Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
sexta, 10 janeiro 2014 21:35

Qual é o teu estilo, DJ?

 
Falemos dos "estilos". Passam os tempos e cada vez se torna mais difícil defini-los, garanto-vos. Pelo menos definir o que é que este ou aquele DJ toca.
 
São raros, raríssimos os que se conseguiram manter fieis às suas ondas originais. Armin Van Buuren no trance, Carl Cox, Richie Hawtin, Adam Beyer, Marco Carola no tecno, Steve Aoki, Afrojack, Chuckie no electro mais acessível, e pronto, à excepção dos incontornáveis de que não falei (e ainda são alguns pelo mundo fora, "graça a Deus!")... por aí... o resto é tudo uma adaptação do que se ouve agora, do que se quer agora, do que faz mexer as pistas, do que as rádios e playlists online veiculam.
 
Acredito que uma das coisas que mais incomoda um DJ, hoje em dia, é por isso, a pergunta: "Então e qual é o teu estilo?" Irrita, porque todos nós temos, obviamente as nossas preferências. Podemos gostar de minimal, progressivo, tecno, puro house... mas obviamente, que se queremos trabalhar nos dias que correm, temos mesmo que nos adaptar e tentar, fazer a melhor "viagem" possível durante as duas ou três horas normais de um set, MISTURANDO, sim, misturando... estilos, sonoridades e fazendo até o que à partida os puristas te ensinam a não fazer... colar a "bota e a perdigota"... uma de house comercial, seguida de uma "electrozada" e a seguir um techouse bem metido.
 
É obra dura de fazer.  E aqui, a diferença de quem o sabe ou não fazer, tem a ver com o bom senso, o bom gosto, a coerência... dentro do que à partida seria incoerente.
 
É mais isso, do que  passar uma horas seguidinhas das batidas certinhas da onda com que nos identificamos. Porque aí, à partida, sabemos que não falhamos (tecnicamente é mais fácil, claro, porque não há o perigo de "picos" e porque estamos fechados e encantados com o que nos enche as medidas como artistas). Mas, a verdade é que... não falhamos para nós, mas para o pessoal que está lá na frente, a não ser que vá já completamente formatado a ouvir o "nosso som" (ui, e é tão bom quando isso acontece), eles querem é diversidade e que a tal viagem os surpreenda, encha as medida, que as músicas lhes sejam familiares na sua maioria. E até os tais "picos" que às vezes não seriam aquilo que para nós faria sentido... é o que se quer.  E a nós... ai ai… e a nós, DJs de casa cheia, resta a magia (que esperamos ser certeira) de conseguir fazê-lo sábia e energeticamente.
 
Falo por mim, que nunca fui adepta do comercial puro e duro e cada vez mais a ele tenho que recorrer. Porque assim as casas o exigem  (ou só tocaria em mini clubes e bares com cachets baixinhos e onde o público seria muito menor em número que nas discotecas e festas mais massificadas por este país fora) e porque mesmo os "grandes", os internacionais, que em tempos produziram sons que nos ficaram no coração e na memória cada vez mais se dedicam a criar tendências comerciais e que os outros seguem pelo mundo fora.
 
"E é assim que é"... o Amor à música eletrónica, como tudo na nossa sociedade, tem que ser readaptado. Pelo menos a forma de o transmitir. E aí volto de novo aos estilos. "Qual é o teu estilo, DJ?"... Acho que a resposta da maioria, se não é, deveria ser: "O que eu toco? Ou o que eu gosto?".
 

Qual é o teu estilo, DJ? Acho que a resposta da maioria, se não é, deveria ser: "O que eu toco? Ou o que eu gosto?"

 
Amigos... o estilo confunde-se com o local, com a carreira, com a imagem que têm de nós, com o party people que temos à frente, com a hora a que tocamos, com o tipo de evento. Eu, por exemplo, toco desde em eventos corporativos às 4 da tarde até ao pico da hora dos "chalalás" todos comerciais que é às 3 da manhã e até de vez em quando faço um ou outro after em que me estico com o tecno e electro menos acessível.
 
Além de tudo isto... é impressionante constatar as "modas" que tão rapidamente entram e saem de cena. Por exemplo, o ano passado o público mais novo, quase que inexplicavelmente (porque não fazia parte da sua cultura musical, foi sim uma moda passageira) exigia quase lado a lado com os temas comerciais do Avicii, Alesso e afins... o dubsetp para embalar uma noite bem bebida. Este ano que passou... foi o Afrobeat. Para todos. Brancos. Pretos. Na cidade. No interior. Mesmo que não tenham qualquer afinidade com a cultura africana... gostam de afrobeat e mais espantoso ainda... de Kizomba e Kuduro.
Pergunto-me o que virá este ano e que... fará esquecer o que ficou para trás e que já foi apagado no iPod, para ganhar mais espaço para músicas novas?...
 
Falemos de "estilos", comecei assim a minha crónica... Ou não. Falemos então da nova filosofia de DJ. Da forma de adaptação à pista. Da vontade que temos que fazer crescer em nós de continuar a pôr o público a dançar. Da arte que considero perfeito de oferecer "uma para nós" e "duas para o público" e da magia que já raramente acontece, mas que não é, obviamente impossível quando a comunhão entre eles e nós - os DJs - acontece e esta máxima passa a ser: "uma para nós", "uma para eles" ou até mesmo "todas para todos".
 
São noites dessas que ficam na nossa história pessoal e independentemente de ondas, estilos ou géneros são noites dessas que mantêm aceso o nosso amor por esta arte.
 
E... que este ano tenha umas quantas dessas. Desejo-o para mim e para vocês. E assim, nos cruzaremos, aí pelas estradas desse país, de clube em clube, com aquele sorriso de satisfação e realização de que tão bem conhecemos o puro feeling, e é cada vez mais raro.
 
Rita Mendes
Publicado em Rita Mendes
quinta, 10 julho 2014 22:20

Agente ou não? Eis a questão

 
Ter ou não ter um agente ou um manager? Acho que essa é a questão de tantos DJs, a partir de certa altura. Os prós e os contras existem, dependendo da direção que se quer seguir, a de continuar a ser "o amiguinho" dos donos das festas e dos clubes (aqui também há vantagens e desvantagens) ou a de tentar profissionalizar a coisa no mercado, que, como o português, pouco ou nada é "profissionalizável" (lol)... e com que pena digo eu isto... assumo que acredito muito pouco em algumas empresas de eventos, que tantas vezes nem coletadas estão... enfim, mas isso já é outra praia... porque também os há, os idóneos e com essa mão cheia de gente dá mesmo gosto trabalhar.
 
Ter ou não ter um agente ou um manager? Das duas uma: ou quando as coisas não estão a correr bem e se precisa de um input de carreira ou então porque as coisas correm tão bem e as solicitações são tantas que se precisa de alguém que faça a sua gestão como de deve ser.
 
Sim... para profissionalizar a coisa, ter um agente é um "must", mas os agentes são mesmo isso... "a-gente". E aqui, há, como em tudo, gente "da boa" e gente "da má". Por isso, este passo é de extrema importância para um DJ ou qualquer outro artista - sei de histórias de extrema empatia e sei de outras que acabaram em lutas de cão e gato daquelas à séria...
 
Ter uma pessoa que nos represente pode ser condicionante para a consolidação da nossa carreira ou para o fracasso da mesma. 
 
Para mim, estas serão as exigências que qualquer DJ tem que ter atenção para que um "namoro" passe a "casamento": A imagem dele(a) tem que ter a ver necessariamente com a do artista. Ele(a) será um pouco como o cartão-de-visita do mesmo. Imaginem um metaleiro a tratar dos teus gigs de DJ de house... não liga pois não?!
 

Imaginem um metaleiro a tratar dos teus gigs de DJ de house... não liga pois não?!

Terá sempre que ficar bem assente, em conversas quase formais para que não se desfoquem, se a direção que o artista deseja para a sua carreira e a que o agente/manager está a estruturar correspondem aos mesmos desejos (imaginem um estar na onda dos sunsets e o outros vendê-lo para afters.)
 
Um agente pode negociar valores e um DJ, nunca deve ir por trás e renegocia-los (nem que isso, nos corroa por dentro...)
 
Um agente deve orientar o agenciado, mas a última palavra deverá ser sempre do DJ (há quem prometa mundos e fundos… mas a vida é nossa e daqui a um ano ou dois, se o agente já cá não estiver, o seu "legado" mantém-se e muitas vezes a imagem criada nessa época também, nunca nos esqueçamos disso)
 
Por fim, deixem-me só dizer que ter um agente e ter um manager não é a mesma coisa. Um agente "vende", faz "booking", trabalha com o material que existe, é um "flirt" na tua vida. Um manager é quase como um novo membro da família. Normalmente quando estão empenhados e são bons no que fazem, são quase como uma sombra de ti mesmo. Ajudam-te a construir uma imagem específica, criam situações quando não as há, são criativos a arranjar trabalhos, vivem-te e respiram-te. São raros. Mas existem. Encontrá-los é que não é fácil. Muitas vezes, pagar-lhes... também não.
 
Como em tudo, quem é bom merece a nossa confiança, mas todo o cuidado é pouco, principalmente para alguém, que, como eu e outros, já temos um caminho percorrido e um nome criado na praça. Quantos "agentes" julgam que encontraram a "galinha de ovos de ouro" e depois o trabalho afinal no terreno não é tão fácil como acreditavam ser e passamos de "bestiais a bestas" num ápice... não, cruzes credo! Desses cá não queremos! Mas aqui entre nós... já me calharam uns quantos oportunistas no caminho e que depois não são de fácil desapego.
 

(...) esta questão é tal e qual como numa relação amorosa, pode ser um pau de dois bicos: Ou uma prisão e foco de tensão, ou um descanso e sensação de companheirismo e foco.

 
Ter visibilidade pública é um "acepipe" muito grande para alguns passarões, tenham cuidado. Mas não desmotivem. Olhem para mim, ao fim de algumas relações falhadas, encontrei a minha "alma gémea". Não, não dormimos juntas, nem damos beijinhos na boca, mas partilhamos ideais, sonhos criativos, temos elasticidade suficiente para ir criando estratégias de acordo com as exigências do mercado e… sinto-me acompanhada o que é tão bom para uma pessoa como eu. Nunca gostei de caminhar sozinha mas também estou tão queimada com as "más companhias" que o destino me foi oferecendo ao longo dos anos, que encontrar a pessoa certa é uma bênção.
 
Ter ou não ter um agente ou um manager? Então cá vai: para mim, esta questão é tal e qual como numa relação amorosa, pode ser um pau de dois bicos: Ou uma prisão e foco de tensão, ou um descanso e sensação de companheirismo e foco. Resta-me desejar-vos sorte na escolha da pessoa que vos acompanha e no percurso da vossa carreira.
 
Beijinhos eletrónicos e cheios de boas vibes! ;)
 
Rita Mendes
Publicado em Rita Mendes
quarta, 15 maio 2019 21:12

O melhor ainda está para vir

Quando recebi o convite da 100% DJ para escrever uma crónica de opinião, acabei por ser obrigado a fazer uma reflexão sobre todos os que estiveram, a determinada altura, presentes no meu percurso, ampliando o que fazia e por onde andava. Tenho pretensões de ser uma série de coisas, mas nenhuma delas passa por escrever. Deixo isso para a minha irmã Patrícia e para o meu pai, os profissionais do sector, mas sempre gostei de desafios e portanto vou dar o meu melhor, como é habitual, naquilo que me proponho fazer.

Com 40 anos feitos e tendo começado a trabalhar à noite aos 16 - como "apanha-copos" - no bar Amas do Cardeal, em Évora, pro bonno e por carolice, para aquele que veio a ser meu sócio e, ainda hoje, um dos meus melhores amigos, João Pedro Queiroga, terei uma quase obrigação de dar a minha visão da movida em Portugal.

Ao longo dos anos, do país e dos meus, assistimos a uma mudança de paradigma: É que diversão, é diversão e para satisfazer novos hábitos houve que conceber novos produtos. Daí, hoje existir uma ampla oferta, com muita qualidade, que passou para outros horários: matinés, sunsets, after work e por aí vamos... Hoje, estes produtos, são os meus preferidos. Gosto muito de ouvir grandes DJs e poder estar na cama à meia noite.  A idade é outra. Agora que penso nisso, é curioso: Em Évora, nos meus 14 ou 15 anos, os míticos 90’s, havia matinés ali à Rua Serpa Pinto. O álcool era-nos vedado e mesmo assim divertíamo-nos tanto!

A vida é feita de ciclos e voltei a ser um cliente de "matinés". Fuse e Bloop são aqueles que acompanho mais regularmente por fazerem um trabalho incrível e tropeço amiúde num esforço em fazer melhor, dar sempre alguma coisa de novo ao cliente, e, a cereja no topo do bolo, tudo feito com muita seriedade e profissionalismo. A qualidade dos artistas é do melhor que o panorama, neste caso de música electrónica, tem para oferecer. 

Hoje vivo em Lisboa e portanto é a realidade que tenho mais presente e por onde me movo mais vezes. No que diz respeito ao turno da noite, o tradicional, vejo uma grande melhoria nos últimos três anos. Acho que se assimilou que fazer ofertas iguais e tentar trabalhar sempre na zona de conforto ou naquilo que podia ser mais óbvio, já não chega para um público cada vez mais diversificado e exigente.
 
Fuse e Bloop são aqueles que acompanho mais regularmente por fazerem um trabalho incrível e tropeço amiúde num esforço em fazer melhor, dar sempre alguma coisa de novo ao cliente, e, a cereja no topo do bolo, tudo feito com muita seriedade e profissionalismo.

Actualmente temos bons clubes em todas as vertentes da música. O Kamala tem feito um trabalho incrível nas suas casas, o João Magalhães, este ano, conseguiu dar uma nova vida ao Mome. Lust e Urban atingiram as grandes massas e o Lux, como a grande referência no panorama alternativo em Portugal e lá fora, continua a dar cartas na nossa madrugada. Já não saio muito, mas quando o faço, tenho imenso por onde escolher e sempre bom.


Pensamos em casas ou empresários, mas não podemos deixar de falar de outros que são tão ou mais importantes para nivelar a oferta por cima. Hoje temos barmans e barmaids profissionais que fazem tudo com uma recém inaugurada qualidade. Este que vos escreve, foi, ele próprio, barman no Inox Clube em Évora e tudo o que fosse mais do que vodka com gelo e sumo de qualquer coisa, já não dava! Éramos todos assim! 

E na música, são tantos os DJs e tão bons, que acabam por contrariar aquela história de que qualquer um é DJ e blá-blá-blá. Essa mesma premissa, acabou por aumentar a vontade de tantos tentarem, é certo, mas uma grande parte deles apostou mais e melhor na profissão e permitiu usufruirmos todos de gente de grande valor em vários géneros de som. Saímos todos a ganhar! Destaco o curador do (meu) The Garden, o Moullinex e o meu grande amigo Audio Deep: O primeiro, um génio da música e o segundo, um dos melhores de Portugal, que está a começar a chegar aos sítios certos, para nosso gáudio.

Nem tudo são rosas e, para quem não está em Lisboa ou Porto, as coisas são realmente mais complicadas. Embora constate que, cada vez mais, estas produtoras, se atrevem a partir para o interior, descobrindo a grande qualidade de profissionais que lá se encontram. Se existe bom público, tem que existir bons profissionais, parece óbvio. O consumidor dá pouco por isso, mas é imperativo falar da importância das marcas dos produtos que se vendem habitualmente nestes espaços: Quando abri o primeiro bar, tinha cerca de 20 anos, o Pátio da Lua. Vendia, e tal como todos os outros empresários, não fazia a mínima ideia sobre quem estava por de trás das marcas de bebidas e dos seus distribuidores. Nós comprávamos, mais ou menos ao preço que nos queriam vender, aquilo que acreditávamos que o público consumiria. Mais à frente, no Praxis, a coisa foi piando de outra forma. Com a acrescida maturidade, tínhamos sempre alguém a trabalhar de perto connosco nas compras, a ajudar no que podia, para que os negócios fossem realmente vantajosos nos dois sentidos. Pensando nisto, só me vem à cabeça, com saudade, o grande Artur.
 
Hoje com Pernond Ricard, por exemplo, com quem trabalhamos, chego a vê-los como consultores... o Rúben, homem da marca, falou comigo sobre o The Garden, mais do que qualquer outra pessoa, antes e depois de abrir! E faz sentido: conhecem melhor o mercado que qualquer um dos proprietários e podem ajudar a criar um conceito único e não a tal cópia que ninguém quer. Afinal, são eles que, realmente, sabem o que todos os seus outros clientes vendem.
 
A boa nova é que já não há desculpas e aquilo que foi uma alavanca para o sucesso com utilizadores restritos e já poderosos, tornou-se acessível a todos, através do Marketing Digital.
A forma de nos comunicarmos também mudou e, por estes dias, todos o fazemos facilmente através de plataformas digitais. Qualquer um de nós consegue fazer campanhas produtivas, com sucesso e baixo custo e acima de tudo sustentáveis. Há vinte anos era impossível! Na Era pré redes, pré internet popularizada, não ganhávamos para publicidade eficiente. Ter um outdoor como o que tive em Évora era caríssimo! Colar mupies pela cidade, uma despesa faraónica, e aos jornais e revistas, mormente, nem acreditávamos chegar, tal era a despesa. O mercado da publicidade não estava feito (como ainda não está), nos meios tradicionais, para que empresas pequenas apostem na sua divulgação. A boa nova é que já não há desculpas e aquilo que foi uma alavanca para o sucesso com utilizadores restritos e já poderosos, tornou-se acessível a todos, através do Marketing Digital. Bons profissionais na área não faltam - a começar pela minha mulher!

Sim, nós cá por casa tendemos a agregar recursos para ficarmos mais fortes. Ou isso ou, pessoas com visão e futuro, agradam-se, naturalmente, umas às outras.

Voltando ao tema...

Atente-se, por outro lado, nos festivais. Temos muitos e tão bem produzidos, em diferentes regiões, do interior ao litoral, passando pelas ilhas, que passaram a ser bilhete postal para vender o Verão aos estrangeiros. Marcas internacionais em Portugal como o é o caso do BPM no Algarve ou do Rock in Rio em Lisboa ou nacionais - Nos Alive ou Super Bock e um rol de outros com tanta, mas tanta qualidade. Estamos a atravessar uma grande fase e creio que o melhor ainda está por vir! O mais fantástico é que, atrás desta transformação e desta maturidade, que inevitavelmente desaguarão num ainda maior sucesso, estão pessoas a aprender e a crescer, cheias de garra e com uma visão pluralista e abrangente do mundo, por isso não podemos estar mais confiantes no que virá.

Atualmente, ainda que como cliente, na maioria dos casos, tenho orgulho por pertencer a este sector e de tudo o que se tem inovado é realizado!

Beijos e abraços para todos e não se esqueçam: May the party be in you!
 
Francisco Rafael
Empreendedor
Publicado em Francisco Rafael
quarta, 02 março 2022 20:59

O Regresso de uma Noite Anunciada

Ultrapassados quase dois anos, os bares e discotecas, de Norte a Sul do Portugal Noturno, voltam a abrir portas sem restrições. Aquela que foi a indústria mais afetada em toda a Era pandémica, é agora a mais livre.

Junta-se à ausência de máscaras, o levantamento da necessidade de apresentação de qualquer certificado ou teste Covid, e assim o fim de todas e qualquer restrição, regressamos assim a Março de 2020.

Mas se julgam que o pesadelo terminou, desenganem-se, o buraco deixado pela pandemia é demasiado grande para ser tapado com um ou dois meses mais satisfatórios. Por tradição, que não mudou, em função do calendário académico, as noites de Janeiro e Fevereiro são mais serenas e, até à Páscoa, só o Carnaval descontinua uma temporada ascendente lenta, até lá, luta-se para retirar as tesourarias do red line.

O Estado, escudado pelas eleições e posterior demorada tomada de posse, livra-se de negociar novos apoios. As empresas estão, nesta altura, entregues à própria sorte. Contudo, não foi só dinheiro que se perdeu nestes dois anos, não foram só empregos, muito se perdeu com esta paragem, com este período forçado de alqueive, perderam-se oportunidades.

Este tinha sido o tempo de mudança, de limpar a casa, ser audaz, mudar mentalidades, mudar a cultura de noite, da nossa noite. A necessidade de faturar levou a que a maioria apostasse de forma segura, como se tivessem parado no tempo, optaram por formatos seguros de faturação, quem os pode censurar? Abençoados destemidos que procuraram vingar pela diferença.

Arrepia-me ver uma publicação, numa qualquer rede social, de alguém numa discoteca qualquer e ouvir músicas que nunca deveriam ter saído das colunas no passado, e que deviam ter sido exterminadas neste período de silêncio nas pistas de dança.

Já dizia o Evaristo (não é o Luís), no Pátio das Cantigas"comprei esta grafonola, a pronto pagamento, propositadamente, para educar o povo." Durante anos fizemos isso mesmo, educámos o povo, não fomos em modas, criámos as modas, mas isso é tema para outra crónica.

Outra questão que não viu mudanças foi a questão da segurança, apesar dos esforços da ADN junto do poder central e local, não há melhorias à vista e ainda a noite não está a 100%. A noite continua boa para o larápio, o agressor, e os assaltos e as agressões gratuitas vão continuar, não porque não exista contingente policial, mas porque estamos perante uma total ausência de estratégia. Já me sentei à mesa com presidentes de câmara, secretários de Estado e Ministros, a todos levo a mesma ideia, dissuasão. Deixo um exemplo em Lisboa, um carro, uma mota, das Docas de Santo Amaro de Alcântara ao Cais do Sodré demora menos de 5 minutos, se tivermos um veículo ou motorizada a circular de um lado para o outro, de 5 em 5 minutos, temos um elemento policial, dissuasor, nos pontos mais frequentados da Zona Ribeirinha, prevenção, antecipação.

Termino esta crónica com uma palavra a todos os empresários desta indústria tão fustigada pela pandemia, foi com orgulho que defendi os vossos interesses, foi um privilégio falar em nome de tantos que sobreviveram, pela sua resiliência, pela sua paixão, pelo amor, que partilhamos pela Noite. Boa Noite!
 
Zé Gouveia
Presidente da Associação de Discotecas Nacional
Publicado em Zé Gouveia
quarta, 01 agosto 2012 21:15

A moda de ser DJ

 
Assunto proibido para um suspeito Ser como eu, e por si só ainda mais aliciante de abordar. Esmiuçar, rapinando a expressão aos Gatos, ou desenvolvendo melhor o tema: esmigalhar, esboroar, retalhar, desmantelar, esquartejar ou pura e simplesmente… Opinar. O famoso e perigoso tema tem como título “A Moda de Ser DJ” (e reparem nas letras maiúsculas que aqui não foram arrumadas ao acaso) e fala de todos aqueles atores, apresentadores, modelos e afins que acodem a sua vida profissional já pouco dada a ovações… virando DJ e trocando a bancada, o palco, a mesa ou a passerelle… pela cabine da discoteca. Portanto… de alguém como… a minha pessoa.

Quando se tem exposição pública, com ela acarreta-se não só a fama, as entradas à pala, os patrocínios, as festas exclusivas, os olhares derretidos e os espécimes do sexo oposto a dar graxa até mais não, mas também os olhares desconfiados, as invejas, as bruxarias e os maus-olhados dos malogrados “wannabe’s”, o descrédito dos pseudo-intelectuais e principalmente – e aqui entra o nosso tema – as desconfianças dos “velhos do Restelo”, sim, aqueles para quem tudo o que é discrepante das suas crenças de sempre, lhes cheira a esturro. E pronto. Assim chegamos ao fulcro da questão. Porque raio é que uma pessoa não pode mudar de profissão ou até acrescentar outra às competências já adquiridas e mesmo assim poder, conseguir e ser bom profissional? Ser comunicador e bom comunicador é isso mesmo, ensaiar a vida que ela é para isso mesmo, chegar ao público, com a Palavra, com o Gesto ou neste caso com a Música… e mais, importantíssimo: com a energia de um Palco – que muitos DJs “de origem” se esquecem de utilizar mesmo quando tecnicamente excelentes.

A questão é esta: E se por acaso, por uma qualquer vicissitude da vida, te aperceberes que tens jeito para mais do que uma coisa? E por acaso já és conhecido a essa altura do campeonato… Ai!! O medo, o terror!! O que fazer num país em que ao invés de te olharem como talentoso, te tentam cortar as pernas a cada passo pioneiro que dás?? Desistir? No Way. E que venham os desafios que eles existem é para ser superados. E que venha a Música a acompanha-los que em toda a boa Vida que se preze uma boa banda sonora é requerida.
 

"Não posso falar pelos outros - 5 ou 6 ou 7, 8 ou 9... - que têm aparecido a ocupar com mais ou menos mérito as cabines dos clubes, bares e discotecas do nosso país. Como em todas as profissões, há bons e maus, há sérios e charlatães, há mestria e há incompetência."

 
Não posso falar pelos outros – 5 ou 6 ou 7, 8 ou 9… - que têm aparecido a ocupar com mais ou menos mérito as cabines dos clubes, bares e discotecas do nosso país. Como em todas as profissões, há bons e maus, há sérios e charlatães, há mestria e há incompetência. Mas por mim falo, ou neste caso, tratando de Música, o nosso tema, por mim, misturo os sons do vocábulo que sem palavras povoa actualmente a minha Vida e confesso em tom de alegação final, respirar melodia, trabalhar batidas, aprender sôfrega produção e novas técnicas e tecnologias, desembolsar muito do que recebo nos “milionários” cachês em música, material, software e cursos. Ah, além de semanalmente fazer do público - que vou por aí alegremente descobrindo  nas esquinas do nosso país - cúmplice destas minhas descobertas constantes que considero mais constatações do que indagações. Sentir os sorrisos no ar, enquanto exerço as minhas escolhas musicais, criar emoções, servir de tom ao primeiro beijo ou apaziguar uma discussão com o volume dos decibéis, fazer a festa onde quer que passe! Sonhar com os temas novos que comprei no dia anterior e sentir que cada noite que passa, os meus dedos acompanham cada vez mais os meus pensamentos e sabem exatamente o efeito a fazer, o timming da mistura, descobrem a tempo a “a capela” perfeita que os faz cantar comigo. Digam-me, se isto não é ser DJ, o que é afinal?

E brilhar… sim, brilhar como só um DJ iluminado consegue fazer quando acerta no set perfeito e encontra assim a noite exemplar. Talvez aí possa concordar que os apresentadores, actores modelos e afins, que tanto são criticados, gostam efetivamente de brilhar, porque assim cresceram na sua profissão “de base”, se assim lhe quisermos chamar. Mal – ou bem – habituados, a verdade é que a profissão de DJ acaba por lhes afagar o ego e lhes oferecer o seu público, as suas palmas, os seus créditos, por lhes dar o fogo que gostam de ver a arder. Tudo o que precisam, para se sentirem como se tivessem bebido um batido energético, revigorados e entusiastas. E… que mal há nisso? Ser criador, comunicador, artista, é isso mesmo. E é tão bom. Porquê ter vergonha?

Enfim, toda esta conversa para que entendam, que por vezes, para nós “os tais”, os “meninos bonitos e conhecidos”, vingar nesta profissão, pode até ser mais difícil do que para os outros. Vingar à palavra, não aparecer, porque aí, já a estória é outra e exista quem o faça ou não, é algo que nem me apraz comentar. Para os capazes e verdadeiros, talvez se possa assegurar já um palco montado à nossa espera, sem o esforço de o alcançar já que ele já nos recebe há anos e já nos aguarda de uma forma familiar. Mas, por outro lado os focos nunca apagam, não saem um minuto de cima, a exigência é muito maior e o tombo, que tanto torcem para que dêmos, a acontecer… É sempre muito maior porque até aí há espetadores. E o tema vira sempre nacional e não só conversa na coletividade ou na rua dos amigos.
 

"[...] Sonhar com os temas novos que comprei no dia anterior e sentir que cada noite que passa, os meus dedos acompanham cada vez mais os meus pensamentos e sabem exatamente o efeito a fazer, o timming da mistura, descobrem a tempo a "a capela" perfeita que os faz cantar comigo. Digam-me, se isto não é ser DJ, o que é afinal?"

 
Toda esta conversa para vos dizer que para os 3, 4, 5 ou 6 DJs - figuras públicas (os sérios, que dos outros, em breve não rezará a história) que querem um público, não de moucos mas sim uma audiência com bom gosto, uma mão cheia de groovy party people e uma série de críticos do seu lado… a vida não é de todo assim tão facilitada como tantos gostam de apregoar. E o maior gozo que podemos ter é, quando no final de um gig, numa qualquer noite de inspiração, um daqueles DJs “à séria”, um senhor, um profissional com anos de carreira e sabedoria, perícia e experiência, vem ter connosco e diz: “Miúda. Parabéns! ATÉ te estás a sair bem!” E aí… mesmo com um ATÉ à mistura, a força volta a estar contigo e que se lixem os que à partida já têm um dedo apontado e uns tampões nos ouvidos… só porque és a Rita da televisão.

Se ser DJ virou moda? Moda vira o que é bom, o que sabe bem e dá vontade de imitar. E asseguro-vos que ser DJ é efetivamente Fenomenal!!

E assim destes pequenos grandes nadas se faz a Lei da Vida :).

Turn on the music!
 
Rita Mendes
Publicado em Rita Mendes
domingo, 17 setembro 2017 19:54

A máquina atrás do artista

Da minha objectiva este é um tema que já foi em certos aspectos mencionado, mas nunca abordado na sua plenitude. Mediante o meu ponto de vista singular esta é uma questão muito importante numa carreira artística, independentemente do género musical, pois para além de todo o trabalho efetuado pelo artista, é não menos importante o papel de quem o trabalha em conjunto, divulga e impulsiona, originando consequentemente todo o sucesso e fruto de um trabalho de equipa.
 
Numa era em que as tecnologias assumem cada vez mais um papel fundamental na divulgação do trabalho desenvolvido, neste caso por um profissional no ramo da música, não podemos de forma alguma descurar por exemplo quem faz a gestão de calendário (booker), "management" ou "advise" artístico, criação e elaboração de conteúdos, assim como quem se responsabiliza pela devida atualização de algumas das mais importantes redes sociais como o Facebook, Instagram ou Twitter.
 
Estes cargos ou responsabilidades, como queiram chamar, geram tempo livre para alguém como eu poder continuar a criar com a "cabeça livre" de todas estas preocupações "cibernéticas" e simplesmente focar-se na criação e atuações ao vivo. Obviamente que a maioria destas questões finais anteriormente deliberadas, são provenientes da minha palavra e aprovação final, contudo isso não coloca em causa a importância da "máquina" que trabalha comigo.
 
Faço parte de uma agência (Next Bookings), onde felizmente sinto todas as posições desde o "Manager" ao "Booker", passando pelos artistas gráficos (Feel Creations-Atelier Multimédia) até à contabilidade em perfeita harmonia, até nos dias mais difíceis… sim, porque nem sempre é tudo tão simples como parece.
 
Uma vez li um artigo em destaque numa revista mundialmente conceituada e dedicada ao ramo da eletrónica, onde mencionavam que um DJ atualmente tinha de ser: Relações Publicas, "Booking Agent", Designer, Programador Web, Profissional das Redes Sociais, Herói de Merchandising, etc… pode parecer algo exagerado, de facto até concordo… mas não se tivermos uma boa "máquina".
 
Resumidamente, se reunirmos os profissionais indicados de cada área específica e necessária na nossa equipa, aliados obviamente, ao nosso talento individual enquanto artistas, o resultado final será visível com sucesso e satisfação.

Miss Sheila
DJ
www.facebook.com/djmisssheilapt
Publicado em Miss Sheila
terça, 01 abril 2014 16:16

(Sem título)

Escrever nunca é fácil.
Sobretudo quando se trata de uma primeira vez: os temas escorregam, misturam-se e nem sempre à velocidade certa.
Andei com dúvidas. Queria falar sobre o Djiing no feminino. Não, quero falar das novas sonoridades. Não, quero falar da noite no geral. E, afinal, quero só contar uma história.
 
Hoje quando me sentei na minha Workstation, chuva de primavera a bater na janela, gata com fome, assuntos por resolver, era um dia que começava como os outros. Vi os mails, abri o Facebook e entre os posts delirantes de um 1 de Abril cinzento a noticia da morte de Frankie Knuckles. 
 
Pus o Your Love a tocar.
Homenagem pequena. Era eu também assim, pequena, quando aprendi a gostar de House Music. A minha entrada na rádio tratou de me afinar o ouvido, de me mostrar sonoridades que estavam longe dos meus hábitos e que tinham essa capacidade. A de me levar para longe.
 
Quando, anos depois, pensei que poderia ser uma musical contadora de histórias: ele estava lá. Referencia, reverência. Inspiração. Intocável.
Tal e qual está agora. Ah, a p*ta da insustentável leveza da vida. 
Lugar-comum, tanta verdade nunca antes dita: hoje ficamos mais pobres. Mas depois não. Porque se é o imaterial que nos enriquece, então temos hoje mais de estrela do que pó. Numa House Music pura, bonita, cheia de bom feeling. Pode ser que já não se ouça. Tanto melhor porque é coisa que se sente.
 
Como sempre, para sempre: obrigada pela inspiração. São breves linhas, as tais difíceis de escrever. Mas são a única coisa breve da tua partida, porque o que nos deixas é muito maior do que algum dia poderias imaginar. Há legados que não morrem. Mesmo assim, esta poderia ser uma mentira de 1 de Abril.
See you on the dancefloor, godfather.

 

Publicado em Mariana Couto
quarta, 03 junho 2020 23:04

(Des)governados

Atravessamos momentos únicos da nossa vida e ninguém consegue fazer futurologia. Estamos completamente desgovernados por tudo, por todos e também por nossa culpa por não sabermos antecipar problemas.

Apesar de tudo, há algo que sempre iremos conseguir fazer - adaptação aos novos desafios. 

Existem DJs desde o tempo em que a tecnologia permitiu que uma única pessoa conseguisse "tocar musica gravada" (excluindo o aparecimento das grafonolas) e sempre houve adaptações e mudanças.

Provavelmente, nunca terá havido tantos recursos tecnológicos que permitissem adaptações como existem nos dias de hoje e cabe a cada um de nós pensar e implementar essas adaptações.
 
É certo que todos estamos desgovernados e até desesperados porque a principal fonte de rendimentos de um DJ é por norma as suas actuações e não havendo eventos ou espaços físicos com público para o fazer, as alternativas são escassas. O streaming é a opção lógica mas jamais poderá trazer a rentabilidade, o sentimento, a "magia" das actuações em "contacto" com o público, no entanto não nos podemos esquecer que num passado recente, muitos DJs usavam a rádio para ganhar a notoriedade que têm nos dias de hoje e as diferenças para um streaming são apenas em termos de imagem e suporte em que são transmitidas. 
 

Não tenho a pretensão de imaginar ou prever o futuro deste sector mas tenho a certeza que servirá como triagem para muitos amadores e profissionais ficarem pelo caminho (…)


Não tenho a pretensão de imaginar ou prever o futuro deste sector mas tenho a certeza que servirá como triagem para muitos amadores e profissionais ficarem pelo caminho, deixando a quem tenha perseverança um caminho aberto para o futuro quando esse mesmo futuro voltar a permitir o regresso dos DJs ao seu habitat natural. 

Sim, estamos desgovernados (todo o sector e não apenas os DJs) mas não existem soluções no imediato. 

Nada será como foi e com maior ou menos adaptação, maiores ou menores mudanças, o DJ pode estar "infetado" mas não irá "morrer".
 
Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
segunda, 01 outubro 2012 23:46

A ressaca e as suas curas

 
Este artigo pode parecer chato, (principalmente se tiveres mesmo de ressaca), mas no final vais concluir que, tal como nós, fãs ferrenhos de uma noite bem aproveitada, vai dar-te muito jeito no dia em que não souberes o que fazer mais para curá-la e quiseres livrar-te desse mau estar ou dor de cabeça torturantes. Vais ver que ainda nos vais agradecer.

Vamos começar por saber o que é a ressaca. Em linhas gerais a ressaca é provocada por um conjunto de três efeitos produzidos pelo álcool: desidratação, choque nervoso e desnutrição.
Desidratação porque o álcool é diurético e literalmente faz-nos correr para o WC centenas de vezes. O choque nervoso acontece porque quando se bebe muito, estamos a provocar uma overdose de uma "droga" e isso mexe com o sistema nervoso. É por isso que quando estamos mesmo naqueles dias de ressaca extrema trememos que nem varas verdes. Por último, mas não menos importante, a desnutrição: o álcool reduz a quantidade de vitaminas e nutrientes do corpo, elementos que são importantíssimos para a manutenção do sistema de defesa do organismo.
 
Além destes efeitos provocados pelo álcool, o mesmo é metabolizado pelo fígado. E aí é que está o nó da questão. Para processar as moléculas do álcool, o fígado usa duas enzimas e nem todos gozamos da quantidade de enzimas suficientes e eficientes. É por esta razão que existem pessoas que ainda não se cruzaram com uma manhã de ressaca, enquanto que outras, não podem ver uma garrafa de cerveja à frente que passam mal. No fundo, trata-se de uma questão de estrutura física ou mesmo genética, o que não tem nada a ver com tamanho.
Outro dado importante: o álcool é expelido do corpo pelos rins e pelos pulmões e afeta principalmente o lobo frontal do cérebro, responsável por controlar o julgamento (literalmente o juízo) e as relações sociais. Há quem diga que se perdem neurónios a cada bebedeira, mas é no fígado que o álcool deixa marcas mais profundas.

Depois de dar-mos uma olhadela a certos e determinados estudos, podemos realmente concluir que os efeitos do álcool no fígado são muito preocupantes, embora pouca gente ligue a isso no calor da festa.
 

"Para os mais impacientes, deparamos com testemunhos, que atestavam, que um valente cheeseburguer com batata grande e cola grande seria o auge (aguardamos o estudo científico para o comprovar) ..."

 
Explicações científicas à parte, o facto é que desde que os gregos inventaram a cerveja, que a cura da ressaca é um dos dilemas da humanidade. O primeiro conselho e mais importante de todos seria: não beber e garantimos por experiência própria (cof cof) que não vais ficar nem com um pouquinho de ressaca, mas se não vão nesta cantiga temos outras dicas para ti.
Repara que quando alguém bebe demais e vai parar ao hospital, o primeiro passo, é tomar glicose, o álcool reduz a quantidade de açúcar no sangue, (daí aquela moleza), então, a tática ideal e infalível é andar sempre com uma barrinha de chocolate no bolso. É tiro e queda e o efeito é melhor do que todas essas confusões de banhos gelados, dormir ou qualquer outra loucura que possa ter efeito contrário e piorar a situação. O mais seguro mesmo é o dito chocolatinho, (santo de cada dia), quando te começares a sentir mal, durante ou após a bebedeira. Procura não te sentares ou fechar os olhos no "durante".

Existe quem defenda que mastigar gengibre, ajuda a aliviar o stress do estômago, mas o repouso, frutas, verduras, muita água e vitamina B, sem contar com uma ou duas Aspirinas, Guronsan (ou outro), continua a ser a solução mais usada. Mas existem outras, nomeadamente: beber um litro de água antes de ir para a cama e tomar um remédio para a dor de cabeça. Verás que no outro dia vais estar melhor do que se chegasses a casa e não tomasses nada!
 
A esta altura já pensas: "E aquela secura irritante que não passa!!". Se tomares uma colher de azeite antes de começares a beber, segundo os nossos antepassados, não vais passar por essa sensação porque, provavelmente, nem vais conseguir beber mais!  Também, há quem diga que um bom sumo de limão ou tomate, no dia seguinte, ainda em jejum, costuma fazer milagres. Segundo outras culturas, um copo de cerveja gelada, assim que te levantas, também produz um efeito positivo. Pelo menos não passas por todas as sensações desagradáveis! Uma receita interessante que encontrámos para curar para a ressaca: comer uma canja de galinha. Mas aconselhamos a pedires a alguém que a faça ou a fazeres a canja antes de saíres à noite. De madrugada e de ressaca o mais certo é nem dares com um prato! Para os mais impacientes, deparamos com testemunhos, que atestavam, que um valente cheeseburguer com batata grande e cola grande seria o auge (aguardamos o estudo científico para o comprovar), mas podemos já adiantar que coca-cola e outras bebidas com gás e cafeína são irritantes para o estômago.

Se isto estiver a ser demais para a tua cabeça, (que neste momento poderá estar à roda com a noite passada), podes fazer uma pequena cábula com alguns dos conselhos mais práticos que encontrámos, para colares no espelho onde te arranjas todas as noites antes de saíres:
 
 
  • Alimenta-te bem antes de começar a beber, para que os efeitos do álcool não sejam tão intensos;
  • Nunca bebas à pressa! (nem que a loira que te tirou do sério esteja a dirigir-se para a porta acenando-te para ires com ela). A bebida é para ser saboreada calmamente, e sem pressas;
  • Faz um esforço e bebe água (entre as bebidas alcoólicas) para que o efeito do álcool não seja tão forte;
  • Modera a quantidade de álcool a ingerir;
  • No dia seguinte, opta por alimentos leves, chá, café, muita água, (mesmo muita), para hidratar o corpo, e come alimentos com sal e potássio para repor os nutrientes que perdeste. Não te esqueças de ingerir muita vitamina B.
 
Tem calma! O que estás a sentir vai passar em breve!
 
Amanhã tudo regressa ao normal! E estás pronto para mais uma, VENHA ELA!!! De preferência ao som dos FUNKyou2 - The Party Rockers!!!!
 
Francisco Praia
FY2 - The Party Rockers
Publicado em Francisco Praia
Confesso que tenho saudades de ouvir um "prego". Tenho saudades de ouvir o ruído de uma agulha num vinil sujo, da agulha a saltar e um DJ a "desenrascar" uma passagem, de uma mistura menos acertada e um beat mais ao lado. 
 
A era do educador musical acabou. A saída à noite para ouvir aquilo que não oiço em casa ou no carro terminou. O DJ deixou de ser aquela pessoa admirável, dotado de uma técnica de mistura invejável, de uma noção e cultura musical que debitava sonoridades que nunca tinha ouvido. É certo que ainda existem alguns e há clubes ou eventos onde podemos ver estes indivíduos em "vias de extinção" mas são cada vez mais raros... São raros porque não conseguem sobreviver com a mudança e a banalização que se tornou a profissão chamada DJ. 
 
Hoje em dia vemos o dono da casa DJ, o actor DJ, o RP que também é DJ, o indivíduo que apareceu num reality-show como DJ e até menores de idade são DJs. Tudo é DJ.
 
O DJ já não é o "mestre dos pratos ou dos decks". Hoje em dia o DJ é aquele que não conseguiu vingar na profissão que escolheu ou aquele que não sabe fazer mais nada. 
 

Antigamente o DJ gastava dinheiro no que realmente interessava... a Música.

 
Ninguém "compra" o verdadeiro DJ. Esses estão todos no desemprego ou a passar dificuldades. Já ninguém quer saber se sabes acertar uma batida (à unha), se a tua escolha musical é diferente e com qualidade. Ninguém quer saber se consegues tocar seis horas seguidas, se consegues mandar os clientes de um clube ao bar para consumir e voltar a agarrar uma pista de dança ou se consegues ter uma sequência musical para manter os clientes várias horas no clube. Esse DJ desapareceu (ou está no desemprego). 
 
Hoje em dia o DJ teve de inventar. Tem de falar ao micro (não sendo MC), solicitar todo o tipo de "adereços" (CO2, confetis, etc.), ter boa imagem, bons vídeos para passar enquanto actua, gastar milhares de euros nas redes sociais e na sua promoção e ter uma equipa a trabalhar com ele (que também tem de ser paga). Antigamente o DJ gastava dinheiro no que realmente interessava... a Música.
 
Não sou daqueles que são contra a evolução e as novas tecnologias, nem contra as formas que foram encontradas para divulgação e promoção da música electrónica. Sou apenas contra o uso da palavra DJ para definir pessoas que não são mais que animadores e que nem de "toca discos" podem ser chamadas. 
 

O DJ (na sua verdadeira essência da palavra) está em "vias de extinção" e eu tenho saudades de os ver e ouvir.

Ninguém quer contratar um DJ nos dias que correm. Não vamos confundir as coisas. O DJ como o conhecemos está a morrer. Hoje em dia o que é contratado é um produtor que vai usar um equipamento essencialmente de software para difundir o que produz e alguma música que ouvimos na rádio. Poucos são aqueles que se podem dar ao luxo de efectuar uma actuação sem colocar uma única música conhecida ou pelo menos um remix ou edit de algo que todos estão fartos de ouvir.
 
O DJ (na sua verdadeira essência da palavra) está em "vias de extinção" e eu tenho saudades de os ver e ouvir. Fico feliz por ver a evolução que a música electrónica teve e como se tornou global, mas por favor, não usem mais a palavra DJ porque de "Discos" não tem nada e de arte para os usar nada tem.  

 

Ricardo Silva
Publicado em Ricardo Silva
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