Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
quarta, 29 agosto 2018 14:32

DJ e artista, dois mundos diferentes

Com o aumento de DJs a atingir valores de saturação na nossa indústria, cada vez mais se discute a diferença entre o DJ e o produtor. Sendo este um tema cada vez mais sensível por motivos óbvios, acaba também por ser cada vez mais natural a sua discussão. Se há muitos anos atrás o DJ era visto apenas como um seleccionador de música com capacidades inatas para mexer com uma pista e despertar diferentes tipos de sensações no seu público, com a mudança das necessidades do mercado passou a ser insuficiente idealizar uma carreira ascendente sem ter a vertente de produção associada ao seu trabalho. Claro que continuarão a haver grandes profissionais dentro do circuito que continuam a trabalhar e a ser requisitados com bastante frequência no nosso país, mas será suficiente para a longo prazo continuarem activos no mercado e a terem o reconhecimento que muito certamente mereceriam? 

Na minha opinião infelizmente terei que dizer que não. Cada vez mais o grande público quer associar o artista à música, anseia por poder dançar ao vivo ao som do nome que fez a música que houve no carro, em casa ou na rádio. É claro que poderemos sempre discutir a qualidade do produtor enquanto DJ, como poderemos também fazer o inverso, mas no final irá prevalecer sempre a opinião e a necessidade do público, afinal de contas aquele que de uma forma muito cruel, mas ao mesmo tempo inquestionável leva os clubs e promotores a contratar os artistas. Artistas, essa palavra que de uma forma impensável hoje em dia se confunde por completo com o DJ. 

Antigamente remetido ao cantinho mais recôndito da discoteca, não altura tão discreto como por exemplo o bartender saltou para a frente, com o seu templo/cabine a ser o centro do espaço e de todas as atenções. A imortalização do artista vem do seu legado, do que deixa para a posteridade e das sensações que deixa nas pessoas que ouvem a sua música, que de alguma forma as vai marcar devido às mais variadas situações da sua vida e que o simples DJ nunca vai conseguir almejar. Chama-se a isso mesmo a marca da criação, uma criação superlativa e que em momento algum poderá ser reduzida ou minimizada por uma qualquer data menos conseguida ou casa menos preenchida. 
 
(...) a indústria da música é tudo menos justa, tudo menos lógica e muito menos sentimentalista, sendo que a realidade dos factos é que hoje em dia uma música pode levar um artista do absoluto anonimato para o topo do mundo (...)

Que isto certamente soará extremamente injusto, sem dúvida que sim, mas a indústria da música é tudo menos justa, tudo menos lógica e muito menos sentimentalista, sendo que a realidade dos factos é que hoje em dia uma música pode levar um artista do absoluto anonimato para o topo do mundo, sendo também claro que quem está sujeito a uma mudança destas não poderá nunca competir com um DJ com experiência, competente e altamente habituado a lidar com a pressão da pista, algo nada fácil e apenas ao alcance de muito poucos, mas mais uma vez o artista acaba por encontrar na sua criação musical o escudo e poder para se poder proteger das mais variadas forças negativas que continuamente estão contra esta profissão. 

Hoje em dia, mais do que nunca penso que o mais importante para a estabilização de uma carreira acaba por ser a qualidade, não a quantidade, e se muitas vezes somos queridos pelos nossos fãs, clubs ou promotores, isso se deverá à capacidade de nos mantermos musicalmente e ideologicamente fiéis a tudo em que acreditamos genuinamente, em alturas mais ou menos difíceis da nossa profissão, que existem tal como em todas as outras, mas a força com que as ultrapassamos diz muito do nosso carácter como seres humanos, homens (mulheres) ou artistas, afinal de contas o tal carisma que acaba por ser fundamental para todos os que estão em cima de uma cabine e em frente a umas boas centenas de pessoas para as fazer felizes e tirar deste mundo durante algumas horas.

DJ e produtor são obviamente dois mundos completamente diferentes, sempre com a certeza que cada um de nós, sejamos DJs e produtores ou apenas DJs temos a bênção de poder tocar a vida das pessoas, nem que seja à nossa maneira, algo de que nem todos se podem gabar de conseguir fazer, sendo isso ao mesmo tempo uma responsabilidade enorme, apenas para as costas de alguns, quer seja a fazer música, a seleccioná-la numa pista ou ambas. Teremos sempre magníficos DJs que nunca farão música, magníficos produtores que nunca irão ser exímios DJs e outros que serão brilhantes nas duas vertentes, mas o artista, aquele que move multidões e que desperta paixões, apenas o vai conseguir com a sua linguagem criativa, com a forma como vai fazer o seu público chorar, rir, dançar ou adormecer a ouvir a sua criação, esta terá que ser uma verdade considerada inquestionável.
 
Carlos Vargas
Publicado em Carlos Vargas
segunda, 17 março 2014 14:19

Projeção além-fronteiras

Na minha primeira coluna para a 100% DEEJAY, vou falar sobre o "vá para fora cá dentro", (não, não é uma crónica turística, dos top restaurantes e hotéis) mas sim sobre a projeção que os produtores e DJs portugueses alcançaram além-mar.
 
A música é uma parte importante da nossa estrutura, não só enquanto pessoas, mas também enquanto sociedade. Quantos de nós não associam momentos importantes a uma música específica? Quantos de nós, não esboçamos sorrisos quando ouvimos a nossa música preferida? Quantos de nós se recordam de revoluções e marcos importantes na nossa história através da música? 
 
A música sempre esteve e estará presente. As pessoas gostam e procuram-na. O desenvolvimento de aplicações cibernéticas, permitiram o boom musical além-fronteiras. Hoje em dia, é possível um produtor dar a conhecer o seu trabalho a qualquer parte do mundo. Basta um click, uma partilha, uma página nas redes sociais. Quantos nomes de referência atuais não começaram a sua carreira por colocar um vídeo no Youtube? Quantos deles não se renderam ao imenso poder da web? Não há veiculo mais rápido. 
 
Óbvio que o boom musical, permite o aparecimento de um maior número de nomes, e de um boom de ditos "DJs". A propósito disto, costumo brincar, e quantos de nós não temos um DJ ou um produtor no nosso círculo de amigos? Eles estão aí e vieram para ficar. Procuram vingar no mundo da música, deter um nome mundial e mexer com as emoções do público. Os cursos de DJ e Produtor proliferam e têm cada vez mais alunos. Todos querem aprender. Todos querem ser os melhores.
 
Se há 15 anos atrás, (tinha eu 20 anos), nomes como DJ Vibe, Carlos Manaça, Frank Maurel, Jiggy, eram a referência na dance scene portuguesa, e o que eu pagava para ver; hoje em dia na nova geração onde me incluo, temos Pete Tha Zouk, Diego Miranda, Kura, Christian F, Mastiksoul, Tom Enzy, Rui Santoro, MassiveDrum, Karetus, entre outros - a fazer furor nas pistas de dança. Uma mudança de paradigma? Também. O comercial ou EDM tem vindo a passos largos a marcar posição nos maiores e melhores clubes nacionais. Impulsionado pelas rádios e pelos programas televisivos da temática da noite, veio para ficar. Sobre isso já não existem dúvidas. 
 

É uma sensação indescritível ouvir as pessoas lá fora a cantar as nossas músicas.

É frequente no Brasil, Angola, Moçambique e Suíça, serem publicitadas festas com nomes nacionais. O fenómeno que carinhosamente apelido, do "Vá para fora cá dentro". Sempre ouvi dizer, o que é nacional é bom. E subscrevo! Faz-se boa música em Portugal, faz-se música que as pessoas gostam de ouvir, não só aqui, como noutros países. É uma sensação indescritível ouvir as pessoas lá fora a cantar as NOSSAS músicas... em jeito de brincadeira, dá dez a zero às batatas-fritas do McDonalds em dia de ressaca.
 
O trabalho dos DJs Pete tha Zouk e Diego Miranda em terras das águas de coco, veio abrir todo um mercado para os DJs em crescimento. Se pensarmos que Portugal tem aproximadamente 10 milhões de habitantes e só São Paulo tem o dobro, estamos a falar numa potência enorme em termos de público. Há muita gente a quem fazer chegar o nosso trabalho. 
Agora sonha-se não só com tocar nas casas de referência a nível nacional, como também poder tocar em São Paulo, Rio de Janeiro, Luanda... and so on... o mundo tem os braços abertos para os DJs. Aqui e em todo o lado! 
 
É cada vez mais normal, estarmos de férias no estrangeiro e termos um DJ português a tocar num club ou evento local. O bom trabalho é reconhecido pelas pessoas e são elas que fazem crescer um DJ. As tours no Brasil, África e Europa, começam a ser uma constante na agenda dos profissionais do DJing. 
 
Acredito que com o passar do tempo, cada vez mais nomes portugueses irão figurar nos melhores cartazes mundiais. Há muitos nomes com valor e a fazer um FANTÁSTICO trabalho. Com esforço, dedicação, empenho e muito sacrifício tudo é possível. E nós, portugueses, sempre fomos conhecidos por sermos um povo lutador.  
 
Não só no estrangeiro, mas também cá dentro a aposta nos nomes nacionais tem vindo a crescer. Num mercado onde a oferta é vasta, a procura também o é. Se Portugal tivesse uma industria noturna tão bem oleada como a Holanda, não teríamos só o melhor jogador do mundo em Portugal. Provavelmente teríamos também o melhor DJ. O Pete Tha Zouk na posição 37, foi o português que mais se aproximou desse feito. 
 
Os clubes publicitam os nomes nacionais e têm casa cheia. Faz-se um bom trabalho em Portugal, e é-se reconhecido. Cativa-se o público e eles chamam por mais. Na prática, tudo se resume a uma conjugação de interesses: As pessoas procuram a música e a música encontra-as, numa simbiose perfeita.

 

Publicado em Eddie Ferrer
quarta, 03 julho 2013 21:18

Summer Sessions

 
Uma crónica de Verão tem sempre muito que se lhe diga. E tem, principalmente, porque como a "Silly Season" costuma ser a patetice pegada em quase todas as áreas, escrever coisas sérias parece-me também pretensioso...
 
Sublinho o quase, porque se houver, no entanto, a viabilidade de algum motivo sério de conversa... talvez essa seja a da área da Música. Sim, é a época áurea do rodopio de internacionais, cá a poisar na terrinha. E cada canto vai ter um. Ou mais.
 
Festivais "à séria", festas "da terrinha" e populares, discotecas da moda e "disco-nights" da aldeia... tudo vai ter os seus Steve Angelos, David Guettas e Axwells da vida , os seus Allessos e Hardweels, Sashas milionários e com quase pornográficos cachets.
 
Eles vão a todas. Desde a grandes certames de qualidade, com outros grandes nomes comerciais lado a lado no cartaz, como se "sujeitam" a locais estranhos em que o dono é um qualquer novo rico  do local que decide "fazer mexer" a terriola e desembolsa 50 mil euros para um destes monstros da house music tocar a seguir ao residente Huguinho, Zézinho ou Luisinho.
 
Por isso é que o meu amor pela música eletrónica se mantém fiel a alguns dos que considero "estrelas" à séria, não porque exigem 100 mil euros por set, mas porque mantém a coerência e o cuidado quanto aos eventos em que se envolvem.
 
Ritchie Hawtin, Plasticman, Marco Carola, Dubfire, Steve Lawler, Loco Dice... são alguns aos quais, sim, tiro o chapéu. Tocam no que considero os melhores Clubes. E há uma real diferença entre Discoteca e Club. As primeiras são para massas, os segundos para amantes de música. E para estes estes senhores não há cá "pão para malucos"... tocam e tocam bem, não há cá buzinadas e loops de 2 minutos. Eles continuam a encantar e são elitistas nos sítios que escolhem para trabalhar e por isso... os sítios também fazem "nome" ligado a eles.
 
A bola de neve é esta: um DJ e um estilo, fazem a onda do espaço e o espaço onde toca, vai criando pouco a pouco a verdadeira credibilidade do DJ.
 
Os nomes que falei também são grandes e não podem sequer ser considerados "alternativos", mas basta não serem "vendidos" e manterem a sua linha musical para os aplaudir de pé. Não vivem do hit do momento, mas sim da carreira consolidada, não arrastam os miúdos de 18 anos mas o público da minha geração, dos 30, os que cresceram com o puro house e com o tecno apurado. Para mim, a base de tudo o resto.
 
As festas, nesta altura multiplicam-se. Mesmo!! Cada beco tem a sua e parece que o dinheiro cresce, num tempo de crise anunciada, vivida e choramingada  por quase todos - mesmo na noite, onde tantas casas têm fechado portas - para competir com o "vizinho" do lado que trouxe o DJ X ou Y. Por vezes, batalhas ganhas, por vezes perdidas. E a quantos lamentos de produtores, já assisti, quando ao investirem largos milhares "certos de retorno", se tornam menos certos e perdem outras tantas milenas, que inviabilizam os Verões e Invernos seguintes.
 

É Verão, "Silly Season" e a melhor altura de trabalho, com mais mercado para os DJs, com mais público na rua, com mais dinheiro para gastar.

 
Quero chegar ao seguinte: DJ de renome já foi dinheiro certo em caixa, já lá vão os tempos em que se gastava 100 mil para ganhar 300... Mas nessa altura, haviam 4 ou 5 festivais, não 50. Mas nessa altura os DJs conceituados eram 10 no mundo e não 100. Mas os cachets a que chamávamos milionários eram de 10 mil euros e não 100 mil. As apostas hoje em dia já não são tão certeiras, há quem se ria e há quem chore. E depois ainda há os "sets de merda" a que nos submetem por ser o que o povinho que enche as casas quer ouvir…
 
Uff... Volto à carga. É Verão, "silly season" e a melhor altura de trabalho, com mais mercado para os DJs, com mais público na rua, com mais dinheiro para gastar. Mas é também, cada vez mais, nos tempos que correm, altura mais do que obrigatória para fazer triagem. Não ir a "todas" (nem como DJ e muito menos como público) e, a não ser que se vá para "ver as gajas"..., escolher a vibe e a qualidade musical que se procura e aí sim... seguir a "Yelow Brick Road" até... ao bom festival mais próximo!
 
Neo Pop, Refresh e numa onda mais comercial - Azurara... Para mim são os eleitos. Não que seja lei, mas é a minha opinião até porque o Verão é feito de brisas e por aí vão sempre existir os momentos que elegemos como nossos e marcantes, as memórias que farão parte da nossa vida e claro, sempre com a banda sonora perfeita, a que se adequou à hora certa, e com a batida que tinha que ser. 
 
A procura é nossa, a escolha também, a coerência faz parte dessa escolha. E quem ama a Club Scene, sabe do que falo, não sabe?
 
Bom Verão e encontramo-nos por aí? Nas boas e quem sabe, até nas medíocres festas! 
 
Como DJ, RP e Music Blogger... no fundo, terei que "papar" com o bom e com o mau, para poder falar com conhecimento de causa e claro... ganhar o meu. :)
 
Certo?
 
 
Rita Mendes
Publicado em Rita Mendes
segunda, 19 março 2018 19:36

O que fiz para estar onde estou

A música é o que nos faz ser DJs? 

Todos sabemos que hoje a indústria da música eletrónica atravessa um período de mudança - o que é bom para uns e maus para outros. Em todas as formas de arte há tendências, o público segue-as e dependemos do público para "vingar" neste ramo. A música tem um período de consumo muito mais rápido se comparado a anos passados. Não me quero alongar nesta questão, mas há forma de contornar isso? 

A minha carreira de DJ/Produtor começou há 6 anos atrás. Nunca imaginei poder trabalhar com grandes artistas, nem lançar em grandes editoras como Lokosound ou Revealed. Para mim era sem dúvida algo muito distante, sobretudo olhando para o estado do mercado: muito saturado de demasiada informação desnecessária e com escassez de música. Será que se perdeu o que realmente me fez passar horas agarrado ao computador? 

Já tive muitos fracassos, e já ouvi muitos “nãos” e ainda acontece - porque acontece a todos - mas as “derrotas musicais” não se superam com uma foto no Instagram, nem tão pouco com likes. De certo que sobe a auto-estima e que alivia o processo de focagem noutro passo. 

Estou a dar a minha opinião, não quero discordar de ninguém que diz o contrário. Claro que todos nós sabemos que as redes sociais têm um peso enorme na carreira de um artista e que hoje talvez até tenham mais peso do que a própria música. Isso não significa que precisamos de deixar de ser produtores para ser modelos - a música, como já disse, é e sempre será o mais importante. 

"Não digo que as redes sociais devem ser postas de parte, porque eu mesmo não as ponho (precisamos delas para promover o nosso trabalho e dar-nos a conhecer ao público), estou a dizer que a maneira mais fácil de não sermos postos de parte é não por de parte a música." 

 

É importante ter um Manager/Agente? Ou será mais importante ter uma equipa?

Uma das lições mais importantes que aprendi ao longo destes anos em que sigo no ramo da música, é a que temos de ser nós a “bater com a cabeça” para ver o que está mal e com quem não devemos trabalhar. 

Eu trabalhei desde sempre com o Miguel. O Miguel não é agente, nem manager, não tem formação na área: trabalha em restauração. Mas a vantagem de trabalhar com o Miguel é que ele me conhece: as fraquezas, as forças, os dias bons e maus. E o mais importante é que ele acredita tanto no "ZINKO" como eu. Por isso acredito solenemente que a formação de uma equipa forte, com base na credibilidade do projecto e na confiança mútua é um ponto-chave para tudo funcionar.

Hoje em dia sou agenciado, sim, e tenho alguém "do outro lado". Tratamo-nos como equipa, delineamos estratégias e caminhos para chegar onde queremos. Mesmo que não consigamos, amanhã tentamos novamente. 

Quem quer que escolham para a vossa equipa nunca tratem a pessoa como alguém que está a trabalhar para vocês, mas sim que está a trabalhar convosco. A importância de ter um manager ou agente passa a não ter nexo se não se tratarem como equipa. "Nenhum treinador consegue ganhar campeonatos sem jogadores", é uma mensagem simples, mas que para mim faz toda a diferença. Eu sei quem não estaria onde estou agora, talvez até mesmo a escrever um texto de opinião, se não tivesse uma equipa a trabalhar comigo. 


Enviar Promos

A parte mais importante do artista passa obviamente pela música. Podemos cada vez mais potenciar a mesma e fazê-la chegar aos ouvidos de quem queremos. O envio de promos é algo muito importante no momento em que temos uma "nova música", mas é importante termos um método adequado e prático para o fazer.
 
Alguns pontos que tenho notado quando recebo as promos no meu e-mail.
 
1 - Apresentação 
Acho que ninguém gosta de ser abordado sem uma apresentação do que vai ouvir antes - nome, idade, país, breve descrição -, mas não é preciso alongar ao ponto de escrever uma biografia inteira. Artistas como Hardwell, Afrojack, ou Martin Garrix não estão minimamente interessados se vocês têm uma casa à beira-mar, ou se o vosso cão se chama "Rex". Uma breve descrição e o link da música chega perfeitamente. 

2 - Links
Nenhum artista dos que falei há pouco vai fazer download do vosso ficheiro, por isso acho que o mais prático será enviar um link privado de Soundcloud com download activo, ou link de Dropbox. A falta de pré-escuta é um ponto crucial para a música não ser ouvida. Passados 5 ou 6 emails com anexo, o que enviarem será considerado spam,  perdendo-se boas oportunidades de serem ouvidos, porque a vossa música podia estar boa.

3 - Música
Têm de estar certos de que o que estão a enviar é o melhor que conseguem. Nunca sabemos se o artista a quem enviamos a promo vai ouvir ou não. Por isso é óbvio que um ponto que todos devem considerar é que músicas inacabadas, sem mix/master, entre outros problemas, provavelmente não vão ter feedback ou se tiverem não vai ser o que gostariam de ouvir. Isso faz com que nós fiquemos desmotivados.

Processo Criativo / Mixing e Mastering
Neste tópico certamente não há muito para dizer, pois cada um tem o seu formato de trabalho e as suas manias. Não vou falar de nada que quem faz música não saiba, contudo acho importante referir alguns pontos. Não são precisas colunas topo de gama para fazer música. Não é preciso um estúdio de milhares de euros, não é preciso um teclado midi super atual e cheio de controladores, pois a maior parte das minhas músicas foram feitas de fones, teclado do computador sentado na mesa da minha cozinha. 

É tudo uma questão de conforto. Ter um espaço organizado é o ponto, não tem de ser o espaço nem a altura, acho que naquele momento tem de se estar completamente focado no que se está a fazer - esse é o truque -, obviamente que um bom computador e um bom equipamento ajuda, mas não é o mais importante. O mais importante é sim conseguir passar a ideia da cabeça para o software. 

A música não tem tempo para se fazer, eu tenho músicas com dois anos que sofreram alterações durante esse espaço de tempo até ter o produto final com que me sinto satisfeito. A minha faixa “Footprint” em colaboração com o “Tong Apollo” saiu em novembro de 2017, a ideia da música ficou pronta ainda em 2016. Mudámos tudo, 4 drops diferentes até chegarmos ao resultado final. Já a “Guaraná” demorou três dias a ser feita e consegui assiná-la numa das maiores editoras do mundo. O que importa na realidade é a ideia. Claro que uma ideia bem executada só tem a ganhar. 

Tentar fazer algo diferente não é nada fácil, eu sei disso, sei que fazer algo num estilo muito ouvido - Big Room, por exemplo - mas que não soe genérico é complicado. As labels procuram cada vez mais ideias novas, para criar tendências, algo novo, que não se ouve no mercado. É isto que chama a atenção dos A&R´s, a meu ver é tudo uma questão de ideias e alguma sorte. 

Depois existe a segunda parte, talvez das coisas mais importantes, pode parecer que não faz diferença, mas faz: o Mix/Master é algo que vai finalizar a música. Por vezes sem darmos conta é o que falta, aquele pormenor que não sabemos o que é.  Eu pago esse serviço: https://wiredmasters.co.uk/. Não sou profissional da área, ainda estou a aprender e a pouco e pouco é algo que se vai encaixando no ouvido, pois também tem a ver com o gosto de cada um. 

Sei que é um entrave para muita gente, porque são preços que não são acessíveis a todos, e por isso é aconselhável que o investimento seja numa música que valha a pena, porque como disse há pouco faz toda a diferença.

Gostava mesmo muito que este texto ajudasse a malta, isto é só a minha opinião. Não fiz nem mais nem menos que outros artistas, eu trabalho assim e estou a partilhar alguns dos meus métodos com vocês. Todos os erros de que falei acima eu já os cometi. Não me arrependo de forma alguma, serviram para aprender e a acreditar cada vez mais na minha música. Todos os dias trabalho nisto porque acredito. Espero que vocês partilhem este pensamento. Assim será muito mais fácil que nós, amantes de música, tenhamos um maior sucesso e que levemos o nosso país fantástico além-fronteiras pelo que mais gostamos de fazer.
 
Zinko
Publicado em Zinko
quarta, 08 outubro 2014 22:28

Teremos sempre Paris

Parece que já lá vai, sem ter chegado verdadeiramente.
Foi um verão atípico que aqueceu pelos motivos menos evidentes e que teve como acendalha uma loira fleumática.
 
É curioso porque recordo, nítida e claramente, de ouvir o Bernardo Macambira falar nisto: "devíamos era trazer a Paris Hilton a Portugal!"
Na altura, a sex tape da loiríssima herdeira do império Hilton era mais importante que qualquer #bendgate. Brejeirice à parte.
 
Por outro lado, no éter e no clubbing vivíamos uma gloriosa época de bons beats e criatividade. As "presenças na noite" eram coisa de um género de Verão interior feito de decotes e de saias muito curtas.
 

Do outro lado da barricada, com a mesma irada tinta, imprimem-se notas para pagar um cachet que se acredita milionário.

 
Devem ter passado muitas estações, muitas modas que nunca foram compridas, até esta em que acordamos com o anúncio da presença de Paris Hilton em Portugal enquanto DJ. 
 
Correm rios de tinta: as redes sociais espumam-se em opiniões várias. Do outro lado da barricada, com a mesma irada tinta, imprimem-se notas para pagar um cachet que se acredita milionário.
 
Imagino o Macambira a rir. Dou por mim a pensar o quão legítima é esta transformação.
 
Conforme os DJs evoluíram para prestações nas quais se evidenciam enquanto verdadeiros entretainers, as "presenças" também tiveram de se reinventar para continuar a ter trabalho. 
 
Já sei: "A Paris Hilton não precisa". Pois, pois não: mas precisa de olear a máquina da fama que faz com que não precise. Presença habitual nos melhores clubs do mundo, Paris a Empreendedora conseguiu encontrar a forma certa de continuar a fazer dinheiro. Se é DJ, se é de esperar um set inovador, surpreendente?
 
Mas é por isso que alguém "vai ver" a Paris Hilton? A expressão está lá: "ver", que ouvir é outra coisa.
 
Afinal, ainda que separadas por um oceano de dinheiro, não há todo um segmento no mercado nacional que está na cabine para - essencialmente - ser visto?
 
Teremos sempre Paris. A dar o mote.
 
Até porque música é amor, mesmo em tempo de guerra digital.

 

Publicado em Mariana Couto
domingo, 17 setembro 2017 19:54

A máquina atrás do artista

Da minha objectiva este é um tema que já foi em certos aspectos mencionado, mas nunca abordado na sua plenitude. Mediante o meu ponto de vista singular esta é uma questão muito importante numa carreira artística, independentemente do género musical, pois para além de todo o trabalho efetuado pelo artista, é não menos importante o papel de quem o trabalha em conjunto, divulga e impulsiona, originando consequentemente todo o sucesso e fruto de um trabalho de equipa.
 
Numa era em que as tecnologias assumem cada vez mais um papel fundamental na divulgação do trabalho desenvolvido, neste caso por um profissional no ramo da música, não podemos de forma alguma descurar por exemplo quem faz a gestão de calendário (booker), "management" ou "advise" artístico, criação e elaboração de conteúdos, assim como quem se responsabiliza pela devida atualização de algumas das mais importantes redes sociais como o Facebook, Instagram ou Twitter.
 
Estes cargos ou responsabilidades, como queiram chamar, geram tempo livre para alguém como eu poder continuar a criar com a "cabeça livre" de todas estas preocupações "cibernéticas" e simplesmente focar-se na criação e atuações ao vivo. Obviamente que a maioria destas questões finais anteriormente deliberadas, são provenientes da minha palavra e aprovação final, contudo isso não coloca em causa a importância da "máquina" que trabalha comigo.
 
Faço parte de uma agência (Next Bookings), onde felizmente sinto todas as posições desde o "Manager" ao "Booker", passando pelos artistas gráficos (Feel Creations-Atelier Multimédia) até à contabilidade em perfeita harmonia, até nos dias mais difíceis… sim, porque nem sempre é tudo tão simples como parece.
 
Uma vez li um artigo em destaque numa revista mundialmente conceituada e dedicada ao ramo da eletrónica, onde mencionavam que um DJ atualmente tinha de ser: Relações Publicas, "Booking Agent", Designer, Programador Web, Profissional das Redes Sociais, Herói de Merchandising, etc… pode parecer algo exagerado, de facto até concordo… mas não se tivermos uma boa "máquina".
 
Resumidamente, se reunirmos os profissionais indicados de cada área específica e necessária na nossa equipa, aliados obviamente, ao nosso talento individual enquanto artistas, o resultado final será visível com sucesso e satisfação.

Miss Sheila
DJ
www.facebook.com/djmisssheilapt
Publicado em Miss Sheila
sábado, 02 março 2013 17:44

Seleção musical

 
Hoje em dia quando saímos encontramos festas e clubes onde a "onda" musical é a mais variada possível. Essa mesma diversidade nem sempre é do agrado de todos. Mas a verdade é que essa variedade é um "mal necessário" bem-vindo, visto que os "gregos e troianos" saem por demais satisfeitos e realizados com essa "confusão" musical. No entanto, essa "estratégia" nem sempre é do agrado de todos pelo que os telemóveis começam (nessa altura) a voar na direção da cabine com sugestões e "exigências".
 
Todos os artistas poderão encarar isso como algo desanimador mas não o devem fazer. Qualquer DJ pode encontrar nesses momentos um forte fio condutor para se orientar numa boa leitura de pista. Aliado a isso vêm boas oportunidades de estreitar a relação com o público e/ou fãs.
 

Nem todos se podem dar ao luxo de passar o que realmente gostam em troca de um bom cachet.

 
Nós, 'FY2 - The Party Rockers', enquanto profissionais da área temos neste ponto um grande suporte para o nosso trabalho/projeto. A leitura de pista e a biblioteca musical diversificada são dois pormenores fulcrais na hora de "bombar" as pistas que encontramos no nosso caminho. Quilómetros de festas e eventos que nos desafiam a cada noite.
 
Claro está que as opiniões entre os DJs variam na hora de falar sobre este assunto. Mas iremos sempre cair na velha definição do que é realmente ser DJ. Nem todos se podem dar ao luxo de passar o que realmente gostam em troca de um bom cachet.
 
Por isso "caros colegas" sempre que torcerem o nariz neste tipo de situações fechem os olhos por momentos e lembrem-se que tudo tem uma vantagem, só temos que a encontrar no meio de toda a confusão de luzes, música e fumo.
 
 
Francisco Praia
FY2 - The Party Rockers
Publicado em Francisco Praia
Confesso que tenho saudades de ouvir um "prego". Tenho saudades de ouvir o ruído de uma agulha num vinil sujo, da agulha a saltar e um DJ a "desenrascar" uma passagem, de uma mistura menos acertada e um beat mais ao lado. 
 
A era do educador musical acabou. A saída à noite para ouvir aquilo que não oiço em casa ou no carro terminou. O DJ deixou de ser aquela pessoa admirável, dotado de uma técnica de mistura invejável, de uma noção e cultura musical que debitava sonoridades que nunca tinha ouvido. É certo que ainda existem alguns e há clubes ou eventos onde podemos ver estes indivíduos em "vias de extinção" mas são cada vez mais raros... São raros porque não conseguem sobreviver com a mudança e a banalização que se tornou a profissão chamada DJ. 
 
Hoje em dia vemos o dono da casa DJ, o actor DJ, o RP que também é DJ, o indivíduo que apareceu num reality-show como DJ e até menores de idade são DJs. Tudo é DJ.
 
O DJ já não é o "mestre dos pratos ou dos decks". Hoje em dia o DJ é aquele que não conseguiu vingar na profissão que escolheu ou aquele que não sabe fazer mais nada. 
 

Antigamente o DJ gastava dinheiro no que realmente interessava... a Música.

 
Ninguém "compra" o verdadeiro DJ. Esses estão todos no desemprego ou a passar dificuldades. Já ninguém quer saber se sabes acertar uma batida (à unha), se a tua escolha musical é diferente e com qualidade. Ninguém quer saber se consegues tocar seis horas seguidas, se consegues mandar os clientes de um clube ao bar para consumir e voltar a agarrar uma pista de dança ou se consegues ter uma sequência musical para manter os clientes várias horas no clube. Esse DJ desapareceu (ou está no desemprego). 
 
Hoje em dia o DJ teve de inventar. Tem de falar ao micro (não sendo MC), solicitar todo o tipo de "adereços" (CO2, confetis, etc.), ter boa imagem, bons vídeos para passar enquanto actua, gastar milhares de euros nas redes sociais e na sua promoção e ter uma equipa a trabalhar com ele (que também tem de ser paga). Antigamente o DJ gastava dinheiro no que realmente interessava... a Música.
 
Não sou daqueles que são contra a evolução e as novas tecnologias, nem contra as formas que foram encontradas para divulgação e promoção da música electrónica. Sou apenas contra o uso da palavra DJ para definir pessoas que não são mais que animadores e que nem de "toca discos" podem ser chamadas. 
 

O DJ (na sua verdadeira essência da palavra) está em "vias de extinção" e eu tenho saudades de os ver e ouvir.

Ninguém quer contratar um DJ nos dias que correm. Não vamos confundir as coisas. O DJ como o conhecemos está a morrer. Hoje em dia o que é contratado é um produtor que vai usar um equipamento essencialmente de software para difundir o que produz e alguma música que ouvimos na rádio. Poucos são aqueles que se podem dar ao luxo de efectuar uma actuação sem colocar uma única música conhecida ou pelo menos um remix ou edit de algo que todos estão fartos de ouvir.
 
O DJ (na sua verdadeira essência da palavra) está em "vias de extinção" e eu tenho saudades de os ver e ouvir. Fico feliz por ver a evolução que a música electrónica teve e como se tornou global, mas por favor, não usem mais a palavra DJ porque de "Discos" não tem nada e de arte para os usar nada tem.  

 

Ricardo Silva
Publicado em Ricardo Silva
terça, 15 março 2016 17:28

Moda de música ou música da moda

Começo por agradecer ao Portal 100% DJ pelo simpático convite de me juntar a esta prestigiada família.
Quando me convidaram para escrever esta crónica, pensei com medo, estando ciente de estar ao lado de tanta gente conhecedora da indústria, que eu não teria expertise suficiente sobre o assunto.
 
Confesso que pensei que deveria fazer como tantos famosos artistas mundiais o fazem… pedir a alguém que escrevesse e eu apenas dava o nome! 
 
Não cedi à tentação e escrevi apenas este texto como um... desabafo!
 
Lembro-me agora de uma troca de opiniões que tive nos finais dos anos 80 com o meu Pai, sobre um estilo musical que estava a dar os primeiros passos em Portugal: o House Music.
 
Nessa altura eu defendia a música gerada e difundida pelo "messias" Mr. Frankie Knuckles e que tinha como elemento característico a batida electrónica sempre acima dos 120 bpm. 
O meu Pai, amante de música e locutor de rádio nas madrugadas da Antena1, não compreendia como era possível alguém ouvir aquilo a que chamava “barulho” e pior... como era possível ainda alguém gostar.
 
Nessa altura, pensava eu: 
- O meu pai está mesmo velho, pois não compreende as novas tendências da música.
 
Hoje, passados anos, quando saio à noite nos principais eventos ou clubes mundiais, penso ao ouvir as músicas da moda:
- Como é possível alguém gostar disto?
 
Acredito que a minha filha pense também como eu há uns anos atrás que o pai coitado, já está velho e não entende nada sobre música moderna. 
 
Estou assustado com esta ideia, confesso! 
 
Será que estou mesmo a ficar velho e sem a capacidade de me atualizar musicalmente?
 
Penso então que talvez ainda haja uma possibilidade de me safar deste meu envelhecimento de actualização musical, peço então a vossa ajuda para refletirem comigo:
 
O agora auto-denominado EDM - (a que eu carinhosamente chamo “Música das Buzinas”). Começa logo pela usurpação de um nome - EDM
 
  • EDM - Electronic Dance Music é toda uma cultura de música de dança e electrónica e não apenas uma categoria dentro da pasta completa do House Music.
 
Aqui começa a minha reflexão sobre o que é a moda de música ou música da moda.
 
  • Nos anos 90 havia um estilo de música (EuroPop), que por tão frequentemente e quase que em exclusivo se ouvir nas feiras populares, até se utilizava a simpática denominação de música “carrinhos de choque”. 
 
A “Música das Buzinas” e enganosamente chamada EDM é na sua generalidade semelhante à música “Carrinhos de Choque”, sendo a sua construção sem grandes alterações na sua génesis musical e a aplicação de apenas modernos retoques de produção de máquinas que não existiam na altura.
 

Fico triste, pois acho que o House Music que eu defendi, se transformou apenas num espectáculo de estrelas Pop(…)

 
PLEASE, onde está então a novidade? Porque é que a música de “carrinhos de choque” era foleira na altura e está agora na moda movimentando milhões de seguidores?
 
A resposta a esta pergunta é quase tão difícil como saber o porquê de os carros brancos nessa altura serem chamados frigoríficos com rodas e agora até eu estar a pensar em ter um?
 
Ainda há pouco tempo, falei com um conjunto de reconhecidos coreógrafos que me disseram que era quase impossível hoje em dia, coreografar espectáculos com a “Música das Buzinas”. 
Então como é possível? Fica então a minha dúvida, se a base da música electrónica é fazer as pessoas dançar, como é possível ser difícil fazer dançar os coreógrafos?
 
Será que quando se diz que a máxima "nada se inventa e tudo se transforma", já esgotou o espírito de imaginar música realmente nova? 
Era necessário pegar em tudo o que era piroso há uns anos atrás, retocar, modernizar tecnologicamente e virar tendência?
 
Fico também rendido, quando me recordo que até eu próprio, no concerto dos Swedish House Mafia no Meo Arena, estava na pista maravilhado com o espectáculo visual e que dei por mim a pensar que a magia que ali estava a acontecer em termos técnicos, não era compatível com a possibilidade de os artistas poderem estar a tocar realmente, pois tudo batia perfeito: as explosões de CO2 com a batida, as imagens com os vídeos e os laser com os refrões que todos cantávamos, mas que isso afinal, ou seja a arte inicial dos artistas, já não era fundamental!
 
Fico triste, pois acho que o House Music que eu defendi, se transformou apenas num espectáculo de estrelas Pop e onde o marketing de comunicação do mundo actual, nos fez perder o gosto e a consciência própria do que realmente gostamos e ensinou-nos ou impingiu-nos a seguir tendências e conceitos que por muito que já tínhamos achado foleiro ou pimbas em determinadas alturas das nossas vidas, agora somos seguidores convictos.
 
Provavelmente eu, estou de facto, velho!
 
João Paulo Lourenço
Publicado em João Paulo Lourenço
domingo, 17 março 2019 16:41

Valores

Este tema é algo que até mesmo eu não sei expressar a 100%, mas vou falar-vos um pouco dos valores que devemos considerar válidos e no limite da humildade, e também dos cuidados que nós artistas devemos ter em conta quando nos propomos a um público. 

Todos sabemos que a música eletrónica entrou na "moda" há alguns anos, e, consequentemente o número de DJs/Produtores/Sonhadores/Amantes aumentou ao longo desde esse período. 

No contexto artístico onde estou inserido, já me deparei com inúmeros casos onde o artista elabora enormes riders hospitaleiros, com direito a camarim de luxo, bebidas de marcas caras, toalhas PRETAS, entre outras tantas coisas... Perguntam-me "O que tens contra isso?" Respondo claramente que nada e considero que os artistas se valorizem e peçam aquilo que acham indispensável para o dia da sua performance. Mas será que depois na hora da atuação estão em condições de alguma coisa? Parece que alguns não compreendem que estão a tocar para o público, que estão a ser pagos e que têm de agir como qualquer contratado em qualquer outro serviço. Refiro isso porque há muitos artistas que antes da atuação bebem exageradamente, fazem uma vida de excessos antes de entrar em cena e depois "dá barraca".  O porquê de escrever sobre este tema não é nada contra quem o faz, porque sinceramente não me importo com o nível de atuação de A, B, ou C, escrevo apenas porque prentendo chamar a atenção dos excessos no meio onde estamos. Todos nós nos dizemos ser grandes artistas, falamos bem de nós próprios a toda a hora e considero isso positivo, no entanto é necessário fazer valer o que dizemos. Sinto até que seja um pouco imaturo não nos sabermos comportar dentro do nosso espaço de trabalho, a cabine. 

Para além disso, há ainda aqueles que não sabem ser educados com os colegas de trabalho, não me refiro a colegas/artistas, mas sim Técnicos de Som/Luz/Produção/Organização/Fotógrafos, etc... Sim, porque somos todos parte de uma comunidade! Comunidade esta em que precisamos uns dos outros para trabalhar, onde os artistas aparentam ter algum complexo com a comunicação, porque muitas vezes são mal-educados e chegam a ser desagradáveis para quem com eles está a trabalhar. 

"CAROS AMIGOS DJS, NÓS NÃO SOMOS REIS DE NADA, NÃO SOMOS ESTRELAS E O MUNDO NÃO GIRA À NOSSA VOLTA".

Entendam que não precisamos ser arrogantes para quem está a trabalhar. Temos espaço para ser artistas, músicos e na nossa cabeça até temos espaço para ser estrelas, mas acima de tudo devemos ser pessoas, e boas pessoas, porque só assim deixamos a nossa marca. Este é realmente um tema que me incomoda, não por viver isso na pele, mas porque já vi acontecer inúmeras vezes.

Nunca se esqueçam desta lista:
Sem Técnico de Som: Não ouvimos 
Sem Técnico de Luz: Não vimos
Sem Produção: Não comemos 
Sem Organização: Não recebemos 
Sem Fotógrafos: Não recordamos 
Sem Público: Não nada.
 
Zinko
Publicado em Zinko
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