Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
segunda, 01 outubro 2012 23:46

A ressaca e as suas curas

 
Este artigo pode parecer chato, (principalmente se tiveres mesmo de ressaca), mas no final vais concluir que, tal como nós, fãs ferrenhos de uma noite bem aproveitada, vai dar-te muito jeito no dia em que não souberes o que fazer mais para curá-la e quiseres livrar-te desse mau estar ou dor de cabeça torturantes. Vais ver que ainda nos vais agradecer.

Vamos começar por saber o que é a ressaca. Em linhas gerais a ressaca é provocada por um conjunto de três efeitos produzidos pelo álcool: desidratação, choque nervoso e desnutrição.
Desidratação porque o álcool é diurético e literalmente faz-nos correr para o WC centenas de vezes. O choque nervoso acontece porque quando se bebe muito, estamos a provocar uma overdose de uma "droga" e isso mexe com o sistema nervoso. É por isso que quando estamos mesmo naqueles dias de ressaca extrema trememos que nem varas verdes. Por último, mas não menos importante, a desnutrição: o álcool reduz a quantidade de vitaminas e nutrientes do corpo, elementos que são importantíssimos para a manutenção do sistema de defesa do organismo.
 
Além destes efeitos provocados pelo álcool, o mesmo é metabolizado pelo fígado. E aí é que está o nó da questão. Para processar as moléculas do álcool, o fígado usa duas enzimas e nem todos gozamos da quantidade de enzimas suficientes e eficientes. É por esta razão que existem pessoas que ainda não se cruzaram com uma manhã de ressaca, enquanto que outras, não podem ver uma garrafa de cerveja à frente que passam mal. No fundo, trata-se de uma questão de estrutura física ou mesmo genética, o que não tem nada a ver com tamanho.
Outro dado importante: o álcool é expelido do corpo pelos rins e pelos pulmões e afeta principalmente o lobo frontal do cérebro, responsável por controlar o julgamento (literalmente o juízo) e as relações sociais. Há quem diga que se perdem neurónios a cada bebedeira, mas é no fígado que o álcool deixa marcas mais profundas.

Depois de dar-mos uma olhadela a certos e determinados estudos, podemos realmente concluir que os efeitos do álcool no fígado são muito preocupantes, embora pouca gente ligue a isso no calor da festa.
 

"Para os mais impacientes, deparamos com testemunhos, que atestavam, que um valente cheeseburguer com batata grande e cola grande seria o auge (aguardamos o estudo científico para o comprovar) ..."

 
Explicações científicas à parte, o facto é que desde que os gregos inventaram a cerveja, que a cura da ressaca é um dos dilemas da humanidade. O primeiro conselho e mais importante de todos seria: não beber e garantimos por experiência própria (cof cof) que não vais ficar nem com um pouquinho de ressaca, mas se não vão nesta cantiga temos outras dicas para ti.
Repara que quando alguém bebe demais e vai parar ao hospital, o primeiro passo, é tomar glicose, o álcool reduz a quantidade de açúcar no sangue, (daí aquela moleza), então, a tática ideal e infalível é andar sempre com uma barrinha de chocolate no bolso. É tiro e queda e o efeito é melhor do que todas essas confusões de banhos gelados, dormir ou qualquer outra loucura que possa ter efeito contrário e piorar a situação. O mais seguro mesmo é o dito chocolatinho, (santo de cada dia), quando te começares a sentir mal, durante ou após a bebedeira. Procura não te sentares ou fechar os olhos no "durante".

Existe quem defenda que mastigar gengibre, ajuda a aliviar o stress do estômago, mas o repouso, frutas, verduras, muita água e vitamina B, sem contar com uma ou duas Aspirinas, Guronsan (ou outro), continua a ser a solução mais usada. Mas existem outras, nomeadamente: beber um litro de água antes de ir para a cama e tomar um remédio para a dor de cabeça. Verás que no outro dia vais estar melhor do que se chegasses a casa e não tomasses nada!
 
A esta altura já pensas: "E aquela secura irritante que não passa!!". Se tomares uma colher de azeite antes de começares a beber, segundo os nossos antepassados, não vais passar por essa sensação porque, provavelmente, nem vais conseguir beber mais!  Também, há quem diga que um bom sumo de limão ou tomate, no dia seguinte, ainda em jejum, costuma fazer milagres. Segundo outras culturas, um copo de cerveja gelada, assim que te levantas, também produz um efeito positivo. Pelo menos não passas por todas as sensações desagradáveis! Uma receita interessante que encontrámos para curar para a ressaca: comer uma canja de galinha. Mas aconselhamos a pedires a alguém que a faça ou a fazeres a canja antes de saíres à noite. De madrugada e de ressaca o mais certo é nem dares com um prato! Para os mais impacientes, deparamos com testemunhos, que atestavam, que um valente cheeseburguer com batata grande e cola grande seria o auge (aguardamos o estudo científico para o comprovar), mas podemos já adiantar que coca-cola e outras bebidas com gás e cafeína são irritantes para o estômago.

Se isto estiver a ser demais para a tua cabeça, (que neste momento poderá estar à roda com a noite passada), podes fazer uma pequena cábula com alguns dos conselhos mais práticos que encontrámos, para colares no espelho onde te arranjas todas as noites antes de saíres:
 
 
  • Alimenta-te bem antes de começar a beber, para que os efeitos do álcool não sejam tão intensos;
  • Nunca bebas à pressa! (nem que a loira que te tirou do sério esteja a dirigir-se para a porta acenando-te para ires com ela). A bebida é para ser saboreada calmamente, e sem pressas;
  • Faz um esforço e bebe água (entre as bebidas alcoólicas) para que o efeito do álcool não seja tão forte;
  • Modera a quantidade de álcool a ingerir;
  • No dia seguinte, opta por alimentos leves, chá, café, muita água, (mesmo muita), para hidratar o corpo, e come alimentos com sal e potássio para repor os nutrientes que perdeste. Não te esqueças de ingerir muita vitamina B.
 
Tem calma! O que estás a sentir vai passar em breve!
 
Amanhã tudo regressa ao normal! E estás pronto para mais uma, VENHA ELA!!! De preferência ao som dos FUNKyou2 - The Party Rockers!!!!
 
Francisco Praia
FY2 - The Party Rockers
Publicado em Francisco Praia
sexta, 17 junho 2022 09:58

Circle Of Life

Longe de mim pensar que após uma longa pandemia, que forçosamente parou a minha atividade, iria prolongar a já bastante e sofrida "pausa".
E assim foi, estávamos no início do segundo trimestre de 2021 quando tive a melhor notícia da minha vida, não que ia retomar a atividade (algo que muito ansiava), mas sim que ia ser mãe. Algo que confesso, até muito recentemente não estava nos planos, mas como tenho referido, foi das coisas boas que a pandemia trouxe!

Óbvio que tive que atrasar os planos do regresso, numa altura em que as notícias da abertura dos espaços noturnos e eventos começavam a surgir. Foi um reformular automático e muito natural e o foco principal ficou naturalmente na maternidade.

Do "brainstorm" para o regresso surgiu a temática "Circle Of Life", ou seja o Círculo da Vida. Foi um tema que surgiu de forma muito espontânea e a meu ver não podia ter sido melhor. Consegui fazer um tipo de fusão com o facto de ser mãe e a tour de regresso, que de seguida preparamos. Posso dizer que juntei o melhor dos dois mundos e de certa forma, fazer também, uma referência ao que de melhor a vida tem.

Muito naturalmente também foi todo o processo que se seguiu, onde passei muito tempo em estúdio, dando origem a temas lançados recentemente como "Safemoon", "Indication", "Where We Are", "Elevate" remix e outras mais que vão sair durante este ano, posso adiantar em primeira mão que uma irá-se intitular "Circle Of Life"!

Depois da temática surgiu o passo seguinte, projetar a "Circle Of Life" Tour, que vai ter lugar até ao final do presente ano (2022), e vai passar por alguns dos meus clubs e eventos preferidos.

E para o arranque, nada melhor que um dos clubs mais épicos, "antigos" e respeitados de Portugal, a Pedra do Couto. O evento teve lugar no passado sábado 7 de maio e foi fantástico! Adorei e foi sem dúvida muito bom estar finalmente de regresso a fazer o que mais gosto e rodeada de toda a energia positiva que se sentiu nessa noite.

Posteriormente, vou passar por todo o território nacional e ilhas, assim como os Estados Unidos da América, Luxemburgo e Suíça já confirmados também. Com esta tour pretendo assinalar o ano mais importante da minha vida a nível pessoal em paralelo com a minha carreira como artista.

Posto isto, posso dizer que estou a viver uma experiência tão boa que nunca pensei que fosse possível sentir algo tão forte. É sem dúvida muito gratificante sentir todo o apoio que tenho recebido nesta fase, sentir um amor inexplicável e regressar às cabines e ver ainda mais carinho à minha volta! 

Estou de regresso e preparada para espalhar toda esta boa "vibe" contagiante a todos os que me acompanharem!

A vida é feita de ciclos, cabe-nos fazer deles o melhor possível.
 
Publicado em Miss Sheila
 
Quantas e quantas vezes, depois de um gig, não chegaste a casa ou ao hotel e ainda ouves um zumbido super agudo, que se torna incomodativo, parecendo por vezes que acabamos de sair de um voo de avião? Pois, sofreste de perda de audição temporária. Em princípio os teus ouvidos recuperam, mas com o passar do tempo e com a exposição constante à música demasiado alta, o mais provável é quando acabares a tua carreira de DJ já tenhas perdido grande parte da tua audição.
 
Bem, mas nem tudo está perdido:
 
1. Não bebas enquanto estás a tocar. Eu sei que é uma seca não beber enquanto se toca, mas na verdade o álcool faz com que o volume demasiado alto numas colunas de monição não seja perceptível, ou seja, quanto mais bebes, mais aumentas a monição e mais "estragas" os ouvidos - e nem sequer te dás conta!
 
"O álcool bloqueia especificamente as frequências mais graves, afectando numa maior escala as 1000 Hz, que é a frequência crucial para a perceção de um diálogo. Em conclusão, o álcool afecta a audição sendo que algumas frequências são mais afectadas que outras."
 
2. Desliga a monição entre as misturas. Basicamente, para os DJs a perda da audição não ocorre do ruído excessivamente alto, mas sim do tempo em que estamos expostos a esse ruído alto. Se estivermos atentos aos níveis da monição e se formos diminuindo o volume após cada mistura, os nossos ouvidos vão recuperando ao longo do set. Em suma, aumenta a monição o suficiente para conseguires fazer uma boa mistura e após a mesma, reduz a mesma de forma a que estas te permitam escutar a música não muito alta.
 
Para perceberes melhor do que falo, consulta este estudo que te vai ajudar a compreender os tempos máximos a que deves estar exposto a certos ruídos: http://www.cdc.gov/healthyyouth/noise/signs.htm.
 

(...) Uma vez que estamos expostos a música demasiado alta, o cérebro tem dificuldades em saber o que está alto ou não - e isto piora à medida que vamos tocando.

 
3. Usa um medidor externo de DB. Esta é aquela que nem eu próprio alguma vez fiz, mas convém referenciar. Uma vez que estamos expostos a música demasiado alta, o cérebro tem dificuldades em saber o que está alto ou não - e isto piora à medida que vamos tocando. Por isso, sem um medidor externo torna-se praticamente impossível de controlar o volume.
 
Existem algumas cabines que têm medidores de DBs para controlo da casa e dos próprios DJs. Outros podem usar leitores de DBs especializados ou então, através de apps para o telemóvel. Convém lembrar que os microfones dos telemóveis têm alguma dificuldade em captar as frequências mais graves e em distinguir níveis acima dos 100db.
 
Os níveis recomendados de escuta, em 3 situações diferentes são:
  • 100 dB num festival ao ar livre;
  • 103 dB num clube com um pé direito baixo;
  • 106 dB num clube com uma acústica péssima.
 
Após a mistura, é recomendado que se mantenha a monição nos 90 dBs.
 
4. Proteção feita à medida do nosso ouvido. Esta é a mais cara, mas a mais simples e a mais duradoura. Desde que tenho os meus "custom earplugs" que nunca mais senti aquele zumbido nos ouvidos após um gig. Aliás, já chego aos clubes com eles postos e só quando saio é que os tiro - e parece que nem estive exposto a barulho nenhum. Em Portugal podem fazer um molde personalizado na GAES e eu recomendo o filtro atenuante ER-15.
 
Ficam aqui as minhas recomendações para que consigam manter a vossa audição durante o maior tempo possível. Para os DJs/Produtores isto é essencial, porque com o passar do tempo e com a exposição prolongada a volumes excessivamente altos, chegamos a uma altura em que no estúdio deixamos de ouvir certos sons e as músicas depois começam a sair desequilibradas.
 
Boas Mixes! :)
 
Daniel Poças
FY2 - The Party Rockers
Publicado em Daniel Poças
segunda, 23 julho 2018 22:25

Clubs vs Festivais

Nesta crónica resolvi abordar um tema que considero bastante questionável, actuações em Clubs e Festivais. Qual o mais indicado, preferido ou recomendável... segue a minha opinião.

Em época de Verão, sinónimo de calor, férias e festas ao ar livre chegam os inúmeros Festivais. Actualmente em Portugal podemos orgulhosamente dizer que temos alguns dos melhores eventos "outdoor" do mundo, sendo de forma originária ou em parceria, consecutivamente de forma positiva a maioria dos principais nomes mundiais passam assiduamente pelo nosso país, contribuindo para a economia, distinção no panorama ou simples facilidade de acesso ao entretenimento.

Várias vezes sou questionada acerca de qual o meu formato de evento preferido para participar, embora a resposta não seja fácil é simultaneamente bastante objectiva, um evento num Club tem uma capacidade mais reduzida, o que origina um público e tipo de evento mais canalizado e direcionado ao cliente alvo, consequentemente são festas mais pequenas, mas mais calorosas onde tenho mais contacto directo e comunicação com o público. Embora neste caso, maioritariamente "não seja tão favorável" a nível de exposição artística e marketing, quando comparado com um festival, mas neste caso a interactividade é única, o que proporciona uma experiência mais intensa e directa.

Por outro lado, temos o ponto de vista dos grandes palcos e dos eventos de maior dimensão, nestes casos, a exposição a nível de promoção consegue no geral ser de maior alcance, embora a interacção com o público seja diferente, não significando que seja pior. Neste caso em palco, exijo mais de mim pois tenho que agradar a mais público, embora em paralelo me divirta imenso pois tenho "mais braços no ar" e euforia concentrada. Contudo, isto não faz com que os eventos maioritariamente agendados para mim, Clubs e de pequena dimensão, tenham menor importância ou significado.

No mercado "underground" é normal que os eventos sejam de menor capacidade e direcionados para um nicho de mercado mais reduzido, ao mesmo tempo que os festivais e eventos de maior afluência são fundamentais, tanto para a exposição a nível de promoção como para conseguir mostrar em massa a um número maior e significativamente estreante o meu trabalho e aquilo que define a "Miss Sheila".

Após o mencionado, é relevante resumir que adoro participar em ambos os tipos de eventos, não esquecendo as diferenças, ambos são importantes e um pilar na carreira de um artista como eu. Relevante também é o facto, de que sempre fui bastante grata por conseguir marcar presença de forma significativa em ambas as situações expostas aqui, desde o início da minha carreira.
Publicado em Miss Sheila
quinta, 05 setembro 2013 19:24

Verão 2013 on tour

Este Verão marcou-me muito pela positiva, não só pelos imensos gigs, mas também pelos novos conceitos de festas que têm vindo a surgir no mercado e onde os sunsets ao que parece vieram para ficar! Que não hajam dúvidas que o público gosta de ser brindado com diferentes tipos de "formas de diversão", sejam elas em clubes, festivais ou sunsets e neste verão tive o privilégio de poder fazer parte de todos eles como artista. 
 
Tenho a sorte de trabalhar com boas equipas desde o meu management (Europa Agency), passando pela MTV Portugal - na qual sou o DJ oficial, com a Mega Hits, entre muitas outras empresas, que em conjunto têm elevado a fasquia no que toca ao meu percurso como artista e onde o público (acredito) fica sempre a ganhar, pois artista feliz é sinal de boa música entregue ainda com melhor disposição.
 
Posso dizer que neste Verão existiram vários gigs que me marcaram também pelas boas energias e que já deixam muitas saudades, como por exemplo na EXPOFACIC em Cantanhede, onde tive oportunidade de privar com o Steve Aoki, o AQUASHOW, em Quarteira, na Cornetto Aqua Night Session by MEGA que foi uma experiência fantástica e com muito boa "onda" (confesso que adorei este conceito). Não dá para imaginar que iria ter, um dia, "um mar de gente" dentro de uma piscina a dançar ao meu som (quase 3 mil pessoas). Ah! E o festival Ocean Spirit, em Torres Vedras, que foi a verdadeira loucura e teve a maior enchente de sempre, com cerca de 10 mil pessoas.
 
Não me posso esquecer dos sunsets da MTV que têm animado o público por Portugal inteiro e onde pude desenvolver uma linha musical mais completa, entre muitas outras festas que participei neste verão quente de 2013 (onde estão os cientistas que diziam ser o mais frio 
dos últimos 200 anos!!?), onde fiz dançar o party people mas onde também eu, como sempre, me diverti e adorei cada momento em que estive na cabine com o dance floor cheio do "meu people". 
 
Mas também há a outra parte dos gigs que são as viagens! O me cativa, em cada uma delas, é o facto de poder conhecer Portugal como nunca pensei conhecer devido estar a maior parte das vezes em estrada, e cada vez me surpreendo mais com o que conheço deste cantinho a que chamamos Portugal. No festival de Mêda, perto da Guarda, além da simpatia das pessoas e o facto de num festival de bandas ter conseguido aguentar a "pista" ao rubro até ao fim, fui presenteado com uma vista de cortar a respiração em Vila Nova de Foz Côa, o que me fez acreditar que mal conheço este nosso Portugal e que tantas surpresas nos reserva. Vista absolutamente incrível!!! 
 
Com o fim do Verão vem uma nova season e com esta mais projetos! Estou a preparar novas músicas e surpresas para o público em geral. Tenho vindo a preparar várias colaborações com artistas nacionais e internacionais (para já fica em segredo... eheh), e num balanço geral, estou bastante contente com os resultados que tenho vindo a desenvolver. Em breve vão ficar a saber mais sobre o que se passa à volta do "RUSTY", o meu mundo!
 
Sigaaaa!!.
 
 
RUSTY
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Publicado em Rusty
sábado, 09 junho 2018 23:20

A democratização da noite

Após várias tentativas infrutíferas por parte de um amigo para escrever no Portal 100% DEEJAY, pois sou avesso às críticas e dissertações sobre um produto completamente desvirtuado ao longo dos anos por inúmeras razões, algumas das quais vou comentar, lá acedi dar a minha opinião sobre o estado da noite atual.

Seguindo a linha de uma pessoa com tempo e conhecimentos do que era e é a noite (Zé Gouveia), venho abordar dois pontos que para mim desvirtuaram os espaços tão bem conseguidos nos anos 80 e 90.

Os promotores e a gula dos proprietários, muitos sem noção e outros vocacionados para o produto de desgaste rápido.

A vertente dos promotores, que a mim me faz confusão, é o exemplo da descaracterização de qualquer espaço, pois eu sou do tempo em que os relações públicas trabalhavam para uma casa a tempo inteiro, permitindo conhecer, gerir, elaborar conteúdos, target e serviço do determinado espaço, coisa que hoje é impensável e a gestão é feita através dos diversos meios de comunicação virtual, sem conhecimento nenhum de com quem comunicamos, perdendo-se assim a especificidade do target pretendido para a casa.

Isto, aliado ao facto de os próprios espaços se terem democratizado (pagas 10 euros entras), retirou-lhes o cunho uma vez que os próprios proprietários não quererem construir conceitos mas sim casas de eventos, onde tudo entra, desde que fature já!

Além de tudo isto, a realidade atual em termos estéticos é muito mais abrangente. 

Hoje em dia nós despimo-nos para sair, antes vestiamo-nos para sair.

É verdade que existem menos espaços noturnos em Lisboa, mas tem a ver com inúmeros fatores que, desde a descentralização da cidade (abertura de casas em zonas limítrofes), há tolerância zero relativamente ao álcool (que eu acho muito bem) e o nível de vida da população em geral.

Mas esta é a minha opinião, quiçá saudosista e démodé à espera do tal espaço elitista e intemporal de outros tempos.
 
Speedy
Contrariamente à imagem criada, a minha área foca-se na restauração e não na noite, apesar da imagem como gerente do BBC ter sido fortíssima atendendo à casa em questão. Projetos como o COP 3, Senhora Mãe, Spiky e Via Pública foram restaurantes dos quais intervi diretamente na execução implementação de conceito e gestão operacional.
Publicado em Speedy
quinta, 10 julho 2014 22:20

Agente ou não? Eis a questão

 
Ter ou não ter um agente ou um manager? Acho que essa é a questão de tantos DJs, a partir de certa altura. Os prós e os contras existem, dependendo da direção que se quer seguir, a de continuar a ser "o amiguinho" dos donos das festas e dos clubes (aqui também há vantagens e desvantagens) ou a de tentar profissionalizar a coisa no mercado, que, como o português, pouco ou nada é "profissionalizável" (lol)... e com que pena digo eu isto... assumo que acredito muito pouco em algumas empresas de eventos, que tantas vezes nem coletadas estão... enfim, mas isso já é outra praia... porque também os há, os idóneos e com essa mão cheia de gente dá mesmo gosto trabalhar.
 
Ter ou não ter um agente ou um manager? Das duas uma: ou quando as coisas não estão a correr bem e se precisa de um input de carreira ou então porque as coisas correm tão bem e as solicitações são tantas que se precisa de alguém que faça a sua gestão como de deve ser.
 
Sim... para profissionalizar a coisa, ter um agente é um "must", mas os agentes são mesmo isso... "a-gente". E aqui, há, como em tudo, gente "da boa" e gente "da má". Por isso, este passo é de extrema importância para um DJ ou qualquer outro artista - sei de histórias de extrema empatia e sei de outras que acabaram em lutas de cão e gato daquelas à séria...
 
Ter uma pessoa que nos represente pode ser condicionante para a consolidação da nossa carreira ou para o fracasso da mesma. 
 
Para mim, estas serão as exigências que qualquer DJ tem que ter atenção para que um "namoro" passe a "casamento": A imagem dele(a) tem que ter a ver necessariamente com a do artista. Ele(a) será um pouco como o cartão-de-visita do mesmo. Imaginem um metaleiro a tratar dos teus gigs de DJ de house... não liga pois não?!
 

Imaginem um metaleiro a tratar dos teus gigs de DJ de house... não liga pois não?!

Terá sempre que ficar bem assente, em conversas quase formais para que não se desfoquem, se a direção que o artista deseja para a sua carreira e a que o agente/manager está a estruturar correspondem aos mesmos desejos (imaginem um estar na onda dos sunsets e o outros vendê-lo para afters.)
 
Um agente pode negociar valores e um DJ, nunca deve ir por trás e renegocia-los (nem que isso, nos corroa por dentro...)
 
Um agente deve orientar o agenciado, mas a última palavra deverá ser sempre do DJ (há quem prometa mundos e fundos… mas a vida é nossa e daqui a um ano ou dois, se o agente já cá não estiver, o seu "legado" mantém-se e muitas vezes a imagem criada nessa época também, nunca nos esqueçamos disso)
 
Por fim, deixem-me só dizer que ter um agente e ter um manager não é a mesma coisa. Um agente "vende", faz "booking", trabalha com o material que existe, é um "flirt" na tua vida. Um manager é quase como um novo membro da família. Normalmente quando estão empenhados e são bons no que fazem, são quase como uma sombra de ti mesmo. Ajudam-te a construir uma imagem específica, criam situações quando não as há, são criativos a arranjar trabalhos, vivem-te e respiram-te. São raros. Mas existem. Encontrá-los é que não é fácil. Muitas vezes, pagar-lhes... também não.
 
Como em tudo, quem é bom merece a nossa confiança, mas todo o cuidado é pouco, principalmente para alguém, que, como eu e outros, já temos um caminho percorrido e um nome criado na praça. Quantos "agentes" julgam que encontraram a "galinha de ovos de ouro" e depois o trabalho afinal no terreno não é tão fácil como acreditavam ser e passamos de "bestiais a bestas" num ápice... não, cruzes credo! Desses cá não queremos! Mas aqui entre nós... já me calharam uns quantos oportunistas no caminho e que depois não são de fácil desapego.
 

(...) esta questão é tal e qual como numa relação amorosa, pode ser um pau de dois bicos: Ou uma prisão e foco de tensão, ou um descanso e sensação de companheirismo e foco.

 
Ter visibilidade pública é um "acepipe" muito grande para alguns passarões, tenham cuidado. Mas não desmotivem. Olhem para mim, ao fim de algumas relações falhadas, encontrei a minha "alma gémea". Não, não dormimos juntas, nem damos beijinhos na boca, mas partilhamos ideais, sonhos criativos, temos elasticidade suficiente para ir criando estratégias de acordo com as exigências do mercado e… sinto-me acompanhada o que é tão bom para uma pessoa como eu. Nunca gostei de caminhar sozinha mas também estou tão queimada com as "más companhias" que o destino me foi oferecendo ao longo dos anos, que encontrar a pessoa certa é uma bênção.
 
Ter ou não ter um agente ou um manager? Então cá vai: para mim, esta questão é tal e qual como numa relação amorosa, pode ser um pau de dois bicos: Ou uma prisão e foco de tensão, ou um descanso e sensação de companheirismo e foco. Resta-me desejar-vos sorte na escolha da pessoa que vos acompanha e no percurso da vossa carreira.
 
Beijinhos eletrónicos e cheios de boas vibes! ;)
 
Rita Mendes
Publicado em Rita Mendes
Tempo de pandemia e estado de emergência é também tempo de uma reflexão sobre o impacto da nossa área e nas consequentes mudanças no futuro. Neste momento, a incerteza é sem dúvida a maior preocupação numa indústria que foi fustigada pela necessidade de parar a sua actividade, muito antes de todas as outras áreas de sociedade.

A indústria da música, uma área fundamental da cultura, vive tempos difíceis. Músicos, técnicos, agentes, promotores e todos os restantes postos directos e indirectos de trabalho gerados por esta área que em muito contribui para a sociedade, estão com o seu futuro em suspenso.

Em Portugal como na maioria dos países do mundo urge a necessidade de um plano de contingência que passa pela preservação da saúde pública e pelo controlo social e económico. Essas medidas implicam estabelecer prioridades e a música não é assim considerada numa primeira fase. No nosso país por força da sazonalidade da nossa actividade existe muito trabalho considerado precário. A curto prazo terá de ser criado um fundo/linha de apoio excepcional para determinadas áreas da sociedade como a indústria da música e do entretenimento em geral. Se é prioritária a saúde pública e a contenção da pandemia, implica que eventos sejam cancelados ou adiados, tendo em conta que são foco de provável contágio.

Todos aqueles que estão directa ou indirectamente dependentes desses mesmos eventos estão impedidos por tempo indeterminado de exercer a sua actividade, mesmo quando toda a sociedade estiver já de volta ao seu normal funcionamento. É com certeza imprudente acelerar a retoma dos eventos e espaços de diversão, sob pena de assistirmos a uma "segunda vaga" de surto da epidemia que poderá ser mais penalizadora e certamente atrasará a retoma à normalidade.

No entanto é fundamental criar medidas de apoio e um organismo que lidere esse processo de uma forma estruturada.

Este é o momento certo para a indústria da música se unir de uma forma organizada e concertada à imagem de outras áreas. Apenas com uma estratégia será possível salvar uma indústria que ficará exposta.

É sem dúvida um momento único e ímpar na sociedade moderna que vivemos. Como em todas as "guerras" existem consequências, momentos de crise e readaptações para o futuro.

Podemos estar perante uma crise sem precedentes, talvez a mais dura e com maiores consequências, mas é também um momento de mudança de hábitos, de consciência social e de adaptação a uma nova realidade.
Numa fase em que é ainda imprevisível prever o que acontecerá com a economia e sociedade em geral, a música tem e terá sempre um papel fundamental na sociedade e mesmo em tempo de confinamento tem a capacidade de transmitir emoções. Cabe aos músicos e restantes intervenientes continuarem a brindar o público com a emoção e alegria que apenas a música é capaz.

A sociedade e os governantes têm o dever cívico de preservar esse bem tão precioso que contribuiu diariamente para o bem-estar de todos, num momento que é difícil mas que testa a capacidade humana de se superar e reinventar.

Devemos todos contribuir activamente mantendo as regras de afastamento social e medidas de prevenção. Só assim poderemos voltar a fazer festa em breve!

#StaySafe #VaiCorrerTudoBem
 
Fernando Vieira
Publicado em Fernando Vieira
domingo, 19 abril 2020 15:00

O impacto da pandemia na música

A pandemia devido ao novo COVID-19 chegou e é bem real. Já todos sentimos o grande impacto de todas as medidas que tiveram (e continuam a ter) de ser adoptadas pelo governo e Direção Geral de Saúde.

Assim sendo e inevitavelmente a minha crónica vai ser à volta deste tema, em particular da música electrónica, que como todos sabem, é a minha área.

Tendo em conta o grande risco de contágio, artistas como eu que vivem da música, assim como da cultura no geral, fomos dos primeiros a sentir todas estas drásticas acções que foram implementadas, tendo inicialmente numa grande maioria e de livre e espontânea vontade terem sido encerrados teatros, cinemas, museus, exposições, concertos, festivais, clubs, etc. Foi de uma enorme consciência e com imenso sacrifício que vimos isto a acontecer, antes do confinamento obrigatório. Lamentavelmente mas para o bem mútuo continuamos na mesma situação. 

O que não está bem a meu ver, são as medidas de apoio que não estamos a receber ou a ser implementadas. Dou como exemplo a tentativa do nosso Ministério da Cultura em apoiar certas entidades, numa fase em que ainda não atingimos o pico e a luz ao fundo do túnel ainda se encontra um pouco longe. Lançar um evento como o "Tv Fest" onde seriam apoiadas (e muito bem), mas apenas algumas entidades (aqui está um dos erros a meu ver).

Este projeto, criado pelo Governo no quadro de apoio, no âmbito da crise causada pela pandemia COVID-19, e destinado "exclusivamente" ao setor da música, tinha estreia marcada para quinta-feira 9 de Abril, no canal 444, nos quatro operadores de televisão por subscrição em Portugal e na RTP Play. 

De acordo com a ministra, seriam abrangidos "160 músicos", "de todos os estilos musicais", a quem era pedido que "envolvessem sempre equipas técnicas", o que significaria o envolvimento de "cerca de 700 técnicos", ao longo dos vários programas. Depois de anunciada, a iniciativa foi criticada por vários músicos, sendo lançada uma petição online - em menos de 24 horas, mais de 16 mil pessoas subscreveram essa petição. O Festival foi desta forma suspenso, mas não cancelado, de forma a supostamente ser repensado.

Estamos, sem dúvida, a passar uma fase que nunca pensaríamos e enquanto refletimos nisso as coisas no geral vão ficando piores. As medidas de apoio têm que ser implementadas e surgir com uma visão mais abrangente e global, onde o benefício deverá ser repartido igualmente ou então beneficiar os que passam mais dificuldades, como é o caso de entidades mais pequenas ou mesmo locais, uma análise do lucro individual "versus" os gastos, seriam uma boa equação para chegar a um resultado mais satisfatório e justo, porque a realidade é que estamos todos no mesmo barco, e não apenas a secção mais "mainstream", que foi a "fórmula" desenhada para direcionar esta iniciativa. 

Por outro lado, numa outra instância, acho que o que deveria ser realmente feito era canalizar esses fundos para o nosso SNS e a luta da frente contra o vírus. 

No meu caso em particular, estou, como todos sabem, com os eventos suspensos, algo que foi também comunicado muito antes de ser obrigada a faze-lo, tanto eu como a minha agência achámos por bem antecipar tudo isto que viria a acontecer, por nós e por todos. Vou acompanhado positivamente o desenrolar da situação e mantendo todos os cuidados necessários e sugeridos pela DGS. 

Como artista que sou, a minha função é divulgar a música electrónica em paralelo com divertir as pessoas, e agora mais que nunca isso é necessário, algo que também estou a fazer, através de livestreams, publicações e outras ações em que decidi participar.

Para ocupar o meu tempo, tenho estado no estúdio onde ouço diariamente bastante música nova, estou a preparar novos releases meus e da minha editora Digital Waves, assim como a gravar o meu Radioshow semanal na Nova Era e mensal na Nove3Cinco. Tenho feito também exercício por casa e mantido uma alimentação relativamente saudável.

Nesta fase é muito importante manter o positivismo, e, claro, dentro dos possíveis ficar em casa ou da forma mais segura possível, manter a actividade física e fazer o máximo por assegurar o bom funcionamento do sistema imunitário.

Tudo vai passar, tudo vai ficar bem, mas agora temos que pensar em nós e naqueles que diariamente arriscam as suas vidas para combater esta pandemia que nos apanhou de surpresa. Agora, não vamos deitar tudo a perder e recomeçar o confinamento de novo... está nas nossas mãos. 

Quero aproveitar para deixar um sentido agradecimento aos nossos "heróis" que têm sido incansáveis: médicos, enfermeiros, transportadores, staff dos supermercados, farmacêuticos, trabalhadores de companhias aéreas, motoristas de transportes públicos, etc. 

Fiquem seguros, olhem pela vossa saúde e pela dos outros, vamos voltar a dançar até de manhã com sorriso de orelha a orelha, mas agora temos que lutar, todos juntos!

Esta crónica foi redigida a 13 de Abril 2020, pelo que atendendo à conjuntura atual, pode ficar desatualizada num curto período de tempo.
 
Publicado em Miss Sheila
sexta, 09 outubro 2020 22:01

Está quase tudo diferente

Muitos de vocês não me conhecem. Faço produção de eventos e é no backstage e longe das câmaras que me sinto bem.

Fiz parte da criação de alguns projetos e conceitos inovadores e do relançamento de muitos outros - (Flash, Bloop, Ribatexas, I Love Baile Funk, Revende of the 90’s, para vos dar alguns exemplos). Neste momento abraço o projeto H Collective, empresa detentora de alguns destes conceitos e entrei recentemente num novo desafio chamado "Lorosae", um Restaurante/Bar de praia na Costa da Caparica.

Nesta altura do ano normalmente estaria envolvido em duas ou três rentrées de espaços noturnos em Lisboa, só que não. Deveria estar a preparar o lançamento da nova Tour Revenge of the 90's, só que não. Estou com tempo para escrever este artigo de opinião durante o mês de Setembro.

Estamos cansados de não poder trabalhar, a tentar reinventar negócios e formas de estar. Estamos com saudades. Passaram 6 meses desde que o nosso mercado parou e dançar juntos de copo na mão já parece uma coisa do passado.

No início parou mesmo, mas em meados de Julho quando alguns espaços, depois de algumas readaptações, começaram a conseguir fazer algum tipo de eventos com lugares sentados e o devido distanciamento, apareceu uma luz de esperança e o pensamento imediato foi: "isto a pouco e pouco vai arrancar". 

Alguns arregaçaram as mangas e conseguiram dar a volta para abrir, outros não tinham nos seus espaços forma de contornar as coisas para estarem legais nas novas regras. Em tempos tão difíceis foi engraçado ver as pessoas a adaptarem-se a estar depois de um copo ou dois sentadas no mesmo sitio a dançar, à frente da cadeira, a irem ao bar e prolongar a conversa com o barman para poderem estar de pé mais um bocadinho a abanar o corpo em modo dança reprimida.

Durante esta fase assisti com tristeza a pessoas exteriores aos negócios, e até mesmo concorrentes, com empenho em fazer denúncias e prejudicar de forma dramática a possível e lenta retoma.

O mercado da noite e eventos está difícil, praticamente parado, e é tempo de dar os braços, estar unidos e arregaçar as mangas. A concorrência é muita, e mais agora que as pessoas que saem de casa para eventos são ainda menos, mas quanto mais unido estiver o mercado maior a força junto das entidades competentes para um aceleramento da retoma. 

Os eventos e a noite como nós os conhecíamos vão voltar. Até lá muita força para todos porque quando voltarmos não vamos ter mãos a medir.
 
Miguel Cruz
Empresário/Produtor de Eventos
Publicado em Miguel Cruz
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