sexta, 02 maio 2014 00:05

A lei do mercado dos DJs

Mas afinal, existe alguma "lei do mercado" que influencie a carreira dos DJ's? Claro que sim. 
No meu último artigo de opinião, escrevi um pouco sobre isso mas não aprofundei este assunto que muitos dos novos DJ's ainda não compreenderam. 
Muitos reclamam por "falta de oportunidades". Oportunidades? Será que colocando um DJ num determinado evento/actuação irá alterar em definitivo a sua carreira? A resposta é NÃO. 
 
A "lei do mercado" que eu falo, não é mais do que a aplicação do termo "Oferta VS Procura" num serviço que é fornecido (serviço de entretenimento). 
Quando existem mais DJ's do que locais ou eventos que necessitam desse serviço, quando a concorrência é mais que muita e numa altura em que a profissão foi "banalizada" devido às facilidades em ser DJ que foram trazidas pela tecnologia, ninguém pode dizer que uma actuação (leia-se oportunidades) vai fazer a diferença e colocar alguém num patamar de relevo. 
Hoje foste tu contratado mas amanhã já há outro para ser contratado. 
 
Um factor que influencia as actuações e onde existem críticas por parte dos DJ's da "velha guarda" ou daqueles mais ligados ao "House" é o tradicional termo "mãos no ar". 
Sinceramente, alguém ainda quer ir assistir à actuação de um DJ que não levanta a cabeça, não olha para ninguém e onde ninguém vê o que ele está a fazer? 
Poderão dizer que a música fala por si... ok. Posso concordar, mas então tirem o "homem" dali e metam um set gravado porque estar a olhar para uma cabine onde estar lá alguém ou não estar, é igual, mais vale meter uma jukebox (isto se o importante for a música). 
 
Não quero dizer com isto que os DJ's terão de fazer "palhaçadas" ou estar sempre aos saltos, mas temos que "exigir" que demonstrem que estão a sentir a música e que transmitam (corporalmente) esse sentimento para o público que pagou para os ver (porque se for só para ouvir, ouvem em casa no Soundcloud). 
 

Infelizmente, assim que um "artista" começa a ter alguma projecção e um elevado número de actuações, pensa logo que o motivo é unicamente ele ser melhor que os outros (...)

Uma outra situação que influencia o mercado é o número de actuações dos DJ's - é sem dúvida alguma, se são representados por alguém ou se têm agente de marcações. 
 
Infelizmente, assim que um "artista" começa a ter alguma projecção e um elevado número de actuações, pensa logo que o motivo é unicamente ele ser melhor que os outros ou que a "sua música ou técnica" é superior aos demais "colegas de trabalho". 
 
Regra geral, esquecem-se que só têm esse elevado número de actuações ou são reconhecidos no mercado porque houve alguém que marcou as referidas actuações ou os promoveu convenientemente para que as possam realizar (solicitações/pedidos de actuação).
Como manager e booker que sou, não faço milagres (tal como qualquer outro colega meu). O que "nós" fazemos, não é mais do que fazer aquilo que um DJ não faz e devido a estarmos inseridos no mercado, é normal que o conhecimento que temos dele seja superior ao de alguém que a sua função não é a mesma que a nossa. O acordo principal que se deve obter é o de que um manager/booker não "mete", nem produz música e um DJ/artista não faz management, nem marca datas. 
 
Quanto à questão monetária entre agentes/agências e artistas, tenho uma opinião muito própria (apesar de também eu não a fazer na maioria dos casos): Se um DJ/Produtor fica com os dividendos da sua produção musical (regra geral) então porque é que quando faz uma actuação, tem de ficar com 70% ou 80% do cachet por 1h00/2h00 de trabalho?
 
Será que sabem quantas horas é que o seu representante teve de trabalhar para ele ter essa actuação ou quanto é que investiu (tempo e dinheiro) para que a actuação fosse solicitada/agendada? Será justo?
É verdade que o agente/agência precisa do produto (leia-se artista) para poder "vender", mas também é verdade que o artista sem ser representado, terá de fazer ele o trabalho do agente e certamente ficará muito mais tempo na "prateleira" (como produto que é). 

Raros são os casos em que a mudança de representante deu bom resultado e, tal como tu, ninguém trabalha de borla ou faz investimentos para perder (...)

 
Como referi anteriormente, nenhum agente/agência faz milagres e se não tiver bons artistas, também não conseguirá fazer alguma coisa. Devido a essa situação é que as tais "oportunidades" não são dadas a quem ainda não tem "valor de mercado" porque não existe o retorno devido, relativamente ao trabalho que um agente ou booker tem. 
 
Nos dias que correm, existem poucas soluções para os artistas. Ou assumem um "casamento" com um agente/agência que irá investir em vocês e no caso de quererem mais tarde o "divórcio", vão ter de pagar pelo trabalho e investimento que foi feito, ou então não são agenciados e trabalham nas duas vertentes e assumem o investimento de tempo e dinheiro (não será certamente a mesma coisa nem obter os mesmos resultados). 
 
Se fores artista (DJ, produtor, Mc, musico, etc.) e estiveres ligado a algum agente ou agência (ou se fores convidado para ser agenciado), nunca te esqueças que a opção foi feita entre duas partes. Caso queiras quebrar essa ligação tenta sempre que seja de uma forma amigável e com os motivos bem claros para que possam chegar a um entendimento, nunca esquecendo que "não se deve cuspir no prato onde comeu". Raros são os casos em que a mudança de representante deu bom resultado e, tal como tu, ninguém trabalha de borla ou faz investimentos para perder onde não tenha de ser devidamente compensado. 
 
A decisão de ser agenciado tem de partir de duas partes (tal como num casamento) mas ninguém obriga ninguém a estar "casado" se não estiver contente com a decisão. No entanto, quando alguém quebra um compromisso, não pode ficar com tudo o que foi construído a dois. "Artistas" há muitos e nunca te julgues melhor que os teus colegas, em especial se o trabalho não foi "só teu". 
 
Nenhum agente ou agência consegue nada "sem ti" mas tu podes ser substituível. Quem não pode ser substituído é quem paga (clientes), quem te promove e apoia (parceiros) e quem te dá visibilidade. Ninguém (como eu) faz milagres e qualquer agente/agência sabe que sozinho nada consegue e muito menos faz com que "tu" (DJ) consigas entrar nesta "lei do mercado". 
 
Afinal existe ou não uma "lei do mercado para os DJ's"?
Sim... existe. E acredites ou não, é exactamente a mesma que para outro produto qualquer. 
Existem "Lobys"? Claro que sim. 
Basta ter qualidade? Claro que não. 
Vais lá chegar sozinho e com o teu trabalho? Nem em sonhos. 
 
Ninguém consegue nada sozinho e enquanto não perceberem que ser DJ ou artista é algo que nada mais é do que um serviço/produto e é regido pelas leis de mercado normais, dificilmente conseguirão que alguém "compre" o que querem "vender".

 

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
Existe um filósofo francês chamado Paul Virilio que defende que, na sociedade actual, é a velocidade o que define os vencedores e os líderes. Nas palavras dele: “a velocidade da luz já não transforma o mundo, a velocidade da luz é hoje o mundo”. Nada mais correcto. A meu ver, a velocidade é hoje a força motriz de qualquer pessoa. Todos estabelecemos prazos - cada vez mais curtos - para alcançar objectivos e encaramos como falhanço se não os alcançarmos. A nossa sociedade hoje funciona assim. É refém da velocidade. Fazer bem é fazer rápido.
 
É certo que este é o mundo em que vivemos. Se olharmos para o que nos rodeia percebemos facilmente que as músicas se tornam facilmente epifenómenos. Basta pensar que há não muitos anos atrás, hits mundiais das pistas de dança subsistiam no tempo e, hoje em dia, é bastante improvável apanhar os hits de 2013 ou 2014 em 2015. Nos próprios radioshows dos top DJ’s da actualidade há uma quase obsessão com a novidade e a exclusividade. É mesmo difícil em grande parte deles encontrar “músicas já editadas”, quase como se as músicas por já terem sido editadas ultrapassassem o prazo.
 
Este, a meu ver é um dos principais problemas da nova geração de produtores e DJ’s que surgiu nos últimos dois / três anos. É obcecada com a velocidade. Quer, a todo o custo, fazer rápido. Mas atenção que fazer rápido não significa fazer bem. Mas o erro não está em querer fazer rápido. O erro está em só querer fazer rápido, ou, de outra forma, só admitir como sucesso fazer rápido.
 
A verdade é que o insucesso gera frustração. E, em grande parte das vezes, o insucesso e a frustração são nada mais que sinónimos de impaciência. Todos olham para fenómenos como Martin Garrix ou Madeon e pensam “também quero ser um prodígio de 16 ou 17 anos, cheio de sucesso”. Mas esquecem-se que estamos a falar em primeiro lugar de artistas com uma estrutura profissional gigantesca e em segundo lugar de artistas que, apesar da juventude, já cá andam há alguns aninhos. 
 

O talento só não é premiado quando os talentosos desistem. Parece um cliché, mas é assim que a vida funciona.

 
Por isso quando se sentirem frustrados, ou a achar que vivem num mundo cruel em que só não têm sucesso porque “o público não tem cultura”, “nenhuma agência aposta em mim”, “não tenho um bom estúdio”, “não tenho dinheiro para investir”, “nasci no país errado”, pensem que grande parte dos top DJ’s da actualidade, tirando poucas excepções, construiu uma carreira ao longo de 5, 10 ou 15 anos antes de chegar ao topo. É como em tudo, nenhum recém-licenciado começa a trabalhar como Director numa multinacional. Se for um prodígio, trabalhar e fizer tudo bem, certamente lá chegará. E sim, em Portugal como em tudo, as coisas obviamente demoram um bocadinho mais.
 
Não estou a dizer para serem passivos ou abrandarem o ritmo. Nada disso. Apenas que precisam de conviver com o tempo, tendo sempre em mente que o talento é sempre premiado. Mais tarde ou mais cedo. Pode tardar, mas é quase uma inevitabilidade. O talento só não é premiado quando os talentosos desistem. Parece um cliché, mas é assim que a vida funciona. É como diz o ditado: “Roma não se fez num dia”.
 
Hugo Rizzo
Publicado em Hugo Rizzo
quarta, 02 setembro 2015 14:53

O Eldorado

Nem só de Algarve vive o verão, mas é nesta zona do país que se situam os spots mais apelativos e também os maiores investimentos. Fazer um bom spot não é fácil, carece de:
  • Forte investimento de infraestruturas - e cada vez os patrocínios são mais escassos; 
  • Qualidade de serviço nem sempre existente porque algum staff pensa que está também em férias ou em festa;
  • Bom cartaz e aqui pouco tenho apontar, já que passaram pelo Algarve todos os grandes nomes nacionais e bons artistas internacionais;
  • Bons preços de porta e bares, e ainda, este ponto não é de somenos, boa segurança. No que respeita à segurança ainda acontecem muitos excessos que, vá lá saber-se porquê, continuam a ser abafados.
 
Como sempre, em todos os verões há espaços vencedores:
 
O espaço T, de José Manuel Trigo, é um clássico mas que os mais jovens aprenderam a respeitar. A festa do "yé-yé", magnificamente organizada e supostamente para uma faixa etária gold, alicia muitos jovens que se sentem confortáveis num ambiente de gente bonita. Mérito a José Manuel Trigo, que ano após ano não se rende e vai mantendo o seu T num ponto de roteiro obrigatório.

No que respeita à segurança ainda acontecem muitos excessos que, vá lá saber-se porquê, continuam a ser abafados.

 
O grupo Nosolo, trabalha todo o ano e bem. Os sunsets continuam a ser uma referência e o Água Moments consegue impôr algumas festas que lhe trazem crescimento e prestígio. Trabalha durante um período maior e por isso, considero o grupo Nosolo o que mais faz pelo Algarve.
 
O Seven é um espaço pouco bonito, com um cartaz pouco uniforme, mas que recebe os mais jovens que ali se sentem em casa. Digamos que o Seven se adaptou a um público-alvo de baixa idade, o que faz dele um vencedor.
 
O rei dos Algarves é o Bliss e não digo isso porque a MayaEventos assinou três das suas festas - Vidas CM, Flash! e Máxima - digo-o porque é o sentimento de quem viveu o verão algarvio quer como cliente, quer como imprensa e ainda as marcas que vêem o seu branding e vendas coroados com bons valores. Staff, cartaz e animação - a cargo de Paulo Magalhães Produções - todos levaram as noites únicas e inesquecíveis. Hugo Tabaco, que enquanto DJ tem ganho notoriedade e até lançou o tema “Treasure”, teve como os seus sócios um verão ‘blissimo’.
 
O Sem Espinhas Natura, na praia do Cabeço (Castro Marim), que representa o beach club na sua essência: pé na areia, bom som e liberdade. Cada vez mais lidera o Sotavento.
 
Na categoria "one night shot", o concerto de David Guetta em Quarteira, foi um sucesso.
 
Por tudo o que vi, ouvi e reflecti, houve dois espaços que poderiam ter estado melhor: 
 
O Palms, que nasceu torto em 2014 e não foi ainda este ano que se levantou. Teve noites muito fracas apesar dos seus relações públicas e promotores terem feito um excelente trabalho. Mas ainda assim o espaço e a marca não pegam e se não fosse a festa SIC Caras, nem se ouviria falar do espaço com alguma elegância.
 
O Búzios Portimão, que num misto de concertos e DJs não fez esquecer o MEO Spot, pelo contrário. Este espaço, com uma equipa que tem, mais um ano de concessão, pode fazer melhor em 2016.
 
Há outros de que não falo, não por falta de respeito ou desconhecimento, mas porque a sua expressão se manteve igual e não conheceram destaque, nem para o bem nem para o mal. Antes assim.
 
Mas não se iludam empresários e "paraquedistas" da noite deste país ou de outros. O Algarve não é o Eldorado.
 
Venham as rentrées!
 
Maya
MayaEventos
Publicado em Maya
sexta, 25 março 2016 21:44

O DJ Residente

Andando por aqui a explorar os temas que tenho em agenda para esta minha primeira crónica, decidi focar a importância do DJ residente num espaço noturno.
 
Na ideia e opinião de muita gente, o DJ residente não é mais do que um trabalhador habitual de um club que tem como função tocar ao início da noite, quando a casa se encontra ainda vazia e que ali está apenas a ‘encher chouriço’ como se diz na gíria popular, até que entre na cabine o convidado da noite, que esse sim é a estrela.
 
Nestes meus 16 anos de carreira como DJ, contei com 2 residências: uma de 2 anos e outra de 3 anos, sentindo-me como tal com capacidade de opinar livremente acerca daquilo que é um DJ residente e da suprema importância que ele tem para um club!
 
O DJ residente tem sido relegado para uma posição secundária na noite e cada vez mais se encontram espaços que não têm mesmo um residente. Parece que se esqueceu que o residente é o mais importante elo de ligação das normalmente 3 fases em que a noite se divide: Warm-up, Peak Hour e Closing.
 
O residente tem como principal missão preparar a noite para o convidado. Saber o que tocar e quando tocar. Levar o público ao encontro do convidado mas sem nunca chocar com a sonoridade que esse vai apresentar no seu set! Como residentes, temos de saber brilhar à nossa maneira.
 

(…) o residente é o mais importante elo de ligação das normalmente 3 fases em que a noite se divide: Warm-up, Peak Hour e Closing.

 
Aprendemos a conhecer as caras habituais do club e como tal, aprendemos a conhecer os seus gostos. Saber pôr o público a mexer deixa rapidamente de ser um problema e é com essa arma que muitas vezes salvamos a noite, ajudando também o convidado a familiarizar-se com o público que tem na sua frente. Tudo isto, sabendo sempre qual é o nosso lugar na noite e sem nunca querermos tomar a lead… lembrem-se: não são o ponto alto da noite.
 
É por isso que continuo a dizer que ser residente não é um trabalho fácil! Requer know-how, leitura de pista, trabalho de casa para com o convidado que vamos ter nessa noite, cultura musical acima da média, capacidade de gestão e acima de tudo saber conhecer as suas fronteiras. Muitos DJs falham isto e é por isso que vulgarmente vemos supostos residentes a fazer warm ups completamente desenquadrados daquilo que vai ser a noite, a reproduzirem musicas produzidas pelos convidados (parece um cliché, mas é uma situação que se repete frequentemente), a tocar ‘mais forte’ querendo mostrar ao convidado e às vezes ao público que também estão à altura do artista seguinte, mesmo ‘queimando’ completamente a noite… São pequenos detalhes mas muito importantes! Tão pequenos e tão importantes que até mesmo o nível de volume do som é para ter em conta. Sabemos o efeito que o som tem no nosso corpo… sentimo-lo como que se de uma batida de um coração se tratasse e é algo que marca o nosso ritmo ao longo da noite.    
 
Outra das situações recorrentes de muitos dos DJs residentes na atualidade é a de reproduzirem muita música antiga. Na tentativa de quererem fazer tão bem o seu trabalho de não querer ‘roubar’ o estrelato do convidado, acabam por pecar na sua playlist, reproduzindo muitas vezes a medo e recorrendo a temas mais antigos. Pessoalmente, considero isto um excesso! Há muita música nova e recente que não vai chocar com o trabalho do convidado. É certo que devemos guardar os chamados ‘hits’ para a Peak Hour, normalmente dominada pelo convidado, mas há muitos outros ‘hits’ de fácil uso no warm up. Mais uma vez , aqui encontramos os frutos do nosso trabalho de casa.
 
Assim sendo, se vos convidarem para ser residente, pensem primeiro se consideram ter os requisitos necessários para tal! Não é fácil! E não tomem esse trabalho apenas como uma oportunidade de atuar todas as noites sem terem de estar à procura de gigs, mas sim como uma escola, uma fonte de aprendizagem, que vos prepara para tudo. Até mesmo para os mais experientes, pois a arte de aprender é uma experiência contínua que devemos saber abraçar!
 
Pedro Carvalho
Publicado em Pedro Carvalho
sexta, 17 junho 2022 09:58

Circle Of Life

Longe de mim pensar que após uma longa pandemia, que forçosamente parou a minha atividade, iria prolongar a já bastante e sofrida "pausa".
E assim foi, estávamos no início do segundo trimestre de 2021 quando tive a melhor notícia da minha vida, não que ia retomar a atividade (algo que muito ansiava), mas sim que ia ser mãe. Algo que confesso, até muito recentemente não estava nos planos, mas como tenho referido, foi das coisas boas que a pandemia trouxe!

Óbvio que tive que atrasar os planos do regresso, numa altura em que as notícias da abertura dos espaços noturnos e eventos começavam a surgir. Foi um reformular automático e muito natural e o foco principal ficou naturalmente na maternidade.

Do "brainstorm" para o regresso surgiu a temática "Circle Of Life", ou seja o Círculo da Vida. Foi um tema que surgiu de forma muito espontânea e a meu ver não podia ter sido melhor. Consegui fazer um tipo de fusão com o facto de ser mãe e a tour de regresso, que de seguida preparamos. Posso dizer que juntei o melhor dos dois mundos e de certa forma, fazer também, uma referência ao que de melhor a vida tem.

Muito naturalmente também foi todo o processo que se seguiu, onde passei muito tempo em estúdio, dando origem a temas lançados recentemente como "Safemoon", "Indication", "Where We Are", "Elevate" remix e outras mais que vão sair durante este ano, posso adiantar em primeira mão que uma irá-se intitular "Circle Of Life"!

Depois da temática surgiu o passo seguinte, projetar a "Circle Of Life" Tour, que vai ter lugar até ao final do presente ano (2022), e vai passar por alguns dos meus clubs e eventos preferidos.

E para o arranque, nada melhor que um dos clubs mais épicos, "antigos" e respeitados de Portugal, a Pedra do Couto. O evento teve lugar no passado sábado 7 de maio e foi fantástico! Adorei e foi sem dúvida muito bom estar finalmente de regresso a fazer o que mais gosto e rodeada de toda a energia positiva que se sentiu nessa noite.

Posteriormente, vou passar por todo o território nacional e ilhas, assim como os Estados Unidos da América, Luxemburgo e Suíça já confirmados também. Com esta tour pretendo assinalar o ano mais importante da minha vida a nível pessoal em paralelo com a minha carreira como artista.

Posto isto, posso dizer que estou a viver uma experiência tão boa que nunca pensei que fosse possível sentir algo tão forte. É sem dúvida muito gratificante sentir todo o apoio que tenho recebido nesta fase, sentir um amor inexplicável e regressar às cabines e ver ainda mais carinho à minha volta! 

Estou de regresso e preparada para espalhar toda esta boa "vibe" contagiante a todos os que me acompanharem!

A vida é feita de ciclos, cabe-nos fazer deles o melhor possível.
 
Publicado em Miss Sheila
E aqui estamos nós, quase um ano e meio depois. É realmente uma prova de fogo esta pela qual nos estão a fazer passar. Milhares de live streamings nas redes sociais a custo zero depois, a vida e futuro dos DJs e de todos os que estão ligados ao setor nocturno permanece uma verdadeira incógnita. 

Cada vez mais uma incerteza, esta profissão tende em se manter viva à conta de todo um novo circuito, constituído por restaurantes e esplanadas dos mesmos, a fazer o nosso trabalho por aquilo que nos quiserem dar. Se antes já não era uma forma de sustento fácil, agora acabamos por ficar entregues nas mãos de um sector que obviamente não tem o mesmo grau de profissionalismo que permitiria a este sector artístico a dignidade mínima para poder exercer o seu trabalho, mas que neste momento tem a faca e o queijo na mão. A realidade é que dou por mim a não querer pensar muito naquilo que poderá vir a ser o futuro da minha profissão, pelo simples facto de não saber se existirá um. 

Completamente ignorados por quem governa e toma decisões no nosso país, acaba por ser frustrante olhar para trás e relembrar todo o passado recente, que envolveu sacrifícios e muito trabalho, mas que no presente não serve absolutamente para nada. Cada vez mais parece que o desejo de quem toma as decisões é passar a designar como restauração apenas os restaurantes, os grandes beneficiados com esta pandemia, uma vez que parecem ser, cada vez mais, os grandes meninos queridos do Governo. 

Pintados como os bichos papões de tudo o que de mal acontece neste país, mesmo sendo os únicos que se encontram encerrados desde o início de todo este enredo, sim, porque o insulto que nos fizeram, ao equipararem os bares e discotecas a meros cafés como forma de podermos trabalhar sem condições nenhumas para a nossa área vai ficar para a história, os bares e discotecas continuam a ser objecto de uma tentativa de aniquilação colectiva sem precedentes num estado de direito, sendo que a única coisa que podemos fazer é assistir de uma forma quase tortuosa, à destruição do trabalho de milhares de pessoas, sejam elas artistas, proprietários, profissionais de bar ou seguranças, entre muitos outros. 

A perseguição das forças policiais, com ameaças de autos de contra-ordenação  e discursos agressivos como se estivessem a falar com criminosos, apenas uma mão cheia de minutos depois do horário "permitido" por lei, torna-se não só insultuoso, mas cada vez mais revoltante, fazendo-nos sentir como marginais, mas daqueles que pagam as suas contas, impostos, seguranças sociais e todas as suas obrigações como qualquer português, tirando os da elite, é claro. 

É com muita tristeza que vejo que temos um Governo que não percebe que ao fecharmos o nosso sector em Março de 2020, o fizemos em prol da saúde pública, para bem de todos os portugueses, perdendo com isso milhares e milhares de Euros, perdendo basicamente a nossa independência financeira. Sim, nós fizemos um favor ao país, esta é a verdade! Semana após semana apenas a esperança nos vai mantendo lúcidos o suficiente, para podermos apenas continuar a ter mais esperança, enquanto assistimos a uma Europa toda a devolver a vida aos nossos colegas de sector. Ainda bem para eles, nada de confusões, mas é decepcionante perceberes que estás num país que não sabe reconhecer todos os sacrifícios que foram feitos por ele.

Assistimos a eventos políticos, privados e para a Europa ver onde tudo lhes é permitido, enquanto o nosso sector tem que permanecer quieto e sem se poder queixar muito. Muito sinceramente custa-me um pouco a perceber o porquê desta discriminação e autêntica indiferença, nenhum outro sector passou por semelhante situação na nossa sociedade. À hora que escrevo este texto, já nem me consigo lembrar da última vez que passei música, nem sei se alguma vez voltarei a passar, mas aquilo que sei com toda a certeza é que agora compreendo um pouco melhor tudo o que o meu avô me contava acerca dos tempos da ditadura em Portugal. A pior coisa que, como seres humanos podemos sentir, é realmente sentirmo-nos ostracizados, marginalizados e absolutamente condicionados naquilo que são os nossos direitos básicos como seres humanos. 

É triste olhar para este belo país que é Portugal e vê-lo tão feio, tão descolorido e mau. Enfim, ainda temos a nossa esperança, a esperança que um dia iremos acordar e todo este pesadelo terá desaparecido... ou não!
 
Publicado em Carlos Vargas
quarta, 05 junho 2019 21:55

Miss Sheila - 20 Anos de Música

Para a minha primeira crónica de 2019, o tema selecionado é imprescindivelmente o meu 20.º aniversário de carreira e o meu percurso no mundo da música, desde o dia "zero", até aos dias de hoje.

20 anos, parece que foi ontem, no entanto muito tempo se passou desde o dia em que fiz a minha primeira atuação profissional ao vivo. "20", não é o número exacto e correspondente à minha ligação com a musica electrónica, mais concretamente com o "House e Techno". Comecei bem antes de 1999, a experiência das primeiras "raves", o meu cargo na Bimotor DJ com as encomendas internacionais de vinyl para Portugal, os eventos no Rocks, a Kaos Records, a Supersonic... tudo isto e muito mais faz parte da minha introdução ao "mundo" que hoje chamo "meu", e um importante pilar naquilo que hoje sou.

Resumir a minha carreira não é de todo tarefa fácil. 
Sempre tive uma imensa paixão pela música. Nasci em Sasolburg (Africa de Sul), depois vivi em Nova York, até que conheci o maravilhoso país que é Portugal, onde passei a residir.

Iniciei bem cedo a minha experiência com a música no geral, já nos Estados Unidos, com as aulas de piano, flauta e bateria. Sempre senti que eu e a musica éramos mais que meros "conhecidos", havia algo que me fazia sentir bem e em harmonia, sempre que ouvia um tema com que me identificasse. Naturalmente, senti a necessidade de partilhar esses sentimentos. Daí surgiram as primeiras experiências com a arte do "DJing", isto já em Portugal, no bar do qual era proprietária em conjunto com o meu irmão. Malibu Bar, era na Praia De Esmoriz e foi onde tive a oportunidade de dar início e desenvolver a minha paixão pela electrónica. Na altura, Esmoriz era prova-velmente uma das cidades onde residiam mais DJs. A forma como falávamos acerca dos temas mais recentes, do panorama no geral, contribuiu bastante para aquilo que sou hoje e para todo o "background" que ganhei.

Considero que tenho uma carreira solida e sinto-me imensamente grata por isso. Contudo, o processo de gestão de uma carreira para que tudo prevaleça de forma relevante e consistente não é de todo fácil, tema que já abordei de uma forma mais concreta na minha Crónica de Opinião: "A Máquina atrás do artista".

Fazendo uma retrospectiva, passei por varias gerações. Inicialmente onde apenas existia o "vinyl",  aquelas malas pesadas e os "White Labe" exclusivos, posteriormente o início da "Era Digital", onde surgiram os primeiros "CDjs", mais atualmente os DJ Softwares. Todo este processo de evolução no que diz respeito às ferramentas para actuação fez-me ganhar bastante experiência, que se reflete nos dias de hoje, sempre que saio para trabalhar.
 
A música também mudou bastante, felizmente a música boa nunca vai acabar, isto é algo certo, mas é normal que existam mudanças, devido às influências (culturais, sociais, políticas) ou mesmo ao material de estúdio, que em paralelo ao de performance ao vivo, também foi alvo de um grande "upgrade" ao longos dos tempos.

A música também mudou bastante, felizmente a música boa nunca vai acabar, isto é algo certo, mas é normal que existam mudanças, devido às influências (culturais, sociais, políticas) ou mesmo ao material de estúdio, que em paralelo ao de performance ao vivo, também foi alvo de um grande "upgrade" ao longos dos tempos.


Resumidamente, o facto de no início não ser tudo tão simplificado, fez com que eu e os artistas da minha geração tivéssemos que nos esforçar um pouco mais para que o produto final fosse o mais perfeito possível.

A nível do trabalho de estúdio e produção, como já referi inicialmente, também houve um grande desenvolvimento, seja a nível do Hardware, Software ou mesmo a forma como a informação é partilhada.

Editei o meu primeiro disco em 2001, pela conceituada "Tango" em parceira com o Joeski. Desde aí fui desenvolvendo as técnicas de forma intensa e editando originais e remisturas um pouco pelos quatro cantos do mundo, Digital Waves, Kaos, Magna (Portugal), Fresh Form, Datagroove (Espanha), Moderate (Itália), Fatal (Holanda), Na-nowave (Japão), Tango (EUA), Hypno (Reino Unido) e mais recentemente pela conceitua-da e restrita Natura Viva onde apenas figuram os melhores do mundo. 

De salientar também que em 2014 realizei um dos meus sonhos, abrir uma editora. A minha Digital Waves está também de parabéns em 2019 com os seus já 5 anos de existência. Estou a preparar desde Janeiro alguns temas, que vão sair até ao final do ano juntamente com tudo o que está projectado entre mim e a minha agência para esta temática.

Para finalizar, durante todo este percurso tive o prazer de conhecer pessoas fantásticas e conhecer outros países e culturas, como foi mais concretamente o caso de Nova Iorque, Ibiza, Geneva, Luanda, Cidade do Sal, Luxemburgo, Rotterdam, Bruxelas, Funchal, Lyon, Hartford, Sevilha, Vigo, Neuchatêl, Friburgo, Amsterdão, entre muitas ou-tras fantásticas cidades do mundo, como Portugal, obviamente! 

Assim sendo e de forma a celebrar este marco na minha carreira, do qual não podia estar mais grata por cada minuto, decidi retribuir todo o apoio e carinho que recebi ao longo dos anos, com a temática "20 Years of Music", que irá originar dois grandes eventos no final do ano. Um a Norte e outro a Sul. Mais novidades estão planeadas para sair, por isso fiquem atentos, este ano festejamos juntos.
 
Publicado em Miss Sheila
sexta, 05 abril 2013 14:50

Mudam-se os tempos, muda-se o respeito

 
Passo bastante tempo em estúdio e esse facto permite-me estar também atento ao que se passa nas redes sociais e internet. Ora algo que me tem vindo a intrigar nos últimos tempos, é a tremenda falta de respeito e facilidade com que os mais novos (talentosos ou não) artistas, tratam os mais velhos (maior parte com "cartas mais que dadas").

Eu compreendo o entusiasmo de alguns jovens, que conseguindo "imitar" a sonoridade de alguns artistas internacionais, são colocados em pedestais por amigos "facebookianos", que sendo igualmente joviais, não medem a "crítica exageradamente positiva".
 
Todos sabemos que colocar um preview musical no facebook leva a que 90% dos comentários sejam positivos, por razões óbvias. Ora essa situação não demonstra a realidade do talento artístico. Pelo menos no caso dos jovens. Mas acontece que estes jovens "artistas" ficam deslumbrados e pensam que podem argumentar, criticar e achar que apenas o que fazem está correcto e é bom.

Esta é uma situação grave. O respeito é um dos alicerces da inteligência e bem-estar entre "nós", seres pensantes.


Presenciei, recentemente uma bárbara situação em que um importantíssimo produtor foi "gozado", criticado e "escovado", até ao limite. Por quem?! Pois, aí é que está! Por quem ainda não mostrou/provou nada. Por quem ainda não tem sequer argumentos de "venda" artística e acima de tudo, e mais grave, por quem, ao pé de quem criticou é muito pequenino.

Esta é uma situação grave. O respeito é um dos alicerces da inteligência e bem-estar entre "nós", seres pensantes. Opiniões são opiniões, e todos somos livres de as ter, de as dar. Mas a crítica, a crítica é algo diferente e quando é dada com malícia, torna-se falta de respeito.

Gozar um artista que até já pouco tem a almejar, vindo de quem tem ainda tudo a almejar, é sinceramente e desculpem a expressão, mentecapto!

Estes "jovens" esquecem-se que editar uma música nos dias de hoje, não tem sequer um terço do valor que era editar há dez anos atrás. Porquê? Porque hoje em dia não tem custos, porque hoje é facílimo chegar às editoras, porque hoje, se "te enganares" num release, dois dias depois podes lançar uma nova. Porque hoje o risco para as editoras é quase nulo. E porque hoje, hoje até o youtube te ensina a "criar um hit"!
Com isto não significa que o talento tenha deixado de existir, porque existe e bastante, mas esse, esse não precisa de anos para "dar o salto" e afirmar.

Tentar subir uns degraus, difamando o mais velho é feio e no facebook, todos vêem!

Penso que colocar os pés bem assentes no chão e olhar o futuro com entusiasmo e "ganas" é o melhor caminho para os jovens, mas sempre a respeitar o próximo e o mais velho, pois esse, foi o que abriu portas para o "sonho"!
 
 
Publicado em Massivedrum
quarta, 07 novembro 2012 21:04

Música...

 
Em 1990 o meu Ser despertou para uma nova tendência musical que invadia as rádios e pistas de dança em Portugal. Era muito novinho, mas lembro-me do fascínio que tais obras em mim provocaram. Eram momentos mágicos, deitado à noite a ouvir programas de rádio, gravações de cassetes, os primeiros vinis, etc., de música completamente diferente, nova, original, inteligente, cheia de sentido!
Tudo isso fez com que o sonho se apoderasse de mim. "É isto que quero, é o meu sonho!!"
Pois bem, durante 22 anos, aos poucos o meu sonho concretizou-se, eu sou o que sonhei ser, mais até talvez do que sonhava nesses tempos... Mas... E há sempre um mas...
 
Esta é uma crónica diferente, diferente das que se lê aqui, pois é intima, pessoal, mais até um desabafo. Vou falar da tristeza que sinto pela não compreensão e maus tratos que essa música e cultura que mudou o meu Ser à 22 anos sofre nos dias de hoje.

Estamparam recentemente a sigla EDM (Electronic Dance Music) para definir uma arte que já conta com mais de 30 anos de história. Estamparam porque a música de dança tornou-se extremamente rentável e como em tudo, tem que se criar uma marca à volta. Mas... Apenas chamam EDM a certos estilos musicais o que me confunde, levando a pensar que há estilos que são menosprezados, postos de lado, quando a arte é a mesma, e muitas vezes o intuito dessas obras muito mais genuíno. Um Deep House por exemplo não é uma faixa produzida electronicamente?? Ou um DJ de Deep House não rende tanto em termos monetários como um DJ de Electro, será isso? Pois bem, o conceito de EDM está então errado. Música electrónica é muito mais que Electro. Faz-me uma certa confusão existir uma definição de um todo, que define apenas uma parte que é neste momento a mais rentável. Lamentável.
 

Apenas chamam EDM a certos estilos musicais o que me confunde, levando a pensar que há estilos que são menosprezados, postos de lado, quando a arte é a mesma


Outra questão passa pelo que as redes sociais (mais concretamente FACEBOOK), abriram. As portas do RIDÍCULO! Parece que ter muitos "amigos" no Facebook vale não só entrar no TOP 100 da DJ Mag, como também se se quiser, editar uma música, remix, etc. É que muitas labels e artistas, a troco de "Likes", fazem "contests" a torto e a direito, sendo os vencedores os mais votados. É tudo muito bonito, não fosse aqui o caso por em questão a qualidade musical, pois ser um "Facebookiano famoso" não significa um bom produtor musical.
Nestes últimos tempos ouvi verdadeiras barbaridades e atentados musicais acabarem vencedores de alguns desses "contests"... É deveras preocupante que uma rede social consiga que editoras prestigiadas ponham de lado talento em troca de publicidade grátis, até porque "Likes" e votos na Internet podem ser forjados, mais grave até, comprados.

Adiante...

Não vou comentar o assunto Warm Up pois já o fiz na minha primeira crónica, mas reforço a ideia dessa mesma, que não sendo um Warm Up numa discoteca em que o residente tem mesmo que estar "calmo" em prol do bom funcionamento da casa, num festival o mesmo se passa. As pessoas vão estar ali horas e à uma da manhã, o primeiro ou o antes do cabeça de cartaz tem que ser contido. Ninguém lhe pede para passar Deep House, mas há várias maneiras inteligentes de conseguir um seguimento musical lógico com os vários artistas. Arrisca-se a brilhar aquela hora e quando entrar o cabeça de cartaz (supondo que é mesmo um dos bons), as pessoas já o esqueceram. E não, não queimou ninguém, queimou-se apenas a ele, aos olhos dos colegas e não contribuiu para a "festa", massacrando o público com música que se calhar não era para aquela hora, ou podia-se guardar, ou noutros casos, até nem tocar, se é que me faço entender. Trabalho de casa deve-se fazer, ter musica para várias horas também. Há casos de ser um DJ de um estilo/método de trabalho, etc, específico, e aí é o trabalho dele, ponto. Se a vontade é ser um DJ mainstream, tem que se conhecer e saber mais do que o TOP 100 do Beatport.

Posto isto, penso que está feita a confusão necessária para o ponto seguinte que tem a vêr com a falta de organização musical que reina no nosso país. É que hoje em dia não existem linhas musicais, chegando até ao ridiculo de quando estão mais que 2 DJs a tocar no mesmo evento, ouvirem-se as mesmas musicas repetidamente, dando a parecer que apenas existe um universo de 20 ou 30 musicas. Isto é RIDICULO! É inadmissivel que TOP DJs não arrisquem ou toquem música nova, eduquem, divulguem, surpreendam as pessoas. Eu lembro-me de ir ouvir TOP DJs e no fim pensar, "bem, que set foi este, saí daqui surpreendido, com novos horizontes. Que brutalidade!!".
 

Se a vontade é ser um DJ mainstream, tem que se conhecer e saber mais do que o TOP 100 do Beatport

 
Ouvir TOP DJs neste momento é já um cliché! Bootlegs com faixas rock/pop conhecidas nas quebras para o público cantar quando o DJ baixa o som, e/ou o TOP 10 geral do Beatport ou 100 do Progressive. Sem comentar um novo tipo de mistura que o MICROFONE trouxe… Claro que cada um sabe de si, mas penso que certos estatutos têm que ser mais, muito mais do que são agora e muitos até já foram. É que há valores em causa que alimentavam durante alguns meses muitas famílias Portuguesas. Se me vendem o TOP, quero ouvir TOP. E arrastar pessoas, já vi muita festa temática arrastar bem mais que um "TOP".

Dito isto, resta-me deixar aqui umas questões para reflexão. Porque não se unem os nossos "TOP" DJs como fizeram por exemplo os Holandeses? Será porque temos vários "Numero 1 Nacional" e eles não se entendem? Eu já tentei mais que uma vez uma junção entre vários artistas mas a resposta sempre foi negativa. Penso que a motivação neste momento é apenas monetária, levando a que cada artista queira única e exclusivamente ser "O PROTAGONISTA" e "O Nº1 NACIONAL".  Rótulos são rótulos e penso que um artista deve respirar a arte, vivê-la, deixar ela sim, ser a protagonista principal. Chega a ser "chato" os apelos desesperados que se vêem nas redes sociais, ora para votos, ora para "Likes" ou mesmo os "Posts" a roçar o infantil para as páginas do Facebook terem actividade.

Penso que todos devíamos reflectir um pouco e tentar olhar para o passado que tão bonito foi, e não estragarmos uma arte/cultura que tanto passou para ver a luz do dia, mas que assim que aqui chegou, foi prostituída…

Um bem haja a todos os colegas e profissionais do meio. Ao público, e a todos os que gostam de MÚSICA!
 
Massivedrum
www.facebook.com/massivedrum.official
Publicado em Massivedrum
segunda, 06 janeiro 2020 22:30

DJ Residente, o comandante

Pode-se ter um grande artista DJ convidado, mas sem um DJ Residente à altura, a diversão, os consumos de bar e o feedback geral sobre o evento irá ser muito limitado e ficar muito além do que seria expectável.

O DJ Residente é o motor da animação musical do evento.

Em Portugal temos de dar graças pelo grande número de excelentes profissionais que existem de Norte a Sul e Ilhas, apelidados de DJ Residente.

Felizmente que cada vez mais se começa a reconhecer e a valorizar o trabalho do DJ Residente. Infelizmente esse reconhecimento e respeito muitas vezes não surge por parte do artista convidado.

Os artistas convidados têm de se consciencializar: estão a atuar num espaço que não é seu "habitat" usual, mas sim do artista que toca naquele estabelecimento/evento diversas vezes ao longo do ano. É absolutamente normal, portanto, que o residente saiba quais os melhores géneros musicais, o público alvo da noite, o melhor horário para o convidado atuar, etc.

Não é portanto nenhum "rebaixamento" que o artista convidado faça perguntas como: Quais são os géneros musicais usuais do espaço? Qual o horário de atuação preferencial? Até que ponto posso ter a liberdade de tocar completamente o meu estilo musical mais característico? 

Já trabalhamos há vários anos esta questão em todos os artistas da DO HITS Agency, não só por uma questão de respeito, por um ser humano que está ali para nos receber da melhor forma possível, mas também pela busca do sucesso final, não só para o projeto/artista DJ convidado, mas também para o evento em si. 

Na nossa opinião, isto é também fundamental para mostrarmos respeito e apreço pelo cliente (gerente/produtor) que nos está a contratar para darmos um espetáculo no seu estabelecimento/evento. 

O mesmo pedido de respeito também se aplica naturalmente ao DJ Residente. Nunca se pode avaliar um livro pela capa. Tem de se saber dar a oportunidade a todos os convidados de mostrarem o seu valor. Afinal de contas, o artista convidado deverá ter sido contratado por possuir mais valias para o evento e público presente. 

O respeito mútuo irá entregar o serviço desejado a todos: animação, diversão e se possível uma experiência de noite positiva que ficará na memória de cada pessoa presente, valorizando assim não só o evento mas também os artistas envolvidos no mesmo. 
 

João Casaleiro

CEO Agência DO HITS

Publicado em João Casaleiro
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