Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
sexta, 09 outubro 2020 22:01

Está quase tudo diferente

Muitos de vocês não me conhecem. Faço produção de eventos e é no backstage e longe das câmaras que me sinto bem.

Fiz parte da criação de alguns projetos e conceitos inovadores e do relançamento de muitos outros - (Flash, Bloop, Ribatexas, I Love Baile Funk, Revende of the 90’s, para vos dar alguns exemplos). Neste momento abraço o projeto H Collective, empresa detentora de alguns destes conceitos e entrei recentemente num novo desafio chamado "Lorosae", um Restaurante/Bar de praia na Costa da Caparica.

Nesta altura do ano normalmente estaria envolvido em duas ou três rentrées de espaços noturnos em Lisboa, só que não. Deveria estar a preparar o lançamento da nova Tour Revenge of the 90's, só que não. Estou com tempo para escrever este artigo de opinião durante o mês de Setembro.

Estamos cansados de não poder trabalhar, a tentar reinventar negócios e formas de estar. Estamos com saudades. Passaram 6 meses desde que o nosso mercado parou e dançar juntos de copo na mão já parece uma coisa do passado.

No início parou mesmo, mas em meados de Julho quando alguns espaços, depois de algumas readaptações, começaram a conseguir fazer algum tipo de eventos com lugares sentados e o devido distanciamento, apareceu uma luz de esperança e o pensamento imediato foi: "isto a pouco e pouco vai arrancar". 

Alguns arregaçaram as mangas e conseguiram dar a volta para abrir, outros não tinham nos seus espaços forma de contornar as coisas para estarem legais nas novas regras. Em tempos tão difíceis foi engraçado ver as pessoas a adaptarem-se a estar depois de um copo ou dois sentadas no mesmo sitio a dançar, à frente da cadeira, a irem ao bar e prolongar a conversa com o barman para poderem estar de pé mais um bocadinho a abanar o corpo em modo dança reprimida.

Durante esta fase assisti com tristeza a pessoas exteriores aos negócios, e até mesmo concorrentes, com empenho em fazer denúncias e prejudicar de forma dramática a possível e lenta retoma.

O mercado da noite e eventos está difícil, praticamente parado, e é tempo de dar os braços, estar unidos e arregaçar as mangas. A concorrência é muita, e mais agora que as pessoas que saem de casa para eventos são ainda menos, mas quanto mais unido estiver o mercado maior a força junto das entidades competentes para um aceleramento da retoma. 

Os eventos e a noite como nós os conhecíamos vão voltar. Até lá muita força para todos porque quando voltarmos não vamos ter mãos a medir.
 
Miguel Cruz
Empresário/Produtor de Eventos
Publicado em Miguel Cruz
sexta, 11 outubro 2019 22:20

O lado B do Hiphop

Hoje em dia quando falamos de Hiphop, de uma maneira geral, referimo-nos ao género musical composto pelo DJ/produtor e o MC (Mestre de Cerimónia), ou cantor. Mas se voltarmos ao início, ao nascimento deste estilo musical, a realidade é que não estamos a falar de Hiphop, mas sim de RAP (Rhythm and Poetry ou Ritmo e Poesia). 
Quando se fala em Hiphop nos seus primórdios, em meados dos anos 80, estamos a falar de todos os elementos que compõem uma cultura. Ou seja, a maneira especifica de vestir, a maneira de comunicar, as diferentes formas de expressão artística, tais como o Graffiti e o "Writing", o Breakdancing (B-boys e B-girls) e também o DJ e MC.

Ou seja, quando falamos do Hiphop, na sua forma mais genuína, estamos a falar de uma forma de viver a vida. E não apenas de um estilo musical. 

Com o passar do tempo, o RAP foi ganhando terreno no seu percurso, chegando a atingir um patamar mais "mainstream" e mais aceite pelo público em geral. Por consequência, indirecta ou não, o RAP acabou por influenciar diversos estilos musicais, principalmente a música POP que ouvimos hoje. Daí ouvirmos falar em Hiphop como género musical, quando na realidade a definição "correcta" será RAP. No entanto, continua a ser um tema bastante debatido, e algo controverso, porque não deixa de ser um estilo que abrange inúmeras influências musicais e culturas diferentes.

Como DJ à 18 anos, gostava de transmitir uma mensagem a todos os iniciantes a esta arte de Djing: Este estilo musical é o mais difícil de se tocar, e o mais difícil de começar a treinar, mas também é dos mais ilimitados, porque quem sabe tocar Hiphop, sabe tocar tudo.

A dificuldade de dominar este estilo dá-se a diversos factores, sendo um deles a grande presença vocal em cada faixa. Obviamente, quando estamos a misturar duas músicas, não queremos duas vozes a atropelarem-se uma à outra, criando uma confusão vocal tal que até os menos entendidos na matéria se apercebem que algo de muito errado está acontecer na pista de dança.
Logo aí temos um grande obstáculo para ultrapassar visto que, ao contrário da música eletrónica, não temos versões com introduções mais longas ou "amigas" do DJ que nos facilitam bastante as misturas. No Hiphop temos de usar outras maneiras de introduzir as músicas, fazendo-as soar o melhor possível e sem atropelamentos. 
 
Este estilo musical é o mais difícil de se tocar, e o mais difícil de começar a treinar, mas também é dos mais ilimitados, porque quem sabe tocar Hiphop, sabe tocar tudo.

Este é um dos factores que torna este género de música tão desafiante. Exige mais horas de treino e muito mais "trabalho de casa", obrigando o DJ a tornar-se num profissional com muito mais "bagagem", conhecimento e experiência. Com todo este trabalho, depois de horas infindáveis de treinos intensivos, não há nada melhor do que pôr tudo isto em prática e usar todos os conhecimentos adquiridos para rebentar as pistas em nome próprio. 


No entanto, existe uma vertente igualmente gratificante, e muito importante, que é pouco falada na indústria: acompanhar artistas nas suas digressões. No hiphop (ou no RAP), os DJs são um elemento essencial, e geralmente ignorado, para o sucesso do estilo musical. 

Isto pode acontecer de diversas maneiras, o DJ tanto pode fazer parte da banda do cantor, como pode adicionar arranjos musicais únicos, acrescentar as suas competências de Turntablism/Scratch ou mesmo pisar o palco ao lado do artista e acompanhá-lo, disparando as suas "backing tracks", substituindo uma banda. 

Esta vertente do Djing apesar de pouco falada, eleva o papel da profissão e mostra a sua versatilidade, pois existem inúmeras vantagens em partilhar um palco com um DJ. Uma delas, e uma das mais importantes para mim, é a possibilidade de fazer um curto DJ set para aquecer o público antes do artista entrar em palco.

E claro, quanto melhor e mais bem preparado estiver o DJ para entrar em palcos, que podem parecer enormes quando se entra sozinho, e causar o impacto necessário para fazer a diferença no espectáculo, melhor a probabilidade de o público estar mais receptivo  a receber calorosamente o artista, o que vai fazer toda a diferença no show. 

Podem não dar valor a um que DJ que não faz mais nada para além de disparar músicas do cantor X e há até quem pense que qualquer pessoa sem conhecimento de Djing o consegue fazer, mas eu não gosto de menosprezar essa vertente. A verdade é que quanto melhor e mais experiente é o DJ que assume esse papel, mais facilmente se minimiza a probabilidade de falhas, técnicas ou não, que por vezes estão fora do controlo do artista, e de toda a sua equipa. Mesmo que passem despercebidas e sejam identificadas e ajustadas rapidamente pelo DJ, antes do público se aperceber da situação. 
 
A verdade é que quanto melhor e mais experiente é o DJ que assume esse papel, mais facilmente se minimiza a probabilidade de falhas, técnicas ou não, que por vezes estão fora do controlo do artista, e de toda a sua equipa.

Outro factor que gosto de referenciar é a cumplicidade na comunicação entre o artista e o DJ. Esta ligação é muito importante para que o espectáculo corra bem e sem falhas, e que se vai adquirindo com tempo e experiência. Por exemplo, se um cantor quiser alterar alguma faixa no alinhamento, se necessitar de uma entrada ou saída mais rápida, ou de uma música fora do alinhamento, muitas vezes nem necessita de falar com o DJ, ele apercebe-se da situação e faz acontecer o mais breve possível. Isto só acontece se tivermos alguém a preencher correctamente esse papel em cima do palco. 


Por fim, o último factor que considero muito importante referir, é a capacidade técnica do DJ como músico, ou seja, a capacidade de adicionar elementos e arranjos musicais orgânicos de forma a colorir e melhorar o espectáculo do artista. Isto pode surgir através das suas capacidades de Scratch/Turntablism, ou também, pela sua formação e estudos de música, adicionando instrumentos ou efeitos que complementam as faixas originais. 

Outra mais valia que merece ser referida, é a sua capacidade vocal. Esta ferramenta é das mais importantes, pois o facto de conseguir estar "à vontade" para comunicar e entusiasmar o público, ou mesmo para cantar, e duplicar as vozes do cantor (backvocals) é uma técnica que pode causar mais impacto do que o vosso melhor "disco". 

Ao longo da história do Djing podemos encontrar inúmeros exemplos de DJs que não só faziam parte de bandas, como em algumas delas eram consideradas o elemento principal. 
Temos o exemplo do pioneiro DJ GrandMixer DXT, que fazia parte da banda do gigante do Jazz / Funk, o Herbie Hancock, como temos bandas internacionais e nacionais de diversos estilos de música com DJs na sua formação, como: Sublime, Incubus, Limp Bizkit, Slipknot, Linkin Park, Beastie Boys, Portishead, Keys n Krates, Da Weasel, Buraka Som Sistema, Boss A.C., Supa Squad, entre outras.
 
DJ Nokin / Professor do Curso de DJ da AIMEC Portugal 
Publicado em Nokin
sexta, 09 fevereiro 2018 21:24

Recap da música electrónica

Um novo ano começou e aceitei, mais uma vez, o convite da 100% DJ para deixar alguns artigos de opinião para os leitores/utilizadores deste portal que tem prestado um serviço de informação isento e de qualidade sobre a indústria da música electrónica em Portugal. 

Não tenho a presunção de achar que sou um conhecedor profundo ou um "visionário" do que se irá passar no futuro mas lanço o desafio a quem não leu artigos de opinião anteriores e publicados neste portal para que percebam um pouco que há sinais que surgem e que quem trabalha neste meio consegue sentir e prever mudanças e que na altura foram alvo de imensas críticas. 

Tive o privilégio de assistir ao início do aparecimento da música electrónica em Portugal e aos primeiros DJs que ousaram agarrar nos "martelinhos" e fazer uma carreira. Sinto a tristeza inerente de ter visto muitos deles desaparecer devido ao aparecimento das novas tecnologias, ao "facilitismo" da produção musical onde tudo passou a ser "informatizado" e as "máquinas" foram metidas para um canto e onde um PC, um teclado e uns programas informáticos bastam para que saia uma obra musical. 

Na ultima década assistimos a uma autêntica "epidemia" de novos DJs e produtores musicais que julgaram que tinham encontrado o "El Dorado" na música electrónica. 

Deixo uma pergunta: 
- Onde estão 80% desses DJs que apareceram do nada e desapareceram mais rápido do que surgiram?

Poucos, muito poucos, são os DJs que surgiram nos últimos cinco anos e que continuam no mercado. Apenas permaneceram aqueles que souberam adaptar-se às mudanças (leiam os artigos anteriores que mencionei) e outros que souberam profissionalizar-se. Continuamos a ter os "velhinhos" e aqueles que fizeram uma carreira (mais de 10 anos no mercado) como referência e a manterem a indústria em movimento por um único motivo... quiseram uma carreira e deram atenção ao mais importante - A Música. 

A música electrónica (seja qual for o estilo) não é diferente de outro tipo de música qualquer. Tivemos o "boom" da Kizomba e assistimos à sua queda. Temos agora o Hip Hop em alta  e que está a cometer o mesmo erro que a Kizomba. Tenho a certeza que daqui a uns anos vamos todos olhar para trás e só conseguimos lembrar-nos de meia dúzia de nomes que marcaram estes estilos e que vão continuar no mercado no futuro. Façam esse exercício para a Kizomba e vejam se conseguem dizer 10 nomes de artistas portugueses ou que estivessem no mercado português, quando foram mais de uma centena que percorreram palcos e clubes deste país. 

A música electrónica sofreu (está a sofrer) o mesmo "problema". Está a haver a triagem natural do mercado. Quer pela qualidade, quer pela "oferta vs procura". 

Olhem para esta indústria como um negócio, para vocês como um produto e para música como arte. Só assim poderão ter sucesso. Querer vender arte (leia-se múisica) sem a divulgar, dificilmente haverá quem a queira comprar. Tenham um produto (leia-se DJ + Música) que seja apetecível ser adquirido e para isso é preciso olhar para a indústria como um negócio. 
Se não pensares desta forma ou quiseres apenas ser "um artista", lembra-te que os maiores artistas só tiveram reconhecimento depois de falecerem... 
A escolha é tua...
 

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
quinta, 28 março 2019 21:30

A Indústria e a Integridade Criativa

Os termos Artista e Criação podem ser muito relativos se tivermos em linha de conta todas as necessidades de uma Indústria absolutamente focada na massificação e na componente financeira em detrimento da liberdade artística. Até onde a nossa liberdade criativa se pode sobrepor à realidade quando temos que ter em linha de conta que nada mais do que uma simples opinião muitas vezes pode ser escrutinada até à exaustão, muitas vezes por pseudo-críticos que percebem tanto da nossa Arte de fazer música como eu percebo de cirurgias cardíacas. Infelizmente sou obrigado a chegar à conclusão que como Artistas a nossa liberdade criativa vai até onde a Indústria precisa, é ela que dita as regras, as necessidades e as tendências. 

Posto isto, pergunto eu de uma forma muito directa, o que percebe a Indústria de criatividade, sensibilidade ou originalidade? Serei obrigado a dizer absolutamente nada. Há muitos anos os Artistas ditavam as tendências com a sua criatividade, livre de segundas intenções e absolutamente pura do ponto de vista dos resultados. Não havia redes sociais, não havia estudos de mercado, ou se gostava ou não. Paralelamente a esta maneira de colocar a Arte, temos hoje em dia uma realidade onde o Criativo é literalmente encostado à parede. Alguém acha que o mercado precisa disto, existe um nicho para determinado tipo de "produto" e é isso que se procura. E quem quer fazer uma carreira guia-se pelas directrizes impostas. Torna-se absolutamente banal um qualquer compositor afirmar que tem a fórmula mágica, fórmula essa que lhe foi demonstrada por uma realidade comum e que poderá ou não ser seguida, correndo nós o risco de sermos considerados "infiéis" se optarmos por fugir ao rebanho e apresentamos algo que seja considerado fora do padrão porque todos nos devemos reger. 

É evidente que existem sempre fugas à tirania industrial, o que graças às mesmas redes sociais, que tanto aniquilam os verdadeiros criativos, curiosamente acabam por ajudar a furar a hierarquização implementada, fazendo com que mesmo sem termos os padrões ditos consensuais conseguimos chegar ao "paraíso". É evidente que dada a globalização das artes, os diferentes serão sempre meros influenciadores de minorias, se bem que por vezes uma minoria pode dar lugar a um culto que nenhuma máquina industrial oleada ou organizada consegue combater. Ao longo dos anos temos tido os mais variados exemplos de "rebeldes" que acabaram por encostar às cordas a promiscuidade negocial de um mercado absolutamente agarrado a um pagamento de favores e troca de identidades por desvios mais fáceis para os objectivos pretendidos, ganhando respeito das entidades ditas especialistas, não de uma forma natural mas porque também estas perceberam que a equação não tem que ser exata. O que seria de nós se um dia alguém tivesse chegado perto dos Beatles e lhes tivesse dito que estavam errados na sua visão, porque comercialmente não iria resultar? 

E como estes teria centenas de exemplos para vos dar, nos mais variados sectores da Arte. A personalidade Artística acaba por ser o nosso único trunfo perante uma realidade em absoluta decadência e tentativa de monopolização da criação, o que me parece absolutamente desprovido de qualquer sentido de lógica. Quem cria deve ser livre física e espiritualmente para conseguir transportar de dentro de si cá para fora uma forma de comunicação que cada um de nós, como seres humanos, temos para oferecer de uma maneira muito singular. Cada um de nós é especial, seja a pintar um quadro, a escrever um poema ou a compor uma música. Hoje em dia tudo gira à volta da imagem, de quem tem mais seguidores, quem influencia mais, quem choca mais. Na minha opinião, a liberdade criativa é o maior dom que nos foi conferido e se alguém nos está a tentar retirar isso, devemos cerrar os punhos e lutar com todas as nossas forças para que jamais esse objectivo seja alcançado. 

Como Artista sou muito pouco flexível naquilo que é a minha identidade criativa, admito. Tenho a perfeita noção que pago a minha fatura por isso, mas tenho a certeza que estou a contribuir para a defesa de todos aqueles que no futuro sejam também essencialmente focados na criação e no transmitir vibrações e sensações únicas uns para os outros, que no final das contas é a principal função de quem tem a responsabilidade e o dom de poder oferecer algo para a posteridade. O importante não é o agora, mas sim o que deixamos para o futuro. A presunção de pensarmos que somos os mais importantes só porque estamos no nosso tempo acaba por ser actualmente o maior pecado da sociedade criativa em geral.
 
Carlos Vargas
Publicado em Carlos Vargas
sexta, 17 junho 2022 09:58

Circle Of Life

Longe de mim pensar que após uma longa pandemia, que forçosamente parou a minha atividade, iria prolongar a já bastante e sofrida "pausa".
E assim foi, estávamos no início do segundo trimestre de 2021 quando tive a melhor notícia da minha vida, não que ia retomar a atividade (algo que muito ansiava), mas sim que ia ser mãe. Algo que confesso, até muito recentemente não estava nos planos, mas como tenho referido, foi das coisas boas que a pandemia trouxe!

Óbvio que tive que atrasar os planos do regresso, numa altura em que as notícias da abertura dos espaços noturnos e eventos começavam a surgir. Foi um reformular automático e muito natural e o foco principal ficou naturalmente na maternidade.

Do "brainstorm" para o regresso surgiu a temática "Circle Of Life", ou seja o Círculo da Vida. Foi um tema que surgiu de forma muito espontânea e a meu ver não podia ter sido melhor. Consegui fazer um tipo de fusão com o facto de ser mãe e a tour de regresso, que de seguida preparamos. Posso dizer que juntei o melhor dos dois mundos e de certa forma, fazer também, uma referência ao que de melhor a vida tem.

Muito naturalmente também foi todo o processo que se seguiu, onde passei muito tempo em estúdio, dando origem a temas lançados recentemente como "Safemoon", "Indication", "Where We Are", "Elevate" remix e outras mais que vão sair durante este ano, posso adiantar em primeira mão que uma irá-se intitular "Circle Of Life"!

Depois da temática surgiu o passo seguinte, projetar a "Circle Of Life" Tour, que vai ter lugar até ao final do presente ano (2022), e vai passar por alguns dos meus clubs e eventos preferidos.

E para o arranque, nada melhor que um dos clubs mais épicos, "antigos" e respeitados de Portugal, a Pedra do Couto. O evento teve lugar no passado sábado 7 de maio e foi fantástico! Adorei e foi sem dúvida muito bom estar finalmente de regresso a fazer o que mais gosto e rodeada de toda a energia positiva que se sentiu nessa noite.

Posteriormente, vou passar por todo o território nacional e ilhas, assim como os Estados Unidos da América, Luxemburgo e Suíça já confirmados também. Com esta tour pretendo assinalar o ano mais importante da minha vida a nível pessoal em paralelo com a minha carreira como artista.

Posto isto, posso dizer que estou a viver uma experiência tão boa que nunca pensei que fosse possível sentir algo tão forte. É sem dúvida muito gratificante sentir todo o apoio que tenho recebido nesta fase, sentir um amor inexplicável e regressar às cabines e ver ainda mais carinho à minha volta! 

Estou de regresso e preparada para espalhar toda esta boa "vibe" contagiante a todos os que me acompanharem!

A vida é feita de ciclos, cabe-nos fazer deles o melhor possível.
 
Publicado em Miss Sheila
terça, 16 abril 2019 19:39

DJs vs Produtores Musicais

A indústria da música é um mistério para todos os que estão de fora. As portas para entrar são muitas, mas pouco nítidas. Existem vários caminhos a percorrer, mas estão todos intercalados. 

Na música eletrónica um dos primeiros dilemas é por onde começar. Vou ser DJ ou vou ser Produtor Musical? Queremos ser os dois, mas será que essa é a solução para todos?

Um DJ não tem de ser um Produtor e vice-versa, cada um tem um papel dentro da indústria e o caminho a percorrer está diretamente relacionado com o objectivo de cada um.

O DJ é um entertainer, um intérprete das músicas que toca. Os seus talentos passam pela selecção da música, pela presença de palco e pela capacidade de ler a multidão que tem à sua frente. O seu grande desafio é pôr até a pessoa mais tímida, no fundo da plateia, a dançar. Não é um trabalho fácil. Cada espectáculo exige preparação, capacidade de interpretação e uma energia equivalente àquela recebida pelas dezenas, centenas ou milhares de pessoas que têm à frente.

O produtor não precisa de ser um entertainer. O processo de criação de áudio requer outro tipo de competências. É um processo igualmente criativo, mas mais longo e mais solitário. Precisa de existir uma capacidade de apreciar e absorver vários estilos de música e, mesmo assim, criar algo completamente diferente. 

Embora seja comum no meio associar imediatamente o DJing e a Produção Musical à música eletrónica, ambos os profissionais têm um leque de competências que vão muito além deste universo. Um apaixonado pela música eletrónica tem dúvidas por onde começar, porque as vê como complementos, imagina-se como um DJ de festas e festivais que pretende produzir as próprias músicas. 

No entanto, num contexto de formação, é importante que no início do seu percurso sejam guiados, mostrando-lhes as diversas carreiras que podem percorrer, e que cada caminho é infinitamente mais abrangente do que o preconceito inicial. Como em qualquer área de formação e desenvolvimento, é necessário entender que o futuro é incerto e que uma formação sólida numa dada área pode resultar numa carreira promissora por caminhos não previstos. É nestes caminhos alternativos que as duas áreas se separam e cada um deve analisar qual a opção que reúne competências que o possam levar a trajetos profissionais mais promissores e nos quais se sentirá mais realizado.

Ainda que um DJ possa estar mais associado à música eletrónica, a festas, clubes ou festivais, e que esse seja o grande sonho de um jovem aluno, o futuro pode reservar-lhe a uma carreira de sucesso na rádio, relegando as festas para complemento esporádico ou apenas hobby. Neste caso, as competências de Produção Musical serão pouco mais do que um saber que não ocupa lugar ou mais uma ocupação de tempos livres.
 
Por outro lado, um produtor musical, poderá escolher ao longo do seu percurso dedicar-se à produção de música para outros, sejam eles DJs ou bandas, etc. O conhecimento técnico e criatividade de um produtor musical pode levá-lo até carreiras ainda mais distantes da sua ideia inicial, fazendo carreira na televisão, cinema, rádio ou até no desenvolvimento de músicas para a indústria dos videojogos. Tudo o que precisa de acompanhamento de música precisa das competências de um produtor musical. 
 
Se já andas com o "bichinho" da música, seja eletrónica ou não, começa por pensar em que contexto é que gostarias de te inserir. Alarga o leque de opções e entende que decisão te pode abrir mais portas com que te identifiques. Esse primeiro passo vai-te ajudar a aproveitar ao máximo o tempo de aprendizagem. 

Se o teu objectivo é entreter uma multidão, então vais querer ser DJ.
Se gostavas de fazer a banda sonora de um filme, vais querer ser produtor musical. 
Se gostavas de fazer criar efeitos sonoros para um jogo de playstation, vais querer ser produtor.
Se gostavas de passar música na rádio, então, se calhar, queres mesmo ser DJ.
E os exemplos continuam.

A verdade é que não estás limitado a um ou outro, podes ser os dois, podes não querer perder a oportunidade de tocar o teu próprio som. As opções são infinitas e nós não podemos escolher por ti. Esperemos que isto tenha ajudado, pelo menos a definir prioridades e a alinhar objectivos.
 
AIMEC
Academia Internacional de Música Eletrónica
Publicado em AIMEC
domingo, 05 novembro 2017 21:31

A noite de novo em prime time

Mas qual Urban Beach? O problema não é de hoje nem de ontem. Foi, é e será sempre, apenas e só o "K"!
 
Começo por esclarecer, que discordo totalmente e considero inadmissíveis alguns dos actos que vi por parte de alguma da segurança da casa mas, também estou longe de conhecer toda a verdade pois, garantidamente que tudo isto aconteceu fruto de muita coisa.
 
Infelizmente, a noite não é segura e não o é por uma razão simples. À volta de quem sai tranquilamente para se divertir, existe quem saia apenas e só para arranjar problemas, quem saia para roubar, quem saia para alimentar grupos de conflito e tudo, sem a polícia se encontrar nas redondezas; é mais fácil e menos complicado estar em operações Stop na caça à multa! Mas, manda quem pode, obedece quem é esperto e também os polícias acabam embrulhados num problema que não é deles.
 
Ao longo de duas vidas, provavelmente somados, pelo menos sessenta anos bem intensos, apenas registei um problema com a segurança e esse, foi prontamente resolvido pela dita segurança no local e no mesmo dia. Para ser respeitado, é preciso respeitar e essa, é a regra de ouro que cada vez alimenta menos gente que por aí anda.
 
Há bons e maus profissionais, sejam eles seguranças, empresários, barmans, djs ou outros, tal como, existem bons e maus clientes e até, clientes que servem para um mas, não servem para outro espaço. Não raras vezes, tudo isto, é bizarramente conotado com racismo ou sectarismo mas, meus caros, no Palácio de Belém apenas dorme o Presidente e quem ele bem entende e para usufruir da Assembleia da República, é preciso fazer parte da corja reinante ou então, só passando pela revista e de Cartão de Cidadão na mão. Não somos todos portugueses? Não deveríamos todos poder ir à cantina da AR?
 
O "K" por desde sempre ter definido padrões, regras, ideias e formas, por nunca se ter escondido de assumir pretender ser, ter e fazer o melhor, sempre seleccionou e isso, naturalmente que foi provocando e continua a provocar uma profunda dor de corno a quem não está dentro dos padrões por eles definidos. É traumático, imagino que seja mas, é a tal democracia a funcionar. Ou não? Serei eu obrigado a abrir o meu investimento a quem não quero? Não me parece!
 

Ao contrário do que a maioria pensa, a segurança não é gratuita, custa muito dinheiro a uma casa (...)

 
Nos últimos anos, não raras vezes vi situações em que, sem um segurança é impossível uma rapariga chegar ao seu carro sem ser importunada e como polícia não há, lá vão sendo enviados os seguranças da casa. Estaladões no meio da rua a miúdos já vi muitos e sempre, por grupos de animais, que por um telemóvel é capaz de tudo.
 
Ao contrário do que a maioria pensa, a segurança não é gratuita, custa muito dinheiro a uma casa, é mais uma área delicada a controlar... tem que se lhe diga! Porém, sem ela, garantidamente que cada discoteca seria uma selva, onde imperaria a lei das matilhas mais fortes e nada mais.
 
No dia em que nos deparamos com esta triste história à porta do tal "Urban Beach", em Coimbra, dois selvagens em pleno dia desfazem um bom samaritano de forma bastante mais barbara em plena rua. Fecharam os MacDonalds do país? Abriram Telejornais com eles, foram para o Facebook vociferar? Algum Ministro veio teorizar? Claro que não, a história é o Urban, a azia é o "K" e foi por isso, que tudo o que é paineleiro tudo fez para se meter no assunto. O Urban tem 38 queixas? E quantas tem o Metropolitano? É só tentar perceber a proporcionalidade, não esquecendo, que nos Urban's bebe-se álcool e é por norma, onde o João se atira à Clara que é namorada do Manuel... e repito, não há polícia!
 
Com e sem geringonças, todos meteram a foice em seara alheia mas, alguém se preocupou com a verdade, com as razões, com o que se passa noite a noite país fora! Todos falam do que não sabem e isso, é triste e caricato.
 
O Urban é mau? Come criancinhas? É provável que sim mas, é a casa que os mais novos preferem na cidade de Lisboa. Será, que é por ali chegarem e serem muito mal tratadas? Será esta, uma geração masoquista? Duvido!
 
Este é um problema de polícia, quem abusou, certamente será julgado e condenado dentro das razões que existirem para isso já que isto não é um caso de lesados do BES. Os ditos seguranças estão devidamente detidos, os dois "doutores" de Coimbra, à solta! Dois pesos e duas medidas.
 
Para ser franco, a quase totalidade dos comentários metem-me nojo, sinto neles de imediato repulsa, por neles rever traumas privados de muita gente que, em bicos de pés, aproveita para ladrar em regime de vingança pacóvia. É o que temos! 
 

Depois dos resultados da irresponsabilidade do Estado nos incêndios deste ano, a irresponsabilidade da falta de polícias à porta dos espaços nocturnos mantém-se vinte anos depois.

 
Lentamente, da melhor noite da Europa em 1994 para a catástrofe que se vê hoje passaram apenas vinte e tal anos e houve, quem previsse este desfecho, ele aí está.
 
Quanto à famosa PSG, terá certamente bons e maus profissionais, terá mais ou menos culpas no cartório e penso, pelas medidas agora tomadas no Urban Beach que metade dos bares do Bairro Alto irá também fechar ou talvez não, pois por aí, continua tudo a levar bom tratamento, não têm K!
 
Depois dos resultados da irresponsabilidade do Estado nos incêndios deste ano, a irresponsabilidade da falta de polícias à porta dos espaços nocturnos mantém-se vinte anos depois. Será assim tão difícil perceber, que hoje, sair de uma discoteca sem um segurança às 5 da manhã é um risco de alto calibre por culpa dos políticos que temos que apenas souberam legislar para o pagamento de direitos, direitos conexos e sei lá que mais direitos!
 
Mais uma vez, o "K" está na dança e pelo que vejo, não faltam idiotas a opinar e certamente que a grande maioria movida por outros interesses ou traumas.
 
Este, para mim, é apenas e só mais um caso de polícia. Tudo o resto que tenho lido, é apenas e só de lamentar.
 
Miguel Barreto
Publicado em Nightlife
quarta, 15 julho 2020 21:35

Bares e Discotecas: Os Esquecidos

Festas ilegais em vivendas.
Festas ilegais na via pública.
Festas ilegais em bombas de gasolina.
Festas ilegais em todo o lado e os legais fechados e sem hipótese de trabalhar.

Que sentido faz hoje dia 15 de Julho, ainda não haver legislação para os Bares e Discotecas poderem trabalhar?
Que sentido faz querer turistas quando depois quando chegarem aqui a animação é idêntica a um cemitério?
Que destinos turísticos vivem ou sobrevivem sem animação?
Que sentido faz incentivar aglomerados de gente sem regras, sem cuidados sanitários, sem controlo?
Que sentido faz estar a incentivar a proliferação da pandemia em vez de evita-la?
Que sentido faz condenar milhares de empresas à falência?
E centenas de milhares de pessoas ao desemprego e à miséria?
Que tipo de sociedade estamos a criar?

Não reconhecer o direito das pessoas para se divertirem e obriga-las à clandestinidade, não é digno de um estado democrático.
Eu sei que conseguem fazer melhor.
Nós sabemos que até sabem.
Basta quererem.

Devolvam a vida a quem faz viver.
Não há dia, sem a noite.
 
Eliseu Correia
Empresário
Publicado em Eliseu Correia
 
É desde o ano 2012, que as crónicas de opinião têm assumido um importante lugar de destaque no Portal 100% DJ, ou não fosse este, um espaço assinado por ilustres figuras do panorama noturno nacional.
 
Não querendo fugir à regra, nem tão pouco defraudar os nossos leitores, este ano voltamos em força no que diz respeito ao sublime painel de cronistas que prontamente aceitaram o nosso convite para as Crónicas deste ano. É um orgulho para nós, e ficamos mesmo com um sorriso de orelha a orelha.
 
A destacar na nossa grelha de 2014 temos o facto de continuarmos com a nossa "mulher-dos-sete-ofícios" - Rita Mendes. Este ano, coube-lhe abrir "as hostes", onde já nos brindou com a sua novíssima crónica, abordando o assunto dos estilos musicais dos DJs. "Qual é o teu estilo, DJ?". Outra renovação que também nos orgulha imenso, é a do Ricardo Silva, rosto da DWM-D World Management. Também o DJ e produtor português Massivedrum, volta a juntar-se este ano ao ilustre painel.
 
Destacamos ainda o regresso de Mariana Couto às lides da escrita de opinião na nossa plataforma e a fusão do DJ Rusty e da dupla FunkYou2 à Agência EUROPA, que, desta feita, disponibilizará a opinião dos seus DJs. Motivos mais que suficientes para acompanhares todos os meses, as crónicas de opinião do Portal 100% DJ, 365 dias ao ritmo da noite.
 
Publicado em 100% DJ
quarta, 01 junho 2022 09:06

A certeza da incerteza

Nunca foi tão certo que o incerto é uma evidência para a humanidade!

A economia, a saúde, o emprego, a cultura... Hoje, tudo é o momento presente sem que se conheça o amanhã, por causa, claro, dos acontecimentos dos últimos dois anos.

Em fevereiro de 2020 a pandemia Covid chegou à Europa e em fevereiro de 2022 surge a guerra na Europa, para a qual ninguém sabe prever um fim ou o impacto que terá nas sociedades pelo mundo fora.

A cultura de uma forma geral irá igualmente apresentar novas ideias e formas de expressão? A música englobada na área da cultura tem uma força de comunicação muito importante, como presenciámos na última edição da Eurovisão. Quanto à música consumida como forma de diversão, vai ela também evoluir?

Aproveito esta deixa para puxar para o estilo musical que me é mais próximo, a música eletrónica, que engloba várias influências e géneros: House Music, Techno, Trance, Afro…

Pois bem, aqui a incerteza parece-me ser uma verdadeira certeza, não relativamente à sua existência mas sim à forma como se irá continuar a difundir pelo mundo, o que implica, para quem está diretamente ligado à música eletrónica, uma verdadeira liberdade criativa, que o momento atual exige!

Copiar o que já foi feito não é bom nem nunca foi, porém inspirar-se em algo já feito e fazer melhor é um dos grandes desafios artísticos. Mas criar algo novo... é mesmo só para alguns e esses ficarão para sempre na história da música eletrónica.

Os artistas nas diferentes vertentes da cultura são uma luz de paz e amizade para a sociedade, e eu considero-me realizado por poder partilhar a história e a inspiração de alguns deles, mesmo daqueles que já partiram, como o meu amigo Erick Morillo, para quem nunca houve certezas - "Que continues a ser sempre uma fonte de inspiração, de dedicação, de trabalho e de exigência porque... só talento não chega!".
 
José Manso
Publicado em José Manso
Pág. 2 de 5