ter nomes tão sonantes como Blasterjaxx, D-Rashid, Bryan Dalton, Carlos Silva, Rancido, Praia Del Sol, Mavgoose & Quinn entre tantos outros. Cheguei a ter releases que foram número um em França, Bélgica e Holanda. O que começou com muita descontração acabou por se tornar num caso sério. Recentemente abri uma sub-label, mais virada para o Deep-House, Tech-House, Future House, etc. Recebia muitas promos boas mas que não encaixavam na linha da NewLight, por isso, decidi abrir a sub-label.
 
Em conjunto com Dan Maarten, assinas um novo radioshow da Mega Hits intitulado “The Future Is Now”. Na tua visão como vai ser o futuro da música eletrónica?
Penso que é difícil prever o futuro de algo que pode evoluir a cada hora. A música eletrónica desde o seu início estava “condenada” a andar de braço dado com a evolução. O conceito deste radioshow, tal como o nome indica “Future Is Now”, é tentar mostrar o que poderá vir a ditar o futuro, mas é sempre uma incógnita. Na minha opinião, a indústria vai dar uns passos atrás, pois perdeu-se muito o conceito musical na música de dança. É preciso recuar para moldar um futuro que possa semear nas gerações futuras a ideia de que sim, ainda vale a pena estudar e aprender a tocar instrumentos…
 

A indústria vai dar uns passos atrás, pois perdeu-se muito o conceito musical na música de dança.

 
Que novidades podes revelar sobre o futuro da tua carreira?
Em termos de djing, este ano vou voltar à Holanda e ao seu grande festival de verão, o Latin Village. Vou marcar presença também num grande festival em Toulouse, França, num cartaz que conta com nomes como The Cube Guys, Franky Ricardo, Gregor Salto, Roul & Doors, entre outros. Também já muito em breve, estarei no Sumol Summer Fest e a já obrigatória passagem pelos grandes festivais do nosso paraíso, os Açores. Em termos de produção, tenho remixes a sair em breve para as lendas do French-House, os Superfunk, que este ano vão atuar no Tomorrowland. A par do remix, temos também uma colaboração em mãos. Vou editar também o remix para o super-clássico dos Hardsoul com Ron Carroll, “Back Together”. Quanto a originais, já estou a trabalhar o “follow up” single desta minha colaboração com a Shawnee Taylor, “Hero” e tenho para breve a edição de um tema na Safe Music dos Deepshakerz. Mas acima de tudo, continuar a trabalhar, pois é isto que me faz feliz.
 
Que mensagem gostarias de deixar aos leitores do Portal 100% DJ?
Que continuem fiéis a este fantástico portal, pois está sempre em cima do acontecimento. Conteúdos muito ricos e informação séria são as principais qualidades. Queria também deixar uma mensagem de apelo para que consumam mais música electrónica nacional, pois temos muita qualidade. E um obrigado a todos que seguem o meu trabalho! 
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Deixou a carreira de professor de educação física e moral para se dedicar de corpo e alma ao djing e à produção musical. Quando se fala de Yves V, é inevitável referir o festival Tomorrowland, uma vez que o artista belga é considerado o DJ residente. Graças ao impacto das suas atuações transmitidas para todo o planeta, hoje em dia cumpre um dos seus maiores sonhos: viajar por todo o mundo acompanhado da sua música e dos seus fãs. O Portal 100% DJ teve a oportunidade de conversar com o produtor belga, sobre temas como a sua carreira atual, o nosso país e, claro, o festival que é a sua segunda casa.
 
 
És o DJ residente do Tomorrowland. Como te sentes ao fazer parte do maior festival do mundo?
É ótimo. Todas as pessoas me perguntam isso. Eu estou lá quase desde o início por isso eu vi toda a evolução. Agora tenho o meu próprio palco e atuei também no Main Stage, na edição do Brasil e dos Estados Unidos da América. Estou muito feliz por continuar lá e posso chamar-me de ‘DJ residente’ daquele festival, porque às vezes as pessoas não sabem onde é a Bélgica, a minha terra natal, mas sabem onde é o Tomorrowland.
 
Qual é a tua opinião sobre a expansão do Tomorrowland para outros países como o Brasil ou os Estados Unidos da América?
É muito bom, penso eu. Especialmente o Brasil, na minha opinião, é um grande mercado para mim. O público brasileiro e o Tomorrowland são uma combinação muito boa. A primeira edição ficou esgotada em duas horas e a edição americana também vendeu bem. Acho bem que não o façam em todos os países, mas sim em todos os continentes. É positivo expandir a marca.
 
Já atuaste várias vezes no nosso país. O que tens a dizer sobre Portugal e o nosso público?
Fantástico! Amo o clima, porque é muito diferente da Bélgica e o público tem sempre muita energia. Todos estão felizes e sabem as músicas, é uma das coisas que se consegue ver. A última vez que cá estive, havia pessoas no público com uma bandeira com o nome de uma faixa minha que ainda não tinha sido lançada, foi muito bom. 
 
Conheces algum DJ português?
Sim, o Kura. Que outros DJs portugueses me aconselham?
 
E para quando uma colaboração com um DJ português?
Atualmente estou a planear com o Kura para fazermos alguma coisa. Até agora não tenho nenhuma produção com um artista português mas nunca se sabe o que o futuro possa trazer.
 

(…) o meu maior objetivo: viajar pelo mundo e partilhar a minha música.

 
Qual é a tua colaboração de sonho?
É difícil dizer um só nome, mas se pudesse escolher seria alguém fora da música de dança. Alguém de uma banda de rock, de música clássica, ou um cantor. Algo totalmente diferente e que as pessoas não estejam à espera.
 
Como por exemplo?
Há muitos bons cantores, como por exemplo a Birdy. Ela tem uma voz muito boa que desperta muitas emoções. Iria ser uma excelente combinação. Mas há muitos outros bons nomes que seriam uma boa hipótese. 
 
Qual foi o melhor momento da tua carreira?
É óbvio que tenho de referir novamente o Tomorrowland. O mundo inteiro está a ver o Main Stage e aquilo que tu estás a reproduzir naquele momento. Cada vez que atuo lá, consigo ver as reações nas redes sociais. O Tomorrowland é sempre um momento alto na minha carreira.
 
Na tua opinião, quem merece a primeira posição do Top 100 DJs da DJ Mag?
É uma pergunta muito difícil. Mas acho que a resposta é Dimitri Vegas & Like Mike. São os meus irmãos da Bélgica. Na minha opinião é muito difícil dizer quem possa ser o melhor DJ do mundo, porque existem muitos bons artistas.
 
Que novidades podes desvendar acerca do futuro da tua carreira?
Tenho muitas novas produções a chegar. Espero que tudo corra bem. Vou estar em digressão e esse é o meu maior objetivo: viajar pelo mundo e partilhar a minha música.
 
Que mensagem gostarias de deixar aos seguidores e leitores do Portal 100% DJ?
Quero agradecer a todos que têm ido às minhas atuações e se nunca o fizeram, espero conhecê-los em breve num dos meus próximos shows. Continuem a apoiar a música eletrónica!
 
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A paixão pelo DJing começou bem cedo, por volta dos 14, 15 anos, ainda no "seu" Alentejo, mais concretamente em Beja. Agora, poucos são os cantos do mundo que não conhecem o DJ Christian F, muito por culpa do mega-hit "Bring It On Now". Afirma, nesta entrevista exclusiva ao 100% Deejay que quer "continuar a trabalhar, cada vez mais e melhor" e o seu mais recente "Sunset Lovers", em colaboração com o DJ Gonzalez e a cantora Filipa Sousa é a prova disso mesmo. Crente no lema "o que é nacional é bom", Christian F prepara novidades para breve. O terceiro sucesso está a caminho.
 
 
Como foste "parar" dentro de uma cabine?
Tudo começou nas famosas rádios das escolas - neste caso em Beja - onde ganhei vontade em querer transmitir a todos o que vinha na minha mente a nível musical. O gosto pela rádio já tinha começado antes, mas a paixão pelo mundo do DJing começou por volta dos meus 14, 15 anos. Fui então "contratado" para tocar nos intervalos das aulas e para fazer as matinés/festas da escola. Foram sem dúvida as minhas primeiras experiências numa cabine de DJ, mas num formato ainda muito "caseiro" e sem pensar no que estava ainda para vir.
 
Onde tocaste pela primeira vez? Descreve-nos a sensação…
A primeira vez que toquei numa casa com público (2.150 pessoas nessa noite) tinha eu 15 anos… foi no Bar das Piscinas em Beja, onde eu estava a fazer companhia ao DJ Paulo Abreu (na altura era o DJ residente da casa e foi a pessoa que me ensinou os primeiros passos da minha carreira) que sempre acreditou em mim e que, na altura "inventou" uma desculpa para sair da cabine, deixando-me completamente sozinho e aí tive que me desenrascar! Correu muito bem e desde aí comecei a fazer as folgas do Paulo e tudo começou mais a sério. Foram, sem dúvida, momentos únicos que nunca irei esquecer!
 
Consideras que o DJing está em crise?
Não considero que esteja em crise, já que diariamente surgem novos DJs por todo o lado. Nos dias de hoje, com a crise geral que se faz sentir, acho que é uma profissão que todos querem ou gostariam de ter (alguns pensam ser dinheiro fácil). Não basta ter os temas da "moda" e "saber" misturar... há muita "coisa" por trás que muitos nunca irão saber, nem nunca irão viver/sentir. Para mim, quem tem qualidade e força de vontade irá sempre continuar a trabalhar. Simplesmente não podemos desistir de lutar! Temos que saber enfrentar todos os obstáculos e gerir a carreira da melhor forma.
 
O que mudou com as três importantes nomeações que já recebeste?
Foram sem dúvida um marco muito importante na minha carreira, uma vez que na altura ainda estava a viver no Alentejo e era residente no S-Club em Castro Verde. De repente vejo o meu trabalho reconhecido pela revista Portugalnight. Fiquei bastante motivado e agradecido por todos os que apostaram e votaram em mim. Mais uma vez, deixo o meu agradecimento.
 

"Se as casas trabalharem bem, acaba sempre por haver um retorno positivo para mim. Os nossos "patrões" são os clientes e não os donos das casas [...]"

 
A noite portuguesa, ainda é o que era?
Muita coisa mudou, como já respondi numa questão anterior. Muitas casas abriram, outras fecharam, outras mudaram de nome ou gerência.
No meu ponto de vista, tento sempre adaptar-me ao presente e continuar a trabalhar mais e melhor. Se as casas trabalharem bem, acaba sempre por haver um retorno positivo para mim. Os nossos "patrões" são os clientes e não os donos das casas... nunca se esqueçam disso. Outra coisa muito importante é a humildade, tanto nos artistas, como nos donos/staffs das casas. Dou muito valor quando me dizem "és humilde", mas sou simplesmente... eu.

 
Quando e como decidiste 'vou produzir uma música'?
Já produzia há algum tempo, mas nunca decidi editar um tema, pois pensava não ter ainda chegado a altura certa. Como acredito que em equipa as coisas funcionam melhor, decidi falar com alguns DJs produtores, cantores e produtores de vídeo, para em conjunto ganharmos motivação e iniciar projectos que fizessem sentido - foi o que aconteceu. Nos últimos dois anos editei dois temas, dois videoclips (obrigado à ISpot), saíram vários remixes, atingi Tops de vendas, entrei em chart's de vários DJs e Rádios nacionais e Internacionais... o que me deixa bastante contente e motivado em continuar a trabalhar.

 
2011 foi ano do lançamento do teu primeiro original. Foi fácil produzir a "Bring It On Now"?
Não foi fácil, uma vez que era o primeiro tema com voz e queria que este se tornasse numa canção e não apenas um tema de House. Quero principalmente que as pessoas se identifiquem com as letras, com as harmonias e sintam emoções. Penso que o resultado foi muito positivo e tenho a agradecer ao Mike Van Rose pela parceria, à Lia pela voz, à Marta Pires pela letra e à Exclusive Records (Vidisco), pois sem eles nada seria possível.
 
Este ano ‘Sunset Lovers’ está a fazer sucesso. Porquê este nome? É derivado à tua "veia" algarvia? Inspiraste-te em quê?
A Marta Pires foi novamente a letrista - sem dúvida um dos pilares mais importantes em todas as produções que fiz - e decidi juntar-me com o DJ Gonzalez e com a Filipa Sousa (Vencedora do Festival da Canção RTP e que foi representar o nosso país a Baku no EUROVISION SONG CONTEST 2012). O sucesso do tema "Sunset Lovers" é simplesmente graças ao público maravilhoso para quem toco e graças a esta equipa fantástica que acreditou que seria possível fazer um tema que se identificasse com o Verão e com as famosas Sunset Parties que se realizam no Mundo inteiro.
Muitas pessoas pensam que sou Algarvio, mas sou Alentejano! Claro que tenho uma veia Algarvia e daí ter feito um tema a pensar muito nas nossas praias e Sunset's que todos os dias transmitem emoções e energias positivas a todos nós. Felizmente o tema já é reconhecido internacionalmente, nomeadamente em Angola, Brasil, Moçambique, USA, Suíça, Alemanha, Espanha... Fico muito contente de sentir este feedback em relação aos temas que produzo. Vamos continuar a espalhar a produção nacional pelo Mundo. O que é nacional é bom e dou, desde já, também os parabéns a todos os meus colegas DJs/Produtores que diariamente lutam pela sua carreira.
 
Quanto tempo demorou a produzir, incluindo o vídeo-clip?
Tanto a "Bring It On Now", como a "Sunset Lovers" levaram praticamente o mesmo tempo a serem produzidas. O tempo... foi o necessário para que tudo estivesse realmente como nós acreditávamos que estaria pronto a sair. (risos)
 
Qual dos temas, te deu mais gozo produzir?
O primeiro é sempre o primeiro, mas o segundo é sempre o segundo. O terceiro está a caminho…
 
Que projetos tens na manga?
O meu principal objetivo é que as pessoas se sintam bem quando ouvem os meus temas ou me ouvem a tocar. Quero continuar a trabalhar, cada vez mais e melhor, quero aprender muito mais, quero estar cá para dançar muito e fazer dançar. Obrigado por me fazerem feliz. Em relação a novos projetos, brevemente irei ter novidades.
Muito obrigado à 100% Deejay pela entrevista, tudo de bom.
 
 
Publicado em Entrevistas
sexta, 03 agosto 2012 21:59

“Sou eu, a música e as pessoas”

Tinha quinze anos quando começou a prestar uma certa e especial atenção à música e a demonstrar maior interesse pelo que se vendia na loja de discos do pai - a primeira em Portugal a importar dos EUA máxi-singles de música de dança, área que começou desde logo a reparar com outros olhos.
Aos vinte anos começou a animar o ambiente em discotecas e não demorou muito até começar a atuar lado a lado com nomes de referência da dance music. Em 1994 juntou-se ao conhecido Rui da Silva e criaram o projecto ‘Underground Sound of Lisbon’. Mais tarde nasceu o tema "So Get Up" que rapidamente se espalhou pela rota mundial da música electrónica. Ganhou 25 contos no primeiro cachet. Hoje, além da profissão de DJ, é gerente da Indústria no Porto, e faz um programa de rádio na Antena3. É considerado em Portugal como um verdadeiro ícone da noite. Num excelente fim de tarde, antes da sua atuação no Rock In Rio Lisboa, tivemos uma agradável conversa com ele. Dispensa apresentações. DJ Vibe em entrevista.

 

Como descreves atualmente a noite em Portugal?
Já teve melhores dias, mas acho que continua a haver muita casa e muita oferta. Hoje em dia, devido às circunstâncias em que o país se encontra, há uma grande limitação… Mas enquanto houver noite e festas as pessoas vão continuar querer divertir-se.

És um DJ que percorreu várias gerações, sendo um dos principais pioneiros da música eletrónica em Portugal. Quais são para ti, as principais diferenças entre gerir um set hoje e há 20 anos atrás?
Não são muitas. Hoje o que é diferente passa pelo facto do público ser outro, a música também é outra, a forma como se toca também é outra, a tecnologia que apareceu veio ajudar de certa forma, a melhorar a performance, mas a maneira como o set é preparado ou pensado, é exatamente a mesma coisa. Não há grande diferença.

Vens de uma época que o som caloroso do vinyl envolvia as pistas de dança mas atualmente tocas com o sistema digital.
Defendes que o digital é o futuro e uma mais valia para o djing?
Eu sou defensor de tudo o que possa ajudar nas minhas performances. Se isso passa, pelo digital…
Não quer dizer, que não continue a comprar vinyl, passo tudo a digital, mas realmente as tecnologias vieram ajudar bastante, principalmente para quem viaja como eu, para deixar de andar com caixas de discos de quarenta quilos cada uma, e hoje em dia está tudo num computador e se calhar até levo mais música, e é bastante mais prático.
Acho que a tecnologia que apareceu serviu essencialmente para ajudar a trabalhar melhor ainda.

Mas és um adepto da qualidade e tens preferência por material analógico...
Hoje em dia os próprios sistemas mais recentes, já estão mais ‘afinados’ para poderem tocar o digital. Obviamente que não dá para fazer uma comparação: Estás a tocar um disco de vinyl num sistema analógico ou estás a tocar uma faixa em MP3 num sistema digital – são diferentes. Por outro lado, a maior parte da música que se faz hoje, também, toda ela é mais eletrónica do que era há uns anos atrás. Antigamente podia-se usar elementos mais acústicos, samples, etc. Hoje em dia, não é tanto assim, pelo menos nesta fase. Não quer dizer que não venha a acontecer daqui a uns meses, comecem a aparecer. E depois lá está… as origens são analógicas mas depois tocam-se em digital.
Para mim, o essencial é sentir-me confortável, ter um sistema de som que possa responder. Se é digital ou analógico… já não me faz diferença.

 

"Para mim, o essencial é sentir-me confortável, ter um sistema de som que possa responder. Se é digital ou analógico... já não me faz diferença"

 

Ultimamente tens estado ausente no que diz respeito a produção. Podemos esperar novos temas teus para breve?
Sim. Estou a trabalhar nalguns temas novos. Tive parado durante alguns tempos, devido à discoteca no Porto que foi um projeto grande, mudei-me para o Porto, agora estou de volta a Lisboa. Espero até ao final do Verão já ter algumas coisas para poderem ser tocadas.

Fala-nos um pouco sobre o Indústria…
O Indústria foi uma coisa que não foi pensada, não estava à espera de me envolver assim num projecto… mas aconteceu e todas as minhas energias de há dois anos para cá, estiveram viradas para a Discoteca. Construir um clube com aquelas características não foi fácil, mas felizmente a agora está a ‘rolar’ e estou muito satisfeito com o resultado da casa. Está a trabalhar bem com uma grande diversificação de DJs.

A tua presença no Rock In Rio tem sido assídua. Fala-nos um pouco dessa experiência…
Sim, tenho tocado praticamente em todas as edições tanto de Lisboa como de Madrid. No Rio de Janeiro não foi muito feliz, pois toquei numa hora complicada, mas no geral tem disso uma boa experiência. De todos, para mim, o melhor Rock In Rio é o de Lisboa, por causa de todo o envolvimento. O Parque da Bela Vista é realmente espantoso para se fazer este tipo de eventos e de todos os que eu tive presente, destaco sempre o de Lisboa.

Na tua opinião, qual é a característica que um DJ tem de possuir para se consolidar no mercado atual?
Penso que há dois ou três factores importantes. Um deles é gostar mesmo de música, outro é dedicar-se a isso e essencialmente tocar para as pessoas.
Eu sou de uma geração, e de uma escola, se é que existe… que ‘sou eu, a música e as pessoas”. Toco para as pessoas e o importante é perceber que as mesmas estão a divertir-se pela música que estou a tocar e não por me verem a fazer umas ‘palhaçadas’.

 
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Antes dos noventeiros se estrearem num festival, no Rock in Rio Lisboa, o Portal 100% DJ esteve à conversa com Miguel Galão, um dos responsáveis pelo projeto. Este conceito tem dado que falar e é um sucesso a nível nacional, arrastando milhares de fãs dos anos 90 de todas as idades. Nesta entrevista, Galão desvendou toda a história do projeto e ainda previsões para o futuro do conceito.
 
Como surgiu este conceito dos anos 90?
Este conceito surgiu a partir de duas empresas que estão no meio e que são parceiras jhá muito tempo, onde já eram feitas outras festas temáticas, uns têm agências de booking management, outros são DJs... E surgiu porque nós já estamos todos com mais de 30 anos e um bocadinho fartos destas modas de hip hop, reggaeton ou EDM. Quando nos divertíamos ou estávamos em casa dávamos por nós a fazer aquele revivalismo das músicas que nos lembrávamos. Então pensámos: “bora pegar nisto! Isto é o que nós fazemos”. As festas têm um pouco do que já trazíamos do Rebel Bingo, ou seja, a componente um bocado teatral e interativa e foi assim que começou.
 
O Rock in Rio Lisboa foi o primeiro festival do Revenge Of The 90’s. Existe alguma diferença mais notória entre as vossas festas em nome próprio e em festivais?
Há muitos festivais que não têm tantas pessoas como aquelas que já estiveram presentes nos nossos eventos. Quando fazemos eventos em nome próprio, somos nós que controlamos tudo desde a pré-produção, produção e pós-produção. O público é todo nosso, vai lá única e exclusivamente para nós. Somos nós que fazemos o espetáculo, a produção do recinto, a exploração dos bares e no Rock in Rio Lisboa não. É como se fossemos uma “banda convidada”.
 
As vossas festas têm sempre artistas convidados. No futuro poderemos contar com algum DJ consagrado dos anos 90?
Claro que sim! Nos anos 90 não existia tanto o que acontece nos dias de hoje, o facto de um DJ ser uma superstar. Mas existem e já estivemos em conversações com alguns. Não fazemos este evento pela música em si. Por exemplo, eu e a Constança (Coca Castelo Branco) colocamos música mas não somos sequer DJs e não é só pela música que as pessoas vão aos nossos eventos. É pela experiência em si, desde a antecipação do evento, à entrada do mesmo, a todo um espetáculo que está montado para que seja uma coisa muito sentimental, de experiências e sensações mais propriamente do que músicas. Mas sim, muito em breve isso irá acontecer.
 

 
É obrigatório usar dress code da época?
O dress code nunca foi algo existente na nossa comunicação, mas as pessoas perguntam se podem ir vestidas como nos anos 90. Festas dos anos 90 já existem há muito tempo, nós não inventámos propriamente a Coca-Cola. Nós inventámos a Coca-Cola no sentido que fizemos um upgrade e tornámos isto numa coisa muito mais profissional. Isto começou de amigos para amigos. Todos se conheciam. É um bocadinho aquele carnaval fora de época, em que se pode ir à vontade. Os anos 90 também têm a questão da moda, os gadgets e acessórios que estão a voltar também. Grandes marcas mundiais estão a apostar nesse revivalismo. As pessoas vestem literalmente a camisola e quando se olha para a moldura e se vê as fotos e os vídeos percebemos que é completamente diferente do que se formos todos ‘normais’. Mas não pedimos um dress code, é uma coisa que acontece naturalmente, fica bem e as pessoas divertem-se imenso.
 
Todos os vossos eventos têm um tema. Queres adiantar alguns dos próximos?
No Rock in Rio foi apresentada uma nova temática, que se chama “Welcome To The Jungle” e que nos vai acompanhar na próxima tour, com início a dia 13 de outubro, em Lisboa e vai até abril do próximo ano. Vamos andar pelo país inteiro. O nome vem da música dos Guns & Roses, mas não vai estar a 100% ligada à banda ou ao género musical. Agora é meter “Jungle” e “90s” no Google e no Youtube e “let the games begin”!.
 
No futuro, será que contamos com um Revenge dos anos 2000?
Mais cedo ou mais tarde vai ter que acontecer, tal como foi com os anos 70 ou 80. Quando começámos este evento, o nosso público-alvo era pessoas acima dos 30 anos, mas depois de ficar viral e tornar-se moda, ficámos com muitos millennials nos nossos eventos. Acho que ainda não é altura, basta ver por exemplo uma grande festa em Portugal que fez agora anos, a M80, continua a estar cheia pelo país inteiro. Nós achamos que o revivalismo tem de se deixar acentar. Porque senão, não vai ter o mesmo efeito surpresa e emocional que deveria ter. Obviamente que nós vamos estar numa pole position, uma vez que já fazíamos eventos, mas acredito que o Revenge Of The 90’s tenha mais 10 ou 15 anos. Depois virão os anos 2000, ou quem sabe outra vez os 80. Tudo é possível. 
 
Quais são as maiores diferenças a nível musical entre os anos 90 e a atualidade?
Há diferenças gigantes. A internet veio mudar tudo. Crescemos a ouvir os vinis em casa dos nossos pais, depois veio a cassete. Gravávamos cassetes dos amigos porque não havia dinheiro para as comprar. A seguir, vieram os CDs e podíamos fazer o mesmo. Ou então ouvíamos muitas vezes os mesmos álbuns. É muito fácil ver num disco dos anos 90 de certas bandas em que estavam presentes 5, 6 ou 7 singles e hoje em dia é tudo muito fugaz. Agora pode-se comprar uma música. Naquela altura havia o single, o LP, a cassete ou o disco. Hoje em dia há muita oferta e com a internet a música chega a toda a gente. Essa é, provavelmente, a maior diferença. As pessoas continuam a comprar música, mas às vezes faixa a faixa. 
 
E a nível de qualidade musical?
Como em tudo na vida, isso são gostos. Eu tenho amigos que produzem EDM e outros que fazem kuduro, funk e rock. Acho que há gostos para toda a gente e qualidade para todos. As pessoas têm de ouvir o que gostam e aquilo que lhes transmite a mensagem que querem. Obviamente que a nível de qualidade, edição e produção, hoje em dia é muito mais fácil fazer música. Qualquer pessoa pode fazer um álbum em casa. Por exemplo o Agir, muitos pensam que ele só faz música há dois anos, mas já faz há 15, desde o seu quarto. Hoje, com um computador, teclado e software, todos podem ser uma estrela. 
 
Que artistas gostariam de convidar no futuro para integrar o vosso cartaz?
Nós damos sempre preferência aos artistas portugueses. Os cantores de música popular portuguesa, por exemplo, apenas lhes é dada importância nos Santos Populares e as pessoas dizem que é música da “terrinha”, quando são músicos que estão cá há muitos anos. A Ana Malhoa, os Anjos ou o Toy continuam a trabalhar há 30 anos seguidos e isso não pode ser só sorte. Nós somos privilegiados. Já os conhecíamos e eles alinham connosco. A energia sente-se em palco e no público e faz-se a festa. Na verdade, estamos todos a jogar em casa. A nível internacional, há os Backstreet Boys, Mariah Carey, Spice Girls, Guns & Roses, fora aqueles que já vieram cá, esses sonhos existem. Mas temos que ver que isso está num nível de cachet e de exigência e que em termos de idade, já não são propriamente novos. Mas acredito que no futuro, nós temos condições e estrutura para isso. Começámos com 500 pessoas e agora já contamos com 12 mil. Fazer um Altice Arena ou um estádio de futebol é só uma questão de tempo. Assim haja dinheiro, apoios, vontade, a febre dos 90s e que as pessoas continuem a acreditar em nós e a seguir-nos.
 
O Altice Arena parece estar próximo...
Sim. Já vi muitos concertos no Altice Arena com muito menos pessoas do que a nossa festa na FIL que teve 12 mil pessoas. Mas o nosso espetáculo é muito específico e trabalhamos com muitos parceiros e marcas. Temos dinâmicas próprias porque gostamos de produzir tudo. Às vezes há salas em que é possível trabalhar com mais facilidade e outras não. Outras são caras e não têm disposição que nós achamos que faça sentido para o nosso tipo de público e de evento. Nós preocupamo-nos muito com o público, porque isto não é só fazer dinheiro com a bilheteira. Para nós os VIPs são quem nos compra os bilhetes, é quem nos segue e apoia. Portanto, passando de 500 para 12 mil num ano e meio, chegar aos 20 mil ou mais, não é nada por aí além. Desde que seja bem feito e não fujamos aos nossos princípios.
 
Deixa uma mensagem para quem vai ler esta entrevista.
Música é música. São emoções. A música muitas vezes ajuda-nos com os nossos problemas. Quem tem um sonho ou gostaria de fazer eventos, acreditem que tudo é possível. Nós, um era ator, o outro era fisioterapeuta e quando existe vontade, profissionalismo e princípios, o sonho é possível e acontece. Portanto, sigam os vossos sonhos, oiçam o que quiserem ouvir e apoiem quem vocês gostam, porque muitas vezes o público é o que faz o resto acontecer. São eles que pagam os bilhetes, compram merchandising e fazem as redes sociais mexer. 
 
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O testemunho foi-lhe dado pelo seu pai, também DJ. Atuou pela primeira vez na cidade da Guarda e foi precisamente aí que decidiu traçar o caminho concreto daquilo que pretendia fazer. O fascínio pela música eletrónica foi crescendo e hoje apresenta uma carreira sólida, fruto de grande dedicação e procura por fazer mais e melhor. A produção musical também faz parte da sua vida. Já lançou inúmeros sucessos musicais em editoras de prestígio a nível mundial e outras tantas novidades que estão a ser preparadas. Na primeira pessoa, Pedro Carrilho em entrevista ao Portal 100% DJ.
 
Como se deu a tua incursão na música eletrónica?
Na década de 80 o meu pai realizava trabalho de DJ num clube local e, graças a isso, tive contacto privilegiado com discos dos mais variados géneros musicais, funk, pop, disco, rock ou qualquer estilo que tocasse em discoteca, alguns bastante exclusivos que apenas conseguíamos adquirir no país vizinho. A experiência do vinil foi-me sendo transmitida dessa forma e é então natural que, na década de 90, eu já consumisse regularmente compilações de música eletrónica com sonoridades mais house-music. Nessas coletâneas fascinava-me o conceito de mistura do DJ... a forma como se cruzavam e conjugavam as faixas, era super interessante e uma novidade para mim, pois até então não tinha acesso a qualquer equipamento profissional. Apenas "devorava" aqueles CDs sem grande conhecimento e levado unicamente pelas sensações que a música me proporcionava.

Foi então a partir dessa altura que começaste a ganhar gosto pelo Djing...
Correto. Por altura do ano 2000 comecei a pesquisar mais sobre a arte de DJ e as suas origens, bem como a tecnologia disponível para o efeito. Logicamente o acesso à informação era limitado, comprava livros e revistas em português, inglês ou espanhol e comecei a integrar-me em "comunidades" como a Dance Club, Danceplanet, MK2 ou Bimotor, onde já era possível obter boa informação e debater ideias com pessoas mais experientes. Foi nessa altura que surgiu o interesse pela vertente da produção de música, no entanto o processo de aprendizagem era manifestamente mais lento. 

Ainda te recordas da primeira atuação?
A minha primeira atuação foi na matiné de um bar da minha cidade natal, a Guarda. O responsável deu oportunidade a mim e a outro colega, também ele um aficionado de música eletrónica. Levámos o nosso material e, logicamente, a excitação era grande por ser o primeiro local onde tínhamos um público que estava ali para nos ouvir. A partir daí tracei o caminho que vemos habitualmente no mercado do DJing: fui amealhando contactos, praticando regularmente e conseguindo atuações em festas fora da cidade.
 


Depois de toda essa curiosidade, passaste para a produção musical.
Sim, foi tudo sensivelmente no mesmo período. Pesquisava imenso sobre as matérias e softwares de estúdio, tentando conjugar tudo com a vida de estudante. Procurava toda essa informação apenas por querer perceber como trabalhavam os profissionais, ainda sem almejar uma carreira. Este processo era bastante mais lento do que é nos dias de hoje, pois não havia muitos artistas locais com quem pudesse contactar e aprender. As coisas tomaram um rumo mais frenético a partir de 2005, o ano em que surgiram as minhas primeiras edições discográficas. No início era surpreendente ver o meu nome nas lojas, revistas e variadíssimas charts de house-music. Comecei rapidamente a ser requisitado para entrevistas e remisturas de artistas estrangeiros e fui, dessa forma, criando o percurso de DJ/Produtor mais sério e profissional.
 
Das inúmeras faixas que já produziste, tens alguma mais especial? Porquê?
Confesso que é difícil escolher uma faixa em toda a discografia. Dos primeiros anos de produção, destaco talvez a primeira de todas as faixas. O tema intitulava-se "Niagara" e teve ainda edição em vinil pela Stereo Productions. No lado A figurava o meu tema original e, no lado B, a versão de DJ Chus. Para mim foi um boom, pois fui seguidor assíduo do trabalho do Chus durante uma década, foi um artista que me influenciou imenso e com quem tive o privilégio de conversar e trocar ideias algumas vezes. Na altura foi surreal perceber que ele me tinha proporcionado aquela oportunidade. O primeiro disco foi deveras especial!

É quase o sonho de qualquer produtor musical...
Sem dúvida! Tive a sorte de conseguir diversas edições em vinil. Agora é algo mais difícil mas, na altura, era a norma e havia uma filtragem melhor por parte das editoras. Hoje em dia, os artistas - e os ouvintes - queixam-se da saturação do mercado, da quantidade imensurável de música que sai diariamente... não há tanto "controlo de qualidade" e cuidado na seleção por parte de muitas labels. Na altura a editora tinha de acreditar na faixa, ela tinha de encaixar no conceito, caso contrário não apostavam porque os custos de produção e distribuição eram manifestamente maiores e perdia-se dinheiro em edições "menos boas". No entanto acredito que, presentemente, a qualidade de produção nas boas editoras está muito superior e isso é algo transversal a todos os géneros.
 
Atualmente tens algum artista com quem gostarias de fazer uma colaboração musical?
Neste momento estou a adorar todos os trabalhos de CID, Throttle, Steff da Campo, Dave Winnel, Tujamo, Jonas Blue, Plastik Funk, Ummet Ozcan, TV Noise ou Sunnery James & Ryan Marciano. Seria um prazer poder colaborar com qualquer um deles.

Já lançaste faixas em grandes editoras como a Defected ou a Spinnin Records. Queres deixar algumas dicas a novos talentos em relação ao contacto com estas labels prestigiadas?
Quando alguém que ainda está em iniciação me pergunta como pode levar a sua música a editoras de renome, aconselho sempre a não ter pressa. Mais tarde ou mais cedo a qualidade de produção vai subir de nível e a pessoa perceberá quando chega a altura de contactar uma boa label ou publisher. Grande parte dos "novos talentos" acabam por se desmotivar e sentir alguma frustração por não obterem as respostas que pretendem quando, na realidade, a qualidade ainda não é suficiente para tal. Têm de ser mais perfecionistas e tomar mais atenção aos detalhes. Nunca foi tão fácil colaborar e obter feedback de outros produtores, aproveitem isso a vosso favor.
 
A rapidez com que a informação passa também pode influenciar a que as pessoas tenham pressa...
Sem dúvida, é talvez o fator principal. O meu próprio email de promos é caótico (risos). Já tive a oportunidade de visitar conhecidas editoras holandesas (Spinnin, Armada, Mixmash, etc.) onde privei com alguns A&R e verifiquei que, apesar das ótimas equipas que estão a trabalhar, há alguma dificuldade em gerir a enorme quantidade de música que chega diariamente. Arrisco a dizer que metade do que recebem simplesmente não se enquadra na editora, não é "fresh" e é até - muitas vezes - demasiado amador. As redes sociais têm os seus lados positivos mas levam também a que estes novos talentos se sintam facilmente deslumbrados e influenciados pela vida de rockstar que os seus ídolos retratam no Instagram ou pela transmissão de eventos extraordinários como o Tomorrowland ou UMF.

Quando estás a produzir, quais são as tuas inspirações?
Depende um pouco do tipo de projeto em que estou a trabalhar, mas diria que o público e a emoção de apresentar o trabalho ao vivo são sempre a maior inspiração. Sou influenciado por outros artistas e editoras, logicamente que utilizo imenso a internet para tentar perceber o que é trendy e até, por vezes, "samplar" algo interessante. Evito entrar em estúdio se não tiver ideias, prefiro escutar alguns DJ sets e referências, numa espécie de brainstorming. O produto final resulta sempre desse turbilhão de influências misturadas com o meu estilo habitual de produção. Nos últimos anos, o suporte e feedback que vai surgindo por parte de grandes nomes internacionais também têm um papel importante no processo de produção. Nomes como Fatboy Slim, Fedde Le Grand, Ummet Ozcan, Lucas & Steve, Sunnery James & Ryan Marciano, Jonas Blue, Tujamo, Mike Williams, Gregor Salto, Dannic, Firebeatz ou Kryder (entre muitos outros) têm surgido a tocar as minhas faixas em DJ sets ou radio shows e essa componente ajuda-me também a perceber o que está a funcionar melhor para eles e quais as ideias que poderei colocar de parte.
 

 
Com que género musical te identificas mais ou te sentes mais à vontade a trabalhar?
No início, o house com influências mais tribal e groovy foi o género que produzi mais e com o qual sempre trabalhei com relativa facilidade. Atualmente, fruto das mudanças que surgiram na scene internacional nos últimos 10 anos, sinto que se quebraram imensas barreiras e que quase todos produtores estão a cruzar mais géneros e arriscar cada vez mais. Tenho feito alguns trabalhos com influências future house, future bounce e até pop. Penso que é difícil encontrar hoje um artista de eletrónica que apresente apenas um só estilo na sua discografia ou DJ sets. 
 
Lecionas também formação na área da produção musical. Consideras importante esta troca de conhecimentos e experiências?
Sem dúvida. A formação leva-me a explorar e progredir muito mais a componente de produtor, para lá do entusiasta de home-studio que era há uns anos. É uma atividade muito gratificante que proporciona um contacto constante com outros profissionais da área e com artistas dos mais variados géneros e raízes musicais. Tudo isto faz com que os meus horizontes estejam sempre abertos e consiga explorar/leccionar diferentes vertentes da produção musical. Aliado a isso tenho também trabalhos e parcerias com gente do hip hop, rock, TV, mix & mastering, etc. Estive inclusivamente em Moçambique a dar formação na área durante quase 6 meses. São experiências deveras inesquecíveis!
 
Consideras que em Portugal ainda existem muitas pessoas interessadas em aprender a fazer música eletrónica?
Existem cada vez mais pessoas interessadas em produção e tecnologias de música, de um modo geral. Há diversas escolas espalhadas pelo país mas a informação que encontramos online poderá  fazer com que alguns entusiastas apostem menos nessa formação. A web não veio, de modo nenhum, descredibilizar as escolas, no entanto, muitos dos possíveis formandos não vão investir em horas de curso uma vez que podem obter online muita informação semelhante. Mas não tenho dúvidas que toda a área do audio-visual está em crescimento no nosso país e as escolas continuam com imensa procura.
 
Achas que existe espaço para novos artistas?
Sim. Há espaço para novos artistas, novos eventos. O mercado da música eletrónica é deveras abrangente (não é só "a noite") e por isso vai sempre haver espaço para novos acts e sonoridades, até porque estamos a atravessar um período em que há uma procura muito acentuada de artistas de eletrónica em grandes festivais, eventos académicos, etc. Nos diversos países onde já atuei, praticamente todos consideram que o mercado deles está igualmente saturado. Partilho um pouco dessa opinião, mas penso também que o mercado acaba sempre por filtrar os que são bons - e ficam durante muitos anos - em detrimento dos que vieram apenas exercer a atividade sem qualquer visão e profissionalismo. Compreendo que seja arriscado para um evento apostar em nomes desconhecidos e menos "seguros", mas quero acreditar que os bons artistas vão sempre conseguir conquistar essas oportunidades.

O que é que achas que deveria mudar na cena nacional e internacional da música eletrónica? Consideras que existe algo que deva mudar?
Essa é a million-dollar-question. Gostava, honestamente, que a música fosse mais uma meritocracia e não tanto um jogo de interesses e business. No entanto, esse não é o mundo em que vivemos e diria até que essa adaptação constante às novas tendências é um desafio que serve de motor na dance scene. No DJing encontro alguns colegas desagradados pela dificuldade que há em poder tocar a música deles nas casas de Portugal, mas qualquer profissional da área sabe que as trends são algo cíclico e por isso é necessário adaptar-se ou encontrar o seu nicho. Há, atualmente, uma componente muito forte de música latina e funk a tomar conta do mundo e das charts. Contudo, vemos grandes artistas internacionais incorporarem essas sonoridades nos seus DJ sets. Fazem-no não apenas por ser trendy, mas principalmente para mostrar a versatilidade da música eletrónica. Eu gosto desse desafio e vejo isso como uma forma diferente de jogar com um DJ set. 
Em relação a eventos, gostava imenso de ver no nosso país um maior número de DJs dos estilos/editoras com as quais me identifico. Os festivais de Verão são importantíssimos para manter Portugal no mapa da electrónica e trazem-nos grandes artistas dos mais variados registos (The BPM Festival, RFM Somnii, Boom, EDP Beach Party, Rock in Rio, e outros). No entanto, são poucos os clubs que apostam em internacionais durante a "época baixa" e acredito que o público quer (e merece) um pouquinho mais.

Como foi a experiência do RFM SOMNII no ano passado?
Adorei o ambiente do festival, foi uma experiência muito gratificante. Tenho acompanhado todas as edições e, felizmente, mantenho o contacto com os DJs da RFM Rich & Mendes, a quem deixo um especial agradecimento por tanto apoiarem e tocarem a minha música. Eles consideraram que a minha sonoridade encaixava no evento e acabei então por fazer o warm-up para Blasterjaxx, Timmy Trumpet, San Holo e Laidback Luke.
 

Entraste diretamente para o 18.º lugar no TOP 30 do Portal 100% DJ do ano passado. Qual é a tua opinião sobre este tipo de distinções e que palavras de agradecimento gostarias de deixar em quem votou em ti?
Antes de mais tenho de agradecer aos colegas, leitores, fãs e amigos que votaram e que me ajudaram a chegar a este TOP 30. Fiquei muito agradado com esta distinção que foi, no fundo, o culminar de um ano muito positivo na minha carreira, a nível de gigs nacionais, internacionais e apoio de alguns dos grandes DJs do mundo. Parabéns à 100% DJ por esta iniciativa.

Que novidades sobre a tua carreira nos próximos tempos podes revelar?
A nível de colaborações com estrangeiros, tenho novos trabalhos com Nicola Fasano e Dennis Cartier (Tomorrowland). Dos nacionais há duas novas faixas com Pedro Cazanova e Club Banditz, embora ainda sem datas de lançamento definidas. Há também uma remistura oficial para o grande Shaggy e outra para um DJ internacional que não poderei ainda revelar. Tenho ainda um outro projeto muito desafiante, em que apresento um live-show junto com dois músicos em palco: violino (Mr. Vlalen) e percussão (Guitos). A forma como vamos tocar é pouco vista em Portugal, acreditamos que o conceito será bem recebido.
 
Queres enviar uma mensagem para os leitores?
Continuem a dar todo o vosso apoio às plataformas de música eletrónica, pois são projetos como este que nos ajudam a crescer e divulgar o que de melhor se vai fazendo no nosso país.  
Um grande obrigado a todos os que seguem o meu trabalho - na cabine ou nas redes sociais - e me transmitem tanta motivação. Saudações musicais.
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Poucos são os palcos e clubes nacionais que Overule não terá ainda pisado. Com uma média anual de 150 atuações que classifica como "muito gratificante", é possivelmente o DJ que mais "toca" em terras lusas. 
Além dos discos, coleciona também uns sólidos 11 anos de carreira. Nesta entrevista exclusiva ao Portal 100% DJ, Overule fala do seu passado e da sua experiencia, comenta as vantagens e desvantagens da "era" do Digital DJing, opina sobre a noite em Portugal e faz um balanço muito positivo do ano que passou, destacando dois gigs que lhe ficaram na memória. Contou-nos ainda os pormenores do "Mr Superstar" - o seu novo single de estreia, confessando que para o produzir se inspirou nas tendências dos finais dos anos 70, inícios de 80.
Durante o decorrer deste ano e além da promoção do novo single, Overule estará empenhado no concretizar de um novo projeto com um baterista - notícia que nos desvendou. Para conhecer na primeira pessoa… Overule!
 
 
O que é que te levou a entrar no mundo da música?
Acima de tudo sempre gostei de música. Sempre mexeu comigo tudo o que está interligado com música… possivelmente começou por aí. Depois comecei a ouvir determinados estilos de música que têm mais envolvente do que apenas música, estou a falar nomeadamente do Hip Hop, que despertou para mim um interesse muito maior em relação à música e à maneira como eu via a música. Foi por aí que dei os primeiros passos.
 
Há quanto tempo és DJ?
Há cerca de 16 anos. Profissionalmente, há 11 anos.
 
Deixaste de estudar para ingressar no mundo da música, não foi?
Não foi propriamente para ingressar no mundo da música. Eu deixei de estudar para me tornar um DJ profissional. Na altura foi uma opção difícil porque estava muito pressionado, principalmente pela minha família, mas tinha em mente que me “iria dar bem”, porque já andava com um ritmo de trabalho grande e sabia também o meu valor e as minhas capacidades. Previa que se tivesse o tempo necessário para me dedicar a 100% a isto, que conseguiria ser bem sucedido. Foi isso que me levou a deixar de estudar. Não sei se um dia mais tarde me vou arrepender disso, mas para já não me arrependo e tem corrido bem. Se calhar a maior razão para ter deixado de estudar, foi imaginar-me no final do curso, a trabalhar num escritório, fechado 8 horas ou então a fazer o que faço neste momento. Coloquei as duas coisas na balança e decidi fazer o que atualmente faço, precisamente porque sabia que ia ser muito mais feliz. Se não o fizesse e se tivesse continuado com o curso, não seria uma pessoa tão feliz como sou hoje.
 
Já foste DJ de uma banda de Hip Hop. Queres contar-nos essa experiência?
O DJing apareceu na minha vida através do Hip Hop, porque antes de ser DJ, o meu objetivo era fazer scratch. Eu não sabia nenhuma técnica de mistura, nem nenhuma técnica do que está associado ao trabalho de um DJ, apenas tinha interesse em fazer scratch, e comecei por aí, sem material nenhum, a brincar com uma aparelhagem que os meus pais tinham lá em casa e com alguns vinis antigos do meu pai. Depois fui para a banda de Hip Hop. Senti necessidade de fazer, de alguma forma, parte do movimento Hip Hop, e na altura, aquela vertente com que mais me identificava dentro das quatro que compõem o Hip Hop (DJing, MC, Graffiti e B-boying), era precisamente o DJing e as coisas começaram por aí. A banda de Hip Hop também ajudou a que evoluísse como DJ e que abrisse mais os meus horizontes no trabalho que faço atualmente. Penso que o Hip Hop nesse aspeto foi uma escola para mim, servindo de impulsionador daquilo que faço hoje. Depois obviamente que fui evoluindo e tomando conhecimento de outros estilos musicais, de outras culturas... mas começou por aí.

Assumes-te um DJ de Hip Hop?
Não propriamente. Acima de tudo considero-me um freestyler. "Estilo livre - Open format" é como se denomina o tipo de DJs como eu. Também não toco todos os estilos de música, porque há determinados estilos que eu próprio não compreendo e não me dizem nada. Eu toco aqueles que me dizem alguma coisa e que eu acho que têm qualidade suficiente para inserir e me divertir a tocar.

(...) as ferramentas estão mais facilmente disponíveis, há muito mais gente a aderir e a querer ser DJ.

 
Basicamente misturas "todos" os géneros musicais. Neste momento e na tua opinião qual é o género que as pessoas absorvem mais e melhor?
Acho que a nível de música eletrónica, o House em Portugal tem uma aceitação muito grande e desde que existem DJs portugueses nos clubes, de há 40 anos para cá, que este género musical sempre teve um peso muito forte. Se calhar não é o que me entusiasma mais, mas tenho de reconhecer que em Portugal é o que tem mais força. 
 
Tens ideia do número exato de discos que coleccionas?
Nunca me dei ao trabalho de os contar a todos, um a um. Fiz uma contagem assim por alto, da última vez que mudei de casa, e rondavam os dez mil discos de vinil. O crescimento desta coleção já estagnou, há três ou quatro anos atrás, altura em que eu aderi ao Serato e às novas tecnologias. Hoje em dia também é muito raro comprar vinil, a não ser que haja algum específico que seja de coleção, mas tirando isso a maioria das músicas que compro são digitais. 
 
Por falar em digital... Qual é a tua opinião sobre o digital djing e toda esta nova era?
Tem as suas vantagens e desvantagens. Se olharmos do ponto de vista em que eu, há uns anos atrás, quando tocava só com vinil, tinha que carregar quatro malas de 100 discos cada uma e que me dava cabo das costas e do físico, e hoje em dia só tenho de carregar um laptop, nesse aspecto é bastante positivo. Mesmo a nível do trabalho, ajuda imenso porque hoje em dia, com programas digitais, conseguimos fazer determinadas coisas que com música tocada em vinil não seria possível. Acho que essas são as principais vantagens. As desvantagens por sua vez, passam pelas empresas que desenvolveram esses softwares, que estão a tornar o trabalho do DJ cada vez mais fácil. O que de certa forma permite que os novos DJs não se esforcem tanto e não trabalhem tanto a parte técnica como se trabalhava há uns anos atrás. E isso de certa forma está a causar uma menor qualidade no nosso trabalho e na maioria dos DJs que se vêem por aí, porque não se preocupam minimamente em fazer um trabalho técnico. Acho que os programas também ajudam a essa facilidade, a esse comodismo. 
 
Já que o trabalho é facilitado, consideras que os softwares também ajudam a que haja um número mais elevado de pessoas interessadas?
Eu acho que a procura é a mesma, só que como as ferramentas estão mais facilmente disponíveis, há muito mais gente a aderir e a querer ser DJ, e, no fundo, eu não acho isso mau nem vejo nenhuma desvantagem nisso - acho que há lugar para toda a gente - mas acho que no mínimo as pessoas que querem ser DJs, deveriam esforçar-se para saberem o básico da técnica e aprender um pouco sobre a história da música, ou seja, a sua cultura musical, porque isso também conta, não é só ir aos tops de determinadas rádios e lojas, e "sacar" todo aquele top e fazer um set só dessa listagem. Há por trás um trabalho muito maior e muito mais exigente que apenas esse. 
 
Que opinião tens sobre a noite em Portugal?
Sinceramente já foi melhor. Acho que a noite em Portugal tem vindo a perder qualidade, mas ainda há alguns espaços em que se consegue sair e ter um serviço de qualidade - isto é, serviço de qualidade a todos os níveis, desde o serviço de bar, a porta, a qualidade do DJ, a música, a decoração da casa... Esse tipo de pormenores que todos juntos oferecem aos clientes um serviço de qualidade. Existem algumas casas que ainda conseguem fazer isso, mas a maioria do que tenho visto por aí, tem vindo a perder um pouco isso. Não estou a dizer que é culpa dessas casas, se calhar também é culpa da crise que estamos a passar e do facto de não estar tanta gente a sair à noite e as casas não têm tanta gente a consumir nas noites em que abrem, que também contribui para que a qualidade seja um pouco inferior. Infelizmente é assim, mas são os dias que correm, e esperemos que venham melhores dias e melhores noites!
 
Tens uma média anual de 150 atuações por ano em Portugal. O que é que isto significa para ti?
É muito gratificante. No final do ano, quando penso nesse número é desgastante mas acaba por ser gratificante, porque o facto de conseguirmos fazer esse número de atuações significa que as pessoas, passados dez anos, continuam a gostar do meu trabalho e a contratar-me e significa que o trabalho e a ideia que eu tinha desde inicio de fazer uma carreira a longo prazo está a ser bem sucedida. Essencialmente é isso que significa esses números. Às vezes, números em si também só não chegam, é preciso dar continuidade a esse trabalho. Quero com isto dizer, que não basta apenas um ano com 150 atuações, mas é preciso manter esse nível e ritmo durante vários anos para se conseguir construir uma carreira sólida.
 

Para mim a fama é apenas um acessório, não é algo que eu procuro, vem apenas por acréscimo do trabalho que faço.

 
Certamente que este número envolve também trabalho da tua agência...
É da agência e não só. Isto é um trabalho de equipa. Nós trabalhamos sempre todos em conjunto. Eu próprio marco datas, não tenho o trabalho de booking completamente entregue a uma agência. É um trabalho que desenvolvemos em equipa e todos trabalhamos em prol do mesmo. 
 
Trabalhas também muito a tua imagem. Atualmente qual achas a melhor e mais viável forma de chegar facilmente aos fãs?
A internet hoje em dia é o meio mais rápido de comunicar com as pessoas, não só com os fãs mas com o público de maneira geral. E principalmente Facebook e plataformas digitais de redes sociais que ajudam a que isso aconteça e as pessoas conseguem por si só também estar mais a par e mais por dentro do meu trabalho e não só, mas também do meu dia-a-dia, sem ser como DJ.
 
Que balanço fazes do ano que passou? Qual o gig que mais te marcou?
Acima de tudo é obviamente um balanço positivo. Foi um ano com bastantes atuações e de muito trabalho de estúdio, porque no fundo para lançarmos determinados temas temos de estar quase um ano a preparar esse trabalho e é isso que eu estive principalmente a fazer o ano passado e vou continuar a fazer este ano também. Relativamente ao gig... vou apontar dois: as festas de São Paio na Torreira, um evento que me surpreendeu imenso. Foi ao ar livre, em cima da praia, com cerca de dez mil pessoas - algo único. O segundo foi a Expofacic, que também gostei bastante e que me correu bem.
 
Tens também uma série de marcas a trabalhar contigo. Consideras que são importantes para o crescimento da tua carreira?
Sim, no fundo nunca fui eu que procurei as marcas, foi precisamente ao contrário. É uma boa associação porque há uma interajuda a nível de trabalho. 
 
Entraste em 2014 a lançar um novo single. Fala-nos um pouco sobre o teu "Mr. Superstar".
Este tema é a minha estreia como produtor a solo. Eu já tinha vindo a trabalhar como produtor noutros projetos e estive associado a vários
 projetos, alguns deles com boa visibilidade, outros nem por isso, mas essencialmente estive cerca de dois ou três anos parado, sem produzir, estava focado nas atuações, nos meus DJ sets e no trabalho que desenvolvo ao vivo. Também o radioshow que faço me ocupou bastante tempo e tirava-me tempo para produzir. No início de 2013 decidi voltar ao estúdio e à produção - porque já andava com saudades disso, e foi principalmente esse o motivo que me levou a produzir. Neste single de estreia, que já fiz há meio ano atrás, e que na altura não sabia se iria ser o primeiro - isso foi decidido mais tarde - decidi convidar o Virgul porque é um parceiro de estrada, com quem trabalho em atuações ao vivo já há alguns anos. Decidi convidar um amigo, que por sua vez convidou outro amigo - o Atiba, que já tinha participado com o Virgul nos álbuns dos Da Weasel e dos Nu Soul Family.
 
No que é que te inspiraste para o produzir?
Acima de tudo inspirei-me nas tendências dos finais dos anos 70, inícios dos 80, naquela linha do Funk e do swing, da Motown, de James Brown, por aí... Eu acho que o Hip Hop em si também tem muita influência do Funk e do Sampling, de coisas de Disco e Funk dos anos 70 e 80, e eu achei por bem começar por essa vertente musical.
 
Consideras-te um "Superstar"?
Não, de todo. O "Superstar" no fundo é uma caricatura e uma crítica social às pessoas que são pouco presunçosas, que procuram a fama apenas como meio de ostentação e não como um "acessório". Para mim a fama é apenas um acessório, não é algo que eu procuro, vem apenas por acréscimo do trabalho que faço.  
 
Para além da promoção do teu novo single, que novos projetos tens para desenvolver este ano?
Tenho mais singles para lançar durante o resto do ano e desde o Verão de 2013 que voltei a trabalhar em rádio e estou a fazer o meu radioshow semanal em 10 rádios do país. E posso adiantar, em primeira mão, que estou a desenvolver para o Verão um projeto ao vivo com um baterista e que irá chamar "Drumma Scratch". Será um projeto engraçado e diferente. Terá um número limitado de atuações que vamos apresentar apenas em grandes palcos. Vamos trabalhar a componente de remixes e edits próprios, tudo para tornar um espetáculo diferente e inovador. 
 
Que mensagem gostarias de deixar aos teus fãs e aos leitores do Portal 100% DJ?
Queria acima de tudo agradecer-lhes pelo apoio que me têm dado ao longo destes anos, por gostarem de ouvir o meu trabalho e por continuarem a sair à noite para me ouvir.
 
 
Publicado em Entrevistas
É conhecido pelo seu carisma e talento notável. Destaca-se por ser dos produtores nacionais com maior projecção além-fronteiras.
A mítica discoteca "Bauhaus", onde teve residência artística, foi o local onde aprendeu a lidar não só com vários estilos de público, mas também com vários registos musicais.
"Russian Guitar", - editado na altura pela Kaos Records - foi o primeiro tema original a constar do seu portfólio. Nesta entrevista exclusiva, Kura confessou no que se inspira quando produz música, adiantou que tem nos planos a médio prazo, a criação da sua própria editora, e falou-nos da grande volta que deu a sua carreira desde que integra a agência WBD Management.
O conhecido DJ e Produtor comentou ainda o término do colectivo sueco "SHM", do qual fez o warm-up no passado dia 18 de dezembro, e lançou os seus desejos para 2013, afirmando que "quero tocar mais vezes lá fora e fazer mais festivais". Para Kura, só se tem sucesso com "trabalho, dedicação e paixão".
 
 
Em que momento da tua vida tomaste a importante decisão: "É isto que quero seguir!"?
Quando deixei de ser DJ residente. Foi aí que percebi que podia viver da música, que podia fazer aquilo que mais gosto, a 100%.

A residência na conhecida discoteca "Bauhaus", foi de certa maneira o teu primeiro contacto com o público?
Não, antes disso já tinha tido várias experiências em outros clubes e bares, mas foi o espaço que me ensinou a lidar com vários estilos de público e vários registos musicais.

Já este ano fizeste a tua primeira tour no Brasil. Como foi a experiência?
Foi incrível, superou completamente as minhas maiores expectativas. Ter a oportunidade de tocar em clubes como o "Pacha" ou a "Posh", e num ambiente de Sunset no "Café de La Musique" de Jureré, renovou o meu entusiasmo de fazer mais e melhor. O Brasil é realmente um país maravilhoso e a música electrónica está em grande nos clubes! Foi sem dúvida uma grande experiência que espero repetir em breve.

Tens um novo tema chamado "Undefeatable" que resulta de uma colaboração com a cantora holandesa Noubya, e que marca o teu regresso a produções mais vocalizadas desde o "Follow Your Dreams". Como é que este tema aconteceu?
Penso que a diversidade é uma mais-valia para qualquer produtor musical, e creio que é importante ser capaz de produzir um tema com uma estrutura de uma canção como o “Undefeatable”. Não o fiz sozinho, contei com o Benjamin e a Noubya na parte da escrita da letra e penso que o todo resultou muito bem. Tenho recebido um feedback extraordinário e a música tem estado a ser muito bem recebida tanto pelos DJs como pelas rádios. Mas como a diversidade é mesmo importante, saiu no passado dia 16 de janeiro, o meu segundo tema pela editora alemã Tiger Records, o “Odyssey”, que é mais direccionado para a pista.

O que consideras mais importante para se ter sucesso?
Trabalho, dedicação e paixão.
 

É muito gratificante receber emails com a aprovação e validação do nosso trabalho por aqueles que mais admiramos.


Qual a música que te deu mais prazer a produzir e porquê?
Como nos últimos tempos tenho produzido muita música torna-se difícil eleger uma única, mas recordo-me, por exemplo, de ter feito o meu tema "Galaxy" em 5 horas, numa madrugada de Inverno, não conseguia ir dormir sem acabar o tema.

O que te inspira quando produzes?
Pessoas, lugares, emoções, outros produtores, momentos...

Em média, quanto tempo demoras a produzir uma música?
Depende, pode demorar 5, 6 horas... ou meses/anos.

Já te passou pela cabeça fundar uma editora?
Claro que sim, é algo que vou fazer a médio prazo. Sempre foi um dos meus objectivos ter a minha editora, editar principalmente os meus temas, mas também fazer um trabalho que considero muito importante de apoio a novos talentos.
 
As tuas produções recebem sempre feedback de nomes importantes...
É uma grande honra para mim. Toda a gente tem os seus ídolos e eu já tive a sorte de alguns deles tocarem os meus temas. É muito gratificante receber emails com a aprovação e validação do nosso trabalho por aqueles que mais admiramos.

A incursão na agência WBD Management alterou a tua carreira? Em que aspectos?
Alterou sem dúvida. A WBD acabou por complementar uma grande lacuna na minha carreira, que era a comunicação e gestão da minha marca. Sempre tratei de tudo sozinho, e com o crescimento do meu nome, as coisas ficaram fora de controlo. Já estava a prejudicar o meu processo criativo por ter de estar a gerir marcação de datas, newsletters, etc. Tenho realmente que agradecer todo o trabalho que a WBD tem feito comigo até agora, tem sido muito importante para o meu crescimento. Além da parte profissional que tem sido muito positiva, acabei também por conhecer pessoas fantásticas e esse é o grande segredo da WDB enquanto agência. São pessoas apaixonadas pelo que fazem, trabalham com gosto, e quando assim é não é difícil de se obter sucesso.

Tiveste o privilégio de tocar no warm-up do espetáculo dos Swedish House Mafia em Lisboa. Qual é a tua opinião sobre o facto de eles terminarem o projecto?
Todos os projectos têm eventualmente um fim. Eu acho que eles acabaram por elevar o nome "Swedish House Mafia" a algo que nunca ninguém vai esquecer, e mais vale sair de cena no topo do que acabar no esquecimento, e acho que se trata disso também. A grande vantagem é que eles vão continuar a solo, e cada um deles é realmente único naquilo que faz, são três indivíduos iluminados, tanto na produção como na vertente de DJ. Pode atribuir-se 80% de tudo o que se faz em música electrónica neste momento a estes três senhores. É algo realmente único e especial..

Na tua opinião, faz falta alguma coisa na noite portuguesa? O quê?
Na minha opinião, faz falta uma maior aceitação à música de dança menos comercial e sistemas de som em condições.

Acima de tudo os meus planos passam sempre por surpreender os meus fãs e dar a conhecer o meu trabalho a um número cada vez maior de pessoas.

 
Tens algum comentário a fazer relativamente à nomeação que o Portal 100% DJ fez, dos 10 DJs/Produtores que se destacaram em 2012?
Fiquei bastante satisfeito com essa distinção e desde já agradeço à 100% DJ que também tem vindo a fazer um trabalho único na divulgação do que melhor se faz por Portugal.

Que planos tens para este novo ano?
Em 2013 vou continuar a trabalhar todos os dias para fazer mais música e abordar outros estilos, quero tocar mais vezes lá fora e fazer mais festivais. Acima de tudo os meus planos passam sempre por surpreender os meus fãs e dar a conhecer o meu trabalho a um número cada vez maior de pessoas. Espero continuar a fazê-lo.

Que mensagem gostarias de deixar aos leitores e fãs?
Espero que continuem a acompanhar o meu trabalho, tanto nas redes sociais como nas minhas actuações. É muito importante para mim receber o vosso feedback - ajuda-me a crescer como profissional. Agradeço todo o carinho e apoio que me têm dado até agora, são vocês que me motivam todos os dias para trabalhar ainda mais, mesmo quando as coisas não correm bem. Obrigado a todos!
 
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