Diretor Ivo Moreira  \  Periodicidade Mensal
quinta, 18 fevereiro 2016 20:07

O talento das redes sociais

Para os fãs de música, as redes sociais são salas imensas cheias de musicalidade nos diversos estilos, onde se compram bilhetes para os festivais de verão e se descobre qual o DJ que vai estar no clube onde costumam frequentar. Para os artistas, pode significar a exposição necessária para a sua carreira.
 
Antes do boom da internet ser o que é hoje, os artistas encontravam as músicas novas nas lojas de venda ao público onde, espantem-se, era necessário pegar num vinil ou cd e realmente ouvir. Não havia Beatport, iTunes, Traxsource ou Soundcloud. Não havia forma de publicitar os gigs da mesma maneira que há hoje e para se estar a par das novidades, era necessário sair à noite e ouvir outros DJs.
 
Posto isto, Não sou hipócrita. Hoje em dia, em todas as áreas e todas as profissões, o “Social Networking” é uma ferramenta que não se deve negligenciar, de forma alguma. 
 
No entanto, por vezes dou por mim a pensar: “Quando é que o talento na gestão das redes sociais se sobrepôs ao talento musical?”.
 
Parece-me que grande parte dos novos DJs são mestres em design, percebem imenso de logos e de photoshop, inclusive até conseguem colocar mais pessoas no clube X do que aquelas que realmente lá estiveram. Tiram umas fotos do suposto estúdio com legendas “quase pronta a nova música”, mas que nunca sai... porque simplesmente estar dias a fio em frente a um computador a fazer música não é tarefa tão simples quanto parece ser. E a má notícia é: tu só vais tocar a um clube de topo ou um festival estilo Tomorrowland quando tens músicas tuas.
 
Não importa se tens 100.000 fãs no Facebook se o teu “engagement” e “edge rank” são nulos. Não é isso que faz de ti melhor artista nem faz com que vás tocar ao clube A ou B.
 

Não importa se tens 100.000 fãs no Facebook se o teu “engagement” e “edge rank” são nulos. Não é isso que faz de ti melhor artista nem faz com que vás tocar ao clube A ou B.

 
Os produtores de grandes eventos, festivais ou clubes, procuram sempre artistas que as pessoas se possam relacionar através da música, seja ela Big Room, Techno, HipHop, Kizomba, whatever. Se enquanto artista não tens a criatividade para seres um DJ diferente dos outros, através de scratch, uso de máquinas ao vivo - maschine, por exemplo, ou a capacidade de ser produtor de música, a verdade é que nunca vais passar de um DJ de warmups a tocar músicas de outros artistas.
 
O marketing é importante mas até certo ponto... Não importa se tens 100.000 fãs no Facebook se o teu “engage” e “edge rank” é nulo. Não é isso que faz de ti melhor artista nem faz com que vás tocar ao clube A ou B. 
 
No final, o que interessa saber é se tens a capacidade de te distanciar dos outros como DJ/Produtor e sejas realmente reconhecido junto do público: a qualidade vai sempre sobrepor-se à quantidade. 
 
 
Dan Maarten
Publicado em Daniel Poças
quarta, 12 fevereiro 2014 12:28

Identidade

 
Olá a todos, leitores, ouvintes e demais amantes da música de dança, colegas cronistas e toda a equipa da 100% Deejay. Feliz 2014 a todos!
 
Na minha primeira crónica do presente ano, falarei de um assunto que aos poucos, está a acabar com algo bastante importante em todos os negócios, IDENTIDADE. Não só na música, mas também nos espaços.
Parece que neste momento, e em jeito de gíria, temos dois pesos, duas medidas:
 
    - Tudo ao molho e fé em Deus
    - Isto é o Tomorrowland
 
Pode parecer demasiado generalizado, mas não o é. Vamos por partes. No primeiro, temos as casas e os DJs que tocam tudo e mais alguma coisa. Da música pimpa portuguesa ao Electro/Progressive/EDM (call it what you want), passando pela musica brasileira (de quase todos os géneros), remixes de bradar aos céus de clássicos (a típica remix portuguesa com grooves afro), e não esquecendo claro, a vaga de música africana (dos afro-beats pimba à Kizomba, lá toca de quando em vez, um Liquideep, Blackcoffe???) que assaltou o país com as suas danças... peculiares. 
 
Ora isto não tem mal nenhum se se enquadrar no negócio a que a casa se propôs, e, claro, se feito com pés e cabeça. Tocar um "Animals" depois de um "Show das Poderosas" seguido de um "Baixó" com uma acapella pelo meio de Daft Punk é uma "sopa" que pode criar "enfartamento". As coisas feitas com nexo, sentido, neste tipo de casas/negócio, só têm a ganhar. A noite mudou mas há coisas que não, e os horários (sim, as pessoas chegam mais tarde, é verdade), sendo uma das coisas que prejudicou bastante, podem, se bem aproveitados, não prejudicar tanto como se julga. É uma questão de aproveitar certos estilos musicais para fazer as pessoas chegarem mais cedo. É possível, e eu já o vi feito em muito bom negócio por muito bom DJ que pela nossa noite ainda vai tendo... Identidade. O DJ residente deve proporcionar uma viagem ao público, uma sensação de bem-estar, tocar nas emoções e acima de tudo, fazê-lo se tiver mestria, com a sua identidade de encontro ao que se propõe o negócio do club onde trabalha.

A música mudou, os festivais, os clubs e até os próprios DJs, mas olhar só para um lado, acho que não é opção.

 
A segunda... bem, a segunda, é aquele típico trabalho de DJ que, ou começou há pouco tempo, ou então, quer agradar aos amigos que tal como ele, sonham com o festival Belga e com o Top 10 do Beatport. Cada qual com a sua ideologia e direito, mas esta opção para um DJ residente, pode não ser a melhor. Principalmente quando ainda com a casa a menos de meio gás, já vai para lá do "Land". Se esta é a identidade dele - ser residente - pode não ser a melhor opção, ou então como muitos fazem sabiamente, incutem o seu gosto e cunho aos clientes, de forma correcta, com mestria, podendo então tocar o que mais se gosta, não chocando com o ouvido e gosto do público a que o club se propôs agradar e cativar. Penso que ouvir o "Distorted Kick" da Spinnin' Records a noite inteira não é a ideologia de um club com... Identidade.
 
A música mudou, os festivais, os clubs e até os próprios DJs, mas olhar só para um lado, acho que não é opção. Portugal vive provavelmente a maior crise (não só económica), a nível de noite e de tudo o que engloba esta. Musical, temática, mas acima de tudo uma grave crise de identidade que leve as pessoas a querer dizer: "Vamos lá!". E neste aspecto, o DJ actual (salvo excepções como é lógico), não ajuda com a referida "sopa" ou a ilusão do palco "Tomorrowland" que em cima referi. 
 
Esta realidade já me fez pensar várias vezes porque ainda continuam artistas de outros estilos a produzir, a caminhar e a remar para um lado que parece condenado. Pois bem, não está condenado e recomenda-se. Há poucos dias, a senhora Roisin Murphy (a Diva dos Moloko), esteve a actuar na discoteca Lux em Lisboa, para uma casa cheia, e o que me arrepiou ver um vídeo de um Lux cheio a cantar a uma só voz "Forever More". Lux é um exemplo de uma casa com IDENTIDADE (sim, em letras maiúsculas). Quem não gosta não consome, mas quem gosta, sabe sempre que mesmo desconhecendo o que se vai passar, é dentro do que está habituado. Isto é Identidade. Isto é o que falta à noite portuguesa. Diversidade, identidade, qualidade a que se propõe o negócio, independentemente do que seja. Há espaço para todos, para todos os gostos, mas na minha modesta opinião, há que perceber a que cada tipo de cliente se quer chegar. O DJ pode e tem que ter um papel fundamental nesse aspecto, e muito sinceramente, faltam bons profissionais para fazer o "negócio" andar. 
 

(...) Isto é o que falta à noite portuguesa. Diversidade, identidade, qualidade a que se propõe o negócio, independentemente do que seja...

 
É lógico que existem muito boas excepções que fogem a esta crise de identidade. Negócios cimentados, outros mais recentes, sabem desde o porteiro ao DJ, ao que a casa se propôs e... são sucesso. Saber o que se quer e acima de tudo, saber o que se poder oferecer e fazer com o que se tem, necessita de uma liderança com mestria, seguida de uma equipa com vontade e a remar toda na mesma direcção. 
 
Um último reparo. Aos DJs que aceitam residências para não estarem em casa e depois não se predispõem a tocar dentro do enquadramento a que o negócio da casa se dirige, mais vale ficarem no quarto. Prejudicam a casa e a eles próprios. Penso que será melhor opção tentarem perceber onde podem mostrar o seu trabalho e o mesmo funcionar. Erros de casting podem acabar com carreiras e/ou negócios. É tudo uma questão de perceber onde nos enquadramos, qual é a nossa Identidade.
 
Saudações musicais.
 
Publicado em Massivedrum
terça, 05 setembro 2017 17:49

Eu ainda acredito

Acabou o verão (leia-se Julho e Agosto) e regressamos a outra realidade para os DJs Portugueses. Voltam a olhar para os clubes/discotecas como a sua fonte principal de rendimento, depois de dois meses em que puderam pisar palcos por todo o país.
 
Estamos claramente na mudança para um novo ciclo da música electrónica onde apenas alguns conseguirão manter-se no mercado. Durante vários anos vimos o aparecimento de “fornadas” de novos DJs (peço desculpa pelo uso da palavra) e rapidamente perceberam que ser DJ não é tocar uma playlist de um PC e de um controlador ou produzir música com uns samples “sacados” da net e fazer umas coisas num programa pirata. 
O mercado está a mudar novamente e "o DJ" perdeu imenso do espaço que tinha conquistado nos últimos cinco anos. 
Os palcos perderam a necessidade de fazer um cartaz repleto de DJs que nada de novo trouxeram ao mercado nos últimos três anos. Um formato "gasto", baseado no "show off" e utilização excessiva de "efeitos especiais" que deviam servir de "complemento" e tornaram-se na própria actuação, relegando para segundo plano o principal - a música. 
 
Quem conseguiu perceber "o caminho certo" foi quem conseguiu manter e afirmar-se. Os Turntablists, DJs de Hip Hop e principalmente os DJs com sonoridades mais "clubbing" (House, Techouse, etc.) conquistaram o seu espaço por mérito próprio e temos assistido a um crescimento de festivais e eventos com essas sonoridades por todo o país e com uma autêntica legião de seguidores.
 

Durante vários anos assistimos à degradação da profissão de DJ por culpa própria.

 
Ninguém consegue prever o futuro mas tudo indica que vamos ter um novo ciclo onde a "música de fusão" pode ser a única alternativa para todos aqueles DJs que quiseram afirmar-se com estilos que "só servem" para festivais e com uma produção gigantesca em torno da actuação. Querer actuar em clubes/discotecas regularmente e massacrar os clientes com Big Room e Electro deixou de fazer sentido (excepto se o evento ou temática for adequada).
 
Durante vários anos assistimos à degradação da profissão de DJ por culpa própria. Qualquer um era DJ. O dono da casa, a malta que saiu dos Reality Shows, as figuras públicas que não tinham trabalho, o desempregado que achou que era fácil, o "modelo" que ficou velho e ficou sem trabalho, o "puto" da escola preparatória que queria ser o David Guetta ou as "raparigas ou rapazes" que queriam ser "famosos" e que para eles a música não era o importante.
 
Dizer a alguém "sou DJ", deixou de ser algo que era dito com orgulho. Deixou de ser aquela pessoa que tinha cultura, conhecimento musical, a pessoa que tinha capacidade para "mexer contigo" durante 5 ou 6 horas para passar a ser um indivíduo que mete uma playlist durante 1h00, dispara uns confetis e CO2 e vai para casa com o ego em alta a pensar que é o melhor artista do mundo.
 
Perdeu-se o principal... A MÚSICA.
 
O DJ deixou de o ser para passar a ser um mero "entertainer". Alguém que "não precisa" de ter "skills", alguém que não "arrisca" e testa novas músicas e sonoridades. O DJ é alguém que é uma cópia de outro DJ que tem mais sucesso que ele. O DJ deixou de ser um "educador musical" para ser uma "jukebox" em que ele lá estar a ser pago pelo serviço que presta ou uma caixa onde inserimos moedas e escolhemos o que queremos ouvir é a mesma coisa.
 
Eu ainda acredito que há esperança para a profissão tão nobre que é ser DJ. 
Acredito que vai piorar antes de melhorar mas que os DJs voltarão às cabines e deixarão os palcos onde tocam playlists. Acredito que o verdadeiro DJ ainda existe e está apenas "adormecido" e a aguardar que esta fantochada termine. 
Eu ainda acredito nos verdadeiros DJs.

Ricardo Silva
DWM Management
Publicado em Ricardo Silva
domingo, 05 novembro 2017 21:31

A noite de novo em prime time

Mas qual Urban Beach? O problema não é de hoje nem de ontem. Foi, é e será sempre, apenas e só o "K"!
 
Começo por esclarecer, que discordo totalmente e considero inadmissíveis alguns dos actos que vi por parte de alguma da segurança da casa mas, também estou longe de conhecer toda a verdade pois, garantidamente que tudo isto aconteceu fruto de muita coisa.
 
Infelizmente, a noite não é segura e não o é por uma razão simples. À volta de quem sai tranquilamente para se divertir, existe quem saia apenas e só para arranjar problemas, quem saia para roubar, quem saia para alimentar grupos de conflito e tudo, sem a polícia se encontrar nas redondezas; é mais fácil e menos complicado estar em operações Stop na caça à multa! Mas, manda quem pode, obedece quem é esperto e também os polícias acabam embrulhados num problema que não é deles.
 
Ao longo de duas vidas, provavelmente somados, pelo menos sessenta anos bem intensos, apenas registei um problema com a segurança e esse, foi prontamente resolvido pela dita segurança no local e no mesmo dia. Para ser respeitado, é preciso respeitar e essa, é a regra de ouro que cada vez alimenta menos gente que por aí anda.
 
Há bons e maus profissionais, sejam eles seguranças, empresários, barmans, djs ou outros, tal como, existem bons e maus clientes e até, clientes que servem para um mas, não servem para outro espaço. Não raras vezes, tudo isto, é bizarramente conotado com racismo ou sectarismo mas, meus caros, no Palácio de Belém apenas dorme o Presidente e quem ele bem entende e para usufruir da Assembleia da República, é preciso fazer parte da corja reinante ou então, só passando pela revista e de Cartão de Cidadão na mão. Não somos todos portugueses? Não deveríamos todos poder ir à cantina da AR?
 
O "K" por desde sempre ter definido padrões, regras, ideias e formas, por nunca se ter escondido de assumir pretender ser, ter e fazer o melhor, sempre seleccionou e isso, naturalmente que foi provocando e continua a provocar uma profunda dor de corno a quem não está dentro dos padrões por eles definidos. É traumático, imagino que seja mas, é a tal democracia a funcionar. Ou não? Serei eu obrigado a abrir o meu investimento a quem não quero? Não me parece!
 

Ao contrário do que a maioria pensa, a segurança não é gratuita, custa muito dinheiro a uma casa (...)

 
Nos últimos anos, não raras vezes vi situações em que, sem um segurança é impossível uma rapariga chegar ao seu carro sem ser importunada e como polícia não há, lá vão sendo enviados os seguranças da casa. Estaladões no meio da rua a miúdos já vi muitos e sempre, por grupos de animais, que por um telemóvel é capaz de tudo.
 
Ao contrário do que a maioria pensa, a segurança não é gratuita, custa muito dinheiro a uma casa, é mais uma área delicada a controlar... tem que se lhe diga! Porém, sem ela, garantidamente que cada discoteca seria uma selva, onde imperaria a lei das matilhas mais fortes e nada mais.
 
No dia em que nos deparamos com esta triste história à porta do tal "Urban Beach", em Coimbra, dois selvagens em pleno dia desfazem um bom samaritano de forma bastante mais barbara em plena rua. Fecharam os MacDonalds do país? Abriram Telejornais com eles, foram para o Facebook vociferar? Algum Ministro veio teorizar? Claro que não, a história é o Urban, a azia é o "K" e foi por isso, que tudo o que é paineleiro tudo fez para se meter no assunto. O Urban tem 38 queixas? E quantas tem o Metropolitano? É só tentar perceber a proporcionalidade, não esquecendo, que nos Urban's bebe-se álcool e é por norma, onde o João se atira à Clara que é namorada do Manuel... e repito, não há polícia!
 
Com e sem geringonças, todos meteram a foice em seara alheia mas, alguém se preocupou com a verdade, com as razões, com o que se passa noite a noite país fora! Todos falam do que não sabem e isso, é triste e caricato.
 
O Urban é mau? Come criancinhas? É provável que sim mas, é a casa que os mais novos preferem na cidade de Lisboa. Será, que é por ali chegarem e serem muito mal tratadas? Será esta, uma geração masoquista? Duvido!
 
Este é um problema de polícia, quem abusou, certamente será julgado e condenado dentro das razões que existirem para isso já que isto não é um caso de lesados do BES. Os ditos seguranças estão devidamente detidos, os dois "doutores" de Coimbra, à solta! Dois pesos e duas medidas.
 
Para ser franco, a quase totalidade dos comentários metem-me nojo, sinto neles de imediato repulsa, por neles rever traumas privados de muita gente que, em bicos de pés, aproveita para ladrar em regime de vingança pacóvia. É o que temos! 
 

Depois dos resultados da irresponsabilidade do Estado nos incêndios deste ano, a irresponsabilidade da falta de polícias à porta dos espaços nocturnos mantém-se vinte anos depois.

 
Lentamente, da melhor noite da Europa em 1994 para a catástrofe que se vê hoje passaram apenas vinte e tal anos e houve, quem previsse este desfecho, ele aí está.
 
Quanto à famosa PSG, terá certamente bons e maus profissionais, terá mais ou menos culpas no cartório e penso, pelas medidas agora tomadas no Urban Beach que metade dos bares do Bairro Alto irá também fechar ou talvez não, pois por aí, continua tudo a levar bom tratamento, não têm K!
 
Depois dos resultados da irresponsabilidade do Estado nos incêndios deste ano, a irresponsabilidade da falta de polícias à porta dos espaços nocturnos mantém-se vinte anos depois. Será assim tão difícil perceber, que hoje, sair de uma discoteca sem um segurança às 5 da manhã é um risco de alto calibre por culpa dos políticos que temos que apenas souberam legislar para o pagamento de direitos, direitos conexos e sei lá que mais direitos!
 
Mais uma vez, o "K" está na dança e pelo que vejo, não faltam idiotas a opinar e certamente que a grande maioria movida por outros interesses ou traumas.
 
Este, para mim, é apenas e só mais um caso de polícia. Tudo o resto que tenho lido, é apenas e só de lamentar.
 
Miguel Barreto
Publicado em Nightlife
A Pandemia COVID-19 está a alarmar Portugal e o resto do Mundo. Com isso sofre também toda a economia e população. Sendo eu economista, não nego que as consequências poderão ser muito graves para economias mais frágeis, como a portuguesa. No mercado do entretenimento dezenas de eventos estão a ser adiados ou cancelados. 

Apesar de concordar a 100% sobre o adiamento de eventos nas próximas semanas, sobretudo pelo risco de contaminação em massa, penso que haver cancelamentos de eventos nacionais/regionais programados se torna totalmente descabido, nesta fase. Infelizmente houve dezenas de eventos programados (alguns até de pequena/média escala) que simplesmente anunciaram o cancelamento, "sacudindo" as suas responsabilidades com a pandemia. 

Entendam a diferença entre CANCELAMENTO e ADIAMENTO. 

Um adiamento significa que o evento se irá realizar num futuro próximo, assim que esta situação de saúde pública esteja mais normalizada. Ou seja, todos os fornecedores de serviços irão, na pior das hipóteses, receber (grande parte) dos seus rendimentos projetados, nos próximos meses.

Um cancelamento significa que a organização do evento desistiu de tentar todos os esforços para o realizar. Simplesmente “passou à frente” e decidiu focar-se noutras atividades/funções futuras do seu Município/Empresa. É o clássico português “fica para o ano”. 

Ora, não posso concordar com esta abordagem sem que se esgotem todas as alternativas possíveis. Estão em causa milhares de pessoas e famílias que irão ficar sem esse rendimento para sobreviverem. Hotéis, restaurantes, produtoras, logística, gráficas, segurança, limpeza, comércio local e regional... e todos os restantes contributos económicos criados pelo evento na região, simplesmente desaparecem.

Adicionalmente, centenas desses milhares trabalham a recibos verdes. Não existe, de momento, mecanismos justos de compensação para os trabalhadores a recibos verdes nesta situação de pandemia. O Governo acaba de aprovar um "apoio" para os ditos recibos tendo em conta o desaparecimento de prestação de serviços. No entanto ninguém sabe ainda como será calculado este apoio. Precisamos de consciencializar todos os decisores desta realidade. Não só estão a pôr em causa rendimento para a sobrevivência de milhares de pessoas, como estão também a contribuir para o declínio acentuado da cultura em Portugal. 

Isto é apenas uma pequena abreviação de toda a realidade em causa com uma possível má gestão da situação em que nos encontramos. Existem certamente outros argumentos que dariam um debate de horas. É necessário tentar ao máximo encaixar todas as atividades programadas das próximas semanas, para os próximos meses. Nem que seja necessário fazer um diferimento de um ou dois meses em todo o calendário de 2020/2021!

Quero desde já deixar palavras de apreço, respeito e agradecimento a todas as entidades que tiveram isto em consideração e que para já tomaram a decisão consciente de apenas adiar os seus eventos até que hajam novos desenvolvimentos da pandemia na nossa sociedade. A conciliação da realização de todos os eventos programados para 2020 será a "chave" para conter uma crise maior neste sector. 

Posto isto, como população, temos também de nos consciencializar agora sobre a situação extremamente grave de saúde pública na nossa sociedade. Temos de aprender com o caso de Itália. Vamos fazer a nossa parte e não pensar o habitual "a mim não me acontece nada". Mais vale uma quarentena voluntária de uma a duas semanas do que o caos italiano de quarentena obrigatória de seis semanas. Sim, seis semanas! 

Com toda a população a rumar para o mesmo lado, toda a situação voltará à tão desejada normalidade no maior curto espaço de tempo possível. Acrescento que por vezes uma quarentena voluntária tem aspetos extremamente positivos. Aproveitem para ler um livro, estudar, pensar, criar novas músicas... Vamos aproveitar esta situação de crise como uma oportunidade. E quando os eventos começarem a retomar a normalidade, vamos nunca nos esquecer de continuar a cumprir as normas da Direção Geral de Saúde. Isto será sempre necessário como medida de prevenção para os próximos meses. 

A todos os colegas profissionais deste sector quero deixar uma palavra de confiança: Aproveitem também para repousar durante estas semanas. Com a bênção de Deus, esta crise de saúde pública será controlada e teremos todos trabalho a triplicar nos próximos meses.

Se todos contribuirmos agora, esta situação possivelmente estará controlada nas próximas semanas e impedirá um autêntico crash na economia e vida de todos os portugueses.
 

João Casaleiro

CEO Agência DO HITS

Publicado em João Casaleiro
terça, 15 março 2016 17:28

Moda de música ou música da moda

Começo por agradecer ao Portal 100% DJ pelo simpático convite de me juntar a esta prestigiada família.
Quando me convidaram para escrever esta crónica, pensei com medo, estando ciente de estar ao lado de tanta gente conhecedora da indústria, que eu não teria expertise suficiente sobre o assunto.
 
Confesso que pensei que deveria fazer como tantos famosos artistas mundiais o fazem… pedir a alguém que escrevesse e eu apenas dava o nome! 
 
Não cedi à tentação e escrevi apenas este texto como um... desabafo!
 
Lembro-me agora de uma troca de opiniões que tive nos finais dos anos 80 com o meu Pai, sobre um estilo musical que estava a dar os primeiros passos em Portugal: o House Music.
 
Nessa altura eu defendia a música gerada e difundida pelo "messias" Mr. Frankie Knuckles e que tinha como elemento característico a batida electrónica sempre acima dos 120 bpm. 
O meu Pai, amante de música e locutor de rádio nas madrugadas da Antena1, não compreendia como era possível alguém ouvir aquilo a que chamava “barulho” e pior... como era possível ainda alguém gostar.
 
Nessa altura, pensava eu: 
- O meu pai está mesmo velho, pois não compreende as novas tendências da música.
 
Hoje, passados anos, quando saio à noite nos principais eventos ou clubes mundiais, penso ao ouvir as músicas da moda:
- Como é possível alguém gostar disto?
 
Acredito que a minha filha pense também como eu há uns anos atrás que o pai coitado, já está velho e não entende nada sobre música moderna. 
 
Estou assustado com esta ideia, confesso! 
 
Será que estou mesmo a ficar velho e sem a capacidade de me atualizar musicalmente?
 
Penso então que talvez ainda haja uma possibilidade de me safar deste meu envelhecimento de actualização musical, peço então a vossa ajuda para refletirem comigo:
 
O agora auto-denominado EDM - (a que eu carinhosamente chamo “Música das Buzinas”). Começa logo pela usurpação de um nome - EDM
 
  • EDM - Electronic Dance Music é toda uma cultura de música de dança e electrónica e não apenas uma categoria dentro da pasta completa do House Music.
 
Aqui começa a minha reflexão sobre o que é a moda de música ou música da moda.
 
  • Nos anos 90 havia um estilo de música (EuroPop), que por tão frequentemente e quase que em exclusivo se ouvir nas feiras populares, até se utilizava a simpática denominação de música “carrinhos de choque”. 
 
A “Música das Buzinas” e enganosamente chamada EDM é na sua generalidade semelhante à música “Carrinhos de Choque”, sendo a sua construção sem grandes alterações na sua génesis musical e a aplicação de apenas modernos retoques de produção de máquinas que não existiam na altura.
 

Fico triste, pois acho que o House Music que eu defendi, se transformou apenas num espectáculo de estrelas Pop(…)

 
PLEASE, onde está então a novidade? Porque é que a música de “carrinhos de choque” era foleira na altura e está agora na moda movimentando milhões de seguidores?
 
A resposta a esta pergunta é quase tão difícil como saber o porquê de os carros brancos nessa altura serem chamados frigoríficos com rodas e agora até eu estar a pensar em ter um?
 
Ainda há pouco tempo, falei com um conjunto de reconhecidos coreógrafos que me disseram que era quase impossível hoje em dia, coreografar espectáculos com a “Música das Buzinas”. 
Então como é possível? Fica então a minha dúvida, se a base da música electrónica é fazer as pessoas dançar, como é possível ser difícil fazer dançar os coreógrafos?
 
Será que quando se diz que a máxima "nada se inventa e tudo se transforma", já esgotou o espírito de imaginar música realmente nova? 
Era necessário pegar em tudo o que era piroso há uns anos atrás, retocar, modernizar tecnologicamente e virar tendência?
 
Fico também rendido, quando me recordo que até eu próprio, no concerto dos Swedish House Mafia no Meo Arena, estava na pista maravilhado com o espectáculo visual e que dei por mim a pensar que a magia que ali estava a acontecer em termos técnicos, não era compatível com a possibilidade de os artistas poderem estar a tocar realmente, pois tudo batia perfeito: as explosões de CO2 com a batida, as imagens com os vídeos e os laser com os refrões que todos cantávamos, mas que isso afinal, ou seja a arte inicial dos artistas, já não era fundamental!
 
Fico triste, pois acho que o House Music que eu defendi, se transformou apenas num espectáculo de estrelas Pop e onde o marketing de comunicação do mundo actual, nos fez perder o gosto e a consciência própria do que realmente gostamos e ensinou-nos ou impingiu-nos a seguir tendências e conceitos que por muito que já tínhamos achado foleiro ou pimbas em determinadas alturas das nossas vidas, agora somos seguidores convictos.
 
Provavelmente eu, estou de facto, velho!
 
João Paulo Lourenço
Publicado em João Paulo Lourenço
Apesar de ser difícil evitar comentar o facto de, mais uma vez, todo o sector da diversão nocturna e produção de eventos estar a pagar o preço da subida dos contágios de Covid-19, quase dois anos (!) depois deste pesadelo ter começado (apesar de serem as escolas o grande motivo desta subida), e depois de só nos terem deixado trabalhar "sem restrições" desde 1 de Outubro até 1 de Dezembro (60 dias!) a minha crónica este mês é sobre um tema bem diferente.
 
Há umas semanas chegaram-me vários vídeos de uma atuação "D.J." de alguém que, não o sendo profissionalmente, estava a exercer essa actividade, num local público, onde as pessoas pagam para entrar e onde a música é um dos produtos que esse local "vende”. As pessoas pagam para entrar, para dançar, para beber um copo, socializar. Como acontece em todos os locais do género. 
 
Num dos vídeos que recebi, a qualidade da atuação, a parte técnica, não era propriamente a melhor, e resolvi publicar esse vídeo numa rede social. O certo é que o vídeo atingiu uma repercussão que eu não estava à espera e o "performer", indignadíssimo, conhecido pela sua linguagem "solta" no Twitter, partiu para o insulto grátis e "mandou" os seus seguidores fazer o mesmo, numa onda de "social media bullying" que eu só vi bastante mais tarde, porque aos primeiros "comentários" menos próprios usei aquela opção bastante útil que se chama "silenciar".
 
Tem alguma piada que estas pessoas que vão actuar como D.J.'s num local aberto ao público, onde eles próprios digam que "eu não sou D.J., estou a fazer isto por paixão/amor à música" para justificar a sua menor capacidade para, tecnicamente, fazerem um bom trabalho, fiquem indignadíssimos quando alguém grava um vídeo dessa falha, desse momento em que a coisa não está a correr bem. Hoje em dia toda a gente tem um telemóvel com uma boa câmara de vídeo e se o nosso trabalho corre mal, temos que ter encaixe para aceitar a crítica dessa falha, venha ela de profissionais, venha do público.
 
É verdade que há alguns anos atrás, quando a carreira de D.J. começou a ter um grande destaque a nível dos media e com o aparecimento dos softwares que permitem o "beat mixing" muito mais facilmente do que até então, muita gente que nunca tinha estado à frente de uma mesa de mistura cedeu à tentação de começar a fazer atuações D.J. em espaços abertos ao público. Actores, ex-futebolistas, manequins, bailarinos, entre outros, decidiram assumir actuações como D.J. em discotecas, bares e eventos. Alguns com mais sucesso do que outros, mas o certo é que houve uma "fornada" de figuras "públicas" que decidiu enveredar por esse caminho. 
 
Obviamente não tenho nada contra isso, se os donos dos espaços/eventos os contratam, é porque acham que vão fazer dinheiro com as suas actuações, ninguém faz contratações para perder dinheiro, acho eu.
 
A pergunta pertinente na minha opinião é: vamos "ouvir" o D.J. ou vamos "ver" o D.J.? 
É um facto que nos últimos anos houve uma tendência para o aparecimento de D.J.'s/"live acts" com grande interação com o público, com saltos, microfone, toda uma parafernália de efeitos luminosos, de fumo, sonoros, que criam um conceito de espetáculo total em que o D.J. e a música são só uma parte desse espetáculo. Ou seja, nestes eventos vamos “ver” e “ouvir” os D.J.'s num conceito de espectáculo global.
 
Embora não sendo a minha área, obviamente que não tenho nada contra esse tipo de espectáculos/actuações D.J., há muita gente que gosta e de facto é um quase sempre um evento com muito mais impacto a nível visual do que um evento "normal" onde a música é o principal motivo de este acontecer, a principal atracção.
 
O tema desta crónica leva-me a essa pergunta: devemos "alimentar" essa curiosidade sobre uma figura "pública" que vai para dentro de uma cabine, para fazer um trabalho que tem muitas falhas técnicas só porque é "aquele senhor da TV"? É isso o mais importante? 
 
Ou é a música, a maneira como ela é usada, o que verdadeiramente importa?
 
Carlos Manaça
DJ e Produtor
 
(Carlos Manaça escreve de acordo com a antiga ortografia)
Publicado em Carlos Manaça
Existe um filósofo francês chamado Paul Virilio que defende que, na sociedade actual, é a velocidade o que define os vencedores e os líderes. Nas palavras dele: “a velocidade da luz já não transforma o mundo, a velocidade da luz é hoje o mundo”. Nada mais correcto. A meu ver, a velocidade é hoje a força motriz de qualquer pessoa. Todos estabelecemos prazos - cada vez mais curtos - para alcançar objectivos e encaramos como falhanço se não os alcançarmos. A nossa sociedade hoje funciona assim. É refém da velocidade. Fazer bem é fazer rápido.
 
É certo que este é o mundo em que vivemos. Se olharmos para o que nos rodeia percebemos facilmente que as músicas se tornam facilmente epifenómenos. Basta pensar que há não muitos anos atrás, hits mundiais das pistas de dança subsistiam no tempo e, hoje em dia, é bastante improvável apanhar os hits de 2013 ou 2014 em 2015. Nos próprios radioshows dos top DJ’s da actualidade há uma quase obsessão com a novidade e a exclusividade. É mesmo difícil em grande parte deles encontrar “músicas já editadas”, quase como se as músicas por já terem sido editadas ultrapassassem o prazo.
 
Este, a meu ver é um dos principais problemas da nova geração de produtores e DJ’s que surgiu nos últimos dois / três anos. É obcecada com a velocidade. Quer, a todo o custo, fazer rápido. Mas atenção que fazer rápido não significa fazer bem. Mas o erro não está em querer fazer rápido. O erro está em só querer fazer rápido, ou, de outra forma, só admitir como sucesso fazer rápido.
 
A verdade é que o insucesso gera frustração. E, em grande parte das vezes, o insucesso e a frustração são nada mais que sinónimos de impaciência. Todos olham para fenómenos como Martin Garrix ou Madeon e pensam “também quero ser um prodígio de 16 ou 17 anos, cheio de sucesso”. Mas esquecem-se que estamos a falar em primeiro lugar de artistas com uma estrutura profissional gigantesca e em segundo lugar de artistas que, apesar da juventude, já cá andam há alguns aninhos. 
 

O talento só não é premiado quando os talentosos desistem. Parece um cliché, mas é assim que a vida funciona.

 
Por isso quando se sentirem frustrados, ou a achar que vivem num mundo cruel em que só não têm sucesso porque “o público não tem cultura”, “nenhuma agência aposta em mim”, “não tenho um bom estúdio”, “não tenho dinheiro para investir”, “nasci no país errado”, pensem que grande parte dos top DJ’s da actualidade, tirando poucas excepções, construiu uma carreira ao longo de 5, 10 ou 15 anos antes de chegar ao topo. É como em tudo, nenhum recém-licenciado começa a trabalhar como Director numa multinacional. Se for um prodígio, trabalhar e fizer tudo bem, certamente lá chegará. E sim, em Portugal como em tudo, as coisas obviamente demoram um bocadinho mais.
 
Não estou a dizer para serem passivos ou abrandarem o ritmo. Nada disso. Apenas que precisam de conviver com o tempo, tendo sempre em mente que o talento é sempre premiado. Mais tarde ou mais cedo. Pode tardar, mas é quase uma inevitabilidade. O talento só não é premiado quando os talentosos desistem. Parece um cliché, mas é assim que a vida funciona. É como diz o ditado: “Roma não se fez num dia”.
 
Hugo Rizzo
Publicado em Hugo Rizzo
terça, 10 novembro 2015 00:03

Top 100 DJs: como deverias chegar ao topo

 
Começo por felicitar os dois Portugueses que se mantiveram no TOP 100 - mais um ano em que Portugal está, e bem, representado no top e a na minha opinião o Diego Miranda (#58) e o Kura (#61) são os DJs/Produtores nacionais (do circuito 'comercial') que mais trabalharam a nível internacional este último ano e por isso fico feliz ao ver que o seu trabalho foi recompensado.
 
Analisando a DJ MAG, é preciso ter em atenção que de há uns cinco, seis anos para cá se tornou um top de popularidade versus investimentos e que, dentro de todos os estilos de música e de DJing, na minha opinião, apenas incide dentro do comercial - até porque são esses os DJs que fazem campanhas de votação. Não vemos os DJs do 'underground' (Exemplo: Seth Troxler, Jamie Jones, Dubfire, etc - só para referir alguns, dentro das centenas de excelentes produtores e DJs) preocupados com as votações nem a fazer campanha. Alguns até fazem comentários a ridicularizar o top, mas se não fazem 'campanha', acabam por ser ultrapassados por outros, se calhar não tão bons DJs ou produtores. Claro está que, para muitos DJs, o lugar que ocupa na DJ MAG representa mais ou menos concertos ao longo do ano e ainda um aumento ou diminuição de cachet.
 

O lugar que ocupa na DJ MAG representa mais ou menos concertos ao longo do ano e ainda um aumento ou diminuição de cachet.

 
Esta premiação é um negócio para a DJ MAG e possivelmente é o que sustenta a revista, já que toda a gente a conhece mas contam-se pelos dedos as pessoas que algum dia a abriram, folhearam ou compraram. Como o voto é feito através do Facebook, criaram uma base de dados dos votantes com todas as preferências que o Facebook partilha. Inclusive, surgiram rumores por parte de alguns DJs internacionais que a DJ MAG exige a compra de uma página de publicidade para poder figurar no top.
 
Na minha opinião, a forma mais justa de avaliar quem deveria estar no top 100 da DJ MAG seria com uma contagem de venda de bilhetes ao longo do ano, número de músicas vendidas aliado à performance enquanto DJ - mas como isso é praticamente impossível e a DJ MAG é por votação, vão sempre haver surpresas nos resultados e discordâncias no público em geral, que não imagina as jogadas de bastidores que são feitas, mas ainda assim, ficam revoltados. Para mim este não é um top real do panorama mundial de DJs e produtores de todos os estilos, fica-se apenas no circuito 'comercial' - como o top do resident advisor (que se calhar o pessoal do 'comercial' não conhece) também não é um top real porque se foca em DJs do 'underground'. Ambos valem o que valem.
 
Em relação aos últimos resultados da DJ MAG, no que fui acompanhando nas diversas redes sociais, o que me quis parecer foi que o sentimento de revolta foi superior aos anos anteriores - é normal que o público em geral esteja surpreendido com os resultados da votação, uma vez que muitos artistas reconhecidos internacionalmente não lideram a tabela e ficaram em posições mais distantes do topo ou nem sequer entraram no top 100. O top 20 não me faz confusão e nele figuram os artistas que previa, independentemente das posições. Os resultados mais surpreendentes são os do meio da tabela com artistas consagrados em posições muito longe do top 50 e a perder o lugar para DJs que não têm esse reconhecimento, quer no meio artístico quer junto do público. Hoje em dia os resultados não são um reflexo real do sucesso e trabalho em produção musical, vendas de bilheteira, número de plays, tops de vendas de música ou de performance de palco. 
 
Dan Maarten
Publicado em Daniel Poças
domingo, 17 março 2019 16:41

Valores

Este tema é algo que até mesmo eu não sei expressar a 100%, mas vou falar-vos um pouco dos valores que devemos considerar válidos e no limite da humildade, e também dos cuidados que nós artistas devemos ter em conta quando nos propomos a um público. 

Todos sabemos que a música eletrónica entrou na "moda" há alguns anos, e, consequentemente o número de DJs/Produtores/Sonhadores/Amantes aumentou ao longo desde esse período. 

No contexto artístico onde estou inserido, já me deparei com inúmeros casos onde o artista elabora enormes riders hospitaleiros, com direito a camarim de luxo, bebidas de marcas caras, toalhas PRETAS, entre outras tantas coisas... Perguntam-me "O que tens contra isso?" Respondo claramente que nada e considero que os artistas se valorizem e peçam aquilo que acham indispensável para o dia da sua performance. Mas será que depois na hora da atuação estão em condições de alguma coisa? Parece que alguns não compreendem que estão a tocar para o público, que estão a ser pagos e que têm de agir como qualquer contratado em qualquer outro serviço. Refiro isso porque há muitos artistas que antes da atuação bebem exageradamente, fazem uma vida de excessos antes de entrar em cena e depois "dá barraca".  O porquê de escrever sobre este tema não é nada contra quem o faz, porque sinceramente não me importo com o nível de atuação de A, B, ou C, escrevo apenas porque prentendo chamar a atenção dos excessos no meio onde estamos. Todos nós nos dizemos ser grandes artistas, falamos bem de nós próprios a toda a hora e considero isso positivo, no entanto é necessário fazer valer o que dizemos. Sinto até que seja um pouco imaturo não nos sabermos comportar dentro do nosso espaço de trabalho, a cabine. 

Para além disso, há ainda aqueles que não sabem ser educados com os colegas de trabalho, não me refiro a colegas/artistas, mas sim Técnicos de Som/Luz/Produção/Organização/Fotógrafos, etc... Sim, porque somos todos parte de uma comunidade! Comunidade esta em que precisamos uns dos outros para trabalhar, onde os artistas aparentam ter algum complexo com a comunicação, porque muitas vezes são mal-educados e chegam a ser desagradáveis para quem com eles está a trabalhar. 

"CAROS AMIGOS DJS, NÓS NÃO SOMOS REIS DE NADA, NÃO SOMOS ESTRELAS E O MUNDO NÃO GIRA À NOSSA VOLTA".

Entendam que não precisamos ser arrogantes para quem está a trabalhar. Temos espaço para ser artistas, músicos e na nossa cabeça até temos espaço para ser estrelas, mas acima de tudo devemos ser pessoas, e boas pessoas, porque só assim deixamos a nossa marca. Este é realmente um tema que me incomoda, não por viver isso na pele, mas porque já vi acontecer inúmeras vezes.

Nunca se esqueçam desta lista:
Sem Técnico de Som: Não ouvimos 
Sem Técnico de Luz: Não vimos
Sem Produção: Não comemos 
Sem Organização: Não recebemos 
Sem Fotógrafos: Não recordamos 
Sem Público: Não nada.
 
Zinko
Publicado em Zinko
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