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Festas académicas alteram hormonas dos estudantes

Publicado em quarta, 17 novembro 2010 18:18 | Escrito por
Os abusos no álcool e nos estupefacientes durante as festas académicas têm influência na concentração e morfologia dos espermatozóides, afectando a fertilidade masculina, revela um estudo que contou com a participação de 60 estudantes das universidades de Aveiro (UA) e de Coimbra.

O estudo, conduzido pelo Centro de Biologia Celular da UA e pela Ferticentro, uma clínica especializada no tratamento de infertilidade, incluiu a colheita de espermatozóides dos voluntários antes e depois das festas académicas, realizadas este ano. 

Os estudantes tiveram ainda de responder a um inquérito com perguntas sobre o que beberam e fumaram, durante este período, e se consumiram algumas drogas.
Após analisar as respostas, o coordenador do laboratório da Ferticentro, Vladimiro Silva, concluiu que durante a semana académica o consumo de álcool aumentou sete vezes e, no caso do tabaco, o aumento foi de 1,7 vezes. 

Os investigadores acabaram por não incluir o consumo de drogas no estudo, alegando que não tinham um número de estudantes suficiente que permitisse obter resultados com significado estatístico. "Tínhamos apenas alguns relatos dispersos de consumo de drogas leves", explicou o mesmo responsável. 

Quanto aos resultados do estudo, Vladimiro Silva destaca que depois dos festejos, os estudantes "passaram a ter menos espermatozóides".
"Antes e depois da semana académica, passámos de uma situação em que a média era de 65 milhões para 40 milhões de espermatozóides, o que representa uma diminuição bastante significativa de mais de 30 por cento", revelou o investigador, adiantando que, ainda assim, os valores registados "continuam acima dos valores de referência para aquilo que é considerado normal".

ALTERAÇÕES “BASTANTE RADICAIS” 

Vladimiro Silva alerta, no entanto, que individualmente foram detectados casos de diminuições [de espermatozoides] "bastante radicais".
"Tivemos situações que tinham um espermograma normal e, depois da semana académica, deixaram de o ter, exibindo valores muito baixos e alguns até com níveis  preocupantes", adiantou. 

Os investigadores registaram ainda um aumento da percentagem de "espermatozóides anormais". "Detectámos um aumento dos espermatozóides com alterações morfológicas, nomeadamente ao nível da cabeça, cauda ou da peça intermédia, que, de um  modo geral, estão associados a incapacidades de fecundação", explicou o mesmo responsável. 
O estudo incluiu ainda uma terceira colheita de espermatozóides dos voluntários, que ocorreu em Outubro, para ver se estas alterações são permanentes, cujos resultados devem ser conhecidos até ao final do ano. 

Os investigadores pretendem continuar com este estudo para o ano, envolvendo novos voluntários das universidades de Aveiro e Coimbra.
 
Fonte: Correio da Manhã.
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