Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal

No aquecimento para duas atuações em Portugal - em Aveiro a 25 de abril, e em Faro a 10 de maio - falámos em exclusivo com Martin Solveig numa altura em que a EDM vive dias de verdadeira procura de identidade: se por um lado toda a gente toca as mesmas coisas e produz o mesmo tipo de música, por outro os produtores buscam o som do futuro, de um futuro que é já amanhã. Como não podia deixar de ser, graças à sua experiência na cena eletrónica, Martin mostra que está atento e lança pistas para o santo graal da EDM.

 
Olá Martin! Tens duas visitas em breve a Portugal - a 25 de abril na Queima em Aveiro e a 10 de maio na Semana Académica do Algarve - estás feliz por voltar ao nosso país?
Fico sempre feliz e excitado por voltar a Portugal porque considero que os portugueses são um dos melhores públicos do mundo. Na última década construí uma relação especial com os meus fãs portugueses: eles são dos poucos que seguem a minha carreira inteira desde o "Everybody" (de 2005) passando pelo "The Night Out" e "Hey Now", e claro, pelo "Hello" que foi um enorme sucesso também em Portugal. Sempre me senti muito bem recebido pelos portugueses. 
 

Sempre me senti muito bem recebido pelos portugueses.

 
Partilhaste recentemente com o mundo que 2014 seria um ano criativo para ti, que não tocarias muito e que cada atuação seria especial. Podes dizer-nos o que tens preparado para Portugal?
Tenho estado a trabalhar em muitas versões especiais e edits das minhas músicas. Estas versões não estão disponíveis em lado nenhum, não estão na internet, são apenas para usar nos meus DJ sets, por isso têm que vir ver-me e ouvir a música exclusiva que levo comigo e, espero que isso seja o que vai fazer a diferença nas minhas atuações em Portugal.
 
Tens estado ocupado em estúdio a fazer música nova. Quando é que podemos esperar novidades?
Estou neste momento no estúdio, tenho passado muito tempo aqui. Não sei quando a música será editada porque entrei num processo profundo de tentar reinventar o meu estilo, ou pelo menos trabalhar numa evolução sónica digna desse nome. Sinto que chegou a hora de o meu som evoluir. Obviamente um processo destes demora algum tempo e eu sempre preferi esperar até ter algo de verdadeiramente relevante para oferecer aos meus fãs do que apressar e editar algo que não estou seguro a 100%. 
 
Estás a produzir para outros artistas? Vamos ter mais colaborações com a Madonna ou outros artistas pop? 
Não estou a produzir para outros artistas. É algo que farei mais tarde.
 
"Blow", a tua colaboração com o Laidback Luke, foi o teu mais recente single. A música que estás a fazer segue aquela linha?
Não, o "Blow" não é de todo a direção em que estou a trabalhar. O tema foi produzido na alegria do momento, para fundir dois estilos num único tema e pelo divertimento de trabalhar com o Laidback Luke. Mas não define uma nova direcção para mim.
 

Sinto que Miami agora é mais uma celebração do sucesso mundial e do apreço pela EDM e da música de dança em geral.  

Como é que foi a Winter Music Conference? Ouviste alguma música nova e excitante que queiras partilhar connosco?
A WMC é sempre muito caótica, muito louca mas muito boa. Não estive em Miami muito tempo por isso não tive oportunidade de ouvir muita música mas ouvi alguns sets e destaco o do Diplo e do Dillon Francis que tocaram alguns temas exclusivos que são musicalmente entusiasmantes. Comparando os dias de hoje com os dias em que a internet não era tão globalmente disponível, eu diria que os DJ sets hoje têm que chegar a uma audiência mais genérica: para ter um bom feedback do público, tens que tocar uma série de temas que já são conhecidos pelas pessoas. Sinto que Miami agora é mais uma celebração do sucesso mundial e do apreço pela EDM e da música de dança em geral.
Sinto que há grandes mudanças no horizonte para a música eletrónica. Neste momento há duas tendências muito diferentes e muito fortes nos Estados Unidos e na Europa; e ambas vão em direções diferentes. Não estou com isto a querer dizer que uma tendência é melhor que a outra ou que uma vai sobrepor-se à outra, mas as coisas estão a evoluir muito. É uma oportunidade para quem quer inovar. Pode ser um pouco confuso no início mas no fim de contas precisamos que as músicas não soem todas iguais e é isso que irá acontecer, provavelmente, nos próximos anos. E é uma coisa boa.
 
 
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O DJ português Steven Rod encontra-se em Miami, com várias atuações marcadas durante a semana da música eletrónica, em clubes como Ora, D-A Vila Downtown, Ocean’s Tem Ocean Drive e Seaspice. Estivémos à conversa com o artista acerca da cidade norte-americana, do espírito da Miami Music Week e da sua carreira.
 
Já atuaste em Miami por várias vezes, quase já é a tua segunda casa. Além de boa energia, o que consideras importante transmitir ao público durante estes cinco dias?
Sim é verdade, já são alguns anos a atuar em Miami e podem acreditar que cada vez mais me sinto em casa, tem sido uma caminhada fantástica. Na semana do Miami Music Week, a maior parte das pessoas vem para cá com o espírito de festa, à procura de grandes eventos com os melhores artistas do mundo! Toca-nos a nós que estamos em cima dos palcos dar um grande show e acima de tudo fazer algo que ninguém está à espera, apresentar temas novos e fazer com que as pessoas passem realmente um bom momento. Nesta semana, Miami está repleto de várias culturas, pessoas de todas as partes do mundo e é sem dúvida fantástico podermos mostrar o que tenho vindo a trabalhar ao longo deste tempo.
 
Na área dos eventos o que encontras em Miami que não existe e fazia falta em Portugal?
O clima! O ambiente tropical. Cada evento é uma experiência, cada evento ensina-nos algo diferente e na verdade eu penso que é a vontade que as pessoas têm de ouvir uma boa sessão. Sinto que aqui vão a um evento e esperam ouvir algo diferente, têm vontade de ouvir o que o DJ tem para lhes mostrar. Não vou dizer que nunca senti isso em Portugal, já senti mas gostava de ver ainda mais esse espírito no meu país. Acredito que no futuro isso vai acontecer. Gostava também que este tipo de eventos em clubes começassem mais cedo, como aqui em Miami.
 
Atuar no Ultra Music Festival é uma meta que pretendes alcançar?
Sem dúvida! Todos sonham em subir ao palco do Ultra Music Festival em Miami. Já alcancei tantas coisas na minha vida que até eu mesmo pensava que nunca iria lá chegar... Porque não continuar a trabalhar para conseguir isso?! 
 
Qual é a sensação de representar Portugal na Miami Music Week?
A sensação é muito boa e torna-se ainda melhor quando sentes o apoio do público português, seja daqueles que estão por cá ou os que me seguem diariamente nas minhas redes sociais. É brutal, muito satisfatório ver e reconhecer portugueses nos eventos onde estou a atuar!
 
Que novidades a curto prazo podes desvendar a cerca da tua carreira?
Felizmente como em todos os anos vou ter o calendário repleto de grandes eventos em Portugal e também em outros países. O início de 2018 foi absolutamente incrível e assim vai continuar! Há também umas colaborações com um artista nacional e outra com um grande internacional e espero que o prazo seja mesmo curto para poder relevar o trabalho que tenho vindo a fazer.
 
Que mensagem gostarias de deixar aos leitores e seguidores do Portal 100% DJ?
Continuem a apoiar a música eletrónica em Portugal e nunca deixem de marcar a vossa presença nos eventos que são produzidos no nosso país. Temos muita qualidade e podemos ser o melhor party people do mundo!
 
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quarta, 19 dezembro 2012 14:54

Flash interview SHM: Kura

Antes de entrar na cabine, o DJ e Produtor - Kura, falou-nos das suas expectativas para a grande noite, das suas novas produções e novidades para 2013 e ainda opinou sobre os poucos eventos de música eletrónica que existem em Portugal.
 
 

 
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Thomas Gold está de regresso a Portugal para uma atuação única que acontece esta noite no Arraial de Engenharia no Palácio de Cristal, no Porto. Depois do grande sucesso internacional “Alive”, o DJ e produtor alemão lança agora o seu mais recente single “Tumbler” e esteve à conversa com o Portal 100% DJ. Nesta entrevista, além da sua carreira musical, o artista deixou ainda conselhos para os novos talentos e falou sobre o país que o recebe como nenhum outro.
 
Fala-nos sobre a tua mais recente faixa “Tumbler”, editada pela Armada Music.
“Tumbler” é mais outra faixa direcionada para clubes que eu lancei este ano, como uma espécie de seguimento a “The Chant”, que editei no verão passado. Voltei um pouco às minhas raízes musicais e é uma mistura de progressive house e tech-house com uma vibe de big room. Gosto muito deste tipo de sonoridades e vou lançar mais em breve. Isto dá-me a oportunidade de misturar a minha agenda de lançamentos com a outra, mais direcionada para a rádio pop/dance como os singles “Dreamer” ou “Magic”.
 
Que conselhos gostarias de dar aos novos talentos da música eletrónica, a nível profissional e artístico?
Sejam pacientes. Algumas coisas demoram a acontecer e podem não ser fáceis. Tem de se trabalhar muito pelo sucesso. Existem muitos bons talentos por aí e todos estão a tentar fazer alguma coisa, por isso tem de se sair do chamado ‘normal’ – ou seja, cada um criar a sua própria sonoridade, mesmo que não seja algo em grande, mas tem de ser separar o teu som da sonoridade dos outros para chamar a atenção das editoras e dos fãs de música eletrónica.
 
Que hardware e software mais essencial está presente no teu estúdio?
Um bom DAW é essencial, mas não importa que tu trabalhas em Logic, como ou, Cubase, Ableton Live ou outros. Todos dão-te a oportunidade de criar produções profissionais e têm várias e boas ferramentas de som. O mais importante para mim é saber funcionar com o software – e ser criativo – porque o software não o consegue fazer por ti.
 
A nível profissional, que desejos ainda tens por concretizar?
Eu estou extremamente feliz por já ter tido a oportunidade de atuar nos maiores festivais e palcos do mundo, como é o caso do Tomorrowland, Ultra Music Festival, EDC Las Vegas, entre outros. Já vi lugares muito bonitos pelo mundo fora, que não veria se não fosse DJ e produtor e estou muito agradecido por isso. O meu único desejo para a minha carreira é eu continuar a estar apto para produzir mais música e viajar pelo mundo durante mais anos.
 
O teu radioshow “Fanfare” é transmitido um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal. Qual é o verdadeiro objetivo deste radioshow?
O objetivo principal é mostrar aos meus fãs e aos amantes de música o que há de mais recente nas produções de dança e direcionadas para clubes todas as semanas – e obviamente estar mais perto dos meus fãs! Assim, se não conseguirem ir às minhas atuações, podem me seguir desta forma, através do radioshow.
 
Até agora, quais foram os melhores parceiros de cabine?
Não existe um melhor parceiro até agora. Já atuei com muitos e grandes DJs e conheci excelentes pessoas durante as minhas performances. Mas não consigo escolher apenas um.
 
O que Portugal significa para ti?
Em Portugal sou sempre muito bem recebido, por pessoas muito amistosas. Há também boas festas e comida muito deliciosa! Amo a comida vinda do mar!
 
Que mensagem gostarias de deixar aos leitores e seguidores do Portal 100% DJ?
Quero agradecer a todos pelo apoio e amor que tenho recebido! Portugal é um grande local para se estar e atuar e eu estou muito feliz por voltar!
 
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Deixou a carreira de professor de educação física e moral para se dedicar de corpo e alma ao djing e à produção musical. Quando se fala de Yves V, é inevitável referir o festival Tomorrowland, uma vez que o artista belga é considerado o DJ residente. Graças ao impacto das suas atuações transmitidas para todo o planeta, hoje em dia cumpre um dos seus maiores sonhos: viajar por todo o mundo acompanhado da sua música e dos seus fãs. O Portal 100% DJ teve a oportunidade de conversar com o produtor belga, sobre temas como a sua carreira atual, o nosso país e, claro, o festival que é a sua segunda casa.
 
 
És o DJ residente do Tomorrowland. Como te sentes ao fazer parte do maior festival do mundo?
É ótimo. Todas as pessoas me perguntam isso. Eu estou lá quase desde o início por isso eu vi toda a evolução. Agora tenho o meu próprio palco e atuei também no Main Stage, na edição do Brasil e dos Estados Unidos da América. Estou muito feliz por continuar lá e posso chamar-me de ‘DJ residente’ daquele festival, porque às vezes as pessoas não sabem onde é a Bélgica, a minha terra natal, mas sabem onde é o Tomorrowland.
 
Qual é a tua opinião sobre a expansão do Tomorrowland para outros países como o Brasil ou os Estados Unidos da América?
É muito bom, penso eu. Especialmente o Brasil, na minha opinião, é um grande mercado para mim. O público brasileiro e o Tomorrowland são uma combinação muito boa. A primeira edição ficou esgotada em duas horas e a edição americana também vendeu bem. Acho bem que não o façam em todos os países, mas sim em todos os continentes. É positivo expandir a marca.
 
Já atuaste várias vezes no nosso país. O que tens a dizer sobre Portugal e o nosso público?
Fantástico! Amo o clima, porque é muito diferente da Bélgica e o público tem sempre muita energia. Todos estão felizes e sabem as músicas, é uma das coisas que se consegue ver. A última vez que cá estive, havia pessoas no público com uma bandeira com o nome de uma faixa minha que ainda não tinha sido lançada, foi muito bom. 
 
Conheces algum DJ português?
Sim, o Kura. Que outros DJs portugueses me aconselham?
 
E para quando uma colaboração com um DJ português?
Atualmente estou a planear com o Kura para fazermos alguma coisa. Até agora não tenho nenhuma produção com um artista português mas nunca se sabe o que o futuro possa trazer.
 

(…) o meu maior objetivo: viajar pelo mundo e partilhar a minha música.

 
Qual é a tua colaboração de sonho?
É difícil dizer um só nome, mas se pudesse escolher seria alguém fora da música de dança. Alguém de uma banda de rock, de música clássica, ou um cantor. Algo totalmente diferente e que as pessoas não estejam à espera.
 
Como por exemplo?
Há muitos bons cantores, como por exemplo a Birdy. Ela tem uma voz muito boa que desperta muitas emoções. Iria ser uma excelente combinação. Mas há muitos outros bons nomes que seriam uma boa hipótese. 
 
Qual foi o melhor momento da tua carreira?
É óbvio que tenho de referir novamente o Tomorrowland. O mundo inteiro está a ver o Main Stage e aquilo que tu estás a reproduzir naquele momento. Cada vez que atuo lá, consigo ver as reações nas redes sociais. O Tomorrowland é sempre um momento alto na minha carreira.
 
Na tua opinião, quem merece a primeira posição do Top 100 DJs da DJ Mag?
É uma pergunta muito difícil. Mas acho que a resposta é Dimitri Vegas & Like Mike. São os meus irmãos da Bélgica. Na minha opinião é muito difícil dizer quem possa ser o melhor DJ do mundo, porque existem muitos bons artistas.
 
Que novidades podes desvendar acerca do futuro da tua carreira?
Tenho muitas novas produções a chegar. Espero que tudo corra bem. Vou estar em digressão e esse é o meu maior objetivo: viajar pelo mundo e partilhar a minha música.
 
Que mensagem gostarias de deixar aos seguidores e leitores do Portal 100% DJ?
Quero agradecer a todos que têm ido às minhas atuações e se nunca o fizeram, espero conhecê-los em breve num dos meus próximos shows. Continuem a apoiar a música eletrónica!
 
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Nos últimos meses, uma das maiores curiosidades que circulou a grande velocidades nas redes sociais foi a pergunta: “afinal, quem são os Kanalhas?”. Depois de terem recebido destaque e apoio a nível internacional com os seus mais recentes remixes, o Portal 100% DJ esteve, em exclusivo, à conversa com a dupla portuguesa que promete dar que falar nos próximos tempos. As suas influências musicais, os projetos e se Portugal é um público difícil de agradar, são apenas alguns dos assuntos abordados nesta entrevista que desvenda quem está por detrás destes Kanalhas.

 

Que influências musicais possuem?
Musicalmente escutamos de tudo um pouco. O que ficar no ouvido serve de influência e inspiração para produzirmos boa música. Somos duas pessoas criadas nos arredores de Lisboa e temos várias influências desde ritmos africanos, latinos, música árabe, brasileira, Rap, Old School, House… Tudo para nós passa por uma fusão de estilos. Enquanto produtores as nossas referências passam por GTA, Major Lazer, Diplo, DJ Snake, Dillon Francis, Bro Safari, Hasse de Moor, Wiwek, Ape Drums, entre muitos outros. As nossas bases vão desde o Hip Hop à música eletrónica. 
Temos em mente que o futuro da música passa por criar uma “fusão” mas temos sempre uma forte influência do Moombahton. 
 
Que projetos querem realizar a curto e longo prazo? 
Nós começámos com dois remixes totalmente diferentes um do outro ao nível da sonoridade. O primeiro completamente Moombahton e o outro muito Jungle com um toque Dirty Dutch.
Podemos dizer que foi inesperado o apoio que tivémos no primeiro remix "Dillon Francis & DJ Snake - Get Low". Desde blogs norte-americanos, a produtores dentro da cultura Moombahton, feedback da América Latina à Holanda (com suporte do tema). Foi algo incrível para o nosso primeiro trabalho. Temos muitas ideias guardadas que nos permitem lançar material a curto prazo. Para já, estamos a trabalhar num original com um artista português bastante conhecido, que ainda não podemos revelar o nome.
Neste momento estamos a finalizar dois remixes. Um para o KURA e outro para um amigo nosso francês - o R.WAN. Será um remix da sua música original com o artista americano Snoop Dogg. A longo prazo estamos já a preparar um EP e estamos em contato com artistas norte-americanos e alguns nacionais.
 
 
 
Consideram que Portugal tem público para este projeto? 
O nosso projeto é virado para o mercado internacional (nem poderia ser de outra forma). Portugal tem um mercado relativamente pequeno e existem imensos artistas com qualidade no nosso país, o que dificulta que todos consigam ganhar cota de mercado. Iremos apenas estar presentes em festivais e eventos que justifiquem, para não “cansar” o projeto e as atuações serão escolhidas com critério. 
Temos recebido bastante apoio nas nossas redes sociais (Facebook e Soundcloud) e queremos que quem vá assistir às nossas atuações se identifique connosco e com a nossa música.  
 
É um público difícil de agradar? 
É uma pergunta complexa. Nos dias de hoje está tudo muito rápido. A música está como a fast food... de “consumo rápido”. O público habituou-se a ter muito por onde escolher e tem um grau de exigência muito maior do que tinha antigamente. Não basta a componente musical. Hoje temos de dar um bom espetáculo e boas atuações e é isso que pretendemos fazer. 
 

Nos dias de hoje está tudo muito rápido. A música está como a fast food... de ‘consumo rápido’.

 
Para finalizar, a pergunta que se impõe: quem são os Kanalhas ?
Os Kanalhas são uma dupla composta por dois DJs e produtores: o Stikup e o King Kong (Pedro Maurício).
O Stikup tem um longo trajeto e passou por projetos como Makongo, Flow 212 e agora com os Dynamic Duo tem percorrido os palcos e clubes nacionais. O King Kong esteve ligado à Enchufada (editora dos Buraka Som Sistema) e já produziu temas com o Branko, Fred (Orelha Negra, 5-30, Banda do Mar), além de originais e temas para inúmeros artistas tais como Carlão, Blaya, Diogo Piçarra, Francis Dale, entre outros. Produziu recentemente com Fred a famosa música "Hands Up" para a Moche.
Já nos conhecemos desde o início do movimento Moombahton e da altura do Dirty House (Holandês) e como temos o mesmo gosto musical decidimos produzir algo a dois e ficou logo uma química. A partir daí foi trabalhar e aqui estamos. 


 
Que mensagem querem deixar aos leitores da 100% DJ?


Antes de mais, queremos agradecer à 100% DJ pelo trabalho que tem feito e pela importância que tem no mercado nacional da música eletrónica. Para os leitores, deixamos uma mensagem de agradecimento pelo apoio que temos recebido. A seguir ao verão, iremos iniciar os nossos concertos e esperamos por vocês.
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Natural de Viseu, este jovem promessa da música eletrónica, apenas precisa de uns headphones e de um computador portátil para fazer aquilo que lhe dá mais prazer: produzir música.
Reconhece que é um privilegiado por poder trabalhar em conjunto com um dos maiores nomes nacionais - Pete Tha Zouk, com quem está atualmente a produzir o tema “We Are Tomorrow".
A sua música "Layers" foi apoiada por vários artistas, onde também a podemos encontrar nalguns discos da editora Vidisco. É o nome a ter em conta. Quisemos conhecer melhor o seu trabalho. Fomos ao encontro de Deepblue...

 

Como e quando é que a produção musical te despertou interesse?
Quando tinha os meus 16 anos de idade. Nessa altura já praticava o Djing, e comecei a pensar “será que esta música ficaria melhor com esta alteração?”. No dia seguinte, comprei uma revista que trazia um CD com loops. Nesse mesmo dia, comecei a cortar e juntar esses loops de diferentes formas, até chegar ao ponto onde estou agora.

 
'Em que' ou 'No que' te inspiras para produzir uma música?
Normalmente, para a inspiração surgir, faço caminhadas por diferentes locais, aprecio a paisagem e imagino um momento musical para essa situação. Tento representar a paisagem que vejo, através de um conjunto de elementos musicais.
Essa inspiração surge também com diferentes situações que ocorrem ao longo do meu dia e da minha vida.

Por dia, quantas horas perdes em frente ao ‘FL Studio’?
No mínimo duas horas. A minha média é por volta das cinco horas diárias. Sou um viciado pela área, quero sempre aprender mais. É uma paixão.
 
Quando acabas de a produzir, como te sentes? Ficas logo 'pronto para outra'?
Sinto-me feliz por ter conseguido transmitir tudo o que queria numa só faixa. Depois de poucos dias a dar descanso aos ouvidos e à criatividade, estou de volta ao trabalho.
 
Como classificas a tua linha musical?
Considero que a minha linha musical se enquadra dentro de um house progressivo, no entanto mais melódico e alegre, mais divertido.
 
Como classificas a atual produção musical eletrónica em Portugal?
Sem dúvida que está a melhorar significativamente. Cada vez mais há novos talentos a surgir, a produzir muito boa música, e penso que estamos a evoluir num bom sentido, de modo a que Portugal seja mais reconhecido por todo o Mundo.
 
A música 'layers' foi fortemente apoiada por vários artistas. Tinhas noção de que a mesma poderia ter esse grande apoio?
Não. Para mim, a “Layers” era apenas mais uma faixa. Claro que, considerei que a faixa era o meu melhor trabalho até aquela altura, e fiquei contente com o resultado. No entanto, nunca esperei ter apoio de qualquer artista, muito menos de grandes artistas!
 

"(...) Cada vez mais há novos talentos a surgir, a produzir muito boa música, e penso que estamos a evoluir num bom sentido, de modo a que Portugal seja mais reconhecido por todo o Mundo."

 
Sabemos que estás a co-produzir um tema com Pete tha Zouk. Consideras-te um privilegiado por poder trabalhar com um TOP DJ Português?
De certa forma considero-me privilegiado, mas no entanto não me considero superior a ninguém. É uma sensação excelente, que me proporciona uma enorme felicidade e orgulho, pois é um sinal que o meu trabalho está a ser reconhecido, cada vez mais.

Qual foi o tema que te deu mais prazer de produzir até agora? E porquê? Algum motivo especial?
Sem dúvida que o tema que mais prazer me deu de produzir, foi o “We Are Tomorrow” com o Pete Tha Zouk. Nós os dois juntámo-nos, conseguimos sincronizar as nossas ideias, e criámos algo com um sentimento enorme, que revela toda a nossa paixão pela música. Esta faixa transmite uma mensagem, e nós conseguimos transmiti-la exactamente da maneira que queríamos!
 
Os teus temas têm estado em diversas colectâneas. Consideras, de certa forma, que a editora Exklusive também está a ser a tua ‘rampa’ de lançamento?
Sim, sem dúvida. A Exklusive foi um ponto de partida e evolução, tive um grande apoio da parte deles, que se esforçaram bastante com a publicidade do meu trabalho.
 
Em termos de marketing, na tua opinião, o digital está a ter mais ‘força’ que o físico?
Na minha opinião o digital veio para ficar, e fico contente por isso. O digital é um meio excelente tanto para divulgação do trabalho dos produtores, como para o público. É uma forma mais fácil de atingir o público, e é muito mais simples para os ouvintes, que têm acesso a música nova de forma mais fácil e mais rápida. O YouTube é uma ferramenta excelente.

Com quem gostarias, de um dia partilhar a cabine?
Não tenho nenhum desejo em especial nesse aspecto. Já tive o prazer de a partilhar com o Pete Tha Zouk, e sem dúvida que foi o momento com mais paixão que alguma vez vivi!

O que podemos esperar de Deepblue a curto prazo?
Tenho uma grande surpresa para partilhar com o público. E claro, também haverá novos temas e remisturas.

O que é para ti, um 100% DJ?
Um 100% DJ, é aquele que, quando sobe a uma cabine, se entrega de corpo e alma ao que faz, transmitindo todo o seu amor e a sua paixão sobre a música.
 
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MINDSKAP, ou João Pereira, é o nome do português de 29 anos que produziu recentemente um remix oficial para o tema “Ghosttown” de Madonna. A sua carreira como DJ teve início no ano 2000, mas apenas cinco anos depois é que começou o seu legado discográfico, sendo agora representado pela Citrusonic, de Los Angeles.
 
O produtor, natural de Santo Tirso, foi o primeiro português a remisturar oficialmente temas de artistas como Pet Shop Boys, Cher e Madonna. Algumas das suas faixas foram lançadas em editoras prestigiadas como a Motown Records, Yoshitoshi (da dupla Deep Dish) e a Intec (de Carl Cox) e alcançaram, por vezes, o top 5 de diversas plataformas como o Beatport, Traxsource e Juno.
 
A grande oportunidade de remisturar um tema de Madonna surgiu devido ao “reconhecimento do trabalho anteriormente realizado”, confessou MINDSKAP, em entrevista exclusiva ao Portal 100% DJ. Estas chances não acontecem “da noite para o dia” e o seu percurso musical, apesar de ser um pouco desconhecido a nível nacional, pode ter “despertado a atenção da indústria internacional”.
 
A notícia de que ia produzir o remix da faixa de Madonna foi recebida de surpresa: “Nem estava a acreditar, é uma enorme responsabilidade quando se trata de remisturar a Rainha da música Pop. Foi um misto de ceticismo do que estava a acontecer, com a determinação em cumprir o prazo de entrega, a multiplicar pela tortura de esperar pela decisão final”. MINDSKAP afirmou ainda que “não é fácil tornar uma balada romântica numa música de dança, sem recorrer ao mainstream”.
 
Para a remistura, o artista tentou, como sempre, fazer a sua própria “interpretação do tema original, independentemente” do uso de “muitos ou poucos elementos”. “Ghosttown (MINDSKAP Remix)” é “uma versão dub, mais underground e um pouco dark, porque é essa a visão apocalíptica que se tem de uma ‘cidade fantasma’”, revelou João.
 
O sucesso do single foi imediato. Não é por acaso que Madonna é considerada a Rainha da música Pop. “Ghosttown” alcançou o primeiro lugar da tabela Dance Club Songs e o remix de MINDSKAP contribuiu também para o êxito, tendo posteriormente recebido destaque por parte da prestigiada revista Billboard, juntamente com Armand van Helden e Don Diablo.
 
Há muito tempo que a eletrónica está de mãos dadas com a música pop. Madonna, “no início da sua carreira chegou a atuar no mítico Paradise Garage, onde gravou o seu primeiro videoclip e já desde esse tempo que tinha amigos que eram DJs”, tendo depois colaborado com grandes nomes como Junior Vasquez, Paul Oakenfold, Martin Solveig ou Avicii. João Pereira afirmou também que a cantora norte-americana lança sempre remixes dos seus temas “de artistas dos mais variadíssimos estilos, seja mainstream ou underground”. “A Madonna é uma artista completa e visionária, sabe muito bem diferenciar o que é moda e reconhecer o que tem potencial. Ela sempre foi reconhecida por contribuir com temas originais e remixes direcionadas para as pistas de dança.”, concluiu MINDSKAP.
 
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O testemunho foi-lhe dado pelo seu pai, também DJ. Atuou pela primeira vez na cidade da Guarda e foi precisamente aí que decidiu traçar o caminho concreto daquilo que pretendia fazer. O fascínio pela música eletrónica foi crescendo e hoje apresenta uma carreira sólida, fruto de grande dedicação e procura por fazer mais e melhor. A produção musical também faz parte da sua vida. Já lançou inúmeros sucessos musicais em editoras de prestígio a nível mundial e outras tantas novidades que estão a ser preparadas. Na primeira pessoa, Pedro Carrilho em entrevista ao Portal 100% DJ.
 
Como se deu a tua incursão na música eletrónica?
Na década de 80 o meu pai realizava trabalho de DJ num clube local e, graças a isso, tive contacto privilegiado com discos dos mais variados géneros musicais, funk, pop, disco, rock ou qualquer estilo que tocasse em discoteca, alguns bastante exclusivos que apenas conseguíamos adquirir no país vizinho. A experiência do vinil foi-me sendo transmitida dessa forma e é então natural que, na década de 90, eu já consumisse regularmente compilações de música eletrónica com sonoridades mais house-music. Nessas coletâneas fascinava-me o conceito de mistura do DJ... a forma como se cruzavam e conjugavam as faixas, era super interessante e uma novidade para mim, pois até então não tinha acesso a qualquer equipamento profissional. Apenas "devorava" aqueles CDs sem grande conhecimento e levado unicamente pelas sensações que a música me proporcionava.

Foi então a partir dessa altura que começaste a ganhar gosto pelo Djing...
Correto. Por altura do ano 2000 comecei a pesquisar mais sobre a arte de DJ e as suas origens, bem como a tecnologia disponível para o efeito. Logicamente o acesso à informação era limitado, comprava livros e revistas em português, inglês ou espanhol e comecei a integrar-me em "comunidades" como a Dance Club, Danceplanet, MK2 ou Bimotor, onde já era possível obter boa informação e debater ideias com pessoas mais experientes. Foi nessa altura que surgiu o interesse pela vertente da produção de música, no entanto o processo de aprendizagem era manifestamente mais lento. 

Ainda te recordas da primeira atuação?
A minha primeira atuação foi na matiné de um bar da minha cidade natal, a Guarda. O responsável deu oportunidade a mim e a outro colega, também ele um aficionado de música eletrónica. Levámos o nosso material e, logicamente, a excitação era grande por ser o primeiro local onde tínhamos um público que estava ali para nos ouvir. A partir daí tracei o caminho que vemos habitualmente no mercado do DJing: fui amealhando contactos, praticando regularmente e conseguindo atuações em festas fora da cidade.
 


Depois de toda essa curiosidade, passaste para a produção musical.
Sim, foi tudo sensivelmente no mesmo período. Pesquisava imenso sobre as matérias e softwares de estúdio, tentando conjugar tudo com a vida de estudante. Procurava toda essa informação apenas por querer perceber como trabalhavam os profissionais, ainda sem almejar uma carreira. Este processo era bastante mais lento do que é nos dias de hoje, pois não havia muitos artistas locais com quem pudesse contactar e aprender. As coisas tomaram um rumo mais frenético a partir de 2005, o ano em que surgiram as minhas primeiras edições discográficas. No início era surpreendente ver o meu nome nas lojas, revistas e variadíssimas charts de house-music. Comecei rapidamente a ser requisitado para entrevistas e remisturas de artistas estrangeiros e fui, dessa forma, criando o percurso de DJ/Produtor mais sério e profissional.
 
Das inúmeras faixas que já produziste, tens alguma mais especial? Porquê?
Confesso que é difícil escolher uma faixa em toda a discografia. Dos primeiros anos de produção, destaco talvez a primeira de todas as faixas. O tema intitulava-se "Niagara" e teve ainda edição em vinil pela Stereo Productions. No lado A figurava o meu tema original e, no lado B, a versão de DJ Chus. Para mim foi um boom, pois fui seguidor assíduo do trabalho do Chus durante uma década, foi um artista que me influenciou imenso e com quem tive o privilégio de conversar e trocar ideias algumas vezes. Na altura foi surreal perceber que ele me tinha proporcionado aquela oportunidade. O primeiro disco foi deveras especial!

É quase o sonho de qualquer produtor musical...
Sem dúvida! Tive a sorte de conseguir diversas edições em vinil. Agora é algo mais difícil mas, na altura, era a norma e havia uma filtragem melhor por parte das editoras. Hoje em dia, os artistas - e os ouvintes - queixam-se da saturação do mercado, da quantidade imensurável de música que sai diariamente... não há tanto "controlo de qualidade" e cuidado na seleção por parte de muitas labels. Na altura a editora tinha de acreditar na faixa, ela tinha de encaixar no conceito, caso contrário não apostavam porque os custos de produção e distribuição eram manifestamente maiores e perdia-se dinheiro em edições "menos boas". No entanto acredito que, presentemente, a qualidade de produção nas boas editoras está muito superior e isso é algo transversal a todos os géneros.
 
Atualmente tens algum artista com quem gostarias de fazer uma colaboração musical?
Neste momento estou a adorar todos os trabalhos de CID, Throttle, Steff da Campo, Dave Winnel, Tujamo, Jonas Blue, Plastik Funk, Ummet Ozcan, TV Noise ou Sunnery James & Ryan Marciano. Seria um prazer poder colaborar com qualquer um deles.

Já lançaste faixas em grandes editoras como a Defected ou a Spinnin Records. Queres deixar algumas dicas a novos talentos em relação ao contacto com estas labels prestigiadas?
Quando alguém que ainda está em iniciação me pergunta como pode levar a sua música a editoras de renome, aconselho sempre a não ter pressa. Mais tarde ou mais cedo a qualidade de produção vai subir de nível e a pessoa perceberá quando chega a altura de contactar uma boa label ou publisher. Grande parte dos "novos talentos" acabam por se desmotivar e sentir alguma frustração por não obterem as respostas que pretendem quando, na realidade, a qualidade ainda não é suficiente para tal. Têm de ser mais perfecionistas e tomar mais atenção aos detalhes. Nunca foi tão fácil colaborar e obter feedback de outros produtores, aproveitem isso a vosso favor.
 
A rapidez com que a informação passa também pode influenciar a que as pessoas tenham pressa...
Sem dúvida, é talvez o fator principal. O meu próprio email de promos é caótico (risos). Já tive a oportunidade de visitar conhecidas editoras holandesas (Spinnin, Armada, Mixmash, etc.) onde privei com alguns A&R e verifiquei que, apesar das ótimas equipas que estão a trabalhar, há alguma dificuldade em gerir a enorme quantidade de música que chega diariamente. Arrisco a dizer que metade do que recebem simplesmente não se enquadra na editora, não é "fresh" e é até - muitas vezes - demasiado amador. As redes sociais têm os seus lados positivos mas levam também a que estes novos talentos se sintam facilmente deslumbrados e influenciados pela vida de rockstar que os seus ídolos retratam no Instagram ou pela transmissão de eventos extraordinários como o Tomorrowland ou UMF.

Quando estás a produzir, quais são as tuas inspirações?
Depende um pouco do tipo de projeto em que estou a trabalhar, mas diria que o público e a emoção de apresentar o trabalho ao vivo são sempre a maior inspiração. Sou influenciado por outros artistas e editoras, logicamente que utilizo imenso a internet para tentar perceber o que é trendy e até, por vezes, "samplar" algo interessante. Evito entrar em estúdio se não tiver ideias, prefiro escutar alguns DJ sets e referências, numa espécie de brainstorming. O produto final resulta sempre desse turbilhão de influências misturadas com o meu estilo habitual de produção. Nos últimos anos, o suporte e feedback que vai surgindo por parte de grandes nomes internacionais também têm um papel importante no processo de produção. Nomes como Fatboy Slim, Fedde Le Grand, Ummet Ozcan, Lucas & Steve, Sunnery James & Ryan Marciano, Jonas Blue, Tujamo, Mike Williams, Gregor Salto, Dannic, Firebeatz ou Kryder (entre muitos outros) têm surgido a tocar as minhas faixas em DJ sets ou radio shows e essa componente ajuda-me também a perceber o que está a funcionar melhor para eles e quais as ideias que poderei colocar de parte.
 

 
Com que género musical te identificas mais ou te sentes mais à vontade a trabalhar?
No início, o house com influências mais tribal e groovy foi o género que produzi mais e com o qual sempre trabalhei com relativa facilidade. Atualmente, fruto das mudanças que surgiram na scene internacional nos últimos 10 anos, sinto que se quebraram imensas barreiras e que quase todos produtores estão a cruzar mais géneros e arriscar cada vez mais. Tenho feito alguns trabalhos com influências future house, future bounce e até pop. Penso que é difícil encontrar hoje um artista de eletrónica que apresente apenas um só estilo na sua discografia ou DJ sets. 
 
Lecionas também formação na área da produção musical. Consideras importante esta troca de conhecimentos e experiências?
Sem dúvida. A formação leva-me a explorar e progredir muito mais a componente de produtor, para lá do entusiasta de home-studio que era há uns anos. É uma atividade muito gratificante que proporciona um contacto constante com outros profissionais da área e com artistas dos mais variados géneros e raízes musicais. Tudo isto faz com que os meus horizontes estejam sempre abertos e consiga explorar/leccionar diferentes vertentes da produção musical. Aliado a isso tenho também trabalhos e parcerias com gente do hip hop, rock, TV, mix & mastering, etc. Estive inclusivamente em Moçambique a dar formação na área durante quase 6 meses. São experiências deveras inesquecíveis!
 
Consideras que em Portugal ainda existem muitas pessoas interessadas em aprender a fazer música eletrónica?
Existem cada vez mais pessoas interessadas em produção e tecnologias de música, de um modo geral. Há diversas escolas espalhadas pelo país mas a informação que encontramos online poderá  fazer com que alguns entusiastas apostem menos nessa formação. A web não veio, de modo nenhum, descredibilizar as escolas, no entanto, muitos dos possíveis formandos não vão investir em horas de curso uma vez que podem obter online muita informação semelhante. Mas não tenho dúvidas que toda a área do audio-visual está em crescimento no nosso país e as escolas continuam com imensa procura.
 
Achas que existe espaço para novos artistas?
Sim. Há espaço para novos artistas, novos eventos. O mercado da música eletrónica é deveras abrangente (não é só "a noite") e por isso vai sempre haver espaço para novos acts e sonoridades, até porque estamos a atravessar um período em que há uma procura muito acentuada de artistas de eletrónica em grandes festivais, eventos académicos, etc. Nos diversos países onde já atuei, praticamente todos consideram que o mercado deles está igualmente saturado. Partilho um pouco dessa opinião, mas penso também que o mercado acaba sempre por filtrar os que são bons - e ficam durante muitos anos - em detrimento dos que vieram apenas exercer a atividade sem qualquer visão e profissionalismo. Compreendo que seja arriscado para um evento apostar em nomes desconhecidos e menos "seguros", mas quero acreditar que os bons artistas vão sempre conseguir conquistar essas oportunidades.

O que é que achas que deveria mudar na cena nacional e internacional da música eletrónica? Consideras que existe algo que deva mudar?
Essa é a million-dollar-question. Gostava, honestamente, que a música fosse mais uma meritocracia e não tanto um jogo de interesses e business. No entanto, esse não é o mundo em que vivemos e diria até que essa adaptação constante às novas tendências é um desafio que serve de motor na dance scene. No DJing encontro alguns colegas desagradados pela dificuldade que há em poder tocar a música deles nas casas de Portugal, mas qualquer profissional da área sabe que as trends são algo cíclico e por isso é necessário adaptar-se ou encontrar o seu nicho. Há, atualmente, uma componente muito forte de música latina e funk a tomar conta do mundo e das charts. Contudo, vemos grandes artistas internacionais incorporarem essas sonoridades nos seus DJ sets. Fazem-no não apenas por ser trendy, mas principalmente para mostrar a versatilidade da música eletrónica. Eu gosto desse desafio e vejo isso como uma forma diferente de jogar com um DJ set. 
Em relação a eventos, gostava imenso de ver no nosso país um maior número de DJs dos estilos/editoras com as quais me identifico. Os festivais de Verão são importantíssimos para manter Portugal no mapa da electrónica e trazem-nos grandes artistas dos mais variados registos (The BPM Festival, RFM Somnii, Boom, EDP Beach Party, Rock in Rio, e outros). No entanto, são poucos os clubs que apostam em internacionais durante a "época baixa" e acredito que o público quer (e merece) um pouquinho mais.

Como foi a experiência do RFM SOMNII no ano passado?
Adorei o ambiente do festival, foi uma experiência muito gratificante. Tenho acompanhado todas as edições e, felizmente, mantenho o contacto com os DJs da RFM Rich & Mendes, a quem deixo um especial agradecimento por tanto apoiarem e tocarem a minha música. Eles consideraram que a minha sonoridade encaixava no evento e acabei então por fazer o warm-up para Blasterjaxx, Timmy Trumpet, San Holo e Laidback Luke.
 

Entraste diretamente para o 18.º lugar no TOP 30 do Portal 100% DJ do ano passado. Qual é a tua opinião sobre este tipo de distinções e que palavras de agradecimento gostarias de deixar em quem votou em ti?
Antes de mais tenho de agradecer aos colegas, leitores, fãs e amigos que votaram e que me ajudaram a chegar a este TOP 30. Fiquei muito agradado com esta distinção que foi, no fundo, o culminar de um ano muito positivo na minha carreira, a nível de gigs nacionais, internacionais e apoio de alguns dos grandes DJs do mundo. Parabéns à 100% DJ por esta iniciativa.

Que novidades sobre a tua carreira nos próximos tempos podes revelar?
A nível de colaborações com estrangeiros, tenho novos trabalhos com Nicola Fasano e Dennis Cartier (Tomorrowland). Dos nacionais há duas novas faixas com Pedro Cazanova e Club Banditz, embora ainda sem datas de lançamento definidas. Há também uma remistura oficial para o grande Shaggy e outra para um DJ internacional que não poderei ainda revelar. Tenho ainda um outro projeto muito desafiante, em que apresento um live-show junto com dois músicos em palco: violino (Mr. Vlalen) e percussão (Guitos). A forma como vamos tocar é pouco vista em Portugal, acreditamos que o conceito será bem recebido.
 
Queres enviar uma mensagem para os leitores?
Continuem a dar todo o vosso apoio às plataformas de música eletrónica, pois são projetos como este que nos ajudam a crescer e divulgar o que de melhor se vai fazendo no nosso país.  
Um grande obrigado a todos os que seguem o meu trabalho - na cabine ou nas redes sociais - e me transmitem tanta motivação. Saudações musicais.
Publicado em Entrevistas
Natural da Margem Sul do Tejo, é no país da cidade maravilhosa que faz vida há 10 anos. Começou a sua carreira na música com oito anos de idade, a estudar piano, tocou numa banda de baile, mas rapidamente percebeu que o "bailinho" era outro, com acordes mais eletrónicos e decibéis muito mais altos. Rui Oliveira é o rosto do projeto Paranormal Attack, que está comemorar 15 anos de existência. Nesta entrevista exclusiva ao Portal 100% DJ, ficámos a conhecer as suas influências e algumas novidades musicais, como foi a sua passagem pelo Festival Tomorrowland Brasil e quais os seus próximos projetos.
 
 
A música fez parte da tua infância. Estudaste piano, tocaste numa banda de baile e aos 20 anos começaste a produzir música eletrónica. Conta-nos como foi essa mudança da música de baile para a eletrónica.
Na verdade sempre odiei música de baile mas era uma boa fonte de dinheiro e dava-me tempo para poder produzir enquanto Paranormal Attack durante a semana. Sempre fui fã de Rock e Metal, nem prestava muita atenção ao som eletrónico até ao dia em que fui a uma rave e apaixonei-me completamente. Comecei logo a descobrir como se fazia aquilo. Os conhecimentos que tinha de música ajudaram-me muito na produção!
 
Na produção musical quais são as tuas influências?
No trance a minha maior influência sempre foi Skazi, além de ser como um irmão para mim também foi ele que me ajudou muito no início da carreira. No geral o meu produtor preferido é o Rob Swire dos Pendulum/Knife Party.
 
Já lançaste uma faixa em conjunto com os Karetus. Com que outros artistas portugueses gostarias de colaborar?
Os Karetus são grandes amigos meus e grandes produtores. Estou a terminar uma colaboração com os Ninja Kore e gostaria de fazer algumas coisas diferentes no mundo Pop também. Estou também a preparar uma colaboração com os Pratta.
 
Faz dois anos que fundaste a editora Fxxk Tomorrow. Como surgiu essa ideia e que balanço fazes da mesma?
Quando tive a ideia de criar a editora foi com o intuito de ter liberdade para lançar a minha música quando quisesse sem ter que esperar por agendas de outras editoras. As coisas foram crescendo e comecei a receber muitas demos e os planos foram sendo maiores. Já lançámos músicas de vários artistas, vários estilos e conseguimos alcançar alguns Top 100 no Beatport. Recentemente começámos a fazer eventos e temos grandes planos para Portugal a partir do próximo ano, que em breve serão revelados. Mas esperem grandes noites no nosso país.
 
Como vês a cena Trance tanto em Portugal como no Brasil?
São cenas muito diferentes. O Brasil devido ao tamanho do país e também ao tamanho a que o Trance chegou os eventos são mega produções com milhares de pessoas. E também o público é mais quente e mostra mais o quanto gostam do DJ. Já Portugal tem uma cena mais tradicional, mais underground e mais pequena e as pessoas são um pouco mais introvertidas. Mas amo os dois países. Cada um com as suas particularidades.
 
O ano passado tiveste uma atuação no Tomorrowland Brasil. Como foi essa experiência?
Foi uma experiência maravilhosa, poder estar num evento desses é o sonho que qualquer DJ provavelmente tem. Lembro-me que até chorei de felicidade no dia que saiu o meu nome no line-up. Foi uma emoção enorme.
 
Que diferenças encontras entre o público português e o brasileiro?
Como já disse, acho que a maior diferença é mesmo a reacção do público quando ouvem a minha música. Os dois países gostam muito do som mas no Brasil as pessoas gritam, pulam, levam placas com o meu nome, bandeiras de Portugal, etc. Em Portugal o público preocupa-se mais com a experiência de cada um durante o set. Dançam muito mas são mais contidos. Mas isto é uma coisa do Trance, porque vejo que noutro tipo de eventos o público português é bastante animado também.
 
No início do mês tiveste uma atuação na Costa de Caparica, margem do Tejo que te viu crescer. Como foi esse regresso? Pode-se afirmar a velha máxima de que "o bom filho à casa torna"?
Foi muito boa a festa, grande ambiente e o local escolhido foi muito bom também. Isto foi só o começo de uma caminhada que estamos a planear. Grandes notícias estão a caminho. Fico muito feliz de voltar ao meu país depois de estar 10 anos no Brasil.
 
O que representou para ti a entrada direta para o TOP 30 de 2016 levado a cabo pelo Portal 100% DJ?
Foi outra grande surpresa para mim e fiquei muito feliz com isso. O país onde nasci reconheceu o meu trabalho e consegui um 19.º lugar. Muita gente que não me conhecia ficou a conhecer e os que conheciam se calhar passaram a respeitar mais o meu trabalho. Espero que este ano suba mais umas posições nesse ranking.
 
Quais são os teus projetos musicais a curto e médio prazo?
Este ano vou lançar o álbum de 15 anos do projeto com 15 músicas e tenho algumas colaborações para sairem também em labels mais comerciais. Temos também grandes planos para eventos da Fxxk Tomorrow em Portugal.
 
E por último, a pergunta da praxe. Que mensagem queres deixar aos teus fãs/seguidores?
Quero agradecer a todos por me proporcionarem a vida que eu escolhi. Poder fazer aquilo que se ama é uma grande vitória na nossa vida. Nunca desistam dos vossos sonhos. Por vezes demoram a chegar mas o que é nosso está guardado e então a nossa hora sempre chega. Um abraço gigante a todos! Amo vocês!
 
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