É mais que evidente que o termo disc-jokey (DJ) é o mesmo desde sempre, o que não é evidente são as técnicas de djing utilizadas ao longo dos tempos. E isso deve-se principalmente à tecnologia disponibilizada em cada período dos tempos. Desde um simples DJ de rádio a um DJ de turntable scratching, onde a técnica é a parte principal, existem 3 fatores-chave importantes a reter e avaliar em qualquer DJ que se preze: cueing (colocar o playback de uma música na parte desejada e/ou correcta), equalização (modificar as frequências de modo a quando se alterna entre faixas se faça com suavidade, isto é, eliminar sons indesejados, tornar mais eminente vozes ou instrumentos, tornar mais evidente certos tons do instrumento, entre outros), e audio-mixing (os famosos efeitos dos DJs que têm que ser devidamente controlados, como por exemplo o reverb).
O termo “DJ” sempre foi associado à radio até os mesmo começarem a aparecer ao vivo. Em 1943 Jimmy Savile (DJ inglês que começou como “Radio DJ”) lançou a primeira DJ Dance Party tocando discos de Jazz e pode-se dizer que a partir desse momento uma nova era tinha nascido. A famosa Jukebox, tinha outro sentido agora. Já se podia fazer os discos pedidos ao vivo.
Em 1969 o DJ americano Francis Grasso (na imagem à esquerda) tornou popular o beatmatching - sincronização dos tempos na transição de músicas.
Após uma moda de música pop como música de clubes e discotecas, em 1975 o DJ de hip-hop Grand Wizard Theodore (imagem à direita) inventou, sem querer, a técnica do scratching - técnica usada para produzir sons com o movimento de um disco de vinil para atrás e para a frente numa turntable.
Pode considerar-se então que o período dos anos 80 foi o que registou a maior evolução de sempre na história do DJing. Em 1981 com o lançamento da MTV e do termo “video-jockey” (VJ), muitos clubes e discotecas viram-se forçadas a seguir o estilo da MTV se desejariam sobreviver. Foi então que em Chicaco, no Wharehouse Club, o DJ
recentemente falecido Frankie Knuckles foi pai da música House (o próprio termo surgiu do nome do clube), bem como a criação do termo “Underground”.
No início dos anos 90 esteve em êxtase as raves que mudaram completamente a dance scene. Anos mais tarde - concretamente em 1999 - surgiu o Napster, o primeiro peer-to-peer (sistema de partilha de ficheiros), em que durante esse período foi libertada uma licença para o DJing de MP3 e que consistia num processo que os DJs podiam subscrever uma licença que lhes dava direito a usar de forma pública, música armazenada num disco, em vez de carregarem as típicas malas de CDs e Vinis.
Com o avanço tecnológico das grandes marcas associadas, tais como, Pioneer, Native Instruments, Relooop, Technics, Vestax, entre outras, dá-se mais um grande passo na EDM. A possibilidade dos leitores utilizarem pen drives permite aos DJs uma escolha já pré-definida para os gigs e pensada para cada atuação. A despreocupação em relação à técnica fica evidente derivado às facilidades que o avanço tecnológico das grandes empresas oferece, nomeadamente, aumento da produtividade no acerto dos BPM's, localização do ponto CUE entre outros. O artista fica focado mais no contato com o público do que propriamente numa postura com técnica.
O primeiro DJ de rádio foi Ray Newby, de Stockton (Califórnia) em 1909, com apenas 16 anos.
A imagem é um fator que surge com bastante evidencia derivado destes factos, o agradar às massas, ao público geral torna-se uma preocupação maior do que propriamente as técnicas e gostos pessoais, o que não deixa de ser negativo. Porém este avanço e "despreocupação" trás elementos positivos que faz com que haja um avanço nas performances de cada artista, pensando sempre no que se pode aguardar a um público maior do que propriamente um público de clube, aumentado assim a competitividade entre si. Como foi mencionado anteriormente por um dos grandes mentores da EDM, Steve Angello, "o conceito Clube está a cair e pensa mais nas grandes performances" o próprio admite que é o caminho errado a seguir. É com o TOP 100 da DJ Mag que surge o grande benchmarking da EDM. Considerado por muitos apenas um ranking de popularidade e por outros tantos o ranking dos 100 melhores do planeta.
Dantes um bom DJ de EDM caraterizava-se pela técnica apresentada e pela carreira feita até ao momento. Hoje em dia é exigido a um DJ, para que tenha sucesso, que seja produtor, DJ e agente - o chamado all-in-one.
2 - A ascensão da música eletrónica
É nos finais dos anos 80 e princípios dos 90 que a “Eletronic Dance Music” (EDM) começa a ganhar a sua quota de mercado, pois até aí as músicas não eram totalmente produzidas por instrumentos eletrónicos bem como o preconceito juntamente com o pensamento retrógrado das pessoas dessa altura eram fatores relevantes para a pouca adesão ao estilo eletrónico. Foi então que as músicas eletrónicas produzidas foram “adoptadas” por outros géneros musicais. Diversas editoras de rap, hip-hop, jazz, entre outras, aderiram a este “movimento”, e a pouco a pouco tornava-se um conceito cada vez mais mainstream. Lebrecht, Norman (1996), The Companion to 20th-Century Music
Ao longo dessa década (1980-1990) foram criados diversos estilos musicais de EDM, o que para os verdadeiros amantes do DJing foi um verdadeiro massacre, pois estes defendem que essa arte foi sacrificada em prol das modas e dos “wannabes DJs” que sem terem o mínimo de residências em clubes e discotecas se tornaram números 1, ou seja, sem qualquer tipo de carreira/background.
Após isso vários artistas e os seus fãs tornam-se “Underground”. Não no sentido literal da palavra, nem na criação de um estilo musical novo. Não. Apenas numa abreviação diferente (original) à música EDM.
Kai Fikentscher, autor de
"'You Better Work!' Underground Dance Music in New York City", acerca da definição do termo Underground, criado após estas modas dos clubes e discotecas, ele refere que: “O Underground não serve unicamente para explicar que o tipo associado de música - e o seu contexto cultural - estão familiarizados apenas para um pequeno número de pessoas informadas. O Underground também aponta para a função sociológica da música, enquadrando-a como um tipo de música que, para ter significado e continuidade é mantida longe, em grande parte, da sociedade
mainstream, dos
mass media e daqueles com poderes para impor uma moral dominante e valores e códigos estéticos”.
O EDM tornou-se viral, e sendo um negócio cada vez mais lucrativo é fonte de grande investimento em 2012. Festivais, live performances, espetáculos, entre outros, foram os pontos fortes que levaram o media executive Robert F. X. Sillerman a relançar a SFX Entertainment focada no mundo do EDM anunciando um plano de investimento de 1 bilião de dólares. Este plano incluiu a aquisição da ID&T - a produtora do festival Tomorrowland na Bélgica, bem como a plataforma Beatport. Também agências de publicidade apostaram no EDM, sendo todos estes fatores o boom do mainstream do EDM que se vê e crítica nos dias de hoje (2014).